O professor Mauro Osório, da UFRJ, enviou ao blog uma nova reflexão sobre a mudança da dinâmica econômica e espacial do interior do Estado do Rio de Janeiro que o blog vem com frequência debatendo aqui neste espaço. Assim, continuamos a estimular a discussão que exige um planejamento e um ordenamento territorial supramunicipal. Confira o breve texto abaixo:
"Adensamento produtivo no ERJ"
"A imprensa divulgou um acordo entre o Brasil e China para realização de uma ferrovia interligando o Peru e o Porto do Açu, em São João da Barra.
Caso se concretize, provavelmente o Açu se tornará o maior porto brasileiro a médio/longo prazo.
A Região Metropolitana do Rio de Janeiro, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, possui atualmente a maior renda do trabalho formal e informal, entre as principais metrópoles brasileiras. Isso embalado principalmente pela ampliação dos investimentos em indústrias e serviços vinculados ao setor petróleo e ao crescimento da construção civil.
No entanto, essa renda fica muito concentrada na cidade do Rio de Janeiro.
Na periferia metropolitana ainda existem muito poucos empregos formais, em comparação com o total da população em idade ativa.
No ERJ, dados recentes da PNAD mostram que a renda do trabalho formal e informal existente no conjunto do estado é apenas a sétima maior no contexto das unidades federativas. Ou seja, é necessário identificar as janelas de oportunidades, visando adensar a estrutura produtiva fluminense, aumentar o emprego de qualidade, a renda do trabalho e a base produtiva para arrecadação de impostos, diminuindo assim a dependência da receita de royalties.
A ferrovia prevista para o Porto do Açu pode beneficiar o que poderíamos chamar de sua retro-área no estado do Rio de Janeiro. Ou seja, as Regiões Norte, Noroeste e das Baixadas Litorâneas. Isso principalmente se o complexo do Açu se consolidar não só como porto de commodities, mas, também, como porto off-shore(para atendimento da extração de petróleo em alto-mar) e de contêiner.
Essas duas últimas atividades citadas podem permitir a atração de muitas atividades industriais e de serviços para a retro-área.
O estado do Rio é um estado litorâneo. É necessário consolidar um planejamento para todos os portos existentes, particularmente o Porto do Rio, de Itaguaí e do Açu.
No Porto de Itaguaí, o terminal de contêiner, articulado ao Arco Metropolitano, à implantação de um planejamento e a investimentos em infraestrutura, pode permitir a instalação de indústrias em sua retro-área e um adensamento produtivo, fazendo com que a periferia metropolitana deixe de ser dormitório."
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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