Pois bem, em meu estudos sobre as reservas mundiais de petróleo, especialmente, as situadas nos mares (offshore) - que demandam apoio portuário - eu já me deparei com informações interessantes, dos mares menos conhecidos de nós latinos, presos mais comumente ao Atlântico, Pacífico e quando muito, ao Mediterrâneo no sul da Europa tendo o outro lado o continente africano.
Pois bem, nessa linha já são bem conhecidas, hoje, as reservas para além das existentes e comentadas, no Mar do Norte (da Europa) e no Golfo do México ) pelo litoral do México, EUA e Cuba. Essas duas áreas de exploração offshore de petróleo são hoje as que são mais citadas, quando comparamos com as reservas no litoral brasileiro.
No meio da atual crise de baixo preço do barril de petróleo no mercado mundial, algumas dessas reservas passaram a ser menos consideradas, por conta do custo médio de produção, embora estes sejam varáveis, conforme a distância para os continentes e a profundidade dos campos petrolíferos.
Considerando, que a atual realidade de preços parece mais conjuntural que estrutural, torna-se interessante conhecer outras reservas offshore no mundo considerando a sua importância geopolítica, que de certa forma, pode nos ajudar a entender a conjuntura contemporânea.
Não seria por outro motivo que os presidentes mundiais de grandes petrolíferas que atuam em projetos no pré-sal brasileiro, todos sempre deixaram fora da venda de ativos que estão procedendo neste momento de crise as participações em ativos aqui em nosso litoral.
É nesse contexto que parece interessante que o Brasil acompanhe as descobertas e o dimensionamento das reservas em outros mares. Vale anda lembrar a nossa grande expertise em exploração offshore, em várias profundidades e condições.
Dessa forma vale descrever as reservas petrolíferas descobertas e potencialmente registradas, as descobertas no Mar Báltico, Mar de Barents, Mar da Sibéria, Mar da China (China e Tailândia). Seguindo e aprofundando essa pesquisa, a minha surpresa foi sobre as reservas no Mar Vermelho, localizado entre a África e Arábia Saudita (especialmente).
Na realidade, o Mar Vermelho é quase m golfo ente o Mar Mediterrâneo e o Oceano Índico, ladeado pelos continentes africano e ásio. Possui uma extensão de 1.900 km, por uma largura máxima de 300 km e uma profundidade máxima de 2 500 metros em sua parte central. Possui litoral com o Egito, Sudão e com a Eritreia, um país pouco conhecido, e vizinho da Etiópia. Do lado asiático, tem-se basicamente, a Arábia Saudita e o Iêmen. Confira abaixo o mapa da região e seus pontos estratégicos nos quais se insere o Mar Vermelho:
Como a maioria já sabe, a Arábia Saudita possui já há algum tempo, a maior reserva e também a maior produção mundial de petróleo. Sua produção é toda feita pela estatal saudita, que possui grande ligação com os americanos, a Saudi Aramco*. Na atual crise dos preços tem sido bastante analisada a relação entre a Arábia Saudita e os EUA, em reduzir o preço do barril de petróleo, mais por interesses geopolíticos que comerciais.
É nesse contexto que veio à tona as reservas petrolíferas no Mar Vermelho, no litoral da Arábia Saudita. Tendo grandes reservas ainda em terra (on-shore), não faria sentido com preços tão baixos avançar, agora, nas reservas do Mar Vermelho.
Matéria recente do The Wall Street Journal trouxe a informação de que geólogos estimam que a a arábia Saudita deteria no Mar Vermelho, o equivalente a mais de um terço das reservas de petróleo e gás já contabilizadas em seu território.
Assim, o Mar Vermelho além de simbolicamente e historicamente importantes, aparentemente, passa a ser também estratégico quase ao centro desse mundo cada vez mais complexo.
Assim, o Mar Vermelho além de simbolicamente e historicamente importantes, aparentemente, passa a ser também estratégico quase ao centro desse mundo cada vez mais complexo.
* A descoberta do petróleo transformou o papel geopolítico da Arábia Saudita. Foi uma empresa americana, chamada posteriormente de Aramco — e não uma empresa britânica — que conseguiu os direitos de prospecção, em 1938. A Aramco buscou assistência do governo americano para a exploração dos campos.
... Em 14 de fevereiro de 1945, como consequência do interesse da Aramco combinado com a visão do Presidente Franklin Roosevelt sobre o futuro geopolítico dos Estados Unidos, ocorreu uma reunião, hoje famosa, mas pouco noticiada naquele tempo, entre Roosevelt e o rei da Arábia Saudita, Ibn Saud, a bordo de um destróier americano no Mar Vermelho... a consequência real e de longo prazo foi na verdade um acordo no qual a Arábia Saudita coordenaria e controlaria as políticas de produção mundial de petróleo em benefício dos Estados Unidos que, por sua vez, ofereceriam garantias de longo prazo de segurança militar à Arábia Saudita.
(Fonte: Wallerstein, I. 2014, em : http://outraspalavras.net/posts/tensao-e-medo-sobre-um-mar-de-petroleo/).
Um comentário:
Roberto,
Há muita teoria da conspiração, mas pior que estas teorias é o efeito (semiótico) de que a realidade seja tão absurda que a gente prefira acreditar na versão dela, rejeitando a verdade conspiratória.
Quem tem ótimos textos sobre isto é o Wilson Ferreira, e seu cinegnose.blogspot.com
Ele, assim como outros, advoga que a "bola da vez" no cenário geopolítico dos hidrocarbonetos é esta região do Mar Vermelho, e ali encravado está o Yemen...
Este país vem passando pelo processo clássico: Anos e anos de um governo títere dos Eua e aliados, que acaba por ser questionado pela maioria da população, capturada por discursos extremistas islâmicos, por causa da radizalização óbvia, resultado da represssão e do arbítro dos governantes pró-Eua...
A mídia internacional vem com força para justificar (em breve) a intervenção militar...
O atentado do Charles Hebdo foi a primeira perna, pois os terroristas "esqueceram" suas identidades, que os ligam aos yemenitas.
Eu confesso: ando meio cansado...
Aguardemos...
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