Blog: Como o Sindipetro-NF enxerga este problema das empresas terceirizadas na Bacia de Campos?
Leo Ferreira: Estamos acompanhando de perto e tentando dar o máximo de auxílio e orientação a esses trabalhadores e trabalhadoras, uma vez que por conta da unicidade sindical a entidade representativa no âmbito trabalhista, infelizmente, não é o Sindipetro-NF. Por conta disso não podemos ter atuação direta nesses casos, mas estamos cobrando da gestão da empresa que atue o mais rápido possível e dê respostas concretas e uma solução imediata para estes pais e mães de família que foram pro olho da rua. É importante ressaltar também que as dezenas de sindicatos de fachada que proliferaram em Macaé ao longo desses anos também tem sua parcela de culpa.
Blog: Trata-se de mais uma troca de empresas prestadora de serviço ou do enxugamento que a diretoria da empresa quer fazer?
Leo Ferreira: Por conta da crise capitalista, da queda do preço do barril de petróleo, o conselho de administração da empresa resolveu através de seu novo plano de negócios reduzir o tamanho da Petrobrás em mais de 40%. Na visão do Sindipetro-NF isso é um grave equívoco. Por conta disso contratos estão sendo reduzidos ou encerrados. Dentro da diretoria executiva do NF sou o responsável pelas negociações dos Acordos Coletivos de 25 empresas prestadoras de serviço que representamos. As negociações estão sendo muito difíceis e a maioria dos representantes destas empresas alegam que alguns gerentes de contrato estão exigindo "descontos generosos" nas renovações de contrato. De nossa parte estamos tentando negociar cláusulas que garantam e defendam a manutenção dos empregos, pois os trabalhadores e trabalhadoras não podem pagar a conta, seja do capitalismo, da corrupção ou da irresponsabilidade do conselho em querer diminuir o tamanho da empresa.
Blog: Qual a posição do sindicato no caso?
Leo Ferreira: Nossa posição é a de sempre: Em defesa das melhores condições de empregos e também da Petrobrás, maior empresa do Brasil e que tem hoje um papel social muito grande dentro da nação. Pra se ter uma ideia, em 2002 ela era responsável por 3% do PIB. Em 2014 chegamos ao valor de 13%. Porque a empresa diminuir de tamanho se temos o pré-sal pra explorar? Acaso o conselho de administração da empresa está em conluio com o Senador José Serra, que quer entregar o pré-sal pra empresas estrangeiras? A economia do país e a classe trabalhadora não podem pagar essa conta só porque meia dúzia de diretores da Petrobrás e empresários do setor privado resolveram saquear a empresa. Cadeia pra quem roubou! E empregos e salários dignos para a classe trabalhadora.
Blog: Como lidar com a contradição de defender a redução da terceirização e ao mesmo tempo o emprego destes trabalhadores?
Leo Ferreira: A nossa defesa em favor dos terceirizados é para que eles tenham melhores salários, mais direitos, mais segurança e melhores condições de trabalho. Existe no Senado o projeto de lei 30/2015, que na Câmara era o conhecido e famigerado 4330/2004, sobre a regularização da terceirização. Infelizmente ele chegou ao senado com uma série de absurdos. A terceirização precisa sim de regulamentação. Mas que proteja os trabalhadores e trabalhadoras. Não que a escancare e permita quarteirizações e quinteirizações infinitas, do modo que está a redação desse projeto no
Senado. Fui trabalhador terceirizado da Petrobrás de 2001 a 2006, quando tive a oportunidade de prestar concurso e ingressar na empresa. Senti na pele o que passa hoje o terceirizado. Queremos que a Petrobrás volte a crescer e possa dar a milhares de contratados a oportunidade que eu e tantos outros tivemos durante estes anos. E que aqueles e aquelas que seguirem como terceirizados tenham direito a dignidade. Hoje o trabalhador que mais sofre acidentes e morre são os terceirizados. Nossa luta é para mitigar essa situação e ampliar direitos pra toda a classe trabalhadora.
Blog: Dê informes sobre a negociação entre o Sindipetro e a direção da Petrobras e sobre o movimento de greve.
Leo Ferreira: A FUP, federação ao qual o NF é filiado, reuniu-se ontem pela manhã com os representantes da empresa. Estamos cobrando, através de uma pauta política, mudanças no plano de negócios, para que a mesma volte a crescer, a gerar empregos e divisas para o país. A empresa não deu resposta satisfatória. Nos levantamos da mesa e convocamos uma greve, que já estava aprovada desde de Julho, a partir de amanhã. Nossa pauta econômica só será tratada após a empresa dar respostas satisfatórias sobre a pauta política. Vamos todas e todos a greve! É a categoria petroleira sendo mais uma vez protagonista em defesa dos empregos, da Petrobrás, do Pré-Sal e do Brasil.
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