De lá para cá, o estado sempre foi ponta da produção nacional de navios. Isso tudo se deu bem antes da descoberta de petróleo no mar que gerou demandas de diversos os tipos de embarcações para além dos grandes petroleiros para transporte do petróleo, o Estado do Rio de Janeiro e o antigo Distrito Federal eram pontas nessa área de produção.
É bom relembrar que além da demanda de embarcações para exportações e importações e a exploração de petróleo no mar, dois terços do petróleo do mundo é transportado pela via marítima.
Na trajetória da indústria naval no ERJ avançou depois para três bases principais: Rio, Niterói e depois Angra dos Reis. Depois em 2003 veio a criação da exigência do percentual de conteúdo nacional, mais adiante com a descoberta das reservas no pré-sal, tudo isso passou a contribuir para a ampliação das demandas de embarcações (sondas, plataformas, etc.).
Assim, o surgimento de estaleiros em outros estados foram se sucedendo. Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Alagoas, etc. hoje possuem projetos implantados (50) ou em implantação (outros cinco). Foi nesse processo que o setor naval foi ficando cada vez mais embricado com o setor portuário e a cadeia produtiva do petróleo e do gás.
Enquanto se expandia o setor naval para outros estados, no ERJ, a organização foi se ampliando no Rio, Niterói, Angra e agora também em SJB. Do total de 50 estaleiros existentes no Brasil, 22 estão no ERJ. Aqui trabalham cerca de 44 mil trabalhadores, um pouco mais da metade dos 80 mil trabalhadores do setor em todo o Brasil.
Segundo o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Vieira, cerca de 400 obras estão na carteias destes estaleiros que envolvem plataformas e sonda de petróleo, navios mercantes, navios de guerra e submarinos. Outros onze tipos de embarcações de apoio à exploração offshore de petróleo são demandadas (AHTS, LH, MPSV, PSV, RSV, etc.).
O Estado do Rio de Janeiro teria em seu "cluster do setor naval" 260 empresas de navipeças. Para Eduardo Eugênio "não existe nenhum país do mundo que não aproveite um trufo econômico, como o petróleo, para agregar valor à cadeia produtiva".
Baseado nessa visão, a Firjan está defendendo que no caso das empresas que estão com problemas com a Operação Lava Jato que o governo nomeie em comum acordo com as empresas, interventores temporários para que os projetos não sejam interrompidos. (Posição exposta em matéria do Valor, 29/01/2015, P.B4)
Caminha nessa linha a decisão da Petrobras de criar contas vinculadas com essas companhias para garantir o pagamento dos seus funcionários e fornecedores. A solução é complexa, mas, precisa ser pensada. O Brasil não pode entregar de bandeja uma demanda desse porte aos estaleiros de outros países como se fez num passado não muito distante.
Montagem de módulos e do super guindaste Mammoet no Consórcio Integra em sua base junto ao terminal 2 do Porto do Açu |
O Consórcio Integra já chegou a ter cerca de 1 mil funcionários no projeto. Hoje, a empresa diz possuir cerca de 500 trabalhadores, especialmente, soldadores, montadores e eletricistas.
Sobre o assunto veja aqui nota do blog em 16 de janeiro de 2015 "Insegurança no Consórcio Integra no Açu". Já aqui matéria da edição desta segunda -02-02-2015 do Estadão com o título: "Crise na Petrobras afeta grupos no Açu"). E também sobre o assunto veja aqui reportagem da Folha de São Paulo em 31-01-2015 sobre empréstimos do BNDES à Sete Brasil.
Por conta da crise e dos problemas, nesta última semana a montagem do guindaste foi suspensa e todos os contêineres, onde estão partes do equipamento, lacrados.
Ainda nessa segunda-feira, três gerentes forma demitidos e as informações são de que 70% do atual quadro será também desligado ainda essa semana, com a previsão de que o Consórcio Integra fique apenas cerca de 100 trabalhadores no canteiro do estaleiro junto ao Porto do Açu.
Enfim, a partir do resumo da exposição da atual situação não é difícil enxergar que o futuro dos três setores (petróleo, portuário e naval) estão inter-relacionados e são de extrema importância para a dinâmica econômica do estado em três diferentes regiões, com graves repercussões sobre o emprego e a renda da população fluminense.
Buscar soluções e não apenas observar é dever das lideranças políticas e econômicas. A conferir!
Nenhum comentário:
Postar um comentário