Por aqui eu sigo tentando compreender os meandros da Economia Global. Com um olho na teoria e outra na materialidade do cotidiano.
Assim, eu registrei que foi divulgado na semana passada, aqui na Espanha, duas informações que ajudam a compreender a crise e quem perde ou ganha com ela nesse país localizado ao sul da Europa.
Segundo o INE (Instituto Nacional de Estadistica da Espanha), um total de 206 mil pessoas abandonaram o país no primeiro semestre de 2014.
O INE informou ainda que no mesmo período chegaram 156 mil imigrantes resultando um saldo negativo de aproximadamente 50 mil pessoas a menos vivendo na Espanha. Este número cai para 48 mil se considerar o saldo número de nascimentos em relação ao de mortos no mesmo período de 2 mil pessoas. Assim, efetivamente vivem menos 48 mil pessoas na Espanha ao final de junho.
Ainda, segundo o INE a população segue caindo e com tendência negativa desde 2012. O dado novo é que a saída agora é menos de estrangeiros que viviam na Espanha e mais de espanhóis num percentual 15% maior do que no ano anterior. Os destinos preferidos dos espanhóis são Reino Unido e França, para onde seguem em busca de empregos. E no caso de retorno de estrangeiros, o Equador.
É bom lembrar aqui duas matérias que comentamos há poucos dias no blog que pelas falas as autoridades econômicas há alguma melhoria na economia do país,mas, para isso, os espanhóis vivem em piores situações, Confira aqui e aqui.
Este fato é interessante para observar a segunda notícia. Segundo o IEE (Instituto de Estudos Econômicos) da Espanha, as exportações de negócios e serviços do país está crescendo 3,8% neste ano de 2014. E tem uma estimativa de aumentar para 4,9% em 2015. Sendo assim, a Espanha para sétima colocação em aumento de exportações na CEE. Uma variação melhor do que da Alemanha que cresce 3,3% de exportações esse ano e tem previsão de crescer 4,2% ano que vem. Ou seja, a Espanha ficará em 2015 acima da média europeia de crescimento de exportações em 3,9%.
Veja abaixo o gráfico publicado pelo jornal de economia espanhol "El Economista". com estes percentuais.
Ou seja, a economia vai bem e os espanhóis vão mal com 24% de desemprego e perda crescente de direitos sociais reclamadas nas ruas toda a semana. (Veja aqui)
Assim se vê que as contradições não são difíceis de serem compreendidas, desde que se queira efetivamente identificar suas causas. Por isso é que nunca é correto imaginar que a crise em uma nação ou um continente atinge a todos negativamente. Ela acaba sendo uma arrumação que retira de uns e repassam a outros.
Nesse sentido, o caso da Espanha é clarividente, aos olhos de quem deseja enxergar. Resta saber como politicamente isto será conduzido pelos espanhóis na escolha de seus representantes políticos, fonte de mediação deste e outros problemas.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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