sábado, outubro 31, 2015

Petroleira americana Chevron prevê demissões de 7 mil trabalhadores e redução de investimentos até 2018

A petroleira americana Chevron anunciou nesta ontem, a queda de lucro anual 63,6%. A receita também registrou queda significativa de julho a setembro, de 37,2%, para US$ 34,3 bilhões.

Por conta disso, o presidente mundial da Chevron, Juhn Watson, anunciou corte de 25% nos investimentos de 2016, para um intervalo entre US$ 25 bilhões e US$ 28 bilhões e uma redução da força de trabalho em 6 mil ou 7 mil empregados.

Os cortes nos investimentos estão previstos ainda para 2017 e 2018, o que indica que a crise dos preços do barril devem prosseguir para além de 2016.

Depois de ouvir as manchetes e notícias diárias da mídia comercial brasileira, há quem ainda continue acreditando que os problemas são exclusivos da Petrobras, por conta da Operação Lava Jato.

Além disso, há que se considerar que a produção interna de petróleo dos EUA caiu 600 mil barris por dia desde setembro chegando a 9 milhões de barris/dia. Ao mesmo tempo que a importação de petróleo dos EUA cresceu 156 mil barris/dia atingindo cerca de 8 milhões de barris por dia, aproximando os volumes de importação à produção interna de petróleo.

6 comentários:

douglas da mata disse...

Os imbecis não tomam jeito...

A realidade esbofeteia as fuças dos asnos...Os EUA seguem, junto com outras as grandes economias dependentes de combustíveis, desacelerando os preços para aumentar suas reservas com a cotação baixa.

Boa parte deste mercado se dá em entregas futuras (ou compras antecipadas), e esse "gap" ainda reverte em lucro quando a cotação subir.

No mundo corporativo privado, a manipulação das variáveis são muito mais fluídas. Baixou o preço, danem-se: demitam milhares!

Imagine se a Petrobras fizesse o mesmo? E aí segue apanhando de todo lado!

O alvo são as estatais, como a Petrobras, a PDVSA e outras.

evandro disse...

Professor,acho que estamos no limiar da transição para um novo modelo energético, abandonando o padrão petróleo, o qual vai continuar existindo, mas não será a base da matriz energética. Então ainda vai ter Petrobras, Chevron, Exxon, etc, porém trabalhando em uma nova ordem mundial, obtendo a energia de várias fontes. As manobras geopolíticas dos EUA para reduzir o preço do petróleo temporariamente com intenção de quebrar Rússia, Irã e Venezuela não foram eficazes devido a interferência da China, a qual socorreu prontamente esses países. No momento de voltar aos preços anteriores, o príncipe árabe decidiu manter o "status quo" para confirmar a quebra da indústria de gás de xisto, sua virtual concorrente, como visto no prejuízo declarado pela Shell nesse evento. A volta do Irã ao mercado, dessa vez como "franco atirador" é apenas mais um complicador dessa equação.
fontes:
http://oglobo.globo.com/economia/petroleo-e-energia/petroleo-nunca-mais-retornara-aos-us-100-diz-principe-saudita-15034068
http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/economia/2015/09/14/kuweit-e-ira-cortam-precos-do-petroleo-e-ampliam-disputa-por-mercado-com-opep.htm
http://www.infomoney.com.br/bloomberg/mercados/noticia/3804312/por-que-eua-vao-perder-guerra-precos-petroleo-avalia-leonid
http://www.infomoney.com.br/bloomberg/mercados/noticia/4381671/excesso-oferta-empurrara-minerio-ferro-petroleo-para-menos-diz-fundo
http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/01/entenda-queda-do-preco-do-petroleo-e-seus-efeitos.html

Roberto Moraes disse...

Caro Evandro,


Há sim alguns sinais da redução do peso da energia fóssil.

Porém, não creio em nada de curto prazo. Uma coisa é o petróleo para movimentar automóveis e veículos. Outra é gerar energia em grande quantidade, especialmente nos lugares com forte inverno.

Além do mais, há uma contradição embutida entre a redução do preço do barril de petróleo e a geração com fontes alternativas. Estas são mais viáveis concorrendo com alto preço do barril do petróleo, mas não conseguem disputar com o petróleo na faixa entre US$ 40 e US$ 50.

A disputa entre os principais produtores é que deixou o mercado com estes grandes excedentes, cujas consequências são políticas, como você disse e como temos comentado aqui no blog. Além disso, agora os grandes players do setor sabem, os limites das petrolíferas e das nações, em termos de reservas e consumo.

Neste ponto a Arábia Saudita jogou até um determinado ponto, junto com os EUA, porém, adiante resolveu testar os limites do shale gas americano que abriu o bico e já reduziu sua produção em cerca de 7% do que tinha no inicio do ano.

O jogo de preço das commodities (não apenas petróleo) é conhecido e tem por parte dos países centrais um forte controle.

Mais do que exploração e reservas, os países centrais querem ter controle da produção pelas players que atuam na parte industrial e de engenharia e serviços, especialmente, naquela parte que não precisa estar perto do poço e da produção.

Acho que já mostrei aqui no blog a curva de preço do petróleo nas últimas 4 décadas.

Todos os picos de preço estiveram relacionados aos períodos de conflitos regionais. Assim, o petróleo, que no início do século passado, custava US 2 o barril, não tem muitas razões para estar acima de US$ 60.

Porém, as reservas continuam disputadas. A Shell que o diga. E as petroleiras sabem que neste período de baixa é quando elas conseguem espremer os custos que gerarão os lucros e as acumulações que virão adiante, no próximo ciclo.

É bom ainda recordar das outras utilidades do petróleo para além da movimentação de veículos e geração de energia, no campo da petroquímica, produção de alimentos e biotecnologia.

Este é um bom debate e creio que até 2050 ainda estará norteando o debate sobre a geopolítica mundial.

A China que nunca teve reservas acima de 10% de seu consumo, agora construiu imensos reservatórios, inclusive em minas subterrâneas, além de estoques em velhos petroleiros, aproveitando o baixo preço, para se aproximar do limite recomendado pela AIE de pelos menos 30% do seu consumo.

Enfim vamos seguindo acompanhando. De qualquer forma, diante desta hipótese que levanta acontecer mais rápido que o imaginado, a saída será produzir mais e estocar menos reservas. E quem possuir reservas com alta produtividade como o pré-sal tenderá a levar mais vantagens.

evandro disse...

Caro Professor,
muito bom seu esclarecimento, grato.
Me lembro que aqui na Petrobrás, na gestão da Graça Foster, a empresa
se rotulou como empresa de energia e trabalhou pesado em fontes alternativas,
criando a unidade de biodiesel em Montes claros. Lembro que a Petrobras, desenvolveu nos anos 80 (como o sr disse, outro pico de elevação dos preços) a extração de biogasolina de Avelos (" esta substância pode ser extraída em refinarias convencionais: a estimativa seria entre 10 e 50 barris por hectare cultivado." http://www.plantasquecuram.com.br/ervas/aveloz.html#ixzz3qUkJAxOv).
Parece que a indústria capitalista joga ao sabor do mercado, desencavando projetos de custo relativo alto somente quando os preços do petróleo se elevam. Isso então deve manter as tecnologias alternativas em segundo plano até que seja interessante para os operadores do capital sua implantação.
Quanto ao pré-sal, devido ao seu custo mais elevado, lamentavelmente deve marchar lentamente até novo pico de alta do preço do barril, já que hoje seu custo para viabilidade está entre US 50-52,00, aumentado o risco de prejuízos. Por coincidência, hoje o óleo Brent está cotado a US 50,36. (http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-viabilidade-de-producao-no-pre-sal.htm)(http://br.investing.com/commodities/brent-oil-historical-data)

Roberto Moraes disse...

Sim Evandro. O debate é amplo e tem diversas nuances.

Quanto à viabilidade do pré-sal este valor de US$ 50 a US$ 52 não batem com as informações da diretora de exploração. Sem as participações governamentais (royalties e PE), impostos e sem o custo das dívidas dos investimentos, em alguns poços mais produtivos (tem caso de um com produção acima de 40 mil b/d), segundo ela fica em US$ 9/barril.

Porém, considerando todo o pré-sal os valores sobem. E mesmo a média de pós-sal e pré-sal ficaria abaixo disso, segundo este relatório do Paulo Cesar Ribeiro Lima que é de março de 2015:

http://jornalggn.com.br/sites/default/files/documentos/2015_447.pdf

Ele inclusive avalia custos de refino.

De março para cá tivemos a variação cambial. Ela mexe com estes valores, porque se de um lado ela barateia alguns custos em real pela produção local, em outros amplia o peso das dívidas e contratos em dólar como de embarcações, serviços, etc. Mas, como o cálculo já é em dólar por barril, o resultado tende a ser um pouco menor.

De qualquer forma o pré-sal é a joia da coroa. Por isso, tanto interesse da Shell que comprou a britânica BG, por US$ 70 bi, no meio desta crise do valor do petróleo, especialmente, por conta dos ativos desta no pré-sal, considerando que a BG é a maior produtora de petróleo estrangeira no Brasil, estando com produção mensal na faixa dos 150 mil b/dia.

Abs.

douglas da mata disse...

Ainda não há, no médio prazo nada que se compare ao custo da produção do petróleo.

A tese do pico das reservas (o que movimentaria o preço para cima) não se confirma, até porque ninguém sabe quanto de reserva o mundo tem, pois por motivos óbvios, a informação é estratégica.

Mesmo que se considere o custo militar, como no caso dos EUA.

Outra questão é a melhoria do aproveitamento da queima, principalmente no caso dos veículos. Temos motores V8 com gasto menor que 8 ou 9 km/litro, fato impensável há 10 anos.

Nem vou mencionar os carros mais simples (4 cilindros até 2000 cc).

Temos os veículos híbridos (fóssil com motores elétricos acima de determinada rotação).

Enfim, a Petrobras e as outras do setor apontam para planos de investimento de no mínimo 10 anos.

Digo e repito: por isso que ela é alvo, assim como as demais estatais do setor.