É fato que a inserção global do Brasil é complexa e cheia de contradições e problemas. Os riscos da primarização e desindustrialização é uma dentre tantas. Porém, há que se observar os fatos de uma forma menos particular. A visão totalizante (universal) sempre nos traz elementos mais claros deste processo.
Há cerca de um mês, em meio à crise econômica e política interna, o primeiro ministro chinês esteve no Brasil e firmou vários acordos. Alguns podem ser intenções, porém, outros já começam a ser executados.
Nesta semana, nos EUA, novamente desconsiderando todo o contexto dos problemas econômico-políticos nacionais, o Brasil é considerado peça importante não apenas na questão comercial, mas estratégica em diversas áreas.
Se de um lado tem o acordo americano, de outro o Brasil que é um dos poucos países do mundo com relações fáceis e amplas com todas as nações dos cinco continentes, a relação com a China se amplia. Investimentos na exploração de petróleo e infraestrutura no Brasil já têm suas contrapartidas acertadas:
"De janeiro a maio deste ano a China ultrapassou de longe os Estados Unidos como principal destino do óleo bruto. O Brasil exportou para os chineses US$ 1,76 bilhão no período, quase o dobro dos US$ 980,9 milhões embarcados em igual período de 2014. O valor só não foi maior em razão da queda de preços. No acumulado até maio, em quantidade, o Brasil exportou à China 5,37 milhões de toneladas de petróleo, mais que o triplo dos 1,48 milhões de toneladas embarcados em iguais meses do ano passado. O volume vendido em cinco meses este ano ao país asiático equivale a 96% da quantidade de petróleo embarcado aos chineses no ano todo de 2014.
A China na verdade ocupa o lugar dos Estados Unidos. No ano passado o Brasil exportou aos americanos, de janeiro a maio, US$ 1,32 bilhão do óleo bruto. Nos cinco primeiros meses deste ano o embarque de petróleo aos americanos caiu para US$ 793, 28 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
Com a elevação de venda, o petróleo chegou a 12,83% do valor das exportações totais do Brasil à China no acumulado até maio. No mesmo período de 2014, a fatia era de 5,14%. Com elevação de praticamente 80% na exportação aos chineses, o petróleo compensou parte da queda de embarque de soja e de minério de ferro, que caíram 31,22% e 60,15%, respectivamente."
Enfim, seguimos acompanhando, sem complexo de vira-latas que expõe a real compreensão que parte da elite econômica e da mídia comercial possuem de um Brasil que na visão desta gente segue colonizado, dependente e submisso. Até Obama se insurgiu com tamanha mediocridade e nenhuma concepção de Nação.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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