No Brasil, o consumo per capita de água engarrafada (chamada de mineral) cresceu a uma taxa anual de 11,7% entre 2008 e 2014, atingindo 69 litros, ano passado, ante 35,5 litros em 2008.
A produção estimada de água engarrafas em 2014 foi de 14 bilhões de litros, pouco mais que o dobro de 2008. Assim, o Brasil é o quarto maior mercado mundial de água engarrafada, segundo o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral do Brasil).
É difícil de aceitar estes números diante de um bem de interesse público. Sobre o assunto, o professor Ladislaw Dowbor comenta em seu livro )pp-60-61) "O pão nosso de cada dia":
"A água, tal como o espectro eletromagnético, constitui um
recurso natural, base da nossa vida e de todas as formas de vida. É recente a
sua transformação em bem econômico – o ouro azul, uma referência ao ouro negro
que é o petróleo. A água literalmente cai do céu e, para que se torne valor
econômico apropriado por um grupo privado, precisa se tornar escassa. Um bem
abundante como o ar tem valor de uso, utilidade, mas não necessariamente valor
comercial. À medida que a água vai ficando escassa – e hoje cerca de 2 bilhões
de pessoas no mundo têm dificuldade de acesso à água –, torna-se um bem
econômico precioso."
Já na página 63 Dowbor diz: "Do lado da oferta é um bem público, no sentido de ser
produzido e reproduzido, mas em volume limitado, em todo o planeta, com grandes
desigualdades de localidade e sazonalidade. E do lado da demanda é um bem
essencial, de uso extremamente diversificado, como vimos. Que tipo de gestão
permitirá o equilíbrio? ... Há limites na apropriação unilateral de toda a água,
sobretudo quando consideramos que se trata de um bem que a empresa não precisou
produzir. Hoje, muitas empresas já consideram a não rejeição social como um dos
critérios de viabilidade das suas atividades, além do cálculo econômico
tradicional."
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