Esta é também mais uma derrota fragorosa da mídia partidária comercial. A esmagadora maioria dos jornais e tv’s privadas da Grécia, controlados por grupos ligados ao poder econômico e que domina a finança do país fez abertamente campanha pelo ‘Sim’.
Ágora grega em foto do El País |
Durante o fim de semana, as televisões criaram o clima da “corrida aos bancos”, com diretos intermináveis junto às caixas multibancos até que de facto as filas se começassem a formar por gente preocupada com o que via na TV. Assim, a derrota do SIM e poderá ter mais um simbolismo, a de que as pessoas identificam de forma mais clara os interesses em curso.
Interessante observar, como em meio à questionada democracia ocidental nestes tempos mais próximos da plutocracia, a sociedade grega, em uma semana, é chamada a opinar. O fato se dá, não na ágora grega, mas nas urnas entre o SIM para aceitar a imposição dos credores e se submeter e ao NÃO para construir saídas, ainda não claras, mas diversa daquela que o setor financeiro desejaria, com o forte apoio, chamado de terrorismo, pela mídia comercial da Grécia e quase de todo o mundo. Fatos e tempos a serem observados.
PS.: Atualizado às 15:58 e 17:10: Declarações agora há pouco do ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira sobre o referendo na Grécia:
"As pesquisas após o fechamento das urnas estão indicando vitória do Não no referendo grego. Cerca de 60% dos eleitores teriam votado Não contra 40% de Sim. Os eleitores mostraram coragem e não se deixaram chantagear. Vão enfrentar imediatamente uma crise mais aguda, porque provavelmente terão que sair do euro, mas poderão fazer uma reestruturação unilateral de sua dívida externa e dirigir sua economia de acordo com seu interesse nacional."
Ágora grega em foto do El País |
4 comentários:
Chantagear? Querem participar do Euro mas não querem sacrifício?
Só querem o venha a nós? É o vosso reino, nada?
Vão pagar caro pela malandragem.
Amanhã mesmo estarão todos quebrados.
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Esta foi a lógica dos banqueiros derrotados por quase 2/3 dos votos. Vamos ver agora se há respeito à democracia, ou confirmar o processo plutocrático, governo dos ricos e do poder econômico.
Além disso, é premissa é mentirosa. À CE interessava os mercados mesmo das nações menores e periféricas em relação ao centro europeu. Um acordo de mútuo interesses e baseado no sonho da unidade europeia para se aproximar da hegemonia americana é que uniu os interesses.
O que não estava previsto, nem nesta e nem em outras relações é a predominância de uma visão centralizada pelos setores financeiros, sem controle, regulação e quase sem fronteiras.
Se não encontrarem uma solução mediada na política, a Europa se divide e o setor financeiro corre o risco de se descontrolar. A eleição espanhola está próxima, em novembro. Esticar a corda e anunciar a expulsão da Grécia é um caminho mais arriscado para o setor financeiro que um acordo ruim.
Qualquer coisa fora disso será um rastilho. Pensar da forma acima é própria de quem sonha eternamente com a força para evitar a barbárie. A conferir!
Não existe almoço grátis.
Mas os gregos querem almoçar de graça.
Alguém vai ter que pagar.
A frase popularizada pelo Milton Friedman consagra o poder do dinheiro e da transformação de tudo em mercadoria.
Há quem a aprecie. A população e as comunidades que ainda agem solidariamente sabem o quando o quanto esta transformação "custa" sobre as sociabilidades da pessoas, famílias e comunidades. Porém, este é o sistema atual.
Ainda assim, a defesa dela é a escolha de ficar com a banca. É torcer e defender os agiotas. Eles não querem receber juros apenas, eles que incentivaram o crédito querem a dependência e o controle da vida. No caso da vida de toda uma nação.
Incentivaram os empréstimos, sem controle. Tomaram conta dos mercados. O capitalismo grego que era dono da maior parte das grandes empresas de navegação marítima, conquista ligada à realidade geográfica da nação com a sua imensa legião de ilhas, agora possui algumas poucas, as demais foram tomadas pelo mercado, com os dumpings, facilitados pela moeda única do euro. Assim os objetivos do poder econômico central alemão e inglês de criar um bloco de nações harmoniosas em suas diferenças, deu espaço para a instalação dos oligopólios trucidando a economias locais.
É muito provável que neste processo hajam erros dos dois lados, mas defender a banca é mesmo um sinal claro para quê e para quem servem este sistema.
Terão que aturar as negociações. Dezenas de dívidas dos países europeus, já foram abatidas, no todo ou em parte, quando o sistema julgou que o principal recebido era mais interessante para a retomada da expansão capitalista, diante do risco da barbárie se alastrar.
À época em que a frase do Friedman ganhou fama, remetia à saída da crise de 29, em que o keynesianismo enquanto proposta, surgiu para usar os fundos públicos como socorro e retomada do sistema.
Qualquer coisa fora disto na própria visão do sistema, não funcionará. A conferir!
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