O preço do barril de petróleo segue abaixo dos US$ 50, o barril, apesar de ter
subido hoje, para US$ 49,73. Há um excesso de oferta estimulada principalmente pela produção da Arábia Saudita, Rússia e EUA, e ainda antes mesmo que a produção do Irã se
amplie, conforme expectativa de todos, após o acordo nuclear com os EUA.
Além da Rússia e Venezuela, agora o EUA já sente bastante as
consequências do baixo preço do barril. A produção americana que já chegou a
9,6 milhões de barris por dia em abril, agora em agosto já reduziu 500 mil
barris por dia para 9,1 milhões de barris por dia. Veja gráfico ao lado da
Agência Internacional de Energia (AIE ou EIA) publicada pelo Valor (P.A11, 16/09/2015).
A EIA estima ainda que a queda se acentuará mais 400 ml
barris por dia início até 2016, podendo descer para 8,6 milhões de barris ao
longo do ano que vem diante da manutenção dos baixos valor do barril.
Os países ligados à Opep produziram 31,6 milhões de barris
por dia em agosto, acima da meta de 30 milhões de barris diários.
Assim, a política de um dos principais membros da Opep, a
Arábia Saudita, vai tendo sucesso na sua estratégia de manter elevado o volume de
produção, mesmo com a redução dos preços para manter e, até ampliar o tamanho
do seu mercado, ao mesmo tempo que vai tombando pelo caminho os produtores que possuem
preços de produção próximos aos atuais, valor em torno de US$ 50.
Os países que produzem pouco e consomem mais ampliam seus
estoques aproveitando os baixos preços. Parece cada vez menos provável que este
quadro se altere no intervalo entre seis meses e um ano.
Ainda assim, é interessante como os fundos financeiros e os
bancos, mesmo que estejam cortando créditos para estas petroleiras que possuem
custos altos e andam no vermelho, ainda continuem a fazer captações como os Private
equity (que são fundos que investem em empresas que não possuem ações em bolsa).
Segundo a Preqin, uma agência de dados financeiros, os
fundos “private equity” Têm 115,6 bilhões disponíveis para investimentos em
petróleo. Já captaram este ano para investimentos em petróleo US$ 45,7 bi e
querem chegar à captação total este ano de US$ 74,5 bilhões, que juntando ao dinheiro já investido em petroleiras, chega a mais de US$
300 bilhões de dinheiro no setor de óleo e gás.
Ou seja, ao contrário do que muitos imaginam, a extração de
petróleo e/ou gás de xisto, ou não, em terra, ou offshore continua a ser uma
das produções materiais em que o setor financeiro, ainda segue perseguindo para
acumulação de lucros.
As energias alternativas avançam em projetos mundo afora,
mas, a produção de petróleo, mesmo com os atuais baixos preços, continua sendo altamente
atrativa. Segundo matéria do próprio Wall Street Journal, os agentes financeiros
hoje estudam tanto o setor de petróleo “que estão chegando a um ponto em que se
comportam como se fossem uma empresa do ramo”.
Para o Brasil, é interessante perceber que até aqui, a
estratégia da Arábia Saudita não atingiu a produção da Petrobras cujo custo médio
de produção, incluindo os valores pagos com os royalties e participações
governamentais, está em torno de US$ 32 e devem até ter se reduzido com a taxa
de câmbio próximo dos quatro reais. Melhor ainda se consideramos que a produtividade
do pré-sal, que já alcança em torno de 1/3 da produção total, é muito mais
alta, com custo de produção, incluindo os royalties abaixo dos US$ 20.
Mesmo com todos os problemas da Petrobras, com a Operação
Lava jato, as enormes reservas do pré-sal mostram o potencial que o país tem e
que alguns pretendem entregar facilmente para petrolíferas estrangeiras, com
alterações do atual marco regulatório.
Continuamos acompanhando o setor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário