O Valor Online informou ontem que a mineradora anglo-africana Anglo American vendeu por US$ 1,5 bilhão os negócios de fosfatos e nióbio, localizados nos estados de Goiás e São Paulo para a empresa chinesa China Molybdenum Co. (CMOC).
Estes negócios na área de fosfatos e nióbio geraram em 2015 receitas de U$ 544 milhões (R$ 1,9 bilhão). A venda foi fechada em Londres na sede da mineradora.
A Anglo American informou que a decisão da venda tem o objetivo de reduzir sua dívida líquida que agora teria chegado a US$ 10 bilhões, em boa parte adquirida para montar o projeto Minas-Rio de exportação de minério de ferro que sai pelo Porto do Açu.
Com o novo patamar do câmbio os ativos no Brasil ficaram relativamente baratos para as grandes corporações que estão de olho na potencialidade brasileira na área de recursos minerais.
Os fosfatados são utilizados na fabricação de fertilizantes e o nióbio usados em ligas de ferro-nióbio para a produção de aços de alta resistência. Abaixo o infográfico divulgado pela reportagem:
PS.: Atualizado às 14:52: Para breves ajustes e ampliação do texto.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
sábado, abril 30, 2016
quinta-feira, abril 28, 2016
Traíra de volta à mesa a partir do Itamaraty
A possível escolha do Serra como provável ministro das Relações Exteriores num eventual governo golpista do Temer-Cunha, significaria permitir aos tucanos entregar a encomenda acordada.
Segundo se diz, o “homem da petroleira Chevron” à frente do Itamaraty teria outras funções, como a de acabar com a conversa sobre novos alinhamentos mundiais como dos Brics e a aliança regional na América Latina, temores estratégicos americanos.
E como já é conhecida quitar a dívida com a Chevron entregando o Pré-sal tão cobiçado, desde a descoberta, visita da Quinta Esquadra dos EUA em nosso litoral e as escutas da da NSA, amplamente denunciada pelo Edward Snowden.
Esta preocupação americana delineou a dimensão geopolítica do golpe em curso, através da “guerra não convencional” contra o Estado Democrático de Direito no Brasil, explorando as vulnerabilidades econômicas e políticas do e no país.
Para deixar Serra e os tucanos exercerem em toda a plenitude os acordos subordinados, Temer teria concordado em transferir para o Itamaraty as funções de comércio exterior, hoje, atribuição do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Em síntese, executar a "dependência negociada" e subordinada aos EUA.
Outrora, na década de 60/70, o assunto fez parte da Teoria da Dependência do Rui Marino, Vânia Bambina, Teotônio dos Santos, FHC e Foletto como forma de se compreender como se construía a dependência pós rompimento da antiga colonização. Foi por conta disso que FHC passou a dizer que renegava o que havia escrito, que estaria ultrapassado.
Assim, FHC e os tucanos (entre eles o “homem da Chevron”) passaram a defender a negociação (ou venda, se quiserem) da subordinação.
Desta forma, eles assumiram e admitiram a dependência, em troca de melhor posição na fila, com o pueril, colonizado e cretino argumento que, em termos de nação era melhor ser rabo de baleia do que cabeça de robalo ou dourado.
Para mim, o peixe que estará de volta ao Itamaraty é mesmo o traíra.
PS.: Atualizado às 23:23: Para breve acréscimo.
Segundo se diz, o “homem da petroleira Chevron” à frente do Itamaraty teria outras funções, como a de acabar com a conversa sobre novos alinhamentos mundiais como dos Brics e a aliança regional na América Latina, temores estratégicos americanos.
E como já é conhecida quitar a dívida com a Chevron entregando o Pré-sal tão cobiçado, desde a descoberta, visita da Quinta Esquadra dos EUA em nosso litoral e as escutas da da NSA, amplamente denunciada pelo Edward Snowden.
Para deixar Serra e os tucanos exercerem em toda a plenitude os acordos subordinados, Temer teria concordado em transferir para o Itamaraty as funções de comércio exterior, hoje, atribuição do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Em síntese, executar a "dependência negociada" e subordinada aos EUA.
Outrora, na década de 60/70, o assunto fez parte da Teoria da Dependência do Rui Marino, Vânia Bambina, Teotônio dos Santos, FHC e Foletto como forma de se compreender como se construía a dependência pós rompimento da antiga colonização. Foi por conta disso que FHC passou a dizer que renegava o que havia escrito, que estaria ultrapassado.
Assim, FHC e os tucanos (entre eles o “homem da Chevron”) passaram a defender a negociação (ou venda, se quiserem) da subordinação.
Desta forma, eles assumiram e admitiram a dependência, em troca de melhor posição na fila, com o pueril, colonizado e cretino argumento que, em termos de nação era melhor ser rabo de baleia do que cabeça de robalo ou dourado.
Para mim, o peixe que estará de volta ao Itamaraty é mesmo o traíra.
PS.: Atualizado às 23:23: Para breve acréscimo.
300 mil petroleiros demitidos no mundo desde 2014
A fase de baixa do ciclo do petróleo em todo o mundo já gerou, desde 2014, a demissão de um total de 300 mil trabalhadores que atuavam no setor de petróleo e gás. A informação é da consultoria americana Graves & Co.
Como se vê os impactos sobre o mercado de trabalho no setor de óleo está acontecendo em todo o mundo, especialmente nos países produtores e nas atividades de perfuração a área no setor de petróleo que mais teve contratos suspensos.
Estima-se que cerca de 80% das demissões sejam de trabalhadores da área de perfuração. Em novembro do ano passado o número de demissões estava em 250 mil. Com se sabe o setor de petróleo tem imensa capacidade de arrasto sobre outras áreas da economia.
Como se vê os impactos sobre o mercado de trabalho no setor de óleo está acontecendo em todo o mundo, especialmente nos países produtores e nas atividades de perfuração a área no setor de petróleo que mais teve contratos suspensos.
Estima-se que cerca de 80% das demissões sejam de trabalhadores da área de perfuração. Em novembro do ano passado o número de demissões estava em 250 mil. Com se sabe o setor de petróleo tem imensa capacidade de arrasto sobre outras áreas da economia.
Helicóptero com petroleiros faz pouso forçado no bairro da Penha em Campos
O diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Leonardo Ferreira informou ao blog que um helicóptero que transportava nove trabalhadores terceirizados estavam no helicóptero da Atlas Táxi Aéreo que fez pouso forçado em área próximo ao bairro da Penha, em Campos.
O helicóptero teria saído do aeroporto de Macaé e se dirigia à plataforma da Bacia de Campos quando um dos motores começou a apresentar problemas. Segundo informações, o piloto tentou pousar no Heliporto da Petrobras no Farol, mas não conseguiu.
Ao se dirigir ao aeroporto de Campos, o piloto e co-piloto decidiram fazer um pouso forçado por conta de problemas no segundo motor. Assim, o pouso forçado ocorreu em uma área entre o bairro da Penha e a antiga Usina Santo Antônio.
Trata-se de um helicóptero tipo Puma da empresa Atlas Táxi Aéreo. Os nove ocupantes do helicóptero teriam sido levado para o Hotel Gramado em Campos. Exatamente, hoje pela manhã, o Sindipetro-NF realizou um ato contra os acidentes do trabalho no Aeroporto de Campos e no Heliporto do Farol de São Tomé. A manifestação nos aeroportos é por conta da passagem do "Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho", 28 de abril.
PS.: Atualizado às 14:12 e 14:18: Fotos enviadas pelo Leonardo Ferreira, diretor do Sindipetro-NF.
Atualizado às 16:54: Para trazer para a capa dois comentários de leitores que trazem informações mais qualificadas sobre o tipo de aeronave:
De Natã Moreira: "O modelo desta anv é o SK-76 A, o PUMA que Srº cita é o Super PUMA(Militar) ou EC225(civil) que é outro helicóptero de outro fabricante."
De Igor Lima: "O helicóptero não é do tipo Puma! É do tipo S-76A... E deveria constar que não estava a serviço da Petrobrás, mas sim de outra empresa, jah que a Petrobrás, a muito tempo que já não opera o modelo em questão!"
PS.: Atualizado às 18:56: Alertado por uma pessoa do setor, o blog lembra que este modelo de helicóptero desta mesma empresa fez também um pouso forçado, no dia 4 de julho de 2013, em Macaé, que foi amplamente noticiado, inclusive aqui pelo O Globo.
O helicóptero teria saído do aeroporto de Macaé e se dirigia à plataforma da Bacia de Campos quando um dos motores começou a apresentar problemas. Segundo informações, o piloto tentou pousar no Heliporto da Petrobras no Farol, mas não conseguiu.
Ao se dirigir ao aeroporto de Campos, o piloto e co-piloto decidiram fazer um pouso forçado por conta de problemas no segundo motor. Assim, o pouso forçado ocorreu em uma área entre o bairro da Penha e a antiga Usina Santo Antônio.
Trata-se de um helicóptero tipo Puma da empresa Atlas Táxi Aéreo. Os nove ocupantes do helicóptero teriam sido levado para o Hotel Gramado em Campos. Exatamente, hoje pela manhã, o Sindipetro-NF realizou um ato contra os acidentes do trabalho no Aeroporto de Campos e no Heliporto do Farol de São Tomé. A manifestação nos aeroportos é por conta da passagem do "Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho", 28 de abril.
PS.: Atualizado às 14:12 e 14:18: Fotos enviadas pelo Leonardo Ferreira, diretor do Sindipetro-NF.
Atualizado às 16:54: Para trazer para a capa dois comentários de leitores que trazem informações mais qualificadas sobre o tipo de aeronave:
De Natã Moreira: "O modelo desta anv é o SK-76 A, o PUMA que Srº cita é o Super PUMA(Militar) ou EC225(civil) que é outro helicóptero de outro fabricante."
De Igor Lima: "O helicóptero não é do tipo Puma! É do tipo S-76A... E deveria constar que não estava a serviço da Petrobrás, mas sim de outra empresa, jah que a Petrobrás, a muito tempo que já não opera o modelo em questão!"
PS.: Atualizado às 18:56: Alertado por uma pessoa do setor, o blog lembra que este modelo de helicóptero desta mesma empresa fez também um pouso forçado, no dia 4 de julho de 2013, em Macaé, que foi amplamente noticiado, inclusive aqui pelo O Globo.
Preço do petróleo chega a US$ 47 com queda de produção dos EUA
O mercado mundial de petróleo assiste a uma nova oscilação para cima do preço do barril.
Este movimento seguiu ontem, após divulgação do relatório semanal da Agência Internacional de Energia (AIE). Segundo o relatório, a extração do petróleo dos EUA reduziu em mais 15 mil b/d, sendo esta a sétima semana seguida em que se registra a queda de produção de petróleo.
A produção dos EUA que chegou a 10 milhões de barris por dia, há um ano estava na casa dos 9,37 milhões de b/d, e agora fechou na última semana a 8,94 milhões de b/d.
A produção dos EUA que chegou a 10 milhões de barris por dia, há um ano estava na casa dos 9,37 milhões de b/d, e agora fechou na última semana a 8,94 milhões de b/d.
O fato demonstra que a intenção da Arábia em atingir os "produtores marginais" que são aqueles com altos custos de produção, depois de um longo tempo passa a produzir resultados. O preço do barril de petróleo brent estava ao maio dia a US$ 47,20.
terça-feira, abril 26, 2016
Ainda sobre a Arábia Saudita e sua dependência do petróleo: a maldição que também nos atinge
A dependência econômica das rendas extrativistas é muito mais forte do que se pode pensar num primeiro momento. Isto vale para municípios, regiões e também para as nações.
Apenas intitular como maldição mineral é pouco. Até porque a maldição tem várias dimensões interligadas e que se sustentam mutuamente, ao longo de um determinado período de tempo, até que os elos se rompam.
Observando o caso das nações, a Arábia Saudita como maior produtora de petróleo é um referencial importante. Há anos, o rei e seus ministros prometem mudanças para sair desta dependência, que consideram maléfica.
Porém, assim como as drogas, as rendas minerais são viciantes e geram dependência colossal e difícil de sere abandonada para além dos discursos e das intenções. Lá e cá.
Fala-se em fundos soberanos, mas o volume de recursos daí saem de onde? Da renda mineral, no caso da Arábia: do petróleo. Observando mais sobre o plano Visão 2030 que o rei Salm anunciou ontem. Veja aqui mais detalhes na postagem que o blog fez ontem sobre o assunto.
Fala-se em venda de um percentual da sua petroleira a Saudi Aramco para investir no desenvolvimento das cidades. Mas, o governo há pouco suspendeu projetos e investimentos e aumentou impostos e tarifas públicas.
E sobre a tão decantada diversificação econômica que vira e mexe também se ouve tanto, seja em nossa planície, quanto nos demais municípios petrorrentistas e ainda no próprio governo do ERJ?
Pelas primeiras informações do Vision 2030, o que a Arábia propôs chega a ser risível: investir mais na extração de outros minerais e aumentar a capacidade de produção militar própria.
A primeira é risível porque seria mais do mesmo. A segunda aponta na direção da industrialização, mas depende de recursos que hoje a Arábia obtém da renda das exportações do petróleo.
É verdade que é muito dinheiro que a Arábia gasta com importação de equipamentos, sendo o terceiro maior comprador de armas, tendo gasto US$ 87 bilhões só no ano passado.
É uma conta difícil de fechar considerando que quase 80% do orçamento do governo árabe vem da renda do petróleo e que a gestão pública ocupa 2/3 de todos os trabalhadores do país. Sendo que, do terço restante empregado no setor privado, 80% é de estrangeiros que aceitam ganhar menores salários.
Apesar do dinheiro guardado e das reservas petrolíferas a serem ainda exploradas, o destino das nações dependentes das rendas das extrações minerais, não parece ter evoluído muito para longe da condição de colônias, supridoras de seus colonizadores.
As exceções na história foram para nações que usaram estas riquezas para dar o salto e para isso dependeram destas riquezas e também da extensão de seus territórios e do porte das populações para gerarem demandas e fazer movimentar a economia.
Tarefa sempre difícil e, talvez ainda mais complexa, nestes tempos de economia globalizada e mercados controlados globalmente, por oligopólios e monopólios.
Evidente que este problema para as nações tem um significado diverso daqueles que valem para um estado sub-nacional como o ERJ, ou para os nossos municípios petrorrentistas.
Porém, algumas premissas parecem semelhantes e deveriam estar sendo observadas e refletidas em nossas bandas, para se pensar e planejar as próximas décadas, em meio à crise de representação política que parece estar ainda no início nas diversas escalas de governo. A conferir!
Apenas intitular como maldição mineral é pouco. Até porque a maldição tem várias dimensões interligadas e que se sustentam mutuamente, ao longo de um determinado período de tempo, até que os elos se rompam.
Observando o caso das nações, a Arábia Saudita como maior produtora de petróleo é um referencial importante. Há anos, o rei e seus ministros prometem mudanças para sair desta dependência, que consideram maléfica.
Porém, assim como as drogas, as rendas minerais são viciantes e geram dependência colossal e difícil de sere abandonada para além dos discursos e das intenções. Lá e cá.
Fala-se em fundos soberanos, mas o volume de recursos daí saem de onde? Da renda mineral, no caso da Arábia: do petróleo. Observando mais sobre o plano Visão 2030 que o rei Salm anunciou ontem. Veja aqui mais detalhes na postagem que o blog fez ontem sobre o assunto.
Fala-se em venda de um percentual da sua petroleira a Saudi Aramco para investir no desenvolvimento das cidades. Mas, o governo há pouco suspendeu projetos e investimentos e aumentou impostos e tarifas públicas.
E sobre a tão decantada diversificação econômica que vira e mexe também se ouve tanto, seja em nossa planície, quanto nos demais municípios petrorrentistas e ainda no próprio governo do ERJ?
Pelas primeiras informações do Vision 2030, o que a Arábia propôs chega a ser risível: investir mais na extração de outros minerais e aumentar a capacidade de produção militar própria.
A primeira é risível porque seria mais do mesmo. A segunda aponta na direção da industrialização, mas depende de recursos que hoje a Arábia obtém da renda das exportações do petróleo.
É verdade que é muito dinheiro que a Arábia gasta com importação de equipamentos, sendo o terceiro maior comprador de armas, tendo gasto US$ 87 bilhões só no ano passado.
É uma conta difícil de fechar considerando que quase 80% do orçamento do governo árabe vem da renda do petróleo e que a gestão pública ocupa 2/3 de todos os trabalhadores do país. Sendo que, do terço restante empregado no setor privado, 80% é de estrangeiros que aceitam ganhar menores salários.
Apesar do dinheiro guardado e das reservas petrolíferas a serem ainda exploradas, o destino das nações dependentes das rendas das extrações minerais, não parece ter evoluído muito para longe da condição de colônias, supridoras de seus colonizadores.
As exceções na história foram para nações que usaram estas riquezas para dar o salto e para isso dependeram destas riquezas e também da extensão de seus territórios e do porte das populações para gerarem demandas e fazer movimentar a economia.
Tarefa sempre difícil e, talvez ainda mais complexa, nestes tempos de economia globalizada e mercados controlados globalmente, por oligopólios e monopólios.
Evidente que este problema para as nações tem um significado diverso daqueles que valem para um estado sub-nacional como o ERJ, ou para os nossos municípios petrorrentistas.
Porém, algumas premissas parecem semelhantes e deveriam estar sendo observadas e refletidas em nossas bandas, para se pensar e planejar as próximas décadas, em meio à crise de representação política que parece estar ainda no início nas diversas escalas de governo. A conferir!
segunda-feira, abril 25, 2016
Arábia Saudita maior produtora e exportadora de petróleo é também obrigada a se mexer diante da crise dos baixos preços do petróleo que ajudou a instituir
A Arábia Saudita é hoje, um pouco na frente da Rússia, a maior produtora de petróleo do mundo. É também o país com a maior exportação, pois ao contrário da Rússia, o seu consumo é relativamente pequeno.
A Arábia possui ainda, a segunda maior reserva de petróleo, só atrás da Venezuela, com cerca de 270 bilhões de barris, além de ter menor custo de extração de petróleo, com US$ 8 por barril.
A sua estatal de petróleo, a Saudi Aramco é maior petroleira do mundo, com valor estimado em US$ 2,5 trilhões.
É com este perfil que o Conselho de Ministros da Arábia Saudita, junto com o rei Salman decidiu hoje, colocar 5% das ações da empresa à venda, em oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês).
A Arábia possui ainda, a segunda maior reserva de petróleo, só atrás da Venezuela, com cerca de 270 bilhões de barris, além de ter menor custo de extração de petróleo, com US$ 8 por barril.
A sua estatal de petróleo, a Saudi Aramco é maior petroleira do mundo, com valor estimado em US$ 2,5 trilhões.
É com este perfil que o Conselho de Ministros da Arábia Saudita, junto com o rei Salman decidiu hoje, colocar 5% das ações da empresa à venda, em oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês).
Segundo a agência Reuters, os planos árabes confirmados nesta segunda-feira, constam do documento Vision 2030. O plano tem a intenção de reduzir a dependência do reino em relação ao petróleo, incluindo uma proposta de conversão da estatal petrolífera Saudi Aramco, em uma holding de energia que incluem também um programa de energias renováveis.
Os árabes estão chamando as mudança de "jornada de transformação para implementar grandes investimentos estratégicos", dentro do plano de reformas econômicas que hoje ainda colocam a Arábia Saudita, com quase 80% do orçamento dependente da produção de petróleo.
Nesta lista de itens do Vision 2030 está também a decisão sobre a criação de um fundo soberano de 2 trilhões de dólares.
Porém, é sabido que os baixos preços do barril de petróleo, que a Arábia Saudita ajudou a formular e que mantém, contra os demais produtores que possuem preços mais altos de extração, também atinge hoje o país com problemas fiscais que obrigou a fazer cortes de investimentos e projetos, além de incluir aumento de preços de serviços públicos.
Desta forma, depois de mais de 25 anos, a Arábia Saudita está também se socorrendo com bancos estrangeiros, onde negocia US$ 10 bilhões junto ao J.P. Morgan Chase & Co., Goldman Sachs Group Inc. e Morgan Stanley.
Quem diria, Arábia mesmo possuindo enormes reservas de capital e petróleo, também vai se encostando nos grandes bancos americanos. Assim, a Arábia Saudita que sempre foi forte aliada dos EUA estreita ainda mais a sua relação com os americanos, reforçando as articulações geopolíticas que são fortes, desde quando se decidiu (na década de 70) que todo o petróleo do mundo seria comercializado em dólar.
Os árabes estão chamando as mudança de "jornada de transformação para implementar grandes investimentos estratégicos", dentro do plano de reformas econômicas que hoje ainda colocam a Arábia Saudita, com quase 80% do orçamento dependente da produção de petróleo.
Nesta lista de itens do Vision 2030 está também a decisão sobre a criação de um fundo soberano de 2 trilhões de dólares.
Porém, é sabido que os baixos preços do barril de petróleo, que a Arábia Saudita ajudou a formular e que mantém, contra os demais produtores que possuem preços mais altos de extração, também atinge hoje o país com problemas fiscais que obrigou a fazer cortes de investimentos e projetos, além de incluir aumento de preços de serviços públicos.
Desta forma, depois de mais de 25 anos, a Arábia Saudita está também se socorrendo com bancos estrangeiros, onde negocia US$ 10 bilhões junto ao J.P. Morgan Chase & Co., Goldman Sachs Group Inc. e Morgan Stanley.
Quem diria, Arábia mesmo possuindo enormes reservas de capital e petróleo, também vai se encostando nos grandes bancos americanos. Assim, a Arábia Saudita que sempre foi forte aliada dos EUA estreita ainda mais a sua relação com os americanos, reforçando as articulações geopolíticas que são fortes, desde quando se decidiu (na década de 70) que todo o petróleo do mundo seria comercializado em dólar.
Novo recorde no pré-sal em março: só da Petrobras 1,104 milhões de barris por dia
Dados divulgados pela Petrobras sobre produção de petróleo e gás no mês de março, no Pré-sal brasileiro, indicam novos recordes.
A produção apenas de petróleo operada pela Petrobras em março no pré-sal cresceu 1,2% em relação ao mês anterior, atingindo a média mensal de 884 mil bpd, novo recorde mensal em comparação ao alcançado no mês anterior que foi de 874 mil bpd.
Na produção de gás natural no país, excluído o volume liquefeito, foi de 67,8 milhões m³/dia, 10% abaixo do mês anterior dos 75,4 milhões m³/dia.
Na conta da produção total de óleo equivalente (petróleo + gás) em barris de óleo equivalente (boe) operada pela Petrobras na camada pré-sal em março cresceu 1,2% em relação ao mês anterior, alcançando 1,104 milhão de boe, volume que também constitui novo recorde mensal, superando o anterior alcançado em fevereiro 1,091 milhão de boe.
Repito: 1,104 milhão de barris de óleo equivalente por dia no Pré-sal, só por parte da Petrobras, sem levar em conta a produção de outras petroleiras. Por isso, parece haver pressa para entregar as nossas reservas.
A produção apenas de petróleo operada pela Petrobras em março no pré-sal cresceu 1,2% em relação ao mês anterior, atingindo a média mensal de 884 mil bpd, novo recorde mensal em comparação ao alcançado no mês anterior que foi de 874 mil bpd.
Na produção de gás natural no país, excluído o volume liquefeito, foi de 67,8 milhões m³/dia, 10% abaixo do mês anterior dos 75,4 milhões m³/dia.
Na conta da produção total de óleo equivalente (petróleo + gás) em barris de óleo equivalente (boe) operada pela Petrobras na camada pré-sal em março cresceu 1,2% em relação ao mês anterior, alcançando 1,104 milhão de boe, volume que também constitui novo recorde mensal, superando o anterior alcançado em fevereiro 1,091 milhão de boe.
Repito: 1,104 milhão de barris de óleo equivalente por dia no Pré-sal, só por parte da Petrobras, sem levar em conta a produção de outras petroleiras. Por isso, parece haver pressa para entregar as nossas reservas.
Nova fronteira de exploração offshore de petróleo no Brasil: Margem Equatorial
O Valor Online traz hoje uma extensa matéria sobre a "nova frente de exploração de petróleo no país" na margem equatorial. A reportagem que poder lida na íntegra aqui detalha a quantidade de blocos no litoral Norte, desde o Amapá, ao lado da Guiana Francesa até o Rio Grande do Norte, conforme mapa abaixo.
A matéria chama a atenção para os riscos ambientais de exploração offshore no litoral da Amazônia, mas também traz à luz, um dos pontos que venho insistindo sobre impactos econômicos da exploração de petróleo, hoje, concentrada na região Sudeste.
A ANP diz textualmente: "a 11ª rodada de licitações da ANP tinha como foco a margem equatorial com a intenção de descentralizar geograficamente a atividade petrolífera como forma de induzir a redução de desigualdades regionais e sociais".
Assim, se confirmam algumas questões importantes que se interagem, tanto a dimensão ambiental, quanto a desconcentração econômica e o desenvolvimento regional. Eles são temas obrigatórios e conexos a serem aprofundados, quando e estuda a questão do petróleo no Brasil.
Abaixo o mapa que a matéria apresenta sobre a "nova fronteira de exploração de petróleo" da Margem Equatorial:
A matéria chama a atenção para os riscos ambientais de exploração offshore no litoral da Amazônia, mas também traz à luz, um dos pontos que venho insistindo sobre impactos econômicos da exploração de petróleo, hoje, concentrada na região Sudeste.
A ANP diz textualmente: "a 11ª rodada de licitações da ANP tinha como foco a margem equatorial com a intenção de descentralizar geograficamente a atividade petrolífera como forma de induzir a redução de desigualdades regionais e sociais".
Assim, se confirmam algumas questões importantes que se interagem, tanto a dimensão ambiental, quanto a desconcentração econômica e o desenvolvimento regional. Eles são temas obrigatórios e conexos a serem aprofundados, quando e estuda a questão do petróleo no Brasil.
Abaixo o mapa que a matéria apresenta sobre a "nova fronteira de exploração de petróleo" da Margem Equatorial:
domingo, abril 24, 2016
Comunidade de Pitangueiras na Baixa Campista se organiza para reivindicar água
O blog recebeu e publica reclamação enviada por Manoel Ribeiro questionando problema sobre abastecimento de água tartada na comunidade Pitangueiras, na Baixa Campista:
"Boa tarde professor Roberto Moraes. Gostaria de passar um informe relacionado a falta de água das casas da comunidade camponesa de Pitangueiras.
"Boa tarde professor Roberto Moraes. Gostaria de passar um informe relacionado a falta de água das casas da comunidade camponesa de Pitangueiras.
A comunidade de Pitangueiras está situada no terceiro distrito de Campos dos Goytacazes, próximo as comunidades de Baixa- Grande e Santo Amaro. É uma comunidade tradicional, onde residem em sua maioria artesãos, pescadores artesanais, laçador, morador rural, trabalhador rural, ribeirinhos, pedreiros entre outros.
Desde que foi instalada a rede de abastecimento de água pela Empresa Municipal de Habitação Urbanização e Saneamento (Emhab), a água nunca chegou às caixas d'água, fazendo com que os moradores comprassem caixas d'água para serem utilizadas como cisternas, porém atualmente nem isso está funcionando de forma adequada.
A comunidade está reunindo-se para debater e elaborar uma carta exigindo da autoridade competente, no caso a Emhab, a instalação de um reservatório, uma bomba e um funcionário, pois a comunidade não suporta mais viver dessa forma. gostaríamos, caso fosse possível, nos auxiliar divulgando essa luta dos camponeses, que historicamente são excluídos dos seus direitos.
Estamos enviando em anexo as fotos da reunião realizada no dia 14-04-2016.
Obrigado pela atenção."
Obrigado pela atenção."
Sistema Minas-Rio estima produzir entre 15 milhões e 18 milhões de toneladas em 2016
A Anglo American ao anunciar nesta última semana a produção de 3,3 milhões de toneladas, durante o primeiro trimestre de 2016, estimou que a produção anual fique entre entre 15 milhões e 18 milhões de toneladas.
Este volume está ainda abaixo da capacidade instalada de 26 milhões de toneladas por ano que tem escoamento através de mineroduto que interliga a mina no município de Conceição do Mato Dentro, MG, ao Porto do Açu, no município de São João da Barra.
Os 3,3 milhões de toneladas superou em 185% o volume no igual período do primeiro trimestre do ano passado, quando o projeto ainda estava no estágio inicial, porém, foi apenas 3,5% acima da produção no último trimestre de 2015.
Nas demais instalações da Anglo American no mundo, a produção no primeiro trimestre do ano teve redução de 8,9% atingindo 12,2 milhões de toneladas. Assim, é possível depreender que para este mesmo período, a produção do Sistema Minas-Rio equivale a apenas 27% da produção mundial da mineradora.
Na última quinta-feira, o valor da tonelada de minério de ferro atingiu o valor de US$ 70,46 (a primeira vez acima dos US$ 70 desde janeiro de 2015) no porto chinês de Qingdao, mas na sexta-feira (22/04) o valor do minério de ferro já tinha oscilado para US$ 66,33 a tonelada.
Este volume está ainda abaixo da capacidade instalada de 26 milhões de toneladas por ano que tem escoamento através de mineroduto que interliga a mina no município de Conceição do Mato Dentro, MG, ao Porto do Açu, no município de São João da Barra.
Os 3,3 milhões de toneladas superou em 185% o volume no igual período do primeiro trimestre do ano passado, quando o projeto ainda estava no estágio inicial, porém, foi apenas 3,5% acima da produção no último trimestre de 2015.
Nas demais instalações da Anglo American no mundo, a produção no primeiro trimestre do ano teve redução de 8,9% atingindo 12,2 milhões de toneladas. Assim, é possível depreender que para este mesmo período, a produção do Sistema Minas-Rio equivale a apenas 27% da produção mundial da mineradora.
Na última quinta-feira, o valor da tonelada de minério de ferro atingiu o valor de US$ 70,46 (a primeira vez acima dos US$ 70 desde janeiro de 2015) no porto chinês de Qingdao, mas na sexta-feira (22/04) o valor do minério de ferro já tinha oscilado para US$ 66,33 a tonelada.
sábado, abril 23, 2016
As contas do governo do ERJ: o que está dito e o que está escamoteado
A realidade sobre as contas do ERJ parecem ainda encoberta. Há o que se fala e divulga e aquilo que se omite e quer esconder dos servidores e da população mais geral. O blog entende que é necessário desocultar a questão e tentar traduzir de forma um pouco mais simples aquilo que a tecnocracia, economês e o juridiquês esconde.
Esta postagem nasce deste esforço e o blog pensa que pode ser ampliado e auxiliado por outros que acompanham a realidade do Estado do Rio de Janeiro.
Sobre o que se divulga
Assim, vamos inicialmente à primeira parte, com aquilo que as autoridades estaduais falam. Mesmo aquilo que é falado é truncado e fragmentado em informações soltas e por isto, difícil de ser compreendido pela maioria das pessoas. Isto não se dá por acaso:
1) O déficit das contas (diferença entre o arrecadado e o previsto para pagamento no orçamento anual) nos dois primeiros meses é de R$ 3,66 bilhões;
2) As despesas previstas e efetuadas nos dois primeiros meses de 2016 foi de R$ 11,8 bilhões. Destes foram pagos R$ 8,45 bilhões, segundo o governo. É desta diferença que se originaria o déficit de R$ 3,66 bilhões divulgados, embora a conta indique exatos R$ 3,45 bilhões.
3) O total de "Restos a pagar" do orçamento executado em 2015 é ainda de R$ 4,35 bilhões, embora tenha sido pago em 2016, R$ 1,66 bilhão, gastos no ano passado.
4) Assim, o que resta a pagar em dois meses seria de R$ 4,35 bilhões de 2015, mais os R$ 3,66 bilhões de valores não honrados de débitos de janeiro e fevereiro de 2016. É por esta conta que se chega ao déficit total de R$ 8 bilhões até fevereiro. Segundo previsão do estado em dezembro o rombo será de R$ 19 bilhões.
5) As receitas do ICMS, principal fonte de receita do governo estadual, totalizadas nos meses de janeiro e fevereiro chegam a R$ 5,54 bilhões, um valor 0,8% superior, em valores absolutos ao arrecadado no ano passado, para este mesmo período.
6) Ainda segundo o governo estadual, na parte de gastos de todo o ano, o pagamento de pessoal ativo estaria estimado em R$ 26 bilhões. Para o pessoal inativo R$ 17 bilhões. Para custeio R$ 7 bilhões. Totalizando gastos anuais de R$ 50 bilhões, considerando que nenhum investimento novo seja realizado.
Sobre o que esconde
Da parte que não está dita e explicita pelo governo estadual sobre sua crise financeira, pode-se enumerar alguns pontos:
I) Diante do porte destes números é possível observar o peso da dívida antiga do estado para além dos atuais déficits. Estas dívidas antigas do estado que não conseguem ser negociadas, porque as garantias que desde os governos anteriores eram dadas com as receitas dos royalties. Agora, isto não é mais aceito. Isto se dá por conta da redução das quotas por conta do baixo preço do barril de petróleo e ainda dos riscos que os bancos credores não querem assumir de uma suspensão da liminar no STF, que garante a atual forma de rateio entre os estados produtores. Já comentamos de forma bem detalhada sore isto em uma postagem no blog (aqui) em 28 de janeiro de 2016.
II) A perda de receita com os royalties e PE ao contrário do que se imagina fica apenas perto dos 4 bilhões. A perda de receita com ICMS é relativamente pequena, mesmo em valores corrigidos. Para se ter um exemplo, em janeiro agora de 2016, a arrecadação foi de R$ 3,3 bilhões, contra 2,9 bilhões em janeiro de 2015.
III) É bom lembrar que nos últimos dez anos, esta dívida não apenas foi sendo rolada, como novos e robustos empréstimos foram sendo obtidos, como se não houvesse amanhã. Estes novos empréstimos ajudam a explicar o rombo atual.
IV) A dívida ativa do governo do estado do Rio de Janeiro hoje está em torno dos R$ 70 bilhões. Ou cerca de R$ 10 bilhões anuais, só com juros e serviços da dívida.
V) No passado diversos projetos foram aprovados na Alerj para "securitização" desta dívida ativa. Uma das formas usadas pela gestão estadual para fazer isto é através da criação do que chama de "Sociedade de Propósito Específico (SPE)", para gestão da dívida ativa, a ser negociada através debêntures (título de dívida de médio e longo prazo) no mercado financeiro. Com o gargalo atual tudo isto está suspenso.
Esta postagem nasce deste esforço e o blog pensa que pode ser ampliado e auxiliado por outros que acompanham a realidade do Estado do Rio de Janeiro.
Sobre o que se divulga
Assim, vamos inicialmente à primeira parte, com aquilo que as autoridades estaduais falam. Mesmo aquilo que é falado é truncado e fragmentado em informações soltas e por isto, difícil de ser compreendido pela maioria das pessoas. Isto não se dá por acaso:
1) O déficit das contas (diferença entre o arrecadado e o previsto para pagamento no orçamento anual) nos dois primeiros meses é de R$ 3,66 bilhões;
2) As despesas previstas e efetuadas nos dois primeiros meses de 2016 foi de R$ 11,8 bilhões. Destes foram pagos R$ 8,45 bilhões, segundo o governo. É desta diferença que se originaria o déficit de R$ 3,66 bilhões divulgados, embora a conta indique exatos R$ 3,45 bilhões.
3) O total de "Restos a pagar" do orçamento executado em 2015 é ainda de R$ 4,35 bilhões, embora tenha sido pago em 2016, R$ 1,66 bilhão, gastos no ano passado.
4) Assim, o que resta a pagar em dois meses seria de R$ 4,35 bilhões de 2015, mais os R$ 3,66 bilhões de valores não honrados de débitos de janeiro e fevereiro de 2016. É por esta conta que se chega ao déficit total de R$ 8 bilhões até fevereiro. Segundo previsão do estado em dezembro o rombo será de R$ 19 bilhões.
5) As receitas do ICMS, principal fonte de receita do governo estadual, totalizadas nos meses de janeiro e fevereiro chegam a R$ 5,54 bilhões, um valor 0,8% superior, em valores absolutos ao arrecadado no ano passado, para este mesmo período.
6) Ainda segundo o governo estadual, na parte de gastos de todo o ano, o pagamento de pessoal ativo estaria estimado em R$ 26 bilhões. Para o pessoal inativo R$ 17 bilhões. Para custeio R$ 7 bilhões. Totalizando gastos anuais de R$ 50 bilhões, considerando que nenhum investimento novo seja realizado.
Sobre o que esconde
Da parte que não está dita e explicita pelo governo estadual sobre sua crise financeira, pode-se enumerar alguns pontos:
I) Diante do porte destes números é possível observar o peso da dívida antiga do estado para além dos atuais déficits. Estas dívidas antigas do estado que não conseguem ser negociadas, porque as garantias que desde os governos anteriores eram dadas com as receitas dos royalties. Agora, isto não é mais aceito. Isto se dá por conta da redução das quotas por conta do baixo preço do barril de petróleo e ainda dos riscos que os bancos credores não querem assumir de uma suspensão da liminar no STF, que garante a atual forma de rateio entre os estados produtores. Já comentamos de forma bem detalhada sore isto em uma postagem no blog (aqui) em 28 de janeiro de 2016.
II) A perda de receita com os royalties e PE ao contrário do que se imagina fica apenas perto dos 4 bilhões. A perda de receita com ICMS é relativamente pequena, mesmo em valores corrigidos. Para se ter um exemplo, em janeiro agora de 2016, a arrecadação foi de R$ 3,3 bilhões, contra 2,9 bilhões em janeiro de 2015.
III) É bom lembrar que nos últimos dez anos, esta dívida não apenas foi sendo rolada, como novos e robustos empréstimos foram sendo obtidos, como se não houvesse amanhã. Estes novos empréstimos ajudam a explicar o rombo atual.
IV) A dívida ativa do governo do estado do Rio de Janeiro hoje está em torno dos R$ 70 bilhões. Ou cerca de R$ 10 bilhões anuais, só com juros e serviços da dívida.
V) No passado diversos projetos foram aprovados na Alerj para "securitização" desta dívida ativa. Uma das formas usadas pela gestão estadual para fazer isto é através da criação do que chama de "Sociedade de Propósito Específico (SPE)", para gestão da dívida ativa, a ser negociada através debêntures (título de dívida de médio e longo prazo) no mercado financeiro. Com o gargalo atual tudo isto está suspenso.
VI) É oportuno recordar que no ano passado legislações aprovadas na Alerj concederão a sonegadores, inscritos na dívida ativa generosos descontos e parcelamentos para pagamento de suas dívidas. O fato que gera de um lado a obtenção de algumas receitas no curto prazo, de outro, serve mais uma vez de estímulo ao atraso de pagamento de tributos. Assim, no presente, outros contribuintes que pagavam em dia seus tributos com o estado agora, ficam tentados a reter estes valores, investindo-os em mercados financeiros, de olhos em novas renegociações do estado. Em termos de grandes empreendimentos os volumes são sempre grandes e na casa dos milhões.
VII) O que pouco se diz é sobre as isenções ou reduções tributárias que, neste mesmo período o governo estadual concedeu para diversos empreendimentos. A alegação é que se não fossem concedidos, eles não viriam e não gerariam os empregos. Isto não é verdade.
VIII) Na fase de "boom" da economia, a maior parte destes empreendimentos viriam de qualquer forma para o ERJ, independente da "guerra de localizações" que os empreendedores fazem na competição entre os estados e os municípios.
IX) Mesmo que o rombo com estas isenções não cheguem ao valor apurado pelo próprio TCE-RJ em R$ 138 bilhões, apenas nos últimos cindo anos, bastariam apenas menos 15% destes subsídios e "incentivos" tributários (vulgo isenções) que dariam R$ 20,7 bilhões que equilibrariam as contas do estado pagando todo o déficit de R$ 19 bilhões e ainda deixando mais R$ 1,7 bilhão para novos investimentos e correções salariais dos servidores.
Para entender o peso da cadeia do petróleo e sua capacidade de arrasto
Por fim, vale observar ainda que a dependência que as contas do estado passou a ter da cadeia do petróleo, apesar de todos os alertas, avançou enormemente para um dos riscos do que chamamos de "maldição mineral".
Visto de forma mais ampla, o setor é na verdade composto de forma mais macro, pelo que eu chamo de uma "tríade" composta pelos segmentos: "petróleo-porto-indústria naval". A tríade arrasta inúmeros outros setores, como construção civil, imobiliário, turismo de negócios, comércio, etc.
Tudo isto ajuda a explicar porque a fase de expansão (ou boom) do que também chamo de "ciclo petro-econômico" tenham levado o PIB do estado, ligado ao setor de petróleo fosse estimado pelo próprio governo estadual em 33% do total.
Hoje, na fase de colapso do ciclo, já se reconhece que este percentual se situe 37% e 38% do PIB total do estado. Observem que tudo isso, em meio a um período em que a expansão nacional da economia teve no estado outros "insights" importantes, embora temporários, que são os eventos esportivos do porte, nada mais nada a menos, do que a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Repito, eventos temporários e cujos preparativos e realização se encerrarão em três meses que tendem a deixar um hiato de demandas de vagas de empregos e circulação de dinheiro na economia que se somarão aos demais problemas estruturais.
E aí? Qual a saída?
É certo que a eventual negociação dos estados com a União podem trazer algum alívio nas contas, mas estarão longe de resolver os graves problemas do caixa estadual. É certo que colocarão que a suspensão das isenções tributárias seriam considerados rompimentos de contratos.
Ainda mais que as empresas beneficiadas alegarão dificuldades com as vendas reduzidas do atual momento da fase de colapso da economia, sem querer lembrar das fases de boom do ciclo econômico.
Porém, diversos outros contratos já estão sendo rompidos pela gestão estadual, como o não pagamento com fornecedores e prestadores de serviços que atendem à população, especialmente, nas áreas de educação e saúde. E não se pode deixar de realçar a quota de sacrifícios já imposta aos servidores, com os salários não pagos aos servidores inativos e aos atrasos sequenciais daqueles que são da ativa, que ainda sofrem a não correção da inflação.
Esta realidade expõe uma situação de grave emergência. Diante dela não pode ser aceitável que apenas a população pague por tudo isto.
Assim, não há como não cobrar das empresas beneficiadas, parte daquilo que foi obtido com a redução e isenção de impostos. Pelo menos parte desta sangria tem que ser daqui para frente reposta aos cofres do ERJ.
É certo que a gestão estadual cooptada em boa parte pelo poder econômico, não vai querer cogitar desta hipótese. Porém, não há outro caminho tanto do ponto de vista financeiro quanto moral. É certo que as pressões populares avançarão neste sentido. Ninguém pode pode ter dúvidas disto.
O blog assim espera que as discussões sobre a crise financeira do ERJ possam ser consideradas num patamar de debates dos problemas reais, em busca de efetivas soluções. A força de trabalho do Estado não pode ser vista como estorvo e despesas e sim como forma de atender o cidadão, sua razão de existir.
Não haverá acordo sem que todas as partes envolvidas conheçam os problemas e possam construir soluções. Digo mais, sem que possam juntos planejar os passos para diante.
PS.: Atualizado às 15:00: Para breves ajustes e inclusões no texto.
VII) O que pouco se diz é sobre as isenções ou reduções tributárias que, neste mesmo período o governo estadual concedeu para diversos empreendimentos. A alegação é que se não fossem concedidos, eles não viriam e não gerariam os empregos. Isto não é verdade.
VIII) Na fase de "boom" da economia, a maior parte destes empreendimentos viriam de qualquer forma para o ERJ, independente da "guerra de localizações" que os empreendedores fazem na competição entre os estados e os municípios.
IX) Mesmo que o rombo com estas isenções não cheguem ao valor apurado pelo próprio TCE-RJ em R$ 138 bilhões, apenas nos últimos cindo anos, bastariam apenas menos 15% destes subsídios e "incentivos" tributários (vulgo isenções) que dariam R$ 20,7 bilhões que equilibrariam as contas do estado pagando todo o déficit de R$ 19 bilhões e ainda deixando mais R$ 1,7 bilhão para novos investimentos e correções salariais dos servidores.
Para entender o peso da cadeia do petróleo e sua capacidade de arrasto
Por fim, vale observar ainda que a dependência que as contas do estado passou a ter da cadeia do petróleo, apesar de todos os alertas, avançou enormemente para um dos riscos do que chamamos de "maldição mineral".
Visto de forma mais ampla, o setor é na verdade composto de forma mais macro, pelo que eu chamo de uma "tríade" composta pelos segmentos: "petróleo-porto-indústria naval". A tríade arrasta inúmeros outros setores, como construção civil, imobiliário, turismo de negócios, comércio, etc.
Tudo isto ajuda a explicar porque a fase de expansão (ou boom) do que também chamo de "ciclo petro-econômico" tenham levado o PIB do estado, ligado ao setor de petróleo fosse estimado pelo próprio governo estadual em 33% do total.
Hoje, na fase de colapso do ciclo, já se reconhece que este percentual se situe 37% e 38% do PIB total do estado. Observem que tudo isso, em meio a um período em que a expansão nacional da economia teve no estado outros "insights" importantes, embora temporários, que são os eventos esportivos do porte, nada mais nada a menos, do que a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Repito, eventos temporários e cujos preparativos e realização se encerrarão em três meses que tendem a deixar um hiato de demandas de vagas de empregos e circulação de dinheiro na economia que se somarão aos demais problemas estruturais.
E aí? Qual a saída?
É certo que a eventual negociação dos estados com a União podem trazer algum alívio nas contas, mas estarão longe de resolver os graves problemas do caixa estadual. É certo que colocarão que a suspensão das isenções tributárias seriam considerados rompimentos de contratos.
Ainda mais que as empresas beneficiadas alegarão dificuldades com as vendas reduzidas do atual momento da fase de colapso da economia, sem querer lembrar das fases de boom do ciclo econômico.
Porém, diversos outros contratos já estão sendo rompidos pela gestão estadual, como o não pagamento com fornecedores e prestadores de serviços que atendem à população, especialmente, nas áreas de educação e saúde. E não se pode deixar de realçar a quota de sacrifícios já imposta aos servidores, com os salários não pagos aos servidores inativos e aos atrasos sequenciais daqueles que são da ativa, que ainda sofrem a não correção da inflação.
Esta realidade expõe uma situação de grave emergência. Diante dela não pode ser aceitável que apenas a população pague por tudo isto.
Assim, não há como não cobrar das empresas beneficiadas, parte daquilo que foi obtido com a redução e isenção de impostos. Pelo menos parte desta sangria tem que ser daqui para frente reposta aos cofres do ERJ.
É certo que a gestão estadual cooptada em boa parte pelo poder econômico, não vai querer cogitar desta hipótese. Porém, não há outro caminho tanto do ponto de vista financeiro quanto moral. É certo que as pressões populares avançarão neste sentido. Ninguém pode pode ter dúvidas disto.
O blog assim espera que as discussões sobre a crise financeira do ERJ possam ser consideradas num patamar de debates dos problemas reais, em busca de efetivas soluções. A força de trabalho do Estado não pode ser vista como estorvo e despesas e sim como forma de atender o cidadão, sua razão de existir.
Não haverá acordo sem que todas as partes envolvidas conheçam os problemas e possam construir soluções. Digo mais, sem que possam juntos planejar os passos para diante.
PS.: Atualizado às 15:00: Para breves ajustes e inclusões no texto.
Ainda sobre a cobiça encima da Petrobras
Neste período em que se tenta encobrir os reais objetivos do golpe parlamentar-midiático-jurídico é oportuno conhecer a essência do relatório sobre os resultados da Petrobras em 2015, de autoria de Paulo Cesar Ribeiro Lima, consultor legislativo para Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos da Câmara Federal. Os grifos são nossos:
"Uma empresa que apresenta um lucro bruto de R$ 98,5 bilhões em 2015; que tem direito de produzir mais de 40 bilhões de barris de petróleo; e que tem uma extraordinária infraestrutura de refino, gás, energia, fertilizantes, terminais e dutos é um grande e rentável patrimônio do País.
Com as importantes descobertas no Pré-Sal, as reservas da Petrobras devem ultrapassar 40 bilhões de barris. Vale registrar, ainda, que outras áreas deverão aumentar significativamente as reservas da empresa.
Nenhuma empresa de petróleo triplica suas reservas e aumenta sua produção sem grandes investimentos e, consequentemente, sem aumento, no curto prazo, do seu endividamento e da sua alavancagem.
Apenas contabilmente o ativo imobilizado da Petrobras na área de Exploração e Produção é R$ 428,45 bilhões, pois os volumes recuperáveis da empresa podem gerar um valor presente líquido de cerca de R$ 1,02 trilhão.
A alta lucratividade real da Petrobras decorre, basicamente, dos seus principais "ativos": reservatórios do Pré-Sal e do Pós-Sal, navios, terminais, dutos, refinarias e corpo técnico altamente qualificado. Assim sendo, é fundamental que os dirigentes da Petrobras, os auditores externos e seus acionistas tenham uma visão integrada do valor e da sinergia dos ativos da empresa.
Não é aceitável que se produzam demonstrações contábeis e balanços que, indevidamente, fazem com que a sociedade brasileira passe a acreditar que a Petrobras é inviável, pois isso não é verdade. Os “ativos” da empresa são valiosíssimos e precisam ser preservados, pois foram construídos por essa própria sociedade, a partir de lutas históricas".
Por tudo isto há os que diariamente queiram difamar a Petrobras seguindo aquele velho provérbio: "quem desdenha quer comprar".
E eu digo que querem vender por bagatela, entregar, depois que a mídia grita diariamente como se fosse final de feira. A Petrobras é das população brasileira.
"Uma empresa que apresenta um lucro bruto de R$ 98,5 bilhões em 2015; que tem direito de produzir mais de 40 bilhões de barris de petróleo; e que tem uma extraordinária infraestrutura de refino, gás, energia, fertilizantes, terminais e dutos é um grande e rentável patrimônio do País.
Com as importantes descobertas no Pré-Sal, as reservas da Petrobras devem ultrapassar 40 bilhões de barris. Vale registrar, ainda, que outras áreas deverão aumentar significativamente as reservas da empresa.
Nenhuma empresa de petróleo triplica suas reservas e aumenta sua produção sem grandes investimentos e, consequentemente, sem aumento, no curto prazo, do seu endividamento e da sua alavancagem.
Apenas contabilmente o ativo imobilizado da Petrobras na área de Exploração e Produção é R$ 428,45 bilhões, pois os volumes recuperáveis da empresa podem gerar um valor presente líquido de cerca de R$ 1,02 trilhão.
A alta lucratividade real da Petrobras decorre, basicamente, dos seus principais "ativos": reservatórios do Pré-Sal e do Pós-Sal, navios, terminais, dutos, refinarias e corpo técnico altamente qualificado. Assim sendo, é fundamental que os dirigentes da Petrobras, os auditores externos e seus acionistas tenham uma visão integrada do valor e da sinergia dos ativos da empresa.
Não é aceitável que se produzam demonstrações contábeis e balanços que, indevidamente, fazem com que a sociedade brasileira passe a acreditar que a Petrobras é inviável, pois isso não é verdade. Os “ativos” da empresa são valiosíssimos e precisam ser preservados, pois foram construídos por essa própria sociedade, a partir de lutas históricas".
Por tudo isto há os que diariamente queiram difamar a Petrobras seguindo aquele velho provérbio: "quem desdenha quer comprar".
E eu digo que querem vender por bagatela, entregar, depois que a mídia grita diariamente como se fosse final de feira. A Petrobras é das população brasileira.
sexta-feira, abril 22, 2016
Relatório da AIE leva preço do barril de petróleo a US$ 45, maior valor em 5 meses
As oscilações que são frutos de especulações seguem no mercado mundial do petróleo. Um relatório divulgado hoje, pela Agência Internacional de Energia (AIE) informando que neste ano de 2016 seria visto a maior queda na produção "não OPEP" em toda uma geração foi o mais novo argumento para o preço chegar em US$ 45,15, agora, às 17:30.
O relatório previu ainda que a oferta e a demanda do petróleo tendem a se reequilibrar de forma gradual até 2017, eventualmente levando à recuperação dos preços da commodity. Em outro item do relatório, a AIE estimou que a produção de petróleo dos EUA cairá neste e no próximo ano, mas deverá se recuperar e atingir nível recorde até 2021.
Estes temas do relatório da AIE surgem logo depois da greve de três dias dos trabalhadores em petróleo no Kuwait que reduziram a produção no país do Oriente Médio. Como se vê os argumentos se movem diariamente produzindo oscilações em torno do preço entre US$ 40 e US$ 50.
O relatório previu ainda que a oferta e a demanda do petróleo tendem a se reequilibrar de forma gradual até 2017, eventualmente levando à recuperação dos preços da commodity. Em outro item do relatório, a AIE estimou que a produção de petróleo dos EUA cairá neste e no próximo ano, mas deverá se recuperar e atingir nível recorde até 2021.
Estes temas do relatório da AIE surgem logo depois da greve de três dias dos trabalhadores em petróleo no Kuwait que reduziram a produção no país do Oriente Médio. Como se vê os argumentos se movem diariamente produzindo oscilações em torno do preço entre US$ 40 e US$ 50.
Ainda assim, tanto o número de plataformas de produção em operação se reduz, assim como a quantidade de sondas de perfuração já chega a menos da metade das contratações há um ano.
Mujica propõe em Ouro Preto uma espécie de Constituição para uma nova civilização!
Mujica é um dos caras!
Ontem, em Ouro Preto, durante solenidade de entrega da Medalha da Inconfidência, o ex-presidente do Uruguai Jose Mujica ao agradecer a homenagem fez um discurso, que a meu juízo, pode ser interpretado como a uma espécie de constituição para bem orientar os humanos e a nossa civilização a caminhos menos ruins como os atuais. Vale conferir!
"Mineiros e mineiras, a vida me ensinou algumas coisas. Os únicos derrotados são os que deixam de lutar. Mas vocês têm de saber que não há um prêmio no final do caminho. O prêmio é o caminho mesmo, é o andar mesmo. Nossa luta é muito velha. São falsos os términos. Esquerda e direita são inventos da Revolução Francesa. Na realidade, são caras permanentes da condição humana, como as caras de uma moeda, e fluem e refluem permanentemente na história.
E penso que talvez seja uma luta eterna com fluxos e refluxos, com pontos de partida, com quedas e voltar-se a levantar. Há que se aprender que, na vida, as causas nobres necessitam de coragem sempre para voltar e começar.
Eu sou do sul, venho do sul e represento o sul, os eternos esquecidos do planeta.
Ser do sul não é uma posição geográfica, é um resultado histórico. E venho ao Brasil, tenho cultivado amigos no Brasil, porque a América será livre com a Amazônia ou não será. Porque é enorme o conhecimento e ciência que nos tiraram o mundo central. Porque perdemos nossos melhores filhos, porque lhes pagam melhores salários no mundo central, porque estamos entrando em uma outra era, globalizada, de comunicações, onde a fronteira é mais de negócio do que de amparo e justiça aos povos. E todos sabemos que a democracia nunca será perfeita, e não pode ser, porque é uma construção humana e os seres humanos não são deuses. Não.
Por isso, porque somos diferentes, porque nascemos em lugares diferentes, porque pertencemos a classes diferentes, porque geneticamente temos matizes em nossos programas. Porque nossa história pessoal nos dá ou nos tira pelo que foi. Os homens são semelhantes, mas cada um é particular, diferente, e como não somos perfeitos, a sociedade tem e terá sempre conflitos.
Não podemos viver sozinhos, somos sociais. Ninguém pode viver sozinho. Precisamos de um cardiologista, de um mecânico, de um professor para nosso filho. Precisamos de alguém que dirija o ônibus, de alguém que nos ampare na vida, de uma parteira quando nascemos e de alguém quando morremos.
Porque somos sociais e temos defeitos, porque somos diferentes, há conflitos. Por isso, precisamos da política. Tem razão Aristóteles: o homem é um animal político, porque a função da política não é gerar corrupção e acomodar gente. A função da política é colocar limite à dor e à injustiça. A função da política é lutar por um mundo melhor e também buscar permanentemente as inevitáveis diferenças. A função da política não é aplastar. A função da política é negociar as inevitáveis diferenças que se apresentam na sociedade.
Porque insisto nesse ponto? Porque o pior resultado que se pode ter para as novas gerações é o conflito que se está vivendo no Brasil, e que pode fazer com que muitos jovens cheguem à conclusão de que a política não serve para nada, e são todos iguais.
E caso essa juventude se recolha e que cada um for cuidar apenas de si, é o mesmo que construir a selva. Todos contra todos. Há que salvar a política. Há que dar estatura à política, e isso não é um problema de partido, é um problema do Brasil. Pior que as derrotas é o desencanto.
Viver é construir esperanças, esperanças de um mundo melhor. O que seria da vida sem sonho, sem esperança, sem utopia, sem alegria de viver, o que seria da nossa existência? Um negócio calculado, uma mercadoria que se compra e que se vende.
Não, a espécie humana é outra coisa, é contraditória mas tem sentido e tem sentimento. Se você tem um casal de filhos de três ou quatro anos e leva um jogo só para um, verá que você tem um problema. Porque o outro sente que você não o tratou com igualdade. Porque, companheiros, a igualdade a gente tem dentro de nós, antropologicamente. Não se toma a igualdade como desejo de ser tudo igualzinho, como tijolo, todos alinhados. O sentimento de igualdade é ter o direito às mesmas oportunidades na vida, e quanto nos falta, latino-americanos, para poder dar oportunidade aos milhões que ficam à margem do caminho da nossa pobre América!
Com minha companheira, estivemos 30 anos presos, mas a vida nos deu o prêmio de viver e nada é mais bonito que a vida. Mas sobretudo os jovens devem saber: há que se cuidar da vida, há que semeá-la, há que colocá-la a serviço de uma causa nobre. Aprendam a viver, e tem de trabalhar para viver, porque senão viverás às custas dos outros.
A vida não é só trabalhar. Tem de assegurar tempo para viver, amor, filhos, para os amigos, que nesta vida não é felicidade acumular dinheiro. O problema é acumular carinho e servir para algo. A diferença é como vemos a vida, se a vida é só egoísmo ou a vida é também solidariedade, “hoje por mim, amanhã por você”.
Mineiros, o Brasil é muito grande, muito forte, mas tem muitas feridas. Há que defendê-lo, mas há que se entender que já não estamos no século passado e o desafio é outro. Estão construindo unidades mundiais de caráter gigantesco, como a comunidade econômica europeia, e que se os latino-americanos não conseguirem uma voz comum no concerto internacional, não seremos nada.
Do mundo que nos vê em cima, os frágeis têm de se unir com os frágeis para ser menos frágeis. É isso que temos de começar a entender. A burguesia que conduz a economia não pode sair a colonizar. Há que juntar aliados, porque essa batalha é no mundo inteiro.
Eu me sinto muito uruguaio, e sou brasileiro porque sou americano, porque sou da América Latina. Minha pátria se chama América Latina. Meus irmãos, todos os pobres esquecidos da América Latina. Os que não chegaram em nenhum lugar, os que são apenas um número, os estigmatizados, os perseguidos, os esquecidos, porque democracia não é só votar a cada quatro ou cinco anos.
Ontem, em Ouro Preto, durante solenidade de entrega da Medalha da Inconfidência, o ex-presidente do Uruguai Jose Mujica ao agradecer a homenagem fez um discurso, que a meu juízo, pode ser interpretado como a uma espécie de constituição para bem orientar os humanos e a nossa civilização a caminhos menos ruins como os atuais. Vale conferir!
"Mineiros e mineiras, a vida me ensinou algumas coisas. Os únicos derrotados são os que deixam de lutar. Mas vocês têm de saber que não há um prêmio no final do caminho. O prêmio é o caminho mesmo, é o andar mesmo. Nossa luta é muito velha. São falsos os términos. Esquerda e direita são inventos da Revolução Francesa. Na realidade, são caras permanentes da condição humana, como as caras de uma moeda, e fluem e refluem permanentemente na história.
E penso que talvez seja uma luta eterna com fluxos e refluxos, com pontos de partida, com quedas e voltar-se a levantar. Há que se aprender que, na vida, as causas nobres necessitam de coragem sempre para voltar e começar.
Eu sou do sul, venho do sul e represento o sul, os eternos esquecidos do planeta.
Ser do sul não é uma posição geográfica, é um resultado histórico. E venho ao Brasil, tenho cultivado amigos no Brasil, porque a América será livre com a Amazônia ou não será. Porque é enorme o conhecimento e ciência que nos tiraram o mundo central. Porque perdemos nossos melhores filhos, porque lhes pagam melhores salários no mundo central, porque estamos entrando em uma outra era, globalizada, de comunicações, onde a fronteira é mais de negócio do que de amparo e justiça aos povos. E todos sabemos que a democracia nunca será perfeita, e não pode ser, porque é uma construção humana e os seres humanos não são deuses. Não.
Por isso, porque somos diferentes, porque nascemos em lugares diferentes, porque pertencemos a classes diferentes, porque geneticamente temos matizes em nossos programas. Porque nossa história pessoal nos dá ou nos tira pelo que foi. Os homens são semelhantes, mas cada um é particular, diferente, e como não somos perfeitos, a sociedade tem e terá sempre conflitos.
Não podemos viver sozinhos, somos sociais. Ninguém pode viver sozinho. Precisamos de um cardiologista, de um mecânico, de um professor para nosso filho. Precisamos de alguém que dirija o ônibus, de alguém que nos ampare na vida, de uma parteira quando nascemos e de alguém quando morremos.
Porque somos sociais e temos defeitos, porque somos diferentes, há conflitos. Por isso, precisamos da política. Tem razão Aristóteles: o homem é um animal político, porque a função da política não é gerar corrupção e acomodar gente. A função da política é colocar limite à dor e à injustiça. A função da política é lutar por um mundo melhor e também buscar permanentemente as inevitáveis diferenças. A função da política não é aplastar. A função da política é negociar as inevitáveis diferenças que se apresentam na sociedade.
Porque insisto nesse ponto? Porque o pior resultado que se pode ter para as novas gerações é o conflito que se está vivendo no Brasil, e que pode fazer com que muitos jovens cheguem à conclusão de que a política não serve para nada, e são todos iguais.
E caso essa juventude se recolha e que cada um for cuidar apenas de si, é o mesmo que construir a selva. Todos contra todos. Há que salvar a política. Há que dar estatura à política, e isso não é um problema de partido, é um problema do Brasil. Pior que as derrotas é o desencanto.
Viver é construir esperanças, esperanças de um mundo melhor. O que seria da vida sem sonho, sem esperança, sem utopia, sem alegria de viver, o que seria da nossa existência? Um negócio calculado, uma mercadoria que se compra e que se vende.
Não, a espécie humana é outra coisa, é contraditória mas tem sentido e tem sentimento. Se você tem um casal de filhos de três ou quatro anos e leva um jogo só para um, verá que você tem um problema. Porque o outro sente que você não o tratou com igualdade. Porque, companheiros, a igualdade a gente tem dentro de nós, antropologicamente. Não se toma a igualdade como desejo de ser tudo igualzinho, como tijolo, todos alinhados. O sentimento de igualdade é ter o direito às mesmas oportunidades na vida, e quanto nos falta, latino-americanos, para poder dar oportunidade aos milhões que ficam à margem do caminho da nossa pobre América!
Com minha companheira, estivemos 30 anos presos, mas a vida nos deu o prêmio de viver e nada é mais bonito que a vida. Mas sobretudo os jovens devem saber: há que se cuidar da vida, há que semeá-la, há que colocá-la a serviço de uma causa nobre. Aprendam a viver, e tem de trabalhar para viver, porque senão viverás às custas dos outros.
A vida não é só trabalhar. Tem de assegurar tempo para viver, amor, filhos, para os amigos, que nesta vida não é felicidade acumular dinheiro. O problema é acumular carinho e servir para algo. A diferença é como vemos a vida, se a vida é só egoísmo ou a vida é também solidariedade, “hoje por mim, amanhã por você”.
Mineiros, o Brasil é muito grande, muito forte, mas tem muitas feridas. Há que defendê-lo, mas há que se entender que já não estamos no século passado e o desafio é outro. Estão construindo unidades mundiais de caráter gigantesco, como a comunidade econômica europeia, e que se os latino-americanos não conseguirem uma voz comum no concerto internacional, não seremos nada.
Do mundo que nos vê em cima, os frágeis têm de se unir com os frágeis para ser menos frágeis. É isso que temos de começar a entender. A burguesia que conduz a economia não pode sair a colonizar. Há que juntar aliados, porque essa batalha é no mundo inteiro.
Eu me sinto muito uruguaio, e sou brasileiro porque sou americano, porque sou da América Latina. Minha pátria se chama América Latina. Meus irmãos, todos os pobres esquecidos da América Latina. Os que não chegaram em nenhum lugar, os que são apenas um número, os estigmatizados, os perseguidos, os esquecidos, porque democracia não é só votar a cada quatro ou cinco anos.
Democracia é acrescentar o sentimento de igualdade da realidade e igualdade básica entre os homens.
Com vocês até sempre. Obrigado, mineiros."
Com vocês até sempre. Obrigado, mineiros."
quarta-feira, abril 20, 2016
Receita de ISS em Macaé cresce 3,3 vezes em sete anos e equivale a mais do dobro dos royalties
Em 2015 a receita de ISS (Imposto Sobre Serviços) obtida pelo município de Macaé foi de R$ 719 milhões, equivalente a 34% de todo o orçamento executado que foi de R$ 2,115 bilhões.
Assim, a receita com ISS de R$ 719 milhões em Macaé foi equivalente a mais do que o dobro da receita com os royalties e participações especiais (PE) do petróleo de R$ 343 milhões, em 2015.
Em 2008, a receita com o ISS em Macaé foi de R$ 217 milhões. Assim, em sete anos esta receita subiu 3,3 vezes e foi se impondo como a maior receita do município.
O fato demonstra, como já havíamos comentado aqui, em postagem no dia 18 de fevereiro, como se comporta aquilo que denominamos como "Economia do Petróleo". Ela é diversa da "Economia dos Royalties" que é basicamente rentista e tem baixa capacidade de arrasto, sob o ponto de vista econômico, comparativamente.
Este dado serve para explicar porque em termos de receitas municipais, o município de Macaé, mesmo com a violenta redução das parcelas dos royalties do petróleo, para os municípios petrorrentistas da região, teve uma redução bem menor em seu orçamento (-R$ 96 milhões) do que Campos dos Goytacazes (-R$ R$ 950 milhões, números aproximados porque ainda não estão disponíveis os relatórios completos de execução orçamentária de 2015).
O fato mostra como a maioria das análises que se tem observado na região pecam por misturar questões que são distintas, embora remetam a problemas similares. Assim, não se pode dizer que em termos de receitas públicas, a situação dos municípios sejam as mesmas.
Como afirmei ontem, em artigo acadêmico publicado no início do segundo semestre do ano passado, na revista Espaço e Economia (aqui o link para acesso) este fenômeno já era previsto. Agora com os dados da realidade o que se tem é a comprovação deste fenômeno.
A confusão no diagnóstico (que é antiga) prejudica a busca de soluções, que ainda assim, pode, ou melhor, devem ser integradas entre os municípios e não de forma isolada e até concorrencial, como normalmente se vê.
Por conta da expansão do "Circuito Espacial do Petróleo" de Macaé para SJB, como comentamos em nota ontem aqui, a respeito da presença da Petrobras no Porto do Açu, o mesmo fenômeno vai paulatinamente acontecer com a receita municipal em SJB, sobre o tributos do ISS.
É necessário acompanhar esta dinâmica. É provável que, aos poucos o movimento de localização de bases operacionais das empresas de engenharia de petróleo em direção a SJB, venha limitar o crescimento do ISS em Macaé, ao mesmo tempo que aumentará os valores desta receita, no município sede do Porto do Açu.
Assim, a receita com ISS de R$ 719 milhões em Macaé foi equivalente a mais do que o dobro da receita com os royalties e participações especiais (PE) do petróleo de R$ 343 milhões, em 2015.
Em 2008, a receita com o ISS em Macaé foi de R$ 217 milhões. Assim, em sete anos esta receita subiu 3,3 vezes e foi se impondo como a maior receita do município.
O fato demonstra, como já havíamos comentado aqui, em postagem no dia 18 de fevereiro, como se comporta aquilo que denominamos como "Economia do Petróleo". Ela é diversa da "Economia dos Royalties" que é basicamente rentista e tem baixa capacidade de arrasto, sob o ponto de vista econômico, comparativamente.
Porto da Petrobras em Imbetiba, Macaé |
Este dado serve para explicar porque em termos de receitas municipais, o município de Macaé, mesmo com a violenta redução das parcelas dos royalties do petróleo, para os municípios petrorrentistas da região, teve uma redução bem menor em seu orçamento (-R$ 96 milhões) do que Campos dos Goytacazes (-R$ R$ 950 milhões, números aproximados porque ainda não estão disponíveis os relatórios completos de execução orçamentária de 2015).
O fato mostra como a maioria das análises que se tem observado na região pecam por misturar questões que são distintas, embora remetam a problemas similares. Assim, não se pode dizer que em termos de receitas públicas, a situação dos municípios sejam as mesmas.
Como afirmei ontem, em artigo acadêmico publicado no início do segundo semestre do ano passado, na revista Espaço e Economia (aqui o link para acesso) este fenômeno já era previsto. Agora com os dados da realidade o que se tem é a comprovação deste fenômeno.
A confusão no diagnóstico (que é antiga) prejudica a busca de soluções, que ainda assim, pode, ou melhor, devem ser integradas entre os municípios e não de forma isolada e até concorrencial, como normalmente se vê.
Por conta da expansão do "Circuito Espacial do Petróleo" de Macaé para SJB, como comentamos em nota ontem aqui, a respeito da presença da Petrobras no Porto do Açu, o mesmo fenômeno vai paulatinamente acontecer com a receita municipal em SJB, sobre o tributos do ISS.
É necessário acompanhar esta dinâmica. É provável que, aos poucos o movimento de localização de bases operacionais das empresas de engenharia de petróleo em direção a SJB, venha limitar o crescimento do ISS em Macaé, ao mesmo tempo que aumentará os valores desta receita, no município sede do Porto do Açu.
terça-feira, abril 19, 2016
Transferência de cargas dos terminais de Macaé e Vila Velha para o Porto do Açu se intensificam: consequências
Um novo comunicado da US-LOG da Petrobras, indicam que as transferências das movimentações de cargas dos terminais portuários de Vila Velha, ES (CPVV) e Imbetiba, Macaé (PMAC), para o Porto do Açu - na base ainda em construção, mas já em operação no terminal 2 -segue em ritmo forte.
Trata-se de uma disputa comercial, facilitada pelo novo Plano Diretor do município de São João da Barra que considerou parte destas áreas como de uso misto (ZM - Zona Mista), podendo ser para fins de residenciais ou empresariais. O setor imobiliário atuou fortemente junto ao executivo e legislativo de SJB para ter estas garantias na nova legislação.
Circuito Espacial do Petróleo e a necessidade de um planejamento regional integrado não prescinde da diversificação
Enfim, esta movimentação seguiu a dinâmica que prevíamos aqui neste espaço (em diversas postagens desde 2012) de "espichamento" do "Circuito Espacial do Petróleo" do litoral de Macaé até SJB que tem imensa capacidade de arrasto e um movimento econômico que é diverso da "Economia dos Royalties" que é rentista e tem baixa capacidade de multiplicação em termos de valor agregado para a economia.
Aqueles que desejarem saber um pouco mais sobre o tema poderá acessar aqui um artigo acadêmico deste blogueiro-pesquisador, publicado ano passado, na revista "Espaço e Economia" que aprofunda o tema e acenava para este cenário, além de diversas outras hipóteses que ainda segue sendo apurada e descrita.
Desde o início do segundo semestre de 2014, se vive a fase de colapso (baixos preços do petróleo), mas outro "ciclo petro-econômico" virá adiante, mesmo que num horizonte de tempo maior. As dinâmicas econômico-sociais-espaciais que decorrerão de uma nova "fase de boom", no novo ciclo estão sendo definidas, em boa parte, nos dias atuais.
Sob o ponto de vista de interesse da sociedade, há que mais uma vez se lamentar que os municípios da região, não se articulem em projetos de interesse regional, que pudessem identificar complementariedade de suas economias e de esforços de políticas públicas, num cenário de menos recursos e de um governo estadual extremamente fragilizado, tanto em termos econômicos, quanto de formulação de políticas.
Evidentemente que o planejamento regional integrado, em suas estratégias econômicas deve traçar projetos e ações para diversificação econômica da região, para além da dependência do petróleo, por razões que a crise atual, finalmente deixou claro para todos, apesar dos alerta anteriores.
Porém, é também um equívoco imaginar que se possa deixar de lado o peso da Economia do Petróleo, pelos menos, para as próximas três década, em nossa região.
Depender dela é um erro, mas também não levá-la em consideração é um equívoco, até porque o capital e os interesses econômicos já o fazem e assim usam e abusam do território, interferindo sobre a região e a vida das pessoas, sem que haja um planejamento adequado e integrado das gestões públicas seja executado.
PS.: Atualizado às 15:08: para acrescentar breves informações.
PS.: Atualizado às 17:06: Depois da postagem fui procurado por jornalistas desejando mais detalhes sobre o que está postado. Tenho reclamado com alguns deles sobre a superficialidade das abordagens que pretendem. Elas acabam levando a interpretações equivocadas e incompletas sobre o fenômeno a que temos acompanhado e tentado analisar com mais profundidade e várias dimensões. Por isto, tenho mesmo me recusado a falar para alguns veículos, informando que minhas opiniões estão expressas aqui no blog e são públicas.
Neste sentido, repito que uma base portuária contratada pela Petrobras possui enorme capacidade de arrasto para outras empresas, mesmo nesta fase de baixa dos preços da "commodiy petróleo".
Neste sentido, com a redução significativa das atividades de perfuração, com o objetivo de reduzir custos por parte das petroleiras, a movimentação de cargas nas bases portuárias tende a ser menor, porque ela tende a ser basicamente para as atividades de produção.
Outro ponto importante é que não julgo correto o alvoroço que se tende a fazer sobre geração de empregos. A instalação/construção da base portuária já em curso tende a gerar mais empregos que a movimentação de cargas propriamente dita. Então se deve evitar um frisson irreal por parte da população que geram falsas expectativas.
É fato que a transferência de parte da base de apoio portuário para o Açu deve ocorrer paulatinamente, mas não creio que ela reduza tão violentamente a de Macaé. e nem aquelas que existem no Rio e atendem à exploração da Bacia de Santos e do Pré-sal.
Este processo demanda outras decisões que no setor de petróleo são verticalizadas e dependem das matrizes destas empresas de engenharia de petróleo. Algumas vezes até a interesses são articulados fora do país e longe do poder político local, regional ou nacional.
Há que se lembrar que o Porto do Açu tem como controlador um fundo financeiro (banco) americano, assim como é americano o grupo Edison Chouest que constrói a base portuária e ganhou a licitação da Petrobras, assim como outras empresas de engenharia como a Halliburton, Baker e FMC Tecnologies.
Por último, sobre o Imposto Sobre Serviços (ISS) há sim uma enorme expectativa da PMSJB sobre o incremento de receitas, mas há que se ter cuidado, como já dito sobre a capacidade de fiscalizar o pagamento deste tributo a ser cobrado sobre a fatura dos serviços de movimentação de cargas e embarque e desembarque, sob uma alíquota que é de 2,5% no município.
Aliás, é oportuno recordar que quando da apresentação do projeto do complexo portuário o empreendedor, na ocasião Eike Batista, obteve do município e da Câmara Municipal a redução da alíquota sobre serviços portuários de 5% para 2,5%.
Assim, a receita que hoje se obtiver há que ser lembrada que ela poderia ter o dobro do valor e desta forma oferecer ao município mais condições de anteder às demandas crescentes que se tem, quando o município cresce em termos de população e de demandas consequentes de educação, saúde, mobilidade, segurança, etc.
A US-LOG informou que a partir de 16/04, "os clusters PSUL-1, PSUL-2 e P-NORTE teriam saída do Porto do Açu". O comunicado diz ainda que os PLSV's atendidos por Açu terão saída cadastrada somente no cluster PSUL-1 (segunda e sexta-feira). Assim, só os nominados clusters MOP-1 e PPER-1 continuariam sendo atendidos por PMAC".
PSUL e P-NORTE são unidades de logística da Petrobras. PSLV é um tipo de embarcação para lançamento de tubos (linhas).
Esta programação pode ser confirmada por uma parte do comunicado da US-LOG da Petrobras que o blog publica ao lado.
Movimento espacial da cadeia do petróleo offshore: consequências
Esta transferência entre as bases de apoio portuárias para a exploração de petróleo offshore no litoral do sudeste brasileiro tende a arrastar cada vez mais a montagem de bases de outras empresas junto à retro-área do terminal 2 do Porto do Açu.
A manutenção destas bases no ES ou em Macaé aprofundarão seus custos, porque estas cargas terão que se deslocar com carretas até a base operacional da Edison Chouest no Açu, acrescendo despesas com fretes rodoviários.
Para entender o comunicado é necessário compreender que a Petrobras chama de "fornecedores" são as empresas que fornecem equipamentos para as suas atividades de exploração offshore, em atividades de perfuração (sondas) ou produção (plataformas e FPSOs).
Este movimento já produz aumento na arrecadação de Imposto Sobre Serviços (ISS) da Prefeitura de São João da Barra (PMSJB) que precisará fiscalizar este processo e não apenas aceitar as declarações desta base operacional portuária que gera imposto com alíquota de 2,5% do custo do frete. O blog lembra que o município de Macaé já há alguns anos tem maiores receitas com ISS do que com os royalties do petróleo, mesmo acrescidas da Participações Especiais.
Outro fato importante a ser considerado é que aos poucos, estas empresas da área de engenharia de petróleo, incluindo as de engenharia submarina - subsea - tenderão montar suas bases junto ao Porto do Açu. Este é um processo quase natural, mesmo que em ritmo mais lento do que as pessoas tendem a perceber, neste momento de crise no setor de petróleo, com os baixos preços.
PSUL e P-NORTE são unidades de logística da Petrobras. PSLV é um tipo de embarcação para lançamento de tubos (linhas).
Esta programação pode ser confirmada por uma parte do comunicado da US-LOG da Petrobras que o blog publica ao lado.
Esta transferência entre as bases de apoio portuárias para a exploração de petróleo offshore no litoral do sudeste brasileiro tende a arrastar cada vez mais a montagem de bases de outras empresas junto à retro-área do terminal 2 do Porto do Açu.
A manutenção destas bases no ES ou em Macaé aprofundarão seus custos, porque estas cargas terão que se deslocar com carretas até a base operacional da Edison Chouest no Açu, acrescendo despesas com fretes rodoviários.
Para entender o comunicado é necessário compreender que a Petrobras chama de "fornecedores" são as empresas que fornecem equipamentos para as suas atividades de exploração offshore, em atividades de perfuração (sondas) ou produção (plataformas e FPSOs).
Este movimento já produz aumento na arrecadação de Imposto Sobre Serviços (ISS) da Prefeitura de São João da Barra (PMSJB) que precisará fiscalizar este processo e não apenas aceitar as declarações desta base operacional portuária que gera imposto com alíquota de 2,5% do custo do frete. O blog lembra que o município de Macaé já há alguns anos tem maiores receitas com ISS do que com os royalties do petróleo, mesmo acrescidas da Participações Especiais.
Outro fato importante a ser considerado é que aos poucos, estas empresas da área de engenharia de petróleo, incluindo as de engenharia submarina - subsea - tenderão montar suas bases junto ao Porto do Açu. Este é um processo quase natural, mesmo que em ritmo mais lento do que as pessoas tendem a perceber, neste momento de crise no setor de petróleo, com os baixos preços.
Ontem, fazendo mais um trabalho de campo na região no entorno do Porto do Açu, nós tivemos a informação de que algumas empresas estariam temerosas de se instalar na área de Codin, por conta dos problemas das documentações das desapropriações de terras e por conta dos questionamentos judiciais deles decorrentes. Assim, elas estariam procurando e analisando outras alternativas.
Interesses comerciais
O fato pode ser real, mas também pode estar ligado a interesses e especulação de corretoras imobiliárias que organizaram áreas no entorno da retro-área do porto e do distrito industrial (DISJB) da Condin, para venda ou aluguel, para instalação destas retro-áreas ou montagens destes complexos, a um custo de arrendamento por metro quadrado, bem inferior àquele oferecido pela Codin/Prumo.
O fato pode ser real, mas também pode estar ligado a interesses e especulação de corretoras imobiliárias que organizaram áreas no entorno da retro-área do porto e do distrito industrial (DISJB) da Condin, para venda ou aluguel, para instalação destas retro-áreas ou montagens destes complexos, a um custo de arrendamento por metro quadrado, bem inferior àquele oferecido pela Codin/Prumo.
Trata-se de uma disputa comercial, facilitada pelo novo Plano Diretor do município de São João da Barra que considerou parte destas áreas como de uso misto (ZM - Zona Mista), podendo ser para fins de residenciais ou empresariais. O setor imobiliário atuou fortemente junto ao executivo e legislativo de SJB para ter estas garantias na nova legislação.
Circuito Espacial do Petróleo e a necessidade de um planejamento regional integrado não prescinde da diversificação
Enfim, esta movimentação seguiu a dinâmica que prevíamos aqui neste espaço (em diversas postagens desde 2012) de "espichamento" do "Circuito Espacial do Petróleo" do litoral de Macaé até SJB que tem imensa capacidade de arrasto e um movimento econômico que é diverso da "Economia dos Royalties" que é rentista e tem baixa capacidade de multiplicação em termos de valor agregado para a economia.
Aqueles que desejarem saber um pouco mais sobre o tema poderá acessar aqui um artigo acadêmico deste blogueiro-pesquisador, publicado ano passado, na revista "Espaço e Economia" que aprofunda o tema e acenava para este cenário, além de diversas outras hipóteses que ainda segue sendo apurada e descrita.
Desde o início do segundo semestre de 2014, se vive a fase de colapso (baixos preços do petróleo), mas outro "ciclo petro-econômico" virá adiante, mesmo que num horizonte de tempo maior. As dinâmicas econômico-sociais-espaciais que decorrerão de uma nova "fase de boom", no novo ciclo estão sendo definidas, em boa parte, nos dias atuais.
Sob o ponto de vista de interesse da sociedade, há que mais uma vez se lamentar que os municípios da região, não se articulem em projetos de interesse regional, que pudessem identificar complementariedade de suas economias e de esforços de políticas públicas, num cenário de menos recursos e de um governo estadual extremamente fragilizado, tanto em termos econômicos, quanto de formulação de políticas.
Evidentemente que o planejamento regional integrado, em suas estratégias econômicas deve traçar projetos e ações para diversificação econômica da região, para além da dependência do petróleo, por razões que a crise atual, finalmente deixou claro para todos, apesar dos alerta anteriores.
Porém, é também um equívoco imaginar que se possa deixar de lado o peso da Economia do Petróleo, pelos menos, para as próximas três década, em nossa região.
Depender dela é um erro, mas também não levá-la em consideração é um equívoco, até porque o capital e os interesses econômicos já o fazem e assim usam e abusam do território, interferindo sobre a região e a vida das pessoas, sem que haja um planejamento adequado e integrado das gestões públicas seja executado.
PS.: Atualizado às 15:08: para acrescentar breves informações.
PS.: Atualizado às 17:06: Depois da postagem fui procurado por jornalistas desejando mais detalhes sobre o que está postado. Tenho reclamado com alguns deles sobre a superficialidade das abordagens que pretendem. Elas acabam levando a interpretações equivocadas e incompletas sobre o fenômeno a que temos acompanhado e tentado analisar com mais profundidade e várias dimensões. Por isto, tenho mesmo me recusado a falar para alguns veículos, informando que minhas opiniões estão expressas aqui no blog e são públicas.
Neste sentido, repito que uma base portuária contratada pela Petrobras possui enorme capacidade de arrasto para outras empresas, mesmo nesta fase de baixa dos preços da "commodiy petróleo".
Neste sentido, com a redução significativa das atividades de perfuração, com o objetivo de reduzir custos por parte das petroleiras, a movimentação de cargas nas bases portuárias tende a ser menor, porque ela tende a ser basicamente para as atividades de produção.
Outro ponto importante é que não julgo correto o alvoroço que se tende a fazer sobre geração de empregos. A instalação/construção da base portuária já em curso tende a gerar mais empregos que a movimentação de cargas propriamente dita. Então se deve evitar um frisson irreal por parte da população que geram falsas expectativas.
É fato que a transferência de parte da base de apoio portuário para o Açu deve ocorrer paulatinamente, mas não creio que ela reduza tão violentamente a de Macaé. e nem aquelas que existem no Rio e atendem à exploração da Bacia de Santos e do Pré-sal.
Este processo demanda outras decisões que no setor de petróleo são verticalizadas e dependem das matrizes destas empresas de engenharia de petróleo. Algumas vezes até a interesses são articulados fora do país e longe do poder político local, regional ou nacional.
Há que se lembrar que o Porto do Açu tem como controlador um fundo financeiro (banco) americano, assim como é americano o grupo Edison Chouest que constrói a base portuária e ganhou a licitação da Petrobras, assim como outras empresas de engenharia como a Halliburton, Baker e FMC Tecnologies.
Por último, sobre o Imposto Sobre Serviços (ISS) há sim uma enorme expectativa da PMSJB sobre o incremento de receitas, mas há que se ter cuidado, como já dito sobre a capacidade de fiscalizar o pagamento deste tributo a ser cobrado sobre a fatura dos serviços de movimentação de cargas e embarque e desembarque, sob uma alíquota que é de 2,5% no município.
Aliás, é oportuno recordar que quando da apresentação do projeto do complexo portuário o empreendedor, na ocasião Eike Batista, obteve do município e da Câmara Municipal a redução da alíquota sobre serviços portuários de 5% para 2,5%.
Assim, a receita que hoje se obtiver há que ser lembrada que ela poderia ter o dobro do valor e desta forma oferecer ao município mais condições de anteder às demandas crescentes que se tem, quando o município cresce em termos de população e de demandas consequentes de educação, saúde, mobilidade, segurança, etc.
Preço do petróleo surpreende e chega a US$ 44
A expectativa era que a falta de acordo entre produtores (especialmente a Opep e os russos) os preços fossem voltar ao patamar da dezena dos US$ 30. Porém, o mercado no setor é volátil e cada vez mais depende de inúmeras variáveis.
Agora o valor do barril do tipo brent está sendo comercializado a US$ 44,24, segundo agência do setor financeiro Investing.com o motivo é, uma até aqui, impensada greve de trabalhadores do setor de petróleo no Kuwait, que reduziu a produção em cerca de 50%, desde domingo e já dura 3 dias.
O Kuwait produz hoje cerca de 3 milhões de barris por dia. A caída para 1,5 milhão de b/d, equivaleria exatamente, a atual sobre-oferta de petróleo no mercado mundial, o que explica que o preço do barril tenha se mantido ou ampliado levemente.O fato reduziu a oferta no mercado mundial que vive excesso de produção.
Não se espera que a greve seja longa e o ritmo da produção seja retomado o que poderá fazer com que esta variação de preços seja mais uma oscilação dentre tantas que se vive nesta fase de baixa do preço do petróleo no mercado mundial, que já dura quase dois anos.
Agora o valor do barril do tipo brent está sendo comercializado a US$ 44,24, segundo agência do setor financeiro Investing.com o motivo é, uma até aqui, impensada greve de trabalhadores do setor de petróleo no Kuwait, que reduziu a produção em cerca de 50%, desde domingo e já dura 3 dias.
O Kuwait produz hoje cerca de 3 milhões de barris por dia. A caída para 1,5 milhão de b/d, equivaleria exatamente, a atual sobre-oferta de petróleo no mercado mundial, o que explica que o preço do barril tenha se mantido ou ampliado levemente.O fato reduziu a oferta no mercado mundial que vive excesso de produção.
Não se espera que a greve seja longa e o ritmo da produção seja retomado o que poderá fazer com que esta variação de preços seja mais uma oscilação dentre tantas que se vive nesta fase de baixa do preço do petróleo no mercado mundial, que já dura quase dois anos.
domingo, abril 17, 2016
A luta pela democracia segue forte!
A tese do impedimento e do golpe passou pela Câmara. A dupla Cunha-Temer sai vitoriosa desta batalha. A trama segue seu curso.
A luta pela democracia se manterá. Agora o processo sai da Câmara e vai para o Senado que fará nova avaliação. É certo que o STF será chamado a se posicionar sobre o mérito do impedimento.
Viveremos tempos conflituosos. Como já disse a manifestação a favor do golpe/impeachment veio se reduzindo nos últimos dias.
Até as comemorações de quem entendia ser este o melhor encaminhamento são contidas, talvez envergonhada.
Defender publicamente o golpe comandado por Cunha não é fácil. E o processo de votação mostrado publicamente parece ter reforçado este sentimento.
Novas mobilizações se seguirão.
A luta pela democracia se manterá. Agora o processo sai da Câmara e vai para o Senado que fará nova avaliação. É certo que o STF será chamado a se posicionar sobre o mérito do impedimento.
Viveremos tempos conflituosos. Como já disse a manifestação a favor do golpe/impeachment veio se reduzindo nos últimos dias.
Até as comemorações de quem entendia ser este o melhor encaminhamento são contidas, talvez envergonhada.
Defender publicamente o golpe comandado por Cunha não é fácil. E o processo de votação mostrado publicamente parece ter reforçado este sentimento.
Novas mobilizações se seguirão.
Opep e outros produtores de petróleo não chegam a acordo na Suíça
Segundo a agência Reuters direto de Doha na Suíça, "os países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e outros produtores que não fazem parte da entidade não conseguiram chegar a um acordo neste domingo para congelar a produção de petróleo, disseram três fontes da indústria petrolífera à Reuters".
O restante da informação da Reuters é confusa veja:
"As fontes disseram que os membros da Opep disseram aos não membros que precisam primeiro chegar a um acordo dentro da Opep, possivelmente em uma reunião marcada para junho. Depois disso, a organização terá condições de convidar os outros produtores para negociar."
O restante da informação da Reuters é confusa veja:
"As fontes disseram que os membros da Opep disseram aos não membros que precisam primeiro chegar a um acordo dentro da Opep, possivelmente em uma reunião marcada para junho. Depois disso, a organização terá condições de convidar os outros produtores para negociar."
A princípio o que se depreende daí que que a Opep junto com a Rússia perceberam que com seus 40% da produção mundial não conseguem controlar o mercado mundial e evitar os excessos de produção, sem que o crescimento da demanda cresça e o acordo com os produtores envolvam EUA, produtores do Mar do Norte e outros, além da Opep e Rússia.
Nova reunião está sendo marcada para junho.
PS.: Atualizado às 16:23: O preço do barril do petróleo brent fechou na sexta-feira a US$ 43,11. Nos mercado se falava que a falta de um acordo da Opep e Rússia em Doha poderia fazer descer o barril em até US$ 5. Se isto acontecer amanhã veremos o barril de volta à casa dos US$ 30. A conferir!
Atualizado às 19:40: Novas informações da reunião da em Doha na Suíça indicam que a Arábia Saudita exigiu a participação do Irã na reunião da Opep, na reunião de hoje que envolveu 18 países e não apenas os membros da organização. O acordo fracassou. O fato reforçou a tese de que a Opep hoje tem limitações para coordenar o grupo de países produtores para controlar o volume e o atual excesso de produção.
PS.: Atualizado às 16:23: O preço do barril do petróleo brent fechou na sexta-feira a US$ 43,11. Nos mercado se falava que a falta de um acordo da Opep e Rússia em Doha poderia fazer descer o barril em até US$ 5. Se isto acontecer amanhã veremos o barril de volta à casa dos US$ 30. A conferir!
Atualizado às 19:40: Novas informações da reunião da em Doha na Suíça indicam que a Arábia Saudita exigiu a participação do Irã na reunião da Opep, na reunião de hoje que envolveu 18 países e não apenas os membros da organização. O acordo fracassou. O fato reforçou a tese de que a Opep hoje tem limitações para coordenar o grupo de países produtores para controlar o volume e o atual excesso de produção.
"Democracia exige refinamento que a elite não tem" por Janio de Freitas
O blog republica abaixo o texto de hoje do jornalista Janio de Freitas que está sendo replicado por diversos espaços virtuais. O texto saiu hoje na FSP e mostra como novamente a democracia vai sendo colocada de lado pelos golpistas da ocasião.
Assim, através do terceiro turno a trama midiático-jurídica-parlamentar comandada pelo Cunha tenta levar ao poder quem não tem votos. Os golpistas perderão qualquer que seja o resultado. Vale conferir.
Outra vez
Por Janio de Freitas
Chegamos a mais uma encruzilhada. Vem de longe a motivação mais profunda que aí nos põe: democracia não é para qualquer um, e o Brasil não tem aptidão para vivê-la. É historicamente inapto, como provam suas poucas e vãs tentativas.
A democracia exige certo refinamento. Sua difícil construção exige, para os passos iniciais que jamais completamos, algum desenvolvimento mental da minoritária camada da sociedade que detém os instrumentos de direção do todo; e, para levá-lo a resultados razoáveis, alguma qualidade moral, a que podemos até chamar de caráter, dessa camada.
A ridícula industrialização do Brasil só se iniciou de fato mais de 450 anos depois da chegada dos mal denominados colonizadores. Assim espelha bem a combinação de avareza e preguiça, mental e física, da classe que sempre preferiu, e prefere ainda, amontoar patrimônio a ter de trabalhar no possível investimento em produção, em crescimento, em inovação.
Daí os monstros de concreto que são nossas cidades, destino imobiliário dos resultados com a fácil exploração de mão de obra na lerdeza da agricultura e da pecuária, na mineração, no açúcar e no café. Depois, o máximo da modernidade, nas ações de uma Bolsa cujo número insignificante de empresas figurantes atesta a outra insignificância, a do próprio empresariado brasileiro.
Estamos na décima situação de golpe, consumado ou não, só no tempo de minha vida (e não sou o recordista nem entre os que escrevem na Folha). Apenas uma teve raízes fora da minoritária camada que dirige o todo. Foi a de 1935, quando Prestes precipitou uma quartelada desastrosa, que levou ao retorno absoluto do velho poder. Na décima, já seria para ter me acostumado. Nem de longe.
É no mínimo indecente que um processo de impeachment seja conduzido por quem e como é conduzido, já desde o seu primeiro ato como chantagem e vingança. É no mínimo indecente o conluio, com a indecência anterior, do partido que representa a cúpula social e econômica do país e, sobretudo, de São Paulo. É no mínimo indecente que, "ao se propor o impeachment sem cumprir os requisitos constitucionais de mérito" –palavras "em defesa da democracia" dos reitores das universidades federais–, se falsifique como crime uma prática contábil também de presidentes anteriores. E nunca reprovada. Por isso mesmo posta, desta vez, sob o apelido pejorativo de "pedaladas", para ninguém entender.
É tão legítima a operação do pretendido impeachment que têm sido de madrugada as reuniões em que o presidente da Câmara, na sua casa, articula tanto para derrubar a presidente como para salvá-lo no Conselho de Ética. A votação da Câmara logo mais ainda não é decisiva, se vitorioso o impeachment. Mas, até onde se percebe, deverá ser suficiente para dar início a preliminares de fermentação social que o governo seguinte, com o que pretende, só fará agravar. Até onde é a nova incógnita brasileira. O que, aliás, nem está questionado pela minoritária camada que dirige o todo. O que busca é esse domínio livre de divisão e contestação, exercido com os seus políticos de mãos falsamente limpas.
Assim, através do terceiro turno a trama midiático-jurídica-parlamentar comandada pelo Cunha tenta levar ao poder quem não tem votos. Os golpistas perderão qualquer que seja o resultado. Vale conferir.
Outra vez
Por Janio de Freitas
Chegamos a mais uma encruzilhada. Vem de longe a motivação mais profunda que aí nos põe: democracia não é para qualquer um, e o Brasil não tem aptidão para vivê-la. É historicamente inapto, como provam suas poucas e vãs tentativas.
A democracia exige certo refinamento. Sua difícil construção exige, para os passos iniciais que jamais completamos, algum desenvolvimento mental da minoritária camada da sociedade que detém os instrumentos de direção do todo; e, para levá-lo a resultados razoáveis, alguma qualidade moral, a que podemos até chamar de caráter, dessa camada.
A ridícula industrialização do Brasil só se iniciou de fato mais de 450 anos depois da chegada dos mal denominados colonizadores. Assim espelha bem a combinação de avareza e preguiça, mental e física, da classe que sempre preferiu, e prefere ainda, amontoar patrimônio a ter de trabalhar no possível investimento em produção, em crescimento, em inovação.
Daí os monstros de concreto que são nossas cidades, destino imobiliário dos resultados com a fácil exploração de mão de obra na lerdeza da agricultura e da pecuária, na mineração, no açúcar e no café. Depois, o máximo da modernidade, nas ações de uma Bolsa cujo número insignificante de empresas figurantes atesta a outra insignificância, a do próprio empresariado brasileiro.
Estamos na décima situação de golpe, consumado ou não, só no tempo de minha vida (e não sou o recordista nem entre os que escrevem na Folha). Apenas uma teve raízes fora da minoritária camada que dirige o todo. Foi a de 1935, quando Prestes precipitou uma quartelada desastrosa, que levou ao retorno absoluto do velho poder. Na décima, já seria para ter me acostumado. Nem de longe.
É no mínimo indecente que um processo de impeachment seja conduzido por quem e como é conduzido, já desde o seu primeiro ato como chantagem e vingança. É no mínimo indecente o conluio, com a indecência anterior, do partido que representa a cúpula social e econômica do país e, sobretudo, de São Paulo. É no mínimo indecente que, "ao se propor o impeachment sem cumprir os requisitos constitucionais de mérito" –palavras "em defesa da democracia" dos reitores das universidades federais–, se falsifique como crime uma prática contábil também de presidentes anteriores. E nunca reprovada. Por isso mesmo posta, desta vez, sob o apelido pejorativo de "pedaladas", para ninguém entender.
É tão legítima a operação do pretendido impeachment que têm sido de madrugada as reuniões em que o presidente da Câmara, na sua casa, articula tanto para derrubar a presidente como para salvá-lo no Conselho de Ética. A votação da Câmara logo mais ainda não é decisiva, se vitorioso o impeachment. Mas, até onde se percebe, deverá ser suficiente para dar início a preliminares de fermentação social que o governo seguinte, com o que pretende, só fará agravar. Até onde é a nova incógnita brasileira. O que, aliás, nem está questionado pela minoritária camada que dirige o todo. O que busca é esse domínio livre de divisão e contestação, exercido com os seus políticos de mãos falsamente limpas.
sábado, abril 16, 2016
Banco dos Brics aprova investimentos em energias renováveis para o Brasil
O banco dos Brics ou Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) aprovou nesta semana o seu primeiro pacote de empréstimos, no valor de US$ 811 milhões para projetos de energias renováveis.
O banco NBD com sede em Xangai (China) é operado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul como uma alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI). chamado de multilateral afirma que quer ser um banco da economia verde com ênfase na sustentabilidade.
Segundo Paulo Nogueira Batista, vice-presidente do NBD, o Brasil ficará com uma linha de crédito de 300 milhões de dólares (R$ 1,050 bilhão) mais de um terço do total para o desenvolvimentos de projetos no setor, que será operada pelo BNDES com os primeiros desembolsos ocorrendo ainda neste ano.
Cada membro contribui com 20% do capital do banco, tendo direito ao mesmo poder de voto. Já no que diz respeito aos empréstimos, de acordo com Batista, não há cota por país, o financiamento depende da qualidade dos projetos apresentados.
O banco NBD com sede em Xangai (China) é operado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul como uma alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI). chamado de multilateral afirma que quer ser um banco da economia verde com ênfase na sustentabilidade.
Segundo Paulo Nogueira Batista, vice-presidente do NBD, o Brasil ficará com uma linha de crédito de 300 milhões de dólares (R$ 1,050 bilhão) mais de um terço do total para o desenvolvimentos de projetos no setor, que será operada pelo BNDES com os primeiros desembolsos ocorrendo ainda neste ano.
Cada membro contribui com 20% do capital do banco, tendo direito ao mesmo poder de voto. Já no que diz respeito aos empréstimos, de acordo com Batista, não há cota por país, o financiamento depende da qualidade dos projetos apresentados.
A ousadia e a soberania do Brasil através da articulação e participação nos Brics e no NBD são partes da dimensão geopolítica que contribuem para os problemas políticos que enfrentamos internamente.
Questiona-se o papel de liderança do Brasil na América Latina e neste novo eixo de articulação comercial e geopolítica que trazem potencialidades que nos interessam.
O que se pretende é a eterna dependência e submissão do Brasil aos interesses de quem pretende manter sua hegemonia e unipolaridade, determinantes geopolíticos sobre nossa a nação e nosso povo. O Banco do Brics (NBD) está apenas em fase inicial e poderá ser importante instrumento para o nosso desenvolvimento.
PS.: Se desejar saber mais sobre o Banco dos Brics (NBD) clique aqui e acesse sua página em português.
PS.: Se desejar saber mais sobre o Banco dos Brics (NBD) clique aqui e acesse sua página em português.
Motivos para a inversão de expectativas na votação da Câmara Federal
Há muitos motivos para a inversão de expectativas com relação à votação do impeachment na Câmara no domingo, que passou a ser mais otimista para aqueles que são contra o impeachment. Assim, juntando várias informações de diferentes fontes vamos analisar dois grandes principais motivos:
1) Além da decisão de vários deputados indecisos por assumirem a posição contra o impeachment - o que pode configurar uma tendência entre os demais indecisos (mesmo que nem tão majoritária) - há disputas locais regionais intensas que pesam contra a oposição com Temer e Cunha.
É fácil de entender. A maioria destes que não informa seu voto não é do PMDB. Este partido é muito forte em termos de disputas locais e regionais com candidatos já lançados para a disputa municipal este ano e estadual em 2018. Eles são de partidos médios e menores.
Assim, muitos deles enxergam o PMDB como ameça se tiverem o controle do país, da Câmara e Senado. Desta forma, eles querem ter espaços para se posicionarem e o acordo com os partidos que apoiam a Dilma, que hoje têm menos espaços nas políticas regionais a serem defendidos, fica mais fácil. O caso do vice-presidente da Câmara Waldir Maranhão é um exemplo.
2) Outro e segundo motivo e que pode ser ser uma espécie de "pá de cal" no desejo da oposição é o surgimento de um grupo de deputados, de partidos que já se posicionaram a favor do impeachment, descontentes com esta posição pela proximidade com Cunha e com a "pecha de golpista", que sabem que pega, nas disputas locais sempre renhidas.
Este grupo que estaria ganhando corpo estaria se sentindo, cada vez mais confortável, com a nova posição, de abstenção e de ausência na votação, inclusive por conta do crescimento dos votos daqueles que são contra o impeachment.
Há que se considerar que estes dois movimentos são muitos mais difíceis de serem rechaçados e enfrentados, até pelo pouco tempo, do que o convencimento por apoio em troca de espaços na administração e no governo que a oposição também estaria oferecendo.
Estes fatos novos surgidos a partir da tarde de sexta-feira vão tentar ser rebatidos pela oposição que já se considerava vitoriosa com os placares da mídia-partido.
De outro lado estes dois argumentos podem ser ainda mais absorvidos por outros deputados, não apenas o tido como indecisos, mas aqueles que antes estavam com a oposição.
Para finalizar, há ainda que reconhecer que o movimento em defesa da democracia, muito mais que a defesa do governo cresceu enormemente na sociedade, o que acaba carimbando na oposição a posição contrária passando a ser vista como não apenas golpista, mas anti-democrática.
Com este quadro, o sábado, já iniciado e o domingo, até à votação prometem ser de grande ansiedade para toda a nação. Além disso, o mundo inteiro acompanha a movimentação política no Brasil.
PS.: É ainda evidente que a mobilização popular nas ruas e praças dos movimentos sociais são sustentáculos e base para este novo movimento na Câmara dos Deputados.
1) Além da decisão de vários deputados indecisos por assumirem a posição contra o impeachment - o que pode configurar uma tendência entre os demais indecisos (mesmo que nem tão majoritária) - há disputas locais regionais intensas que pesam contra a oposição com Temer e Cunha.
É fácil de entender. A maioria destes que não informa seu voto não é do PMDB. Este partido é muito forte em termos de disputas locais e regionais com candidatos já lançados para a disputa municipal este ano e estadual em 2018. Eles são de partidos médios e menores.
Assim, muitos deles enxergam o PMDB como ameça se tiverem o controle do país, da Câmara e Senado. Desta forma, eles querem ter espaços para se posicionarem e o acordo com os partidos que apoiam a Dilma, que hoje têm menos espaços nas políticas regionais a serem defendidos, fica mais fácil. O caso do vice-presidente da Câmara Waldir Maranhão é um exemplo.
2) Outro e segundo motivo e que pode ser ser uma espécie de "pá de cal" no desejo da oposição é o surgimento de um grupo de deputados, de partidos que já se posicionaram a favor do impeachment, descontentes com esta posição pela proximidade com Cunha e com a "pecha de golpista", que sabem que pega, nas disputas locais sempre renhidas.
Este grupo que estaria ganhando corpo estaria se sentindo, cada vez mais confortável, com a nova posição, de abstenção e de ausência na votação, inclusive por conta do crescimento dos votos daqueles que são contra o impeachment.
Há que se considerar que estes dois movimentos são muitos mais difíceis de serem rechaçados e enfrentados, até pelo pouco tempo, do que o convencimento por apoio em troca de espaços na administração e no governo que a oposição também estaria oferecendo.
Estes fatos novos surgidos a partir da tarde de sexta-feira vão tentar ser rebatidos pela oposição que já se considerava vitoriosa com os placares da mídia-partido.
De outro lado estes dois argumentos podem ser ainda mais absorvidos por outros deputados, não apenas o tido como indecisos, mas aqueles que antes estavam com a oposição.
Para finalizar, há ainda que reconhecer que o movimento em defesa da democracia, muito mais que a defesa do governo cresceu enormemente na sociedade, o que acaba carimbando na oposição a posição contrária passando a ser vista como não apenas golpista, mas anti-democrática.
Com este quadro, o sábado, já iniciado e o domingo, até à votação prometem ser de grande ansiedade para toda a nação. Além disso, o mundo inteiro acompanha a movimentação política no Brasil.
PS.: É ainda evidente que a mobilização popular nas ruas e praças dos movimentos sociais são sustentáculos e base para este novo movimento na Câmara dos Deputados.
sexta-feira, abril 15, 2016
Quem se legitimará socialmente neste processo? Os gabinetes da plutocracia ou as ruas e praças da democracia?
O blogueiro ao longo do dia postou três breves textos em seu perfil do Facebook, sobre a disputa política que se vive na atual conjuntura política em nosso Brasil.
Agora resolvi trazer estas reflexões/posições aqui também para o espaço do blog. Abaixo eles serão postados na ordem em que foram publicado no Facebook. O primeiro no final desta manhã. O segundo à tarde. E o terceiro, agora, no início da noite:
1) Quem apoia golpe, em qualquer tempo ou espaço, é golpista.
Não há como fugir desta pecha. Poderá se arrepender, mas não desmanchar o que foi feito.
O endinheiramento da política em direção ao poder vem trocando a democracia pela plutocracia, da força econômica, interferindo e decidindo no lugar da população.
Reforçar este viés com movimento liderado por Cunha, Temer e a Globo é golpe a ser rechaçado com todas as nossas forças.
O Brasil seguirá adiante.
2) A mídia internacional segue afirmando o absurdo do impeachment contra a presidenta Dilma. As últimas foram as capas do jornal americano The New York Times e do inglês The Guardian.
Agora no site do jornal espanhol El País no meio da matéria ele repete o que estes outros dois jornais já veem falando. Vou pegar apenas uma parte do texto e mesmo sem tradução é fácil entender:
“...los pecados de Rousseff parecen proporcionalmente pequeños ante un Congreso atestado de diputados investigados por corrupción –y asustado con el caso Petrobras– que en el último año se ha especializado, además, en aprobar aumentos de gastos populistas. Rousseff no está implicada en ningún caso de corrupción. Nadie la ha acusado hasta ahora de haberse llevado un solo real a su casa. La paradoja ha sumergido a los brasileños en una exaltada discusión sobre la naturaleza del impeachment, mezcla de juicio jurídico y voto de desconfianza parlamentaria...”
Os golpistas entraram por um caminho sem volta. Acreditam que se sustentam com a mídia comercial que os lidera como se partido fosse. Têm no mínimo a grande desconfiança da base maior da pirâmide social brasileira. E o rechaço da mídia internacional que enxergam e verbalizam a trama midiático-jurídico-parlamentar.
Se ainda assim alcançarem o golpe terão imensas dificuldades para propor alguma "concertação político-econômica-social". Ainda mais propondo a "Ponte para o Inferno" com cortes de programas sociais, reforma radical da previdência, redução dos reajustes do salário mínimo, privatizações, etc.
A disputa assim sai das coalizões administrativas e tende a radicalizar a democracia, com a intensificação dos conflitos em busca de uma nova hegemonia entre a defesa da orientação do voto popular e os golpes de gabinete. O outro lado, é a supressão do Estado Democrático e de Direito e o Estado de Exceção.
Quem se legitimará socialmente neste processo? Os gabinetes da plutocracia ou as ruas e praças da democracia?
3) Alguns avaliam o quadro político atual, caso o golpe se efetive, como pior do que de 64. É possível, mesmo que tendamos sempre a valorizar mais o presente, pela ansiedade de quem está vivendo a crise em curso.
Porém, o quadro institucional brasileiro ao contrário do que imaginávamos parece manter sua instabilidade e controle das elites econômicas que financiam e comandam o poder político.
O jornalista César Felício, hoje, em sua coluna no Valor, lembra que desde 1891, portanto em 125 anos, o Brasil teve 24 presidentes e destes, caso haja o golpe, Temer se tornaria, o 8º vice-presidente a comandar nosso país.
Felício lembra ainda que, (com esta nova tentativa de golpe, contra o qual ainda se luta - observação minha), faria com que o ex-presidente Lula, passe a ser o único presidente, desde 1926, que recebeu o poder de um antecessor eleito como presidente e o passou a outro, na mesma condição.
Assim, observando a história, sem deixar de lado as questões da atual conjuntura e nem os detalhes das situações anteriores, esta sucessão de casos poderia, ou deveria, nos trazer ainda mais interesse e motivação, para lutar pelo Estado Democrático e Direito e contra o golpe, e desta forma, romper mais um paradigma, dentre tantos que temos ainda pela frente.
Os adversários de hoje são os mesmos de antes, mas sempre se pode reescrever uma nova história, especialmente, quando o objetivo é o de impedir mais um golpe.
Agora resolvi trazer estas reflexões/posições aqui também para o espaço do blog. Abaixo eles serão postados na ordem em que foram publicado no Facebook. O primeiro no final desta manhã. O segundo à tarde. E o terceiro, agora, no início da noite:
1) Quem apoia golpe, em qualquer tempo ou espaço, é golpista.
Não há como fugir desta pecha. Poderá se arrepender, mas não desmanchar o que foi feito.
O endinheiramento da política em direção ao poder vem trocando a democracia pela plutocracia, da força econômica, interferindo e decidindo no lugar da população.
Reforçar este viés com movimento liderado por Cunha, Temer e a Globo é golpe a ser rechaçado com todas as nossas forças.
O Brasil seguirá adiante.
2) A mídia internacional segue afirmando o absurdo do impeachment contra a presidenta Dilma. As últimas foram as capas do jornal americano The New York Times e do inglês The Guardian.
Agora no site do jornal espanhol El País no meio da matéria ele repete o que estes outros dois jornais já veem falando. Vou pegar apenas uma parte do texto e mesmo sem tradução é fácil entender:
“...los pecados de Rousseff parecen proporcionalmente pequeños ante un Congreso atestado de diputados investigados por corrupción –y asustado con el caso Petrobras– que en el último año se ha especializado, además, en aprobar aumentos de gastos populistas. Rousseff no está implicada en ningún caso de corrupción. Nadie la ha acusado hasta ahora de haberse llevado un solo real a su casa. La paradoja ha sumergido a los brasileños en una exaltada discusión sobre la naturaleza del impeachment, mezcla de juicio jurídico y voto de desconfianza parlamentaria...”
Os golpistas entraram por um caminho sem volta. Acreditam que se sustentam com a mídia comercial que os lidera como se partido fosse. Têm no mínimo a grande desconfiança da base maior da pirâmide social brasileira. E o rechaço da mídia internacional que enxergam e verbalizam a trama midiático-jurídico-parlamentar.
Se ainda assim alcançarem o golpe terão imensas dificuldades para propor alguma "concertação político-econômica-social". Ainda mais propondo a "Ponte para o Inferno" com cortes de programas sociais, reforma radical da previdência, redução dos reajustes do salário mínimo, privatizações, etc.
A disputa assim sai das coalizões administrativas e tende a radicalizar a democracia, com a intensificação dos conflitos em busca de uma nova hegemonia entre a defesa da orientação do voto popular e os golpes de gabinete. O outro lado, é a supressão do Estado Democrático e de Direito e o Estado de Exceção.
Quem se legitimará socialmente neste processo? Os gabinetes da plutocracia ou as ruas e praças da democracia?
3) Alguns avaliam o quadro político atual, caso o golpe se efetive, como pior do que de 64. É possível, mesmo que tendamos sempre a valorizar mais o presente, pela ansiedade de quem está vivendo a crise em curso.
Porém, o quadro institucional brasileiro ao contrário do que imaginávamos parece manter sua instabilidade e controle das elites econômicas que financiam e comandam o poder político.
O jornalista César Felício, hoje, em sua coluna no Valor, lembra que desde 1891, portanto em 125 anos, o Brasil teve 24 presidentes e destes, caso haja o golpe, Temer se tornaria, o 8º vice-presidente a comandar nosso país.
Felício lembra ainda que, (com esta nova tentativa de golpe, contra o qual ainda se luta - observação minha), faria com que o ex-presidente Lula, passe a ser o único presidente, desde 1926, que recebeu o poder de um antecessor eleito como presidente e o passou a outro, na mesma condição.
Assim, observando a história, sem deixar de lado as questões da atual conjuntura e nem os detalhes das situações anteriores, esta sucessão de casos poderia, ou deveria, nos trazer ainda mais interesse e motivação, para lutar pelo Estado Democrático e Direito e contra o golpe, e desta forma, romper mais um paradigma, dentre tantos que temos ainda pela frente.
Os adversários de hoje são os mesmos de antes, mas sempre se pode reescrever uma nova história, especialmente, quando o objetivo é o de impedir mais um golpe.
quinta-feira, abril 14, 2016
Governo do México decide capitalizar sua estatal de Petróleo em US$ 4,2 bilhões
Veja como os fatos e que passam batidos na mídia comercial nacional.
O governo do México decidiu nesta semana injetar US$ 4,2 bilhões (ou R$ 14,5 bilhões) na Pemex, a Petrobras daquele país, que é a oitava maior petroleira do mundo.
Imaginem isto aqui no Brasil!!!
Os motivos?
A capitalização da Pemex tem a função de ajudar a petroleira a pagar as aposentadorias este ano, considerando os baixos preços do petróleo e a uma queda de produção da estatal do petróleo do México.
A Pemex passa por um aperto de caixa (e liquidez) com US$ 6,9 bilhões (cerca de R$ 24 bilhões) de dívidas vencidas com fornecedores.
E quase todos os dias, eu ouço defensores do mercado elogiarem o México e suas políticas.
Assim, volto a repetir: imaginem isso no Brasil sobre uma possível do governo brasileiro para capitalizar a Petrobras para esta poder pagar dívidas com fornecedores e aposentadorias.
O governo do México decidiu nesta semana injetar US$ 4,2 bilhões (ou R$ 14,5 bilhões) na Pemex, a Petrobras daquele país, que é a oitava maior petroleira do mundo.
Imaginem isto aqui no Brasil!!!
Os motivos?
A capitalização da Pemex tem a função de ajudar a petroleira a pagar as aposentadorias este ano, considerando os baixos preços do petróleo e a uma queda de produção da estatal do petróleo do México.
A Pemex passa por um aperto de caixa (e liquidez) com US$ 6,9 bilhões (cerca de R$ 24 bilhões) de dívidas vencidas com fornecedores.
E quase todos os dias, eu ouço defensores do mercado elogiarem o México e suas políticas.
Assim, volto a repetir: imaginem isso no Brasil sobre uma possível do governo brasileiro para capitalizar a Petrobras para esta poder pagar dívidas com fornecedores e aposentadorias.
Segundo a Opep, o Brasil terá em 2016 uma das mais altas produções de petróleo no mundo
Em matéria do correspondente do Estadão, Fernando Nakagawa (vide aqui), ele reproduz dados do relatório de abril da Opep (Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo) sobre a situação da produção mundial de petróleo.
Certamente, é baseado nos dados deste relatório que a Opep e outros produtores tomarão decisão na reunião do próximo domingo (17/04) sobre a limitação da produção de petróleo, para manter a recuperação dos preços do barril.
É interessante observar alguns destes dados. Há pelo menos um dele que está incorreto. Sobre a produção mundial de petróleo que cita o volume de 62,7 milhões de barris por dia, previsto para 2016, contra 63,3 milhões do ano passado, 2015. As informações do setor dão conta que a produção mundial de petróleo estão em torno de 95,5 milhões de barris por dia.
O quadro geral mostra como o Brasil se situa bem no quadro geral, a despeito do que se tenta convencer internamente. O Brasil estaria entre as nações que terão este ano, o maior percentual de aumento da produção de petróleo, mesmo com a atual fase de baixos preços. A matéria não fala, mas penso que nesta avaliação, a Opep exclui os seus membros.
O Brasil será seguido pelo Canadá, Malásia e outros. Enquanto os EUA com previsão de produção de menos 400 mil barris por dia e México, Reino Unido (incluindo Noruega e Mar do Norte) e China deverá ter produção menor do que em 2015 de cerca de 100 mil barris por dia, cada um.
Certamente, é baseado nos dados deste relatório que a Opep e outros produtores tomarão decisão na reunião do próximo domingo (17/04) sobre a limitação da produção de petróleo, para manter a recuperação dos preços do barril.
É interessante observar alguns destes dados. Há pelo menos um dele que está incorreto. Sobre a produção mundial de petróleo que cita o volume de 62,7 milhões de barris por dia, previsto para 2016, contra 63,3 milhões do ano passado, 2015. As informações do setor dão conta que a produção mundial de petróleo estão em torno de 95,5 milhões de barris por dia.
O quadro geral mostra como o Brasil se situa bem no quadro geral, a despeito do que se tenta convencer internamente. O Brasil estaria entre as nações que terão este ano, o maior percentual de aumento da produção de petróleo, mesmo com a atual fase de baixos preços. A matéria não fala, mas penso que nesta avaliação, a Opep exclui os seus membros.
O Brasil será seguido pelo Canadá, Malásia e outros. Enquanto os EUA com previsão de produção de menos 400 mil barris por dia e México, Reino Unido (incluindo Noruega e Mar do Norte) e China deverá ter produção menor do que em 2015 de cerca de 100 mil barris por dia, cada um.
Nesta tabulação, eu penso que o relatório da Opep leva em consideração os barris equivalentes em óleo (boe) que é a soma da produção de óleo e gás, contabilizados juntos e em proporção equivalente.
Outro ponto a ser comentado é que a previsão que a Opep faz da redução da produção que a Bacia de Campos terá em 2016, de cerca de 250 mil b/d, que deverá ser suplantada pelo aumento de produção nas reservas do pré-sal brasileiro.
Segundo a Opep, no último trimestre deste ano a produção de petróleo e gás no Brasil chegará ao volume de 3,3 milhões de boe/d, com uma média anual de 3,1 milhões de boe/dia.
Outro ponto a ser comentado é que a previsão que a Opep faz da redução da produção que a Bacia de Campos terá em 2016, de cerca de 250 mil b/d, que deverá ser suplantada pelo aumento de produção nas reservas do pré-sal brasileiro.
Segundo a Opep, no último trimestre deste ano a produção de petróleo e gás no Brasil chegará ao volume de 3,3 milhões de boe/d, com uma média anual de 3,1 milhões de boe/dia.
A leitura que a Opep faz da produção de petróleo extra os seus membros tem a função de avaliar as consequências de sua decisão no próximo domingo (17/04).
Hoje a Opep tem apenas cerca de 1/3 da produção mundial. Os EUA cerca de 10%. A Rússia também com cerca de 10% da produção mundial também estará na reunião da Opep na Suíça, o que eleva o patamar dos países reunidos para próximo da metade da produção mundial.
Assim, há que considerar que o movimento de produção nos outros 50% poderá reduzir as consequências da decisão de limitar a produção de petróleo no mundo para reduzir o excesso hoje existente no mercado.
Por isso, estão de olho no Brasil que geopoliticamente passou a ser foco de outros interesses em acessar a rica camada de petróleo do pré-sal. A exploração das reservas do pré-sal passou a ser oferecida pelos mesmos que defendem o impeachment da presidente Dilma. Não por acaso, aí está uma das dimensões da crise política atual.
PS.: Atualizado às 13:44: Para ajustar redação do texto.
Hoje a Opep tem apenas cerca de 1/3 da produção mundial. Os EUA cerca de 10%. A Rússia também com cerca de 10% da produção mundial também estará na reunião da Opep na Suíça, o que eleva o patamar dos países reunidos para próximo da metade da produção mundial.
Assim, há que considerar que o movimento de produção nos outros 50% poderá reduzir as consequências da decisão de limitar a produção de petróleo no mundo para reduzir o excesso hoje existente no mercado.
Por isso, estão de olho no Brasil que geopoliticamente passou a ser foco de outros interesses em acessar a rica camada de petróleo do pré-sal. A exploração das reservas do pré-sal passou a ser oferecida pelos mesmos que defendem o impeachment da presidente Dilma. Não por acaso, aí está uma das dimensões da crise política atual.
PS.: Atualizado às 13:44: Para ajustar redação do texto.
quarta-feira, abril 13, 2016
Ainda sobre os relatórios das agências de risco, sobre as empresas do setor de petróleo
Ontem, publicamos aqui e no perfil do blog no Facebook a informação sobre a decisão da agência de riscos Mooody´s sobre a redução das notas e classificação de três grandes petroleiras, Shell, Chevron e Total que causaram uma enorme surpresa, mesmo entre pessoas bem informadas sobre o setor, porque a notícia no Brasil ficou escondida nos pé de página dos impressos ou dos portais.
Pois bem, hoje se tem a notícia que outra agência de classificação de riscos, a Fitch Raings Inc. divulgará ainda esta semana, relatório que informa que 60% das empresa do setor de petróleo, sem nota de crédito, ou com baixas notas de grau de investimentos, serão classificadas como de risco de inadimplência. Segundo, a diretora da área de finanças da Fitch, Sharon Bonelli, "a situação está feia".
Os problemas globais do setor mostram a cada vez maior relação com o setor financeiro. Assim, a repercussão da fase de baixa do ciclo do petróleo repercute imediatamente sobre os bancos. Segundo matéria hoje do WSJ, os bancos devem cortar as linhas de crédito numa média superior a 30% para as petroleiras.
Desta forma, as empresas do setor de petróleo com menos créditos, terão ainda mais dificuldades para sair da atual situação, decorrente do excesso de produção e crescimento limitado da demanda por petróleo.
Apavorados com o atual quadro, os quatro maiores bancos americanos J.P. Morgan Chase & Co.; Bank of America Corp.; Citigroup Inc. e Wells Fargo & Co. se dispõem a manter algum crédito, mas ainda preocupados porque o petróleo segue em torno dos US$ 40, o barril, o que não oferece segurança e ou garantia para ter o dinheiro de volta.
Desde ontem, o barril de petróleo brent subiu para o patamar dos US$ 44, diante da expectativa da reunião da Opep junto com os produtores russos, para tentar chegar a um acordo sobre a limitação da produção aos níveis de janeiro.
Há dúvidas se este acordo vingará, porque estariam de fora do acordo outros grandes produtores. O movimento para um lado ou outro trará novas oscilações nos preços, mas não devem alterar na essência a dinâmica principal sobre novos investimentos no setor.
No médio prazo, digamos que de quase uma década, o quadro atual pode estar apontando, para uma nova fase de altos preços do barril de petróleo. Por isto, as reservas já existentes terão tanta importância. A conferir!
Pois bem, hoje se tem a notícia que outra agência de classificação de riscos, a Fitch Raings Inc. divulgará ainda esta semana, relatório que informa que 60% das empresa do setor de petróleo, sem nota de crédito, ou com baixas notas de grau de investimentos, serão classificadas como de risco de inadimplência. Segundo, a diretora da área de finanças da Fitch, Sharon Bonelli, "a situação está feia".
Os problemas globais do setor mostram a cada vez maior relação com o setor financeiro. Assim, a repercussão da fase de baixa do ciclo do petróleo repercute imediatamente sobre os bancos. Segundo matéria hoje do WSJ, os bancos devem cortar as linhas de crédito numa média superior a 30% para as petroleiras.
Desta forma, as empresas do setor de petróleo com menos créditos, terão ainda mais dificuldades para sair da atual situação, decorrente do excesso de produção e crescimento limitado da demanda por petróleo.
Apavorados com o atual quadro, os quatro maiores bancos americanos J.P. Morgan Chase & Co.; Bank of America Corp.; Citigroup Inc. e Wells Fargo & Co. se dispõem a manter algum crédito, mas ainda preocupados porque o petróleo segue em torno dos US$ 40, o barril, o que não oferece segurança e ou garantia para ter o dinheiro de volta.
Desde ontem, o barril de petróleo brent subiu para o patamar dos US$ 44, diante da expectativa da reunião da Opep junto com os produtores russos, para tentar chegar a um acordo sobre a limitação da produção aos níveis de janeiro.
Há dúvidas se este acordo vingará, porque estariam de fora do acordo outros grandes produtores. O movimento para um lado ou outro trará novas oscilações nos preços, mas não devem alterar na essência a dinâmica principal sobre novos investimentos no setor.
No médio prazo, digamos que de quase uma década, o quadro atual pode estar apontando, para uma nova fase de altos preços do barril de petróleo. Por isto, as reservas já existentes terão tanta importância. A conferir!
TJ-RJ condenou a OSX a pagar R$ 300 milhões à empresa espanhola Acciona
O Valor Online, em matéria do Francisco Góes informa hoje que a 39ª Varia Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) determinou em decisão liminar o arresto das plataformas OSX-1 e OSX-3 e também a condenação em primeira instância do pagamento de R$ 300 milhões à empresa espanhola Acciona.
O valor requerido judicialmente é referente às obras que a Acciona realizou para a construção de parte do terminal 2 do Porto do Açu e do estaleiro (Unidade de Construção Naval - UCN) da OSX que teve suas obras de implantação interrompidas com a crise das empresa do empresário Eike Batista.
A OSX é uma holding que possui outras empresas, como a OSX Leasing, como se de na Holanda - que já teve falência decretada na Holanda - e a OSX Serviços que se encontra em recuperação judicial com diversas dívidas, entre elas, esta com a Acciona. Hoje, a plataforma OSX-1 está Noruega para ser vendida, possivelmente, em partes. Já a plataforma OSX-3 está parada junto ao campo Tubarão Martelo da OGX, onde produzia.
A empresa Acciona durante o período que atuou no Açu mais fortemente, chegou a ter milhares de empregados e a cobrança de seus serviços junto à OSX questionada. Trabalhadores recrutados no Nordeste denunciaram na ocasião que não trabalhavam, ficavam num enorme alojamento no Açu com cerca de dez grandes galpões e seus serviços eram cobrados à OSX.
A suspensão das obras gerou tumultos, desligamentos, reuniões de trabalhadores com sindicato no campo de futebol do Goytacaz em Campos e dívidas deixadas junto a pequenos comércios e empresas de prestação de serviços, localizados em São João da Barra, especialmente no entorno do Porto do Açu.
Os galpões da UCN/OSX estão abandonados e suas instalações incompletas se deteriorando. A área onde estes galpões estavam sendo instalados a OSX obteve como arrendamento da área da Prumo (ex-LLX).
Diante da fase de recuperação judicial da OSX, a Prumo conseguiu obter o direito de buscar novas finalidade para a área. (Veja aqui informação do blog sobre o assunto, em 4 de agosto de 2015).
Reassumindo a área obtida em grande parte com a desapropriação de terrenos de loteamentos em Barra do Açu, a Prumo espera obter e contabilizar os valores não pagos pela OSX como aluguel dos 3,2 milhões de m², hoje, voltados para o cais do Terminal 2 do Porto do Açu, conforme foto aérea ao lado. Até hoje, nenhuma outra empresa foi convencida para se instalar no local.
Hoje a Acciona, mantém um pequeno escritório em SJB, alguns poucos funcionários e a promessa de pegar uma obra junto ao terminal 2 (muro de contenções). Seu enorme alojamento no Açu está completamente abandonado com o mato crescendo e apenas um vigilante para evitar a invasão.
PS.: Atualização às 17:06: Segundo outra fonte do blog a Acciona hoje teria pouco mais de 40 funcionários na obra do moro de contenções (ou espadão) e a empresa estaria aguardando outros contratos junto à Prumo, entre eles um para execução de vigas de estruturas também no terminal 2.
O valor requerido judicialmente é referente às obras que a Acciona realizou para a construção de parte do terminal 2 do Porto do Açu e do estaleiro (Unidade de Construção Naval - UCN) da OSX que teve suas obras de implantação interrompidas com a crise das empresa do empresário Eike Batista.
A OSX é uma holding que possui outras empresas, como a OSX Leasing, como se de na Holanda - que já teve falência decretada na Holanda - e a OSX Serviços que se encontra em recuperação judicial com diversas dívidas, entre elas, esta com a Acciona. Hoje, a plataforma OSX-1 está Noruega para ser vendida, possivelmente, em partes. Já a plataforma OSX-3 está parada junto ao campo Tubarão Martelo da OGX, onde produzia.
A empresa Acciona durante o período que atuou no Açu mais fortemente, chegou a ter milhares de empregados e a cobrança de seus serviços junto à OSX questionada. Trabalhadores recrutados no Nordeste denunciaram na ocasião que não trabalhavam, ficavam num enorme alojamento no Açu com cerca de dez grandes galpões e seus serviços eram cobrados à OSX.
A suspensão das obras gerou tumultos, desligamentos, reuniões de trabalhadores com sindicato no campo de futebol do Goytacaz em Campos e dívidas deixadas junto a pequenos comércios e empresas de prestação de serviços, localizados em São João da Barra, especialmente no entorno do Porto do Açu.
Os galpões da UCN/OSX estão abandonados e suas instalações incompletas se deteriorando. A área onde estes galpões estavam sendo instalados a OSX obteve como arrendamento da área da Prumo (ex-LLX).
Diante da fase de recuperação judicial da OSX, a Prumo conseguiu obter o direito de buscar novas finalidade para a área. (Veja aqui informação do blog sobre o assunto, em 4 de agosto de 2015).
Reassumindo a área obtida em grande parte com a desapropriação de terrenos de loteamentos em Barra do Açu, a Prumo espera obter e contabilizar os valores não pagos pela OSX como aluguel dos 3,2 milhões de m², hoje, voltados para o cais do Terminal 2 do Porto do Açu, conforme foto aérea ao lado. Até hoje, nenhuma outra empresa foi convencida para se instalar no local.
Hoje a Acciona, mantém um pequeno escritório em SJB, alguns poucos funcionários e a promessa de pegar uma obra junto ao terminal 2 (muro de contenções). Seu enorme alojamento no Açu está completamente abandonado com o mato crescendo e apenas um vigilante para evitar a invasão.
PS.: Atualização às 17:06: Segundo outra fonte do blog a Acciona hoje teria pouco mais de 40 funcionários na obra do moro de contenções (ou espadão) e a empresa estaria aguardando outros contratos junto à Prumo, entre eles um para execução de vigas de estruturas também no terminal 2.
terça-feira, abril 12, 2016
Agência de risco corta nota de 3 grandes petroleiras: Shell, Chevron e Total
Sim, a notícia passou batida e no máximo foi pé de página. Eu só tomei conhecimento através do amigo, professor Hélio Gomes. Veja abaixo link para a matéria que saiu no Valor Online, sem destaque: "Moody´s corta notas de crédito da Shell, Chevron e Total". Na íntegra pode ser lida aqui.
Uma das tais agências de risco, a Moody´s cortou, na última sexta-feira, as notas de três grandes petroleiras: a anglo-holandesa, Shell, a americana Chevron e a francesa Total.
Medida igual contra a Petrobras foi até comemorada pela mídia comercial nacional, sempre querendo atribuir o problema do ciclo do petróleo, às questões de gestão da empresa, exclusivamente, como se não houvesse nada relacionado à fase de baixos preços e de crise deste setor da economia que é global.
A Moody´s também confirma o que vimos falando aqui, o novo "ciclo petro-econômico" ainda não se iniciou, por isso a fase de baixa, mesmo que não seja do pico mínimo, visto em janeiro, ainda permanecerá e continuará atingindo não só as petroleiras, mas também as empresas de engenharia que atuam no setor.
As contradições são escondidas para permitir a construção da narrativa na qual as pessoas acabam enredadas numa "gaiola mental" construída pela trama midiática-jurídica-parlamentar.
O alvo são os Brics e o Pré-sal brasileiro. O poder político nacional é um dos instrumentos. Por isso precisa ser golpeado, a partir destas narrativas.
Assim, apontar as inconsistências e contradição destas narrativas fazem parte da resistência da população e dos setores organizados. Sigamos em frente!
Uma das tais agências de risco, a Moody´s cortou, na última sexta-feira, as notas de três grandes petroleiras: a anglo-holandesa, Shell, a americana Chevron e a francesa Total.
Medida igual contra a Petrobras foi até comemorada pela mídia comercial nacional, sempre querendo atribuir o problema do ciclo do petróleo, às questões de gestão da empresa, exclusivamente, como se não houvesse nada relacionado à fase de baixos preços e de crise deste setor da economia que é global.
A Moody´s também confirma o que vimos falando aqui, o novo "ciclo petro-econômico" ainda não se iniciou, por isso a fase de baixa, mesmo que não seja do pico mínimo, visto em janeiro, ainda permanecerá e continuará atingindo não só as petroleiras, mas também as empresas de engenharia que atuam no setor.
As contradições são escondidas para permitir a construção da narrativa na qual as pessoas acabam enredadas numa "gaiola mental" construída pela trama midiática-jurídica-parlamentar.
O alvo são os Brics e o Pré-sal brasileiro. O poder político nacional é um dos instrumentos. Por isso precisa ser golpeado, a partir destas narrativas.
Assim, apontar as inconsistências e contradição destas narrativas fazem parte da resistência da população e dos setores organizados. Sigamos em frente!
"Não se pode converter o impeachment em recall. (Entre pedaladas e punhaladas hermenêuticas)"
O advogado e professor de Direito Administrativo, Marcus Filgueiras publicou aqui em seu blog Direito Administrativo Internacional, uma interessante e lúcida análise sobre o processo de impeachment em curso atualmente na Câmara Federal. O título é: "Não se pode converter o impeachment em recall. (Entre pedaladas e punhaladas hermenêuticas)".
Embora, o assunto esteja sendo debatido de forma enviesada, segundo interesses apenas políticos, eu penso que insistir em entender a questão é nosso dever. Assim, sugiro a leitura na íntegra da análise do Filgueiras. Abaixo publico apenas a parte final do seu texto:
"O fato é que todos queremos um País melhor. Sou contra a corrupção. Deve ser apurada e punida, seja o infrator de que partido for. É importante ser firme neste aspecto. E sei que estamos todos aflitos e cansados neste momento.
No entanto, espero que todas as medidas sejam adotadas dentro do Estado de Direito. Não podemos nos igualar aos malfeitores. Não se corrige erros cometendo novos erros. O argumento de que os fins justificam os meios não poderá vencer. E, por favor, deixemos os personalismos e também os antipersonalismos que servem ao mesmo propósito.
Por essas razões, espero que os pedidos de impeachment que levantaram as questões comentadas sejam rejeitados se não restar caracterizado crime de responsabilidade de modo objetivo e inequívoco. Espero que sejam rechaçados do mesmo modo que o foram diversos outros pedidos de impedimento ao longo da história que não lograram comprovar a configuração de crime de responsabilidade.
Para avançarmos enquanto País e sociedade, necessitamos de firmeza e coragem, mas também de paciência e serenidade. Não nos deixemos atuar por ondas emotivas, ufanismos interesseiros ou maniqueísmos imaturos. Não espalhemos o espírito de guerra e de confronto sangrento. Saibamos assumir nossa opinião, mas buscando a conciliação e mantendo o respeito."
Embora, o assunto esteja sendo debatido de forma enviesada, segundo interesses apenas políticos, eu penso que insistir em entender a questão é nosso dever. Assim, sugiro a leitura na íntegra da análise do Filgueiras. Abaixo publico apenas a parte final do seu texto:
"O fato é que todos queremos um País melhor. Sou contra a corrupção. Deve ser apurada e punida, seja o infrator de que partido for. É importante ser firme neste aspecto. E sei que estamos todos aflitos e cansados neste momento.
No entanto, espero que todas as medidas sejam adotadas dentro do Estado de Direito. Não podemos nos igualar aos malfeitores. Não se corrige erros cometendo novos erros. O argumento de que os fins justificam os meios não poderá vencer. E, por favor, deixemos os personalismos e também os antipersonalismos que servem ao mesmo propósito.
Por essas razões, espero que os pedidos de impeachment que levantaram as questões comentadas sejam rejeitados se não restar caracterizado crime de responsabilidade de modo objetivo e inequívoco. Espero que sejam rechaçados do mesmo modo que o foram diversos outros pedidos de impedimento ao longo da história que não lograram comprovar a configuração de crime de responsabilidade.
Para avançarmos enquanto País e sociedade, necessitamos de firmeza e coragem, mas também de paciência e serenidade. Não nos deixemos atuar por ondas emotivas, ufanismos interesseiros ou maniqueísmos imaturos. Não espalhemos o espírito de guerra e de confronto sangrento. Saibamos assumir nossa opinião, mas buscando a conciliação e mantendo o respeito."
domingo, abril 10, 2016
Especulação e lucro com petróleo
Dando sequência ao acompanhamento empírico que venho fazendo sobre o setor de petróleo na economia global foi possível confirmar uma hipótese que já apresentei aqui, neste espaço e em alguns debates, sobre os lucros das tradings que fazem a intermediação e o comércio de petróleo a nível mundial.
Pois bem, no ano de 2015, mesmo diante da forte e longa fase de baixa dos preços do barril de petróleo no mercado mundial, as tradings que trabalham com a comercialização do petróleo - a mercadoria mais negociada do mundo - tiveram lucros recordes.
Vejam a contradição, mesmo com os baixíssimos preços, as margens de lucro desta tradings foram maiores até do que o período de 2010-2014, o mais longo de toda a história do comércio de petróleo em que os preços estiveram acima de US$ 100, o barril.
O que isto quer dizer? Isto significa que estas fases de mais alto preço e mais baixos preços geram maiores oscilações (como temos visto nos preços, mesmo em torno de patamares baixos).
As empresas que fazem intermediação lucram exatamente na diferença entre o valor de compra e o valor de venda. Assim, as especulações e notícias plantadas sobre possíveis mudanças nos patamares de preço, servem de fontes de lucros.
Para compreender melhor este fenômeno vamos aos dados da realidade empírica. Esta semana, o barril do preço do petróleo abriu a semana a US$ 38,30 e fechou na sexta-feira, a US$ 41,85. Quase 10% de variação, em apenas cinco dias úteis. E observem que este movimento de ida e vinda já se repetiu inúmeras vezes, desde fevereiro.
É assim, que as tradings suíças Gunvor Group, Trafigura Group e Vitol Group tiveram lucros bilionários, sem se envolver em prospecção, produção, refino ou distribuição.
No máximo se articulam com instalações para estocagem e transporte enquanto negociam o petróleo, podendo entregá-lo, junto ou próximo ao poço, ou na refinaria, conforme o contrato de comercialização.
É possível ainda enxergar a profunda relação entre o sistema financeiro (fundos) e as tradings numa articulação da etapa de circulação entre a produção e o consumo que o professor Dowbor (2013) chama de Economia do Pedágio.
Desconhecer estes movimentos e ficar repetindo aquilo que a mídia comercial é paga para falar e que interessa aos rentistas, que desejam apenas faturar, sem nenhuma preocupação com a Nação, são os detalhes do golpe.
Ele objetiva o rechaço aos Brics e a entrega de nossas reservas do Pré-sal. Os negócios do petróleo e a geopolítica da energia trazem evidências sobre a dinâmica em curso na atual conjuntura política do Brasil.
Pois bem, no ano de 2015, mesmo diante da forte e longa fase de baixa dos preços do barril de petróleo no mercado mundial, as tradings que trabalham com a comercialização do petróleo - a mercadoria mais negociada do mundo - tiveram lucros recordes.
Navios petroleiros que trabalham para as tradings |
O que isto quer dizer? Isto significa que estas fases de mais alto preço e mais baixos preços geram maiores oscilações (como temos visto nos preços, mesmo em torno de patamares baixos).
As empresas que fazem intermediação lucram exatamente na diferença entre o valor de compra e o valor de venda. Assim, as especulações e notícias plantadas sobre possíveis mudanças nos patamares de preço, servem de fontes de lucros.
Para compreender melhor este fenômeno vamos aos dados da realidade empírica. Esta semana, o barril do preço do petróleo abriu a semana a US$ 38,30 e fechou na sexta-feira, a US$ 41,85. Quase 10% de variação, em apenas cinco dias úteis. E observem que este movimento de ida e vinda já se repetiu inúmeras vezes, desde fevereiro.
É assim, que as tradings suíças Gunvor Group, Trafigura Group e Vitol Group tiveram lucros bilionários, sem se envolver em prospecção, produção, refino ou distribuição.
No máximo se articulam com instalações para estocagem e transporte enquanto negociam o petróleo, podendo entregá-lo, junto ou próximo ao poço, ou na refinaria, conforme o contrato de comercialização.
É possível ainda enxergar a profunda relação entre o sistema financeiro (fundos) e as tradings numa articulação da etapa de circulação entre a produção e o consumo que o professor Dowbor (2013) chama de Economia do Pedágio.
Desconhecer estes movimentos e ficar repetindo aquilo que a mídia comercial é paga para falar e que interessa aos rentistas, que desejam apenas faturar, sem nenhuma preocupação com a Nação, são os detalhes do golpe.
Ele objetiva o rechaço aos Brics e a entrega de nossas reservas do Pré-sal. Os negócios do petróleo e a geopolítica da energia trazem evidências sobre a dinâmica em curso na atual conjuntura política do Brasil.
sábado, abril 09, 2016
“Não é golpe, é muito pior”
O jornalista Felipe Pena, também conhecido como Peninha, que assina o texto abaixo era arroz de festa dos programas da Globo News. Da mesma forma, possui um espaço no extra, blog e se não estou enganado, uma coluna no jornal impresso da famiglia dos Marinhos.
Porém, sempre pareceu uma pessoa com boas posições. Vendo o texto abaixo, identifico que manteve sua coerência e visão crítica intactas.
Assim, o golpe fica cada vez mais claro e ele é muito mais nocivo do que a sua naturalização pode sugerir. As narrativas e suas formas de construção que a Marilena Chauí tão bem explica no livro "O mito da competência" nos mostram como eles podem nos levar ao inferno e até ao fascismo. Para mim, a ordem aí parece indiferente.
Confiram:
"Não é golpe, é muito pior"
Felipe Pena
"Você está sendo enganado, caro leitor. A trapaça narrativa funciona em três etapas. Na primeira, um sujeito pergunta qual é o contrário de preto e alguém responde que é branco. Em seguida, ele pergunta qual é o contrário de claro e alguém responde que é escuro. Por último, o mesmo indivíduo pergunta qual é o contrário de verde, mas ninguém responde, pois isso, obviamente, não existe.
Só que não é verdade. O contrário de verde é maduro, embora você não tenha pensado nisso. O problema é que fomos induzidos a pensar em termos cromáticos, esquecendo que um raciocínio mais complexo nos levaria a ver outros lados da questão.
A narrativa do impeachment carrega o mesmo vício. Quando um jurista é perguntado se o impedimento da presidente é golpe, ele responde que não, já que o instrumento está previsto na constituição. Ou seja, é branco, não é preto. Mas se a pergunta vier acompanhada do termo "sem crime de responsabilidade", a resposta será diferente. Nesse caso, como tal crime está sujeito a interpretações, pode ser golpe. E há muitos juristas que acreditam nisso. Ou seja, o contrário de verde existe e é muito provável que seja a palavra "maduro". É muito provável que seja um golpe.
O golpe, no entanto, não é apenas na presidente. Se o pensamento da população é conduzido por uma narrativa viciada e massificada, o golpe é em todos nós, que acabamos caindo em uma espiral de concordância sem crítica, tratados como boiada, uma simples massa de manobra.
Já faz alguns anos que somos inundados com um enredo sobre a crise que culpa apenas um partido. É muito provável que ele seja culpado, mas será o único? Não deveríamos pensar na responsabilidade do Congresso, dos empresários corruptores e na nossa própria parcela de culpa?
E o que dizer sobre os motivos para o impeachment? Será que estamos informados sobre as tais pedaladas fiscais? Você, caro leitor, sabe o que elas significam e por que foram apresentadas como razão para derrubar a presidente? Você sabe que o processo foi aceito por um presidente da câmara que é réu no STF? Sabe que, em caso de impeachment, assume o partido que está há trinta anos no poder e tem diversos envolvidos na operação Lava Jato?
O jornalismo não é o espelho da realidade, como nos fazem acreditar. O jornalismo ajuda a construir a própria realidade através da narrativa dos fatos, que se dá pela escolha de linguagens, entrevistados, ângulos etc. Tais escolhas são feitas por indivíduos que têm preconceitos, juízos de valor e diversos outros filtros. Inclusive o autor deste texto, de quem você deve desconfiar em primeiro lugar.
Não vai ter golpe se você fizer uma crítica constante da informação que recebe.
Não vai ter golpe se você procurar ouvir os diversos lados da questão.
Não vai ter golpe se você descobrir que o contrário de verde não é amarelo. Nem vermelho."
Felipe Pena é jornalista, psicólogo e escritor. É autor de 15 livros, entre eles o romance Fábrica de Diplomas."
Porém, sempre pareceu uma pessoa com boas posições. Vendo o texto abaixo, identifico que manteve sua coerência e visão crítica intactas.
Assim, o golpe fica cada vez mais claro e ele é muito mais nocivo do que a sua naturalização pode sugerir. As narrativas e suas formas de construção que a Marilena Chauí tão bem explica no livro "O mito da competência" nos mostram como eles podem nos levar ao inferno e até ao fascismo. Para mim, a ordem aí parece indiferente.
Confiram:
"Não é golpe, é muito pior"
Felipe Pena
"Você está sendo enganado, caro leitor. A trapaça narrativa funciona em três etapas. Na primeira, um sujeito pergunta qual é o contrário de preto e alguém responde que é branco. Em seguida, ele pergunta qual é o contrário de claro e alguém responde que é escuro. Por último, o mesmo indivíduo pergunta qual é o contrário de verde, mas ninguém responde, pois isso, obviamente, não existe.
Só que não é verdade. O contrário de verde é maduro, embora você não tenha pensado nisso. O problema é que fomos induzidos a pensar em termos cromáticos, esquecendo que um raciocínio mais complexo nos levaria a ver outros lados da questão.
A narrativa do impeachment carrega o mesmo vício. Quando um jurista é perguntado se o impedimento da presidente é golpe, ele responde que não, já que o instrumento está previsto na constituição. Ou seja, é branco, não é preto. Mas se a pergunta vier acompanhada do termo "sem crime de responsabilidade", a resposta será diferente. Nesse caso, como tal crime está sujeito a interpretações, pode ser golpe. E há muitos juristas que acreditam nisso. Ou seja, o contrário de verde existe e é muito provável que seja a palavra "maduro". É muito provável que seja um golpe.
O golpe, no entanto, não é apenas na presidente. Se o pensamento da população é conduzido por uma narrativa viciada e massificada, o golpe é em todos nós, que acabamos caindo em uma espiral de concordância sem crítica, tratados como boiada, uma simples massa de manobra.
Já faz alguns anos que somos inundados com um enredo sobre a crise que culpa apenas um partido. É muito provável que ele seja culpado, mas será o único? Não deveríamos pensar na responsabilidade do Congresso, dos empresários corruptores e na nossa própria parcela de culpa?
E o que dizer sobre os motivos para o impeachment? Será que estamos informados sobre as tais pedaladas fiscais? Você, caro leitor, sabe o que elas significam e por que foram apresentadas como razão para derrubar a presidente? Você sabe que o processo foi aceito por um presidente da câmara que é réu no STF? Sabe que, em caso de impeachment, assume o partido que está há trinta anos no poder e tem diversos envolvidos na operação Lava Jato?
O jornalismo não é o espelho da realidade, como nos fazem acreditar. O jornalismo ajuda a construir a própria realidade através da narrativa dos fatos, que se dá pela escolha de linguagens, entrevistados, ângulos etc. Tais escolhas são feitas por indivíduos que têm preconceitos, juízos de valor e diversos outros filtros. Inclusive o autor deste texto, de quem você deve desconfiar em primeiro lugar.
Não vai ter golpe se você fizer uma crítica constante da informação que recebe.
Não vai ter golpe se você procurar ouvir os diversos lados da questão.
Não vai ter golpe se você descobrir que o contrário de verde não é amarelo. Nem vermelho."
Felipe Pena é jornalista, psicólogo e escritor. É autor de 15 livros, entre eles o romance Fábrica de Diplomas."
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