Ele vai bem para além das finanças públicas e envolve outras atividades econômicas que foram, paulatinamente - umas mais e outras menos - se pendurando, na dependência do que chamo a "economia dos royalties" que é diferente da "economia do petróleo", embora só exista por dependência desta última.
O quadro, como previsto, já repercute sobre o comércio e sobre os serviços e tende a ampliar esta repercussão. Outro setor inflado artificialmente, com manipulações e especulações é o setor imobiliário que terá ainda mais impacto arrastando e sendo arrastado, pela atual baixa da economia dos royalties sobre todas estas cadeias.
Como já disse deve se evitar ser cabotino, diante de um quadro que, se de um lado expõe seus responsáveis (ou irresponsáveis), de outro também faz sofrer um contingente enorme de pessoas que foram manipuladas, tanto pela área política, quanto por espertos dos outros diversos setores, em proporções difíceis de serem medidas.
O momento é de respeito às vítimas deste quadro lamentável, mas é também de superar a retórica da responsabilização, para a construção, com coragem de uma nova maneira de gerir, tanto a coisa pública, quanto os setores privados que atuam na economia regional.
Tenho repetido que é preciso que a região se enxergue menos fragmentada por municípios e por setores de atividades, cada uma, a seu modo vem tentando se safar das dificuldades. Sabia-se que elas viriam e que chegariam mesmo antes do petróleo acabar, ou dos royalties serem divididos também para outras unidades da federação.
Não há milagres diante de uma realidade tão cruel, mas também não se pode deixar atingir a todos igualmente. É preciso considerar aqueles que possuem menos meios de enfrentarem o quadro atual e também, como se imaginava, viria junto com dificuldades econômicas do estado e da União ampliando e as consequências sobre a população.
É a partir daí que se deve pensar as alternativas, no curto e no médio prazos.
Da mesma forma que se desejava que se fizesse a gestão pública, na época do boom (e da bonança) de forma participativa e compartilhada, não há porque decidir sobre cortes e ajustes, da forma centralizada e autocrática ou tecnocrática com este "moderno nome" - de "gabinete de crise" - que se pegou emprestado (das emergências de desastres ambientais), composto unicamente dos próprios gestores (secretários) sem outras representações da sociedade.
Por aí se avança pouco. Sem interlocução e mediação política, as alternativas pensadas, parecerão sempre, como sendo de um lado contra o outro e não, de saídas que devem interessar a toda a sociedade.
PS.: Título da nota construído a partir da boa observação do Yuri Costa, em comentário feito no perfil do FB, onde este texto foi postado há pouco.
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