O Porto Sudeste teve sua construção iniciada pelo empresário Eike Batista. Agora, o mesmo é controlado pela holding holandesa Trafigura, através de sua subsidiária Impala que atua no comércio de commodities. O fundo de investimentos árabe de Abu Dhabi, Mubadala também tem participação acionária no Porto Sudeste.
Ambas as participações na MMX Sudeste foram adquiridas quando da crise do grupo X. Veja aqui o FR (Fato Relevante) divulgado pela MMX, em 27/02/2014, sobre o repasse das ações da MMX para a Trafigura e para o fundo Mubadala.
A Trafigura tem sede em Genebra e é líder no mercado internacional de commodities e especializada em negócios, transporte e armazenagem de cargas como petróleo, minerais e metais. Consta que em 2012, o faturamento da Trafigura teria sido de US$ 124 bilhões. (Se desejar leia um pouco mais sobre a Trafigura em postagem do blog feita aqui no dia 26 de fevereiro de 2014).
Segundo as corporações, o custo de implantação do Porto Sudeste demandou investimentos de R$ 4,2 bilhões e foi projetado para a exportação de minério de ferro. O terminal do Porto Sudeste está integrado à linha ferroviária da MRS Logística, permitindo que o minério seja transportado até o litoral fluminense na menor distância possível até o litoral.
Com o Porto Sudeste, Itaguaí e outros o município vizinhos passam a ter na Baía de Sepetiba, um complexo portuário bastante diversificado com diversos terminais.
Além do porto organizado de Itaguaí que movimenta minério, contêineres e cargas gerais e do Porto Sudeste que deve iniciar operação neste segundo trimestre, a Baía de Sepetiba possui os terminais da Vale, da Usiminas, da CSN, da CSA e da Nuclep, base de saída para os submarinos nucleares que estão sendo ali construídos.
A conclusão do Arco Metropolitanao entre Magé/Itaboraí e Duque de Caxias e Itaguaí potencializa o uso deste terminal para outras finalidades, considerando as opções de modal de transporte junto às importantes economias da região Sudeste com os estado de Minas, Rio e São Paulo.
Os responsáveis pelo Porto Sudeste falam em cerca de 900 pessoas, entre funcionários próprios e terceiros para tocar a operação e a movimentação de cargas no terminal.
Porto Sudeste, saída do túnel que liga, sob o morro, a área de armazenagem até o terminal |
A grande inovação deste porto foi a construção de um túnel de 1,8 quilômetro de extensão, com 11 metros de altura e 20 metros de largura, para fazer a ligação entre os pátios de estocagem e o píer.
O Porto Sueste foi projetado para uma capacidade inicial de embarque de 50 milhões de toneladas por ano e prevê uma fase de expansão dessa capacidade para até 100 milhões de toneladas anuais.
O Porto Sudeste já obteve as licenças de operação concedidas pelo Inea, Antaq e também o alfandegamento, concedido pela Receita Federal. Agora, os controladores aguardam apenas a liberação do canal marítimo de acesso a ser concedida pela Capitania dos Portos, a partir de medição da profundidade, chamada de batimetria. A previsão é que o primeiro embarque aconteça em abril.
Porto Sudeste - Área de armazenagem |
Assim, a economia fluminense avançou na disputa logística com a economia capixaba, na exportação de minério de ferro. Hoje grande quantidade de minério é feita através dos portos capixabas, da Vale em Tubarão e da Samarco (também grupo Vale), no terminal instalado no município de Anchieta, vizinho ao balneário de Guarapari.
O estado Espírito Santo tenta viabilizar mais dois projetos de terminais portuários para exportação de minério de ferro: da Anglo Ferrous no sul do estado, em Presidente Kennedy e da Manabi, no município de Linhares, no litoral norte capixaba. Ambos os projetos dependem de capitalização para viabilizar recursos.
É evidente, que a redução do preço da tonelada do minério de ferro, no mercado internacional, onde esteve situada, há sete anos, na faixa dos US$ 150 a tonelada, comparando agora, com o atual preço a US$ 60 dificulta a implantação destes dois novos projetos do estado do Espírito Santo, como deve fazer com que o crescimento da movimentação de cargas de minério também cresça mais lentamente nos terminais portuários fluminense.
Sob o ponto de vista da dinâmica econômica sobre o território, vale observar como as economias fluminense e capixaba acabam atuando, no caso da exportação de recursos minerais, de forma complementar à economia do estado de Minas Gerais que tem uma forte base de exploração mineral.
Vale ainda observar (sem ironia entre o verbo e o substantivo próprio) os impactos ambientais e sociais desta atividade de extração mineral sobre as comunidades e sobre os recursos hídricos cada vez mais importantes.
Um comentário:
É o que eu costumo dizer:
Todo governo possui seus lados positivos e negativos. E ainda me criticavam por não votar no Crivella??
Caro Roberto, gostaria que o senhor tentasse com seus contatos o "como anda" da RJ-240, o acesso ao Porto do Açu. Pezão abriu licitação, mas o TCE barrou e mandou redigir. O prazo final acabaria amanhã, mas nada mais foi dito.
Obrigado!
Postar um comentário