O caso da crise do financiamento das hipotecas americanas e europeias (sub-prime) na crise de 2008, já tão detalhadas em vários filmes, inclusive de Hollywood, é exemplar para mostrar os objetivos fundamentais da existência destas agências e suas estratégias de ação.
Ainda assim, dentro do receituário do economês que só olha dentro da caixinha, também me espanta como muitos dos "colonistas" econômicos da mídia comercial, e seus "inocentes" seguidores, acabam por apenas reproduzir a parte dos relatórios destas agências, que lhes interessa, conforme a demanda do dia.
Desta forma, outras leituras, mesmo que nas entrelinhas, de parte destes relatórios, permite outras interpretações, diversas da manchetes das páginas econômicas.
Escolhi uma delas para exemplificar o que estou comentando. A tão propalada agência de risco Fitch que vive ameaçando o Brasil e suas principais empresas (com aquelas letrinhas repetidas e seguidas de mais ou menos) divulgou esta semana, um dos inúmeros relatórios que tratam da questão do baixo preço do petróleo e de suas consequências.
Interessante observar que neste último, a agência Fitch diz textualmente que "a situação da Petrobras não é das piores", ao contrário do que se repete quase diariamente no país.
No relatório a Fitch diz ainda que "a estatal brasileira e a YPF argentina têm situação mais confortável por conta de sua habilidade de controlar preços de combustíveis no país. A geração de fluxo de caixa da Petrobras se manteve relativamente inalterada desde o início da queda dos preços já que a companhia conseguiu estabilizar os preços do produto que sai de suas refinarias em moeda local".
Boa parte disso, eu havia comentado aqui em duas notas no blog, em especial uma última em que defendi maior atenção com o projeto de refinarias, em especial a do Comperj quase pronta.
Enfim, é bom que se tenha um olhar mais amplo e cuidadoso, reconhecendo o limiar de um ciclo, entendendo que sair desta fase de transição, tem que ser a estratégia de curto prazo, para seguir adiante. Especialmente para as empresas que possuem ativos valiosos como a Petrobras com o seu pré-sal.
E nesta linha vale lembrar aqui uma outra matéria de outra agência internacional só que de notícias, a Reuters, que há poucos dias, também nas entrelinhas, ao falar das centenas de bilhões de dólares que estavam sendo cortados dos investimentos na área de petróleo, reproduziu a a fala de um especialista do mercado de petróleo: “As atividades que sobreviverem serão aquelas que irão oferecer os melhores retornos.”
Avançar na leituras das entrelinhas tem sido um dos meus hobbies. Na época do antigo Pasquim, um dos seus conhecidos criadores disse que notícia e informação de qualidade eram aquelas que não saía na mídia geral, que ficavam no cesto dos editores (as matérias eram batidas à máquina e colocadas numa caixa que o editor escolhia para publicar).
Hoje, em dia, após a ditadura tivemos a compreensão mais ampla de que ao invés de mídia geral ou jornalões, ela devem ser chamadas, mais apropriadamente, de mídia comercial.
Quanto ao conteúdo do que a agência Fitch disse é que em meio a todos os problemas E não são poucos), a Petrobras segue na fita, para desespero de quem quer apenas entregá-la para receber.
PS.: Atualizado às 11:42: para um breve complemento sobre o assunto.
Considerando a observação feita pela agência Fitch sobre a situação da Petrobras, neste contexto de crise do baixo preço, torna-se importante considerar como para a estatal é importante, a manutenção de sua cadeia de empreendimentos ligado ao petróleo, desde a exploração, refino e distribuição.
É isso que lhe dá condições de enfrentar as especulações e pressões das corporações globais que se ampliam com as crise como a atual. Sem as pontas desta cadeia, a Petrobras estaria com os pés e as mãos atadas para construir alternativas para esta travessia de ciclos.
Exatamente, isto que os "colonistas" econômicos defendem dia e noite: fatiar a Petrobras e vendê-la em pedaços, para combater o que eles chamam de "gigantismo desnecessário".
Vejam como as entrelinhas, pode nos permitir, mesmo com a análise da agência de risco, ter uma melhor compreensão da realidade. Diante de tudo isto fica mais fácil entender as estratégias geopolíticas em jogo neste movimento global do setor de óleo e gás.
3 comentários:
Nas entrelinhas eu entendi que a Petrobrás possui controle dos preços porque não há concorrência, portanto, como precisam tapar os buracos causados pelo maior escândalo de corrupção da história para bancar um projeto criminoso de poder, nós, os trouxas que acordamos cedo para trabalhar é quem vai ter de pagar por uma gasolina caríssima e uma energia exorbitante.
O resto é papo de vigarice ideológica.
Cada um com sua vigarice, sendo que umas travestidas de neutralidade tal qual a mídia comercial. Assim reproduzem o que esta falam, exclusivamente com as manchetes dos relatório citado.
Um simples exemplo: Quando o barril de petróleo esteve a US$ 139, o barril há cinco anos, a gasolina a gasolina manteve o seu preço e não acompanhou o pico do preço. Assim, é também possível compreender que uma política de preços diferenciada possa atender ao país.
Na época, estes mesmo, quase sempre os seus acionistas, sem nenhuma preocupação com o povo, como a mídia comercial, defendia o reajuste de preços.
A mesma e velha cantilena de sempre repetida da mídia comercial.
Fato é que só está sendo possível enfrentar esta estratégia de obter à força os ativos da Petrobras, porque ela está estruturada para além da exploração/produção na cadeia do óleo e do gás.
O resto é sim, vigarice liberal-entreguista. E vamos em frente!
Se você tivesse muita grana para investir em alguma empresa de algum país, iria ler os relatórios da agências de risco para investir ou ouvir o programa eleitoral do referido país?
Lógico que como petista roxo iria acreditar fielmente nessa bandidagem que tomou de assalto nosso país. Resumindo, estaria fudido e pobre, mas continuaria batendo no peito defendendo os companheiros.
Em tempo. Como petista, precisa rever seu conceito sobre vigarice liberal-entreguista depois do que se viu hoje na entrega de 30% para exploração do pré sal.
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