A Triunfo teria que preparar píer, pátio e maquinário de
movimentação para a operação com as linhas. No dia 17 de janeiro de 2015, este
blog publicou aqui nota comentando a informação divulgada pela revista Brasil
Energia.
Pois bem, há 20 dias, a Petrobras decidiu incluir a Triunfo
Logística, uma empresa com experiência de 29 anos no setor, em sua lista de 91 fornecedoras impedidas de contratar com a estatal. A suspensão é válida até 18 de fevereiro de 2016. A
punição ocorreu devido à não assinatura de contrato para a construção desta nova
base de operações no Porto do Açu, obra como dissemos conquistada em licitação.
Segundo o diretor-geral da companhia, Rogério Caffaro, em
matéria do site PetroNotícias, a negociação não pôde ser concluída devido à
dificuldade na obtenção de financiamentos em meio à crise que toma o mercado
brasileiro. Embora compreenda a decisão pelo bloqueio, Caffaro aponta que
o atual momento deve ser encarado como uma exceção pela estatal, que também
sofre com os desdobramentos da recessão econômica e de problemas internos. O
cenário é hostil para a captação de subsídios, que no caso da Triunfo chegariam
a totalizar R$ 320 milhões. “Vamos recorrer porque uma coisa é o manual com
procedimentos da empresa, outra coisa é o momento da indústria. Ninguém pode
analisar as coisas de forma administrativa como se vivêssemos em um céu de
brigadeiro” disse o diretor geral da Triunfo.
O diretor da Triunfo disse que o bloqueio não afeta os
contratos da Triunfo em andamento com a Petrobras. Pelas pesquisas do blog, a
Petrobras atualmente tem dois contratos em vigência com a Triunfo, num total de
R$ 805 milhões para a prestação de serviços de infraestrutura e operação
portuária, que se dá junto a um dos terminais do Porto do Rio de Janeiro e
atende especialmente à Bacia de Santos e à exploração das reservas do Pré-sal.
Pelos dados que este blogueiro dispõe, na condição de
pesquisador sobre o assunto a “relação porto-petróleo e a repercussão sobre as
territorialidades no ERJ”, a Triunfo opera uma base no Caju, junto ao Porto do
Rio, com 3 píeres, 9 metros de profundidade, 740 metros de cais e 50 mil m² de
área para movimentação e armazenagem de cargas que são utilizadas nas operações
offshore como âncoras, correntes, tubos, etc.
Além da Triunfo, a Brasco opera dois outros terminais na
Baía de Guanabara, um em Niterói que atende, especialmente as outras
petrolíferas que operam na exploração offshore no litoral do Sudeste e outro em
fase final de estruturação, também no Caju, no Porto do Rio.
Hoje, a Petrobras usa seu
(TUP) de Imbetiba e aguarda a disponibilização da base que a americana Edison
Chouest está montando junto ao terminal 2 do Porto do Açu que tem previsão de início
de funcionamento até o final deste ano, depois da assinatura de contrato em
licitação de bases portuárias para atender movimentação de cargas para a Bacia
de Campos.
Sobre a base que a Triunfo teria no Porto do Açu, se sabe
que a licitação era para a movimentação de flexíveis e seria a maior do país, pelo projeto. A
concorrência da Petrobras estabelecia que a base deveria ter a capacidade para
movimentar bobinas de até 500 t e 14 metros de altura e armazenar cerca de 300
bobinas de linhas flexíveis com diâmetro de até 22 polegadas.
Base logística da GE na Baía de Guanabara, Niterói |
Atualmente, a
Petrobras já tem contrato com duas bases para a operação com flexíveis,
localizadas em Vitória (ES) operadas pela Technip e outra em Niterói (RJ)
operada pela GE (da foto ao lado). Em todo o ERJ o setor de exploração de óleo e gás utiliza sete bases operacionais, aí já computado a Edison Chouest que está sendo construída no Porto do Açu.
“No segundo semestre, participamos
de uma concorrência que a Petrobrás abriu para a construção de uma base de
dutos flexíveis no Porto de Açu. Nós vencemos a licitação e mostramos um
projeto inovador de engenharia, que trazia mudanças na movimentação de cargas.
Investimos uma fortuna para que empresas de engenharia pudessem traduzir o
projeto na prática, criando um novo sistema para movimentar as bobinas dos
navios. O planejamento total era de R$ 400 milhões, e já tínhamos uma área
reservada no porto.
O que aconteceu é que
começamos a ter, no final de 2014, toda essa crise de petróleo no mundo. Com a
situação do mercado agravada ainda pelo cenário da Petrobrás, entre outubro e
dezembro nós já tínhamos as portas do mercado financeiro fechadas para nós. Isso
piorou também quando o BNDES divulgou seus custos mais caros. Os bancos já
previam não financiar qualquer tipo de projeto, então o que aconteceu foi que
não conseguimos assinar esse contrato. Estávamos em um momento anormal, e a
Petrobrás resolveu aplicar essa sanção, que nos suspende de futuras licitações
por um prazo de seis meses.
"A Triunfo investiria no projeto R$ 400 milhões. R$ 80
milhões seriam diretamente da empresa e R$ 320 milhões seriam do mercado
financeiro, caso fosse aprovado. E hoje não existe banco privado disposto a
pegar esse dinheiro e aplicar. Primeiro porque o custo do BNDES cresceu e vai
crescer mais ainda, e segundo porque o risco Petrobrás também aumentou.”
Resta saber agora, qual será a decisão da Petrobras sobre
esta base operacional que seria no Açu. Se ela manterá a demanda chamando a
Technip que havia participado, fazer nova licitação, ou desistir da demanda
diante da redução das atividades de exploração, neste momento de crise.
Um comentário:
Olá, em outubro seria divulgado se a Triunfo renovaria seu contrato em uma das bases do porto RJ, um contrato de 4 anos, seguindo para seu ultimo ano. Entao com esse impedimento para novos contratos também pode impedir a renovacao deste que aconteceria agora em outubro ?
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