Como o blog já informou e comentou aqui várias vezes, as fases de baixa dos ciclos econômicos geram um número muito significativo de fusões e aquisições entre empresas do mesmo setor, formando oligopólios.
O caso não é diferente no setor de petróleo nesta fase de baixo preço do que passei a chamar de "ciclo petro-econômico". As fusões e aquisições no setor aumentam a concentração e o controle sobre o mercado na chamada indústria do petróleo que vai bem para além das petroleiras, donas dos ativos de produção como poços e campos.
Como os leitores habituais do blog já sabem, este é um dos temas da macroeconomia e geopolítica a que tenho me dedicado a estudar e debater, elencando características e movimentos em diversas dimensões. ´
Trata-se de um exercício que exige método acurado para levantar, organizar, selecionar e hierarquizar informações para se fazer uma análise mais profunda.
Avançando neste processo, eu comentei aqui diversas grandes fusões e aquisições no setor, como a aquisição da britânica BG, pela Shell. A compra da Baker pela Halliburton ainda estava pendente pela Justiça americana foi desfeita em comunicado hoje do CEO da americana Halliburton, Dave Lesar, em comunicado interno que foi enviado ao blog pelo diretor do Sindipetro-NF, Leonardo Ferreira.
Lesar comunicou a todos os empregados o cancelamento da compra da BH, alegando principalmente a instabilidade do mercado e imprevisibilidade de retorno do investimento da aquisição. Dave lamentou que tanta expectativa tenha resultado em uma frustração de igual tamanho. A compra foi sinalizada em novembro de 2014 pelo valor de 35 bilhões, e o cancelamento custará à Halliburton o pagamento de multa de 3,5 bilhões aos cofres da Baker Hughes.
Mais do que os argumentos do presidente da Halliiburton, sabe-se que as resistências dos órgãos anti-trustes, inclusive do Brasil, o Cade, assim como do Depto. de Justiça dos EUA estavam impedindo o negócio, pelo que ele representaria de controle sobre o mercado com a formação de enorme oligopólio no setor de engenharia e serviços especializados em óleo e gás.
Porém, os quantidade de fusões, incorporações e aquisições no setor de óleo e gás em todo o mundo nos dois últimos anos (2014 e 2015) assustam. Segundo dados da consultoria americana A.T. Kearney, nests dois últimos anos, exatamente o da crise de baixos preços do barril de petróleo, totalizaram 3.229 fusões e aquisições no mundo e envolvendo o valor de US$ 950 bilhões, ou quase US$ 1 trilhão.
Sim, 3.229 fusões e US$ 950 bilhões.
Assim se pode ver que a aquisição da BG pela Shell no valor de cerca de R$ 60 bilhões não chegam a 6% do total. Desta forma, vai se ratificando a hipótese de como se trata não apenas de uma cadeia produtiva global, mas também se deve ter em consideração que se trata de um setor altamente oligopolizado e com enorme influência geopolítica sobre as economias nacionais.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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