A geografia das corporações transformou montanhas e vales em barragens de rejeitos, sem querer ver os riscos de ver os rios caudalosos se transformarem em lama, que estão virando chão de terra batida sobre o que encontrou pelos caminhos, em direção ao mar.
Diante da prepotência dos discursos corporativos e técnicos que vociferavam a eficiência privada e as técnicas perfeitas, indiscutíveis e inquestionáveis, se construiu a imagem da destruição das instalações, casas, vidas e sonhos das pessoas invisíveis.
As falas das pessoas da comunidade do entorno do empreendimento da Samarco (Vale e BHP Billiton) reclamando dos riscos e dos impactos socioambientais que foram - e ainda são - quase que sistematicamente caladas, em nome do "progresso", ganham, em meios aos escombros do que sobrou de suas comunidades, a razão de quem preferiria continuar a não ter razão, sobre a desconfianças sobre aquilo que era tão "sólido e se desmanchou no ar".
Não se trata de uma empresa qualquer. Seus dois sócios em proporções iguais, são apenas, as duas maiores mineradoras do mundo.
É compreensível o desejo de gerar valor pela extração das riquezas da terra - renda da terra oriunda da indústria extrativa. Ela é histórica. Bom que pudessem ser melhor repartidas, em meio à exploração como as "veias abertas da América Latina" já comentada por Galeano.
Porém, vale registrar que é inaceitável, o pouco caso, diante de tanta tecnologia, diante de tanta prepotência sobre a superioridade da técnica - como temos na contemporaneidade - e dos "discursos engenherais" (sobre sustentabilidade, qualidade, isos, etc.), se permitir que gente e ambientes indefesos sofram sozinhas todas as consequências que estamos assistindo.
Como engenheiro de profissão - e professor - penso que, entre outras reflexões necessárias neste momento, um deles é o de fazer cair a prepotência do discurso técnico como infalíveis e indiscutíveis.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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Um comentário:
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/the-international-new-york-times/2015/11/11/opiniao-rede-globo-a-tv-irrealidade-que-ilude-o-brasil.htm Professor leia a opinião do NYT sobre a globo.
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