Para aqueles que insistem em alegar que os problemas internacionais têm pouca relação com o que vivemos aqui, abaixo da linha do Equador, mesmo que as commodities não parem de ter seus preços reduzidos, vejam essa última notícia sobre um relatório preliminar da OCDE.
O estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) prevê que o crescimento da economia da China deverá cair de 7% este ano, para até 4,2% em 2024.
O fato continuará a impactar fortemente os setores e as nações que negociam amplamente com a China. O Brasil é um deles, especialmente no setor da agricultura (soja, óleos vegetais, algodão, açúcar e carnes), de minério e outros.
O peso da importação da China é absurdamente grande e explica porque essas commodities tiveram um grande aumento, desde o ano 2000.
Fato é que os chineses passaram a desenvolver novas estratégias de compras e estoques para reduzir o valor destas mercadorias adquiridas a altos preços num mercado com forte e crescente demanda.
Além disso, a transição e os problemas do modelo híbrido, que mistura ações centralizada da empresas estatais com empresas e negócios de capital privado, gera incertezas e desequilíbrios que também afetam e impactam seu comércio internacional.
Isso contribui para que de forma macro, a China implemente mudanças que levam a redução dos preços globais dessas commodities, gerando e cadeia efeito em outros países, onde os chineses têm negócios e interesses, especialmente nos setores de energia e infraestrutura.
Caso se confirmem essas previsões, o Brasil terá ainda mais problemas a serem equacionados. Todos levam a necessidade de excedentes econômicos para novos investimentos, por exemplo no beneficiamento de alguns desses produtos para ampliar o seu valor agregado, embora a força da demanda sempre venha limitar seus preços.
A equação não é simples, mas, difícil imaginar que nossa saída não esteja ligada à contínua ampliação da inserção social, mais educação, câmbio valorizado para manter e ampliar a industrialização e assim criar uma maior dinâmica interna que diminua a dependência externa atual.
Nessa linha, observar o continente como um todo e novas parcerias comerciais internacionais não parece medida excludente, desde que simultânea.
Fazer tudo isso em meio aos problemas políticos e de aperfeiçoamento da gestão com aceleração dos mecanismos de controle é um desafio maior ainda. Porém, quem pode dizer que as coisas algum dia foram fáceis, quando se trata de pensar e operar transformações paulatinas, em meio às contradições de todos os tipos.
Antes de terminar vale lembrar que um ritmo menor também poderá ajudar a cuidar melhor dos projetos e dos licenciamentos para reduzir impactos ambientais e articular melhor saídas sociais para comunidades afetadas. A conferir!
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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