domingo, dezembro 27, 2015

A economia do ERJ e sua crescente dependência do petróleo

Já falamos aqui diversas sobre o aumento da dependência que a economia fluminense tem do petróleo. A maldição mineral operando nas terras e na economia fluminense.

O governo estadual já alardeou por diversas vezes que este peso seria de 33%, ou um terço do PIB estadual está direta ou indiretamente vinculado à cadeia do petróleo e do gás.

Porém, não é fácil identificar toda esta cadeia para checkar estes indicadores. Tenho me esforçado nesta busca empírica. Já cheguei a diversos dados e indicadores que impressionam.

Minha última descoberta nesta garimpagem foi a confirmação - dado oficial do Ministério da Indústria e do Comércio - que o ERJ é o maior importador de serviços contratados no exterior.

O ERJ importa 54% de todos os serviços que o país contrata no exterior

O que explica isto?

As contratações de serviços e equipamentos como plataformas, sondas, embarcações especializadas, equipamentos e serviços da cadeia produtiva relacionada à exploração de petróleo no país, centrada especialmente no litoral fluminense.

Para se ter uma ideia melhor do que isto significa observe o estado de São Paulo, a mais robusta economia entre os estados brasileiros é responsável por apenas 34% dos serviços contratados pelo Brasil no exterior.

Aí, mais uma vez compreendemos, porque é tão importante a Política de Conteúdo Nacional que a ANP (Agência Nacional do Petróleo) regula e cobra, para que a nação não seja apenas um espaço de obtenção de lucro das petroleiras, como defendem os liberais que querem a todo custo entregar nossas reservas e ampliar a importação de equipamentos e serviços.

O assunto é extenso, mas vou limitar nesta postagem a este importante dado, dentre tantos outros relacionados ao mesmo. Este dado ajuda a explicar o que temos exposto aqui em diversas postagens.

2 comentários:

Unknown disse...

Bom dia,

CRISE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO X PETROBRÁS. FARSA ?

Recentemente o Senhor Pezão declarou que a petrobrás responde por 30% da arrecadação do Estado do Rio de Janeiro e a crise orçamentária atual se deve, em boa parte, a crise da petrobrás. Afirmou também que será necessário um grande esforço para diminuir essa dependência da petrobrás, bem como buscar outras fontes para suprir essa queda na arrecadação.

É claro que o preço do barril de óleo influência na lucratividade da petrobrás e, a primeira vista, parece mesmo ser esse o problema. No entanto, analisando com mais minúcia e cuidado, parece haver alguma conta errada nessa história.

Em primeiro lugar, conforme publicações de jornais, tais como O GLOBO, o Brasil produz cerca de 2,6 milhões de barris de petróleo dia, e vem aumentando sua produção. Este jornal também informa que são exportados cerca de 350 mil barris/dia.

Muito bem, fazendo as contas temos que, mais ou menos 14% do que é produzido é exportado. Se houve queda em dólar no preço do barril por volta de 60%, então estaríamos vendendo 14% de nossa produção por um preço 60% menor, ou seja, estaria uma queda de arrecadação com exportações da ordem de 8,4%.

Mas e quanto ao petróleo que não é exportado? Se não é exportado então é consumido internamente. Do petróleo se extrai a gasolina, diesel, óleos lubrificantes e muitos outros produtos. Agora a pergunta: houve queda de valor dos derivados? Resposta: Não. Houve queda de consumo de derivados? Resposta: não. Então devemos concluir que no mercado interno não houve queda na arrecadação, mas apenas no mercado externo.

Disso teríamos como resultado uma queda de arrecadação da ordem de 8% e não 30% como declarou o senhor governador. Me parece que o senhor Pezão está mentindo ou omitindo ou distorcendo os fatos para justificar aumento de impostos, criação de tributos em conluio com a "presidenta". Aproveita também para não conceder reajustes aos servidores do Estado.

Vejo isso tudo como uma grande farsa perpetrada pelos nosso políticos.

Alguém contesta?

Roberto Moraes disse...

Caro Elio,

Independente das intenções do governador, há que se considerar que a referência dele é em relação ao peso da Economia do Petróleo no PIB do estado. Isto vai além da Petrobras e mesmo do setor de outras petroleiras e empresas de serviços da área, mas toda a cadeia que envolve desde a indústria naval com as encomendas de plataformas, sondas e centenas de embarcações especiais, mas também o setor imobiliário, turismo de eventos, logística, etc.

Tudo nesta cadeia produtiva que é extensa é muito caro, não apenas pela tecnologia envolvida, mas pelos valores dos contratos.

Como eu tenho insistido, além da Economia do Petróleo que tem capacidade de arrasto, há a Economia dos Royalties recebidos e gastos pelos governos. Só no ERJ eles movimentam anualmente mais de R$ 10 bilhões.