Já há cinco anos (desde 2011 - veja aqui) o blog acompanha com postagens nesse espaço, a evolução da instituição privada de ensino Estácio, momento em que a mesma decidiu abrir suas ações em bolsa para captar mais recursos e avançar par ao oligopólio de ensino que hoje é no país, junto com mais dois ou três ou grandes grupos.
Há um ano postamos aqui alguns dados do relatório de administração que as empresas S.A. são obrigadas a dar publicidade. Observa-se a cada ano o aumento do lucro, do número de alunos presenciais e a distância, assim como, mesmo que em menor proporção, o número de professores e funcionários administrativos.
Mesmo em meio à chiadeira das empresas de ensino com as mudanças que o governo implementou no FIES o lucro é gordo. Em 2014, o lucro líquido foi de R$ 425 milhões, 74% maior do que o de 2013 que tinha sido de R$ 244 milhões.
O número total de alunos em 2014 era de 437 mil estudantes, um percentual 38% maior do que os 315 mil que estavam matriculados na Estácio S.A. em 2013. Do total de 437 mil alunos, 83 mil são de alunos de Educação à Distância (EaD).
O valor médio da mensalidade que o relatório chama de "ticket médio" em 2014 foi de R$ 580. Em 2013 o valor médio da mensalidade era de R$ 504. Assim, se observa que ele teve um aumento médio de 15%, portanto, bem acima da inflação.
Outro dado que vale ser observado é o número de trabalhadores que agora as empresas passara a chamar de colaboradores. Em 2014 o número total entre professores e técnico administrativos era de 14.192, contra 12.283 no anterior de 2013. (+15% que 20123)
Do total de 14.192 empregados, um total de 9.025 eram docentes e 5.167 técnicos administrativos. Como já vimos o amento do número de alunos de 2013 para 2014 cresceu 38%, enquanto o número de professores cresceu, percentualmente, menos da metade, apenas 15%.
Assim, fica fácil compreender o aumento do lucro médio que vimos acima foi de 74% entre 2013 e 2014. A relação aluno/professor que já era absurdamente alta 40,8, em 2013, subiu para 48,5 em 2014 e reforçam a explicação para o aumento do lucro, numa atividade que a capacidade instalada é mínima e o trabalho se dá basicamente encima do trabalho ou mão de obra (chamado de serviço) do professor e do técnico administrativo.
Os números são quase autoexplicativos da realidade em que a discussão sobre o tripé ensino-pesquisa-extensão pode ser considerado quase uma abstração.
O blog não vai voltar a repetir o que já disse nas postagens sobre o balanço anual dos anos anteriores. Em especial cito novamente aqui o do ano de 2011 e aqui, o do ano passado, 2014.
Com lucro de quase meio bilhão e uma forte tendência de estarmos caminhando para a formação de oligopólios (quase um monopólio) com a absorção de concorrentes diretos, se vê a ampliação do poder desses grupos como forma de pressão contra regulação dos governos, tanto sobre os custos da mensalidade quanto do relaxamento da qualidade dos cursos.
Mais uma vez, o blog informa que os dados aqui resumidos e sintetizados estão aqui expostos para conhecimento e debate, inclusive para a participação da própria Estácio S.A., dos seus professores, alunos e técnicos e suas representações de classes, e ainda para os gestores de outras instituições e pesquisadores sobre temática educacional local/regional e brasileira.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
2 comentários:
Tem como saber o valor do investimento por aluno?
Não. Os balanços são gerais e tratam dos valores totais, ou médios. Como por exemplo, o ticket médio de R$ 580, determinado pela conta do faturamento total divido pelo número de estudantes.
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