No domingo, depois do almoço, já começando a arrumar as malas para a volta ao Brasil nessa semana, aqui em Barcelona, eu saí para dar uma caminhada e ir a uma livraria. Em meio à caminhada deparei com uma banquinha do partido Podemos, na esquina da Gran Via com a Rambla Catalunya.
Uma pequena mesa apoiava camisas e broches além da camisa roxa do novo partido espanhol Podemos. Ao invés de jovens encontrei um casal de meia idade, talvez um pouco mais velho que eu.
Simpáticos atenderam com um largo sorriso como me apresentei como brasileiro, interessado em conhecer as idéias e propostas do Podemos.
Assim, ele me entregaram um panfleto e um outro documento um pouco maior com resumo das ideias. Perguntei pelas expectativas.
Em seguida disseram que no Brasil também disseram que o mundo ia acabar quando o Lula assumiu e fez mudanças. Estavam empolgbados com as chances do podemos em reverter o desânimo das pessoas com a política representativa.
Falaram das eleições regionais em maio e das eleições nacionais em novembro com muito otimismo prevendo alianças no campo da esquerda.
Insisti em saber como poderiam ser superadas as conhecidas divisões no campo da esquerda, especialmente do PSOE e da esquerda no ERC para que o Podemos, partido criado, agora em março deste ano, pelo pessoal oriundo da universidade, a partir do movimento e manifestações de rua em Madri, do 15-M em maio de 2011.
O Podemos se diz organizado em círculos que virou sua logo marca sobre a cor roxa. Afirmam que são círculos onde a participação é incentivada e que servem como espaços para ouvir e reconhecer as demandas das maiorias sociais e construir a unidade. Os círculos são organizados por bases territoriais e temas setoriais (saúde, economia e energia, etc.).
Conversamos um bom tempo. Achei interessante o processo que lembra as campanhas passadas no Brasil.
Enquanto concluía a conversa com o Ricardo a senhora ao seu lado na banca fazia a conta do dinheiro arrecadado com a venda das camisetas e botons. Nesse momento minha memória correu num “deja vous” ou “flash back”.
Ricardo ainda falou do seu conhecimento sobre a economia global, os fundos de capital, o capitalismo tardio a sobreprodução, etc. e se disse amigo do cientista social brasileiro Michel Lowy, atualmente radicado em Paris e bem conhecido na academia pela sua produção intelectual.
O Podemos acompanha atentamente o que acontecerá com a eleição na Grécia em 25 de janeiro próximo, onde o Syriza, partido similar ao Podemos concorre nas eleições gerais com boas chances e disposto a fazer mudanças profundas, apesar de todas as ameaças.
Enquanto isso, o governo de centro-direita do PP espera que o "efeito Grécia" prejudique ao partido Podemos, com as ameaças que a Alemanha de Merkel faz de que a vitória do Syriza representará a saída da Grécia da União Europeia.
As repetidas e semanais pesquisas de opinião pública mostram um revezamento na liderança das intenções de votos, entre o Podemos, o PSOE (centro-esquerda) e o PP (centro-direita). O PSOE joga na disputa dizendo ser alternativa "segura e equilibrada" ao governo do PP. Já o Podemos diz que é preciso romper os governos plutocratas que governam com e para os ricos.
Enfim, acompanhemos o que está em curso.
O Podemos divulga neste link abaixo a sua forma de organização: http://asabelaciudadana.podemos.info/
Aqui a lista os círculos: http://podemos.info/circulos.
E neste outro divulga o seu programa: http://podemos.info/programa.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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