A matéria abaixo do Valor dá detalhes sobre o planejamento da Prumo Logística Global S.A. agora que ela passou a ser ainda mais controlada pelo fundo americano EIG. Os grifos da matéria abaixo são do blog:
"EIG amplia controle e Prumo entra em nova fase"
"Depois de concluir uma operação de aumento de capital - via emissão de novas ações - que injetou R$ 650 milhões na companhia, a Prumo Logística Global volta-se para os desafios que terá em 2015 e 2016. Serão anos ainda difíceis, com geração de caixa negativa para a antiga companhia de Eike Batista, controlada, desde o fim de 2013, pela americana EIG Global Energy Partners. Mas a diferença é que hoje a Prumo sabe bem o que precisa para desenvolver o projeto da empresa, o porto do Açu, em São João da Barra (RJ).
"Hoje temos um cenário bem mais claro do que tínhamos há um ano", disse Eduardo Parente, presidente da Prumo. A afirmação remete ao fato de que em 2013, em meio à crise do grupo EBX, de Eike, as obras no Açu correram risco de parar e o porto ficar inacabado. Em dezembro de 2013, quando a EIG aportou R$ 1,3 bilhão na antiga LLX, rebatizada como Prumo, e negociou com bancos dívida adicional de R$ 900 milhões, as incertezas eram maiores. Não se sabia exatamente quanto ainda seria preciso gastar para terminar a infraestrutura básica no Açu, nem quando seriam concluídas as obras. Havia também dúvidas sobre o financiamento do projeto.
Parente disse que, após a primeira capitalização da Prumo pela EIG e minoritários em 2013, ficou claro que ainda haveria um déficit de recursos financeiros para desenvolver o Açu. Mais recentemente chegou-se à conclusão que a melhor forma de cobrir essas necessidades seria mediante um novo aumento de capital.
Em 30 de dezembro, o conselho de administração da Prumo homologou o aumento de capital no valor de R$ 650 milhões com a emissão de um bilhão de novas ações ordinárias ao preço de R$ 0,65 por ação. É dinheiro novo no caixa da companhia. Do total de novas ações emitidas, a EIG subscreveu 99,98% e os minoritários, 0,02%. A EIG adquiriu ainda, em leilão, na bolsa, 124.119.306 ações do fundo de pensão dos professores de Ontário, no Canadá, o OTPP, sócio minoritário da Prumo. Assim, a EIG passou a deter 74,3% do capital da Prumo.
"Temos um acionista forte e animado com o Brasil", disse Parente. Ele afirmou que a EIG trabalha com um horizonte de longo prazo para o Açu, pensando no desenvolvimento do porto em horizonte de 10, 15 anos. Essa estratégia é importante para a Prumo, uma empresa privada que investe em infraestrutura, em momento de baixa das commodities, com o petróleo em queda. Em 2014, a ação da Prumo na bolsa caiu 60,19%.
No processo de aumento de capital, a EIG também rescindiu acordo de acionistas que detinha com Eike. A rescisão se deu com base em um aditivo segundo o qual a EIG poderia cancelar o acordo caso a participação de Eike caísse abaixo de 10% das ações ordinárias da companhia. No fim de 2013, com a entrada da EIG, Eike ficou com 20,9% da Prumo, mas em 2014 repassou 9,3% para Mubadala, empresa de investimentos de Abu Dhabi por força de dívidas com os árabes. Agora, ao fim do aumento de capital, Eike e Mubadala foram diluídos para 6,7% cada um. Mas essa participação de Eike na Prumo está dada em garantia a credores, segundo apurou o Valor.
Como efeito do aumento de capital, Eike deixa de participar do grupo de controle da companhia, tornando-se um minoritário como outro qualquer. A Prumo, ao pôr fim ao acordo de acionistas com Eike, deixa de ser parte relacionada com outras empresas do grupo EBX, o que não era bem visto aos olhos do mercado e poderia implicar escrutínio mais severo pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Parente vê a Prumo agora em um novo momento que será marcado pela conclusão de obras básicas de infraestrutura em 2015. "Existe um lado físico do porto que está ficando pronto", afirmou. No Terminal 1 (T1) do Açu, especializado em minério de ferro, a Prumo prevê concluir em março as obras de quebra-mar com 2,6 quilômetros. A empresa aposta nesse quebra-mar para fechar contratos de transbordo de petróleo.
No Terminal 2 (T2) do Açu, voltado para fornecedores da indústria de petróleo, os serviços de construção de outro quebra-mar, para proteger o canal de navegação, deve ficar pronto em maio deste ano. Haverá ainda alguns serviços de dragagem, mas o Açu já conta com carta náutica emitida pela Marinha para a operação de navios no T1 e T2.
Hoje a Prumo tem nove contratos comerciais em carteira no Açu, excetuando o Terminal Multicargas (Tmult) controlado pela própria companhia. O Tmult deverá começar a operar em agosto graneis sólidos (coque e bauxita) e cargas de projeto. No total, os contratos em vigor com clientes garantem à Prumo receita de aluguel de áreas de R$ 85 milhões por ano. A empresa também vai faturar cerca de R$ 5 milhões anuais com o pagamento, pelos clientes, de uma taxa pelo uso do canal do T2 cada vez que uma embarcação atracar.
Além disso, a companhia conta com o pagamento de dividendos. O mais importante deles é o que envolve a Ferroport, sociedade entre a Prumo e Anglo American. A Ferroport tem um contrato firme ("take or pay") com a Anglo para embarque pelo Açu de 26,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano ao custo de US$ 7,10 por tonelada. Esse contrato, corrigido pela inflação americana, gera receita de cerca de US$ 200 milhões por ano, dos quais US$ 100 milhões cabem à Prumo e a outra metade à Anglo American. A Prumo tem também a expectativa de receber dividendos de uma sociedade que fez com a BP no Açu em projeto para abastecimento de navios com bunker (combustível de navegação). Mas esse acordo só deverá estar operacional no segundo semestre deste ano.
Apesar de a Prumo obter uma receita total de cerca de R$ 340 milhões por ano, o fluxo de caixa ainda é negativo - e deverá continuar sendo neste e no próximo ano - considerando dívidas, despesas e investimentos que a companhia ainda tem de realizar no Açu. Em 2014, até o terceiro trimestre, os investimentos feitos pela Prumo no Açu totalizaram R$ 1,7 bilhão. É possível que, em 2015, o investimento fique próximo desse número. Parte dos recursos para investimento programados para este ano serão usados para pagar fornecedores por serviços já prestados com base em acordos feitos quando da crise no grupo EBX.
Parente disse que, embora hoje seja possível prever uma redução dos investimentos no Açu a partir de 2016, esse movimento vai depender das parcerias que a Prumo fizer para desenvolver novos negócios. Hoje a Prumo holding tem, debaixo dela, três empresas: Ferroport, BP-Prumo (parceria com a BP) e Porto do Açu. "Mas é possível gerar mais 'filhos'", disse Parente. O Tmult, por exemplo, poderá atrair um sócio e ser transformado em outra empresa ligada à holding.
Mas em meio a todos esses planos, a Prumo vai precisar concluir tratativas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para alongar o perfil da dívida da companhia. A Prumo tem dívida de curto prazo de R$ 2,3 bilhões formada por recursos do BNDES e garantias (fianças) de Santander e Bradesco. A Prumo negocia com o BNDES uma linha de R$ 2,8 bilhões na modalidade "project finance", dos quais R$ 2,3 bilhões serão usados para alongar o débito atual e ainda haverá um adicional de R$ 500 milhões, disse Luiz Felipe Jansen de Mello, gerente de relações com investidores da Prumo. Assim, a dívida de longo prazo da companhia terá vencimento de 15 anos, com três anos de carência.
(Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes | Do Rio)."
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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