Há que se registrar importantes movimentos no tabuleiro da geopolítica mundial para além dos interesses na área energética.
Na quinta-feira a Arábia Saudida forte aliada dos EUA, formalizou com a Rússia um importante acordo de cooperação no setor de petróleo e gás. Bom saber que se tratam dos dois maiores produtores mundiais de petróleo e gás do mundo.
Ambos os países seguem ampliando suas produções a despeito da queda acentuada do preço do barril.
A Arábia é líder da Opep e as interpretações para que a organização liberasse a produção que resultou na queda dos preços do barril, teria sido fruto de um acordo com os EUA, para enfraquecer a Rússia e outros produtores de petróleo mundo afora.
Tal hipótese, decorrido um tempo e produzido alguns efeitos, inclusive no Brasil, podem agora sofrer alterações.
Nos EUA a ampliação da produção de petróleo com as reservas de xisto estão tendo problemas com a permanência do preço abaixo do patamar de US$ 50, o barril.
Resta saber o que a divulgação do grupo de trabalho conjunto entre a Arábia Saudita e a Rússia poderá suscitar neste xadrez de interesses.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Roberto, eu não tenho certeza, mas a movimentação da arguta monarquia sanguinára saudita pode ser desdobramento de algumas questões:
01- A movimentação da Turquia, que finge combater o ISIS, e deixa correr solto para lidar com seu problema no Curdistão (leia-se curdos);
02- Os ruídos do escândalos dos mísseis proibidos pela Convenção de Genebra (por causa das dos tipos de munições empregadas), e que foram fabricados na GBR e vendidos aos árabes para bombardearem o Yemen para os EUA. Os saudita ficaram "pendurados na brocha", e isso motiva a acordos com o "outro lado", para forçar recuos na censura internacional (ONU) e para mostrar que há interesses para todo tipo de acordo...
Há outras questões, é claro, como o avanço da diplomacia russa na região, o fato de que Rússia e Arábia saudita são, de fato, produtores, apesar de concorrentes, o que os coloca em um mesmo campo de interesses, contra os grandes consumidores, como os EUA...
PS: leia no site da Al Jazeera (uma das boas fontes para entender a região) os sinais sobre o que falamos:
01- Erdogan, líder turco acena com "tristeza" sobre a queda do jato russo (cínico, mas em diplomacia significa um recuo).
02- Erdogan nega comprar petróleo do ISIS (claro que a Turquia nunca faria uma transação destas sem, no mínimo, a omissão dos seus aliados, leia-se EUA e OTAN), abrindo portas para o contrabando de óleo do grupo terrorista.
Por mais louco que pareça, a compra feita pelos turcos abre um inevitável canal de interloocução impossibível nos meios políticos tradicionais.
A Arábia, de olho no lance, dá um contra-lance, acenando para a Rússia...
O ISIS teria dois trilhões de dólares em ativos e um rendimento diário de três milhões de dólares somente com o contrabando de petróleo.
A movimentação destes recursos precisa do sistema bancário internacional que integrado globalmente possibilita o saque em caixas eletrônicos para ativistas do grupo espalhados em difetentes cantos do planeta, assim como para compra e pgamento de armas, veículos, etc.
O $ vem deste controle de áreas produtoras de petróleo. Consta que a área toda controlada pelo EI seria de cerca de 200 mil Km² sa Síria e Iraque, área equivalente (um pouco menor) do que do estado de SP.
Lá além dos poços eles já manejam refinarias modulares (minirefinarias) adquiridas no "mercado". Elas são construídas e montadas em blocos e ligadas por tubos possuem a condição de transferência ou de rápido reparo das partes danificadas. Mudam de lugar com alguma facilidade. Minirefinarias similares existem fabricadas nos EUA e China.
O petróleo controlado pelo EI seria enviado por caminhões até a fronteira com a Turquia e vendido a "corretores de petróleo” que a Turquia bem conhece.
Em meio a tudo isso difícil mesmo imaginar até onde o EI não se move com a consciência e até concordância dos EUA. Os motivos? Podem ser vários. Nenhum humanista e nem muito menos moralista.
Os mesmos motivos que levaram a criação da rota do ópio no Afeganistão para que os EUA alimentassem a Al Qaeda, e depois, deu no que deu...
Os mesmos motivos que levaram os EUA a financiar os carteis ligados a Noriega (Panamá) para inundar os EUA de crack e cocaína, fonte de recursos para armar os contras e outros mercenários latinos...
Na Colômbia não foi diferente.
Nem vamos falar da dubiedade do Irãgate...
E os cretinos continuam a zurrar os mesmos chavões da guerra fria...
Postar um comentário