As desconfianças com relação ao desenvolvimento do projeto da ferrovia bi-oceânica Peru-Açu (Pacífico-Atlântico) são grandes. É compreensível. É um projeto enorme com desafios e problemas. Atravessaria a Amazônia e o Andes com todos os problemas ambientais imaginados além dos vultuosos custos.
Porém, é preciso acompanhar o que vem acontecendo desde que em maio as autoridades brasileiras e chinesas assinaram o termo de compromisso.
De lá para cá os chineses estão realizando estudos de viabilidade técnica-econômica, como previsão de conclusão em até um ano. Chineses saíram no finla de junho do porto no Peru e pela via rodoviária estão mapeando as regiões diretamente.
Entre estes chineses está apenas, o presidente do ICBC (Industrial & Commercial Bank of China), Zhao Guicai, maior instituição financeira do mundo, com ativos superiores a US$ 3 trilhões.
Além dos 30 chineses acompanham a comitiva em um ônibus, diplomatas chineses, empresários e outros três presidentes de bancos chineses no Brasil. No percurso estiveram com os governadores do Acre, Rondônia e Mato Grosso e sinalizaram o aumento do interesse chinês.
Na semana passada a maior consultoria que acompanha a movimentação da China e projetos dos chineses pelo mundo a AsiaGroup disse a disposição dos chineses em fazer tal ferrovia não terá nunca explicação econômica, mas parece uma decisão tomada.
Em terceiro lugar, o financiamento do projeto da bi-oceânica estimada em até US$ 40 bi, fez parte do primeiro pacote que o Brasil apresentou entre outros como demanda da primeira leva de projetos a serem financiados pelo Banco do Brics, recém instituído.
Os chineses desenvolveram uma expertise em projetos ferroviários com baixos custos, como já comentamos em nota do blog aqui no dia 5 de julho.
Também já comentei que o interesse dos chineses, a princípio, tende a ser maior pela saída pelo Pacífico (uma espécie de "rota da soja", similar à rota da seda (silk road) que a interligação dos dois oceanos, embora, estejam fazendo o mesmo na África, ao interligar o Oceano Índico ao Atlântico.
Enfim, é bom acompanhar os desdobramentos dos estudos e das negociações que podem ir para além daquilo que é só para "chinês ver".
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário