Segundo alguns analistas com conhecimento profundo do setor de petróleo, as quedas de preço do óleo e de outras commodities, quando acontecem por grande e excesso de oferta dos produtos, o fenômeno tende a ser mais duradouro, do que crises cíclicas que afetam e reduzem o consumo, decorrente de conflitos regionais, que no caso da geopolítica da energia (ou do petróleo) é a mais comum.
Nesta linha de raciocínio é possível começar a estimar que os baixos preços devem romper 2016 e entrar no ano de 2017, a não ser que algum dos muitos conflitos regionais que envolvam as regiões produtoras, venham a espoucar. Sobre o assunto vale ainda observar matéria de ontem, do jornal espanhol, El País tratando do tema:
“Opep perde o controle”
“A queda do preço do petróleo (que atingiu cerca de 36 dólares, aproximadamente 140 reais) deve ser entendida como um sintoma de que o mercado mundial de petróleo busca um novo modo de comportamento, distante do tradicional domínio da oferta exercido pela OPEP.
“O que começou como um drible curto do cartel destinado a combater a viabilidade econômica do fracking e impor uma derrota a países como Rússia e Venezuela pelo método de manter os preços baixos que levassem a uma brutal redução da sua receita acabou saindo totalmente do controle da OPEP devido ao surgimento de novos fatores estratégicos (desaceleração chinesa, estagnação na prática na Europa, guerras internas nos países árabes) e à irrupção de acordos globais para substituir os combustíveis fósseis.
Em suma, um mercado tradicionalmente dominado pela oferta está mudando rapidamente em direção a uma dominação da demanda. A incerteza econômica está mudando as modalidades de aquisição; o longo prazo é abandonado e substituído por contratos de curto prazo. E os países produtores não podem manobrar com as extrações como fator de encarecimento porque alguns deles iriam à beira da falência em caso de redução da receita.
As previsões mais realistas descartam uma recuperação dos preços no curto prazo. Poucos acreditam que a cotação atinja os 60 dólares nos próximos dois anos e as consequências para os países que vivem principalmente do petróleo podem ser devastadoras. A Arábia Saudita tem reservas financeiras para aguentar dois ou três anos de queda nas receitas, mas não é o caso de outros emirados e países produtores.
A situação da economia europeia é mais complexa, uma vez que não atinge taxas elevadas de crescimento apesar do baixo preço do petróleo. Esses dados parecem apontar para um longo período de estagnação na zona do euro e para um ajuste no mercado petrolífero no médio prazo.”
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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