Ninguém duvida que Delfim Neto seja um dos mais ardorosos defensores do sistema capitalista. Porém, diferentemente, de alguns que se arvoram em sua defesa como sistema, ele nunca deixou de fazer críticas e de insistir na necessidade de regulação.
Desta forma, na semana passada em seu artigo no Valor apesar de ter insistido que "o capitalismo se trata de um sistema inovador e revolucionário" ele também ponderou que: "o "capitalismo do século XXI" ainda injusto e profundamente imoral".
Nesta semana, em seu novo artigo, além de questionar os cartesianos-matemáticos que na política também acham que o caminho mais curto entre dois pontos é uma reta, ele disse que: "um estado forte, constitucionalmente limitado, é fundamental para controlar os inevitáveis abusos do capital".
Assim, podemos até discutir o que seria um estado constitucionalmente forte, mas nunca a ideia de que o estado deve ser mínimo e o capital e o setor privado podem tudo e muito menos julgar que a eles dependem a "salvação" da sociedade como "ingenuamente" (optando por um adjetivo mais leve e de diálogo) pensam alguns.
Como disse Delfim, é fato que o "socialismo real" não contribuiu para esta limitação, mas também é certo que o capitalismo global vem acentuando as desigualdades como se percebe em amplas pesquisas, não apenas do Pikety.
Desta forma, ou se tenta, ao menos, segurar o touro, ou a barbárie será o destino. A nossa civilização merece destino diverso disto, mesmo que gradual, mas nunca de retrocesso.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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