A Agência Internacional de Energia (AIE) anunciou, nesta última terça-feira, através do seu diretor da divisão de indústria do petróleo e mercados, Neil Atkinson, em um evento sobre o setor de petróleo, na Cingapura, que "os cortes históricos nos investimentos em petróleo produzem chances de surpresas em segurança em petróleo, para um futuro não muito distante".
Atkinson afirmou ainda, em matéria na Bloomberg que seriam necessários aproximadamente US$ 300 bilhões para sustentar o atual nível de produção. Para ele, países como os EUA, Canadá, Brasil e México estão enfrentando dificuldades para manter os investimentos.
A AIE também disse que se em 2017 e 2018 os investimentos continuarem reprimidos teremos um "novo choque do petróleo para breve".
Neill Atkinson disse ainda que as petroleiras entre elas, a Shell, BP, Conocco Philips, já cancelaram mais de US$ 100 bilhões em investimentos. Ontem foi o caso da PetroChina, a maior petrolífera da China em produção que informou cortes nos gastos de capital em 5% neste ano, caindo para US$ 30 bilhões.
Menos investimentos, em exploração, significam menos reservas provadas e menos campos e poços preparados para produzir. Assim, o atual excesso de produção, que atende com sobras a demanda crescente de petróleo (mesmo que em ritmo menor, por conta da economia mundial), quando desfeita poderá gerar, em nova fase do boom, outro ciclo do petróleo levando a um novo choque.
Entender um pouco deste processo é se aproximar da análise da dimensão geopolítica de diversos embates intranacionais e interregionais, mundo afora.
O Brasil como detentor, desde 2008, de seis das dez maiores reservas descobertas no mundo neste período (Franco, Libra, Iara, Sapinhoá, Carcará e Júpiter) evidentemente sofre pressões e interesses geopolíticos que aparecem refletidos e escamoteadas em questões menos substantivas.
Negar esta evidente realidade é trabalhar de forma deliberada e nada ingênua, com estes interesses, que em nada refletem os interesses da Nação e do povo brasileiro. Por isto, eles têm pressa. O novo ciclo do petróleo já é possível ser visto no horizonte.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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