Os petroleiros realizam desde domingo (01/11) uma das mais corajosas greves, onde a questão econômica-salarial foi colocada em num segundo plano, em relação ao interesses dos trabalhadores, em opinar sobre os destinos estratégicos da empresa Petrobras.
É preciso que haja uma categoria bem politizada para fazer este enfrentamento, que se posiciona para além dos seus interesses imediatos.
A adesão da paralisação em grande número de plataformas na Bacia de Campos (que já é fato, com 45 unidades paralisadas total ou parcialmente, segundo informe das 14 horas do Sindipetro-NF), assim como a disputa com as gerências que organizam e tentam usar os gerentes como "equipes de contingência", é um processo doloroso, porque coloca os trabalhadores diante daqueles que se expõem contra o coletivo, em troca de benefícios e gratificações especiais.
Porém, o lado mais cruel deste processo será a identificação de que a força do movimento de paralisação, mesmo que continue crescente e forte, é hoje, cada vez mais limitado, na medida em que cerca de metade da produção nacional de petróleo, já é feito nas unidades que operam nas reservas do Pré-sal, onde a imensa maioria das plataformas e seu pessoal de produção são terceirizados.
Ouvir e negociar ações estratégicas que dizem respeito aos interesses os trabalhadores é um processo sadio, mesmo no mundo corporativo e num sistema capitalista, como o que vivemos.
Os petroleiros (que chamo dos heróis do petróleo) foram e são, nos diversos níveis e funções, responsáveis pelas conquistas da empresa, especialmente, na descoberta da imensa jazida do pré-sal, hoje, reconhecida em todo o mundo. Desta forma, não é sadio empresarialmente falando, desconhecer o direito dos trabalhadores em opinar junto com a direção e os acionistas, na gestão e nos projetos estratégicos da empresa.
O momento de baixo preço dos barril de petróleo no mercado internacional, assim como as descobertas dos desvios de gerentes e diretores na gestão dos negócios da estatal Petrobras, só reforça a importância de um diálogo amplo que possa fazer a empresa superar as dificuldades e voltar a ser a mais importante empresa para o desenvolvimento econômico, industrial e mesmo social de nosso país. É o nosso desejo!
Assim, a sociedade necessita ser parceira deste movimento que muito mais que os anteriores possui interesse nacional de médio e longo prazos.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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Um comentário:
Muito obrigado, precisamos de pessoas assim como você para reconhecer que o que estamos fazendo não é para uma categoria e sim para toda uma nação (Brasileira)
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