Uma comissão com governador capixaba, mais os senadores e deputados federais pressionaram contra as regras da licitação, que acabou com a americana Edison Chouest ganhando a licitação, para operar junto ao terminal 2 do Porto do Açu. A resistência à licitação também aconteceu por parte da Prefeitura de Macaé que temia o enfraquecimento da base de Imbetiba.
Por conta das conversas entre as autoridades do estado do Espírito Santo e da estatal divulgou-se que nova licitação fora acordada, para atender a bacia petrolífera do estado.
Adiante, já em 2015, com a ampliação da crise do baixo preço do barril, levou à redução de custos e à revisão de projetos, por parte tanto da Petrobras, quanto das demais petroleiras no Brasil e em todo o mundo.
Assim, o Terminal Industrial Multimodal da Serra (TMIS), onde a Petrobras opera já há mais de uma década, uma área de 230 mil m² para armazenamento de materiais e equipamentos deverá ser transferida para o Porto do Açu, segundo reportagem do jornal capixaba, A Gazeta. (Veja aqui)
Base portuária que a Edison Chouest implanta no Porto do Açu para atender à Petrobras |
A exportação de minério de ferro em grande quantidade, no início da década de 80, começou a ser feita pela Vale, através do Porto de Tubarão. Em volume exportado por décadas Tubarão esteve na liderança em todo o país, até pouco tempo, quando a exportação pelo Porto de Itaqui no Maranhão passou a dar a vazão à extração feita na Serra dos Carajás, no Pará.
Enquanto isso, o Estado do Rio de Janeiro pelos terminais da Vale e da CSN, junto ao Porto de Itaguaí na Baía de Sepetiba, também passou a exportar minério de ferro. Agora, o ERJ tem mais, o Porto do Açu e o Porto Sudeste, também em Itaguaí exportando o minério de ferro.
As bases de apoio portuário para exploração offshore, a Bacia do ES foi atendida por Macaé e por pequenas áreas, em terminais do Porto de Vila Velha (CPVV) e pelo Terminal de Serra (TMIS).
Nos últimos anos com a expansão da exploração da Bacia de Santos e das reservas do Pré-Sal, terminais na Baía de Guanabara, nos portos do Rio e Niterói passaram a atender boa parte desta nova demanda. Assim, o ES esperava ter uma base para atender a exploração em seu litoral.
Localização desenhada para o Porto de Ubu da Petrobras |
Um terminal de GNL (Gás Natural Liquefeito) também chegou a ser projetado para Aracruz, junto a um terminal portuário já existente, mas as intenções não foram para frente.
Um Polo Gás Químico também chegou a ser aventado em Linhares, num projeto de investimento de US$ 4 bilhões, mas não saiu da especulação e de intenções.
Também foi muito comentado as negociações para que o polo naval da coreana Jurong que foi implantado e agora está paralisado pela crise do setor, fosse para o Açu, numa articulação que tinha como interesse o empresário Eike Batista, junto da OSX, ainda antes da crise do grupo EBX. Na ocasião o fato gerou tensões entre os dois estados (Veja nota do blog aqui, em março de 2013)
O blog já comentou aqui algumas vezes que a crise do preço das commodities tendia a beneficiar o Porto do Açu, na medida em que o projeto, mesmo com atrasos no cronograma e com muitos problemas técnicos e financeiros, levava vantagens sobre os diversos projetos portuários que surgiram, no período entre 2008 e 2014, no litoral capixaba e fluminense.
Projeto do Porto Central em Presidente Kennedy, ES |
Embora, o projeto ainda esteja em fase final de licenciamento ambiental (ver nota do blog aqui), o desenho do projeto demanda a presença de investidores, que por conta da crise co, o preço das commodities tende a ser mais difícil de ser obtido, apesar de toda a experiência e conhecimento que o pessoal de Roterdã tem junto a operadores marítimos e portuários, profundo conhecimento de rotas e ainda, do design de negócios e articulação que eles projetaram entre um porto aqui, na América do Sul, em triangulação com o de Roterdão, no Norte da Europa e com outra joint-venture em Dubai, na Arábia.
Enfim, a disputa estratégica entre os dois estados ainda terá muitos outros capítulos pela frente. É ainda interessante relembrar o projeto da ferrovia EF-118 que interligaria os portos da região Sudeste, desde Vila Velha, no Espírito Santo, o sul do Espírito Santo, Açu, Macaé, Itaboraí e Itaguaí, onde se encontraria com os ramais da MRS Logística, que liga ao Porto de Santos e à Belo Horizonte.
Sob o ponto de vista econômico esta integração parece mais interessante do que a disputa entre os estados. De certa forma ela se parece com a disputa dos municípios, naquilo que chamamos de "guerra dos lugares" que tende a trazer benefícios para o capital, em detrimento das populações.
Enfim, vale observar os fatos que tendem a se intensificar, sobre esta disputa da importância estratégica dos Centros de Logística, que estes dois estados do Sudeste acabaram projetando em seus planos estratégicos de desenvolvimento econômico. As infraestruturas portuárias e a relação com a exploração petrolífera ajudam a explicar as bases materiais sobre esta dinâmica econômico-espacial.
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