sexta-feira, outubro 23, 2015

Seguem as fusões e novas encomendas no setor marítimo mundial

Além do gigantismo naval (porte das embarcações) e portuário - terminais com maiores píeres e mais profundos canais de atracação para permitir atracação de embarcações de maior tamanho (veja detalhes aqui e aqui) - a concorrência entre as empresas de transporte marítimo pelos continentes do mundo tende a se reduzir com as fusões entre elas.

Assim, se percebe maior de concentração (olipolização) deste serviço entre os armadores, nomenclatura também usada para quem opera, especialmente as cargas conteinerizadas, através dos navios. No mundo cerca de 20 empresas assim categorizadas definem as rotas, periodicidades e custos dos fretes no transporte de contêineres.

Porém, apenas cinco controlam quase 2/3 do transporte de todas cargas movimentadas por contêineres no mundo. A liderança deste serviço segue com a dinamarquesa Maersk, seguida da italiana MSC e da francesa CMA/CGM.

Na semana passada, se tomou conhecimento que duas estatais chinesas anunciaram que estão fazendo uma fusão dentro do espírito do capitalismo de estado que vivem: a Cosco e a China Shipping Container Lines (CSCL).

O valor do negócio pode chegar a US$ 20 bilhões e confirmaria, com folga, a condição de quarta maior operadora de contêineres do mundo, reforçando a posição da China e da Ásia nesta atividade indispensável par ao comércio global.

A Cosco operava até aqui com 175 navios de contêineres e a China Shipping com 156. Juntas, elas alcançariam o quantitativo de 331 navios contêineros. No final do ano passado, a Maersk possuía 604 navios, a MSC tinha 497 navios e a CMA/CGM 446 navios, segundo dados da Alphaliner.

Os contêineres são considerados a espinha dorsal do comércio mundial e mesmo da globalização.

Através dos mesmos, que podem ser transportados pelos diferentes modais de transportes (navio, ferrovia e rodovia), a etapa de circulação dentro da tríade "produção-circulação-consumo", tornou-se cada vez menor, numa estratégia que radicalizam, intensificam, hierarquizam e concentram os ganhos gerados pela reestruturação do capitalismo mundial.

É importante esclarecer que estes números das operadoras do transporte marítimo estão relacionados ao transporte de contêineres. Considerando todas as embarcações, em 1º de janeiro de 2015, essa frota contava com um total 89.464 barcos e 1,75 milhão de toneladas. Segundo a UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), 80% das mercadorias são transportadas de navio.

Grécia continua líder em transporte marítimo, inclusive petroleiros
É conhecida a tradição grega com seus armadores (nome) dados aos operadores das embarcações marítimas. Mesmo com a crise grega, o país continua possuindo a maior frota de petroleiros e graneleiros do planeta.

Estima-se que eles atuem no transporte marítimo, com 16% do mercado mundial, à frente de Japão, China, Alemanha e Cingapura. Juntos, esses cinco países representam 50% da tonelagem mundial. Entre os dez primeiros países há cinco asiáticos, quatro europeus e os Estados Unidos.

Se desejar leia aqui sobre a lenda dos armadores gregos, em especial a história do Onassis. Vale registrar que quase toda a renda dos fretes dos armadores gregos estão depositadas em bancos e paraísos fiscais.

Na América do Sul, o Brasil tem a maior tonelagem, na frente de México, Chile e Argentina. O fato se deve especialmente ao transporte de minério de ferro transportados pelos portos do ES, MA e agora também, o ERJ.

Na área de transporte de petróleo com os petroleiros, também houve uma concentração das empresas nos últimos anos. Em 2010, 119 empresas operavam embarcações marítimas neste setor. Agora, em 2015, este número já caiu para 74 operadores de petroleiros.

Estima-se que cerca de 3.500 petroleiros circulem transportando 2/3 de todo o petróleo comercializado mundialmente. Também neste setor a Grécia é a empresa com a maior quantidade de operadores e navios petroleiros e também lidera a quantidade de encomendas para a construção de novos petroleiros, com uma carteira de 51 navios que estão sendo construídos em diferentes estaleiros do mundo, sendo 29 de grande porte (11 VLCC e 18 tipo Suemax).

A seguir vem a China com encomendas de 30 petroleiros e o Japão com 27 petroleiros encomendados. As encomendas destes foram contratas nos estaleiros dos seus próprios países (Japão e China) com financiamentos de bancos oficiais e de desenvolvimento.

Segundo informações da Clarksons, divulgadas em Londres esta semana, apesar da queda geral nas encomendas de novos navios, os contratos para construção de navios petroleiros continuam com 207 navios encomendados a estaleiros este ano, no total de 16,6 milhões de toneladas brutas.

Este dado demonstra que mesmo com a crise do baixo preço do barril de petróleo, as perspectivas futuras com que as corporações globais olham o setor não parecem ser de tanto pessimismo. A conferir!

PS.: Atualizado às 11:50 de 27/10/2015: Com novos dados e infográfico da UNCTAD sobre navegação marítima e que reforçam o que o blog havia informado aqui no dia 23/10/2015.

Através do infográfico tem-se a informação do número total de embarcações operando o comércio mundial marítimo: 89.464 navios. A frota mundial cresceu 3,5%, a menor taxa de crescimento em uma década. O infográfico reforça a informação da nota, no texto acima, sobre as bandeiras das embarcações que são lideradas na ordem por Grécia; Japão; China; Alemanha e Singapura. Confirma também que estes cinco países controlam mais da metade da tonelagem mundial comercializada no mundo. Outra informação é de que entre os anos de 2004 e 2015, a capacidade em contêineres foi triplicada e que o número de companhias que operam a navegação marítima cresceu em 29%, razão principal desta nota do blog, não por coincidência.




































PS.: Atualizado às 12:06: Para acrescentar com todos os infográficos divulgados pela UNCTAD em outubro sobre o assunto:



























































































PS.: Atualizado às 14:46 de 27/10/2015: Abaixo o gráfico sobre a estrutura (percentuais) de tipos de cargas movimentadas no comércio transoceânico no mundo, segundo relatório 2015 da UNCTAD.

Como se vê a maior quantidade é de navios petroleiros (17%); depois os navios contêineros (15%); depois as embarcações de granéis menores (15%); em quarto minério de ferro (13%); carvão (12%); produtos de petróleo (9%); outros líquidos (9%); gás e químicos (6%) e em nono os graneleiros (4%).


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