quinta-feira, dezembro 03, 2015

Trabalhadores e empresários divulgam manifesto "Compromisso pelo Desenvolvimento"

Em evento realizado nesta amanhã, em São Paulo centrais sindicais e entidades empresariais afirmam que o Brasil "é muito maior que a crise", mas pedem medidas urgentes "por parte dos que estão preocupados com o emprego, a produção e o bem-estar de milhões de brasileiros".

O documento diz que é preciso "mobilizar a vontade coletiva" para viabilizar um modelo de desenvolvimento baseado na produção e no trabalho. "Para isso é preciso promover mudanças, sobretudo no sentido de priorizar o setor produtivo e não o capital especulativo", acrescentam.

Assinam o manifesto as entidades: CSB, CTB, CUT, Força Sindical, Nova Central, UGT, FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) e FUP (Federação Única dos Petroleiros). Pelos empresários, entidades como Abimaq, Abit (indústria têxtil), Abrinq (fabricantes de brinquedos), Anfavea (montadoras), Fenabrave (distribuidores de veículos), Sindipeças (autopeças) e Sinicon (indústria da construção pesada), Federação das Associações Comerciais de São Paulo, Clube de Engenharia, CNI e Instituto Ethos.

COMPROMISSO PELO DESENVOLVIMENTO

O Brasil é muito maior que a crise, porém, diante do agravamento da situação econômica e dos impactos sociais decorrentes, são urgentes ações propositivas por parte dos que estão preocupados com o emprego, a produção e o bem-estar de milhões de brasileiros.  Não é possível aceitar passivamente as projeções de um 2016 perdido, visto que 2015 já está na conta da recessão e do desemprego crescente.

As brasileiras e os brasileiros querem construir um país com desenvolvimento econômico, social e ambiental, soberano, republicano e democrático.

Afirmamos o compromisso com o Brasil e as gerações presentes e futuras para avançar no fortalecimento do nosso sistema econômico produtivo, das condições e das relações de trabalho. Por isso, reunimos forças para propor mudanças emergenciais que revertam as expectativas que ameaçam o presente e o futuro do país.

Superar os atuais entraves aos investimentos em infraestrutura, destravar a capacidade do Estado para exercer suas funções, incrementar a produtividade, gerar empregos de qualidade, aumentar a renda média, garantir educação de qualidade, fortalecer a democracia e suas instituições, corrigir e reorientar a política econômica e o regime fiscal para o crescimento são alguns dos desafios estruturais do nosso desenvolvimento. O combate ininterrupto à pobreza, à desigualdade, à corrupção e à ineficiência deve ser institucionalmente fortalecido.

É imprescindível mobilizar a vontade coletiva para viabilizar um modelo de desenvolvimento com valorização da produção e do trabalho. Para isso é preciso promover mudanças, sobretudo no sentido de priorizar o setor produtivo e não o capital especulativo. 

O Compromisso pelo Desenvolvimento é um esforço na direção de um entendimento propositivo entre trabalhadores e empregadores, que busca articular forças com o objetivo de construir a mais rápida transição para a retomada do crescimento e do desenvolvimento econômico e social no médio e longo prazo, com sustentabilidade ambiental.

Para tanto, o Compromisso pelo Desenvolvimento demanda o encaminhamento imediato, em espaços de negociação tripartite, inclusive no Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e Previdência Social, da seguinte agenda: 
• Retomar rapidamente o investimento público e privado em infraestrutura produtiva, social e urbana, ampliando os instrumentos para financiá-la, bem como criando ambiente regulatório que garanta segurança jurídica;
• Retomar e ampliar os investimentos no setor de energia, como petróleo, gás e fontes alternativas, em especial na Petrobras;
• Destravar o setor de construção, por meio de instrumentos institucionais adequados, inclusive acordos de leniência, entre outros, que garantam a penalização dos responsáveis e a segurança jurídica das empresas, com a manutenção dos empregos;
• Criar condições para o aumento da produção e das exportações da indústria de transformação;
• Priorizar a adoção de políticas de incentivo e sustentabilidade do setor produtivo (agricultura, indústria, comércio e serviços), de adensamento das cadeias produtivas e de reindustrialização do país;
• Ampliar, em condições emergenciais, o financiamento de capital de giro para as empresas, com contrapartidas sociais e ambientais;
• Adotar políticas de fortalecimento do mercado interno para incremento dos níveis de consumo, de emprego, renda e direitos sociais.

4 comentários:

douglas da mata disse...

Tudo lindo e maravilhoso...desenvolvimento para quem?

Enquanto a estrutura tributária mantiver os bens de capital quase isentos, e a sonegação correr solta, não adianta chamar para dar as mãos.

É o tal do acordo caracu...

Veja o caso do RJ, servidor sem salário, e o (des)governador implorando a empresário que pague o imposto que deve.

Então, caro Roberto, o que vai permitir que o desenvolvimento possibilite uma melhoria das condições dos mais necessitados é que quem ganha mais pague mais...

Esse deveria ser o primeiro tópico da carta: reforma tributária para rico pagar mais, e para pagar o que deve.

Anônimo disse...

Concordo. Priorizar o capital produtivo e não o especulativo.
Mas o que dizer, não é, se o governo tirou os bancos para dançar?
Um amigo, de cidadania portuguesa, com propriedades no Alentejo, chegou antes de ontem de lá e contou numa roda de empresários:
- Um banco português me ofereceu 1 milhão de euros numa taxa de 1,76%
Silêncio...
Alguns se entreolharam e uns poucos não deram muita importância...
No que o novel portuga completou:
- Ao ano!!!!! Rá rá rá...
E depois daquela risada que só os ricos sabem dar, disse:
- Eu falei para o gerente que no Brasil, com a taxa Selic a 14,25%, dá uma preguiça danada de trabalhar...

Roberto Moraes disse...

Isto será ou não decidido na política. O problema é sair da defensiva para avançar em alguma coisa, em meio aos problemas financeiros e de disputa pelo poder, onde se tenta quase que apenas evitar um retrocesso ainda maior.

Roberto Moraes disse...

sem dúvida. É preciso também capital, só que político para fazer este enfrentamento com a banca rentista. Veja a ponta do novelo que o caso do BTG mostrou.

Tudo que ando estudando e pesquisando mostra a teia que o setor financeiro teceu. O seu faturamento é imensamente maior que o produtivo em todo o mundo.

Ele quando desce ao território para se transformar em valor através de investimentos em "capital fixo" em IE, ou na moleza do setor imobiliário, ele impõe aos seus gerentes (gestores públicos) pautas sem "a".

Veja que os EUA quando conversou coma China e recentemente com o México disse que queria discutir só duas áreas finanças e telecomunicações.

Haja carcaça pra enfrentar meu caro.