Se alguém ainda tinha dúvidas que as duas federações da indústria, de SP (Fiesp) e do Rio (Firjan) não mais tratam de interesses do setor produtivo e sim do rentismo, eu trago mais uma prova, para além do fato de que seus dois presidentes há muito tempo não são mais industriais, embora ainda representem o setor e nesta condição seguem apoiando o golpe.
Na quarta-feira (25/06), no caderno sobre Finanças, no jornal Valor, P, C1, matéria: "Receita quer que dinheiro já gasto fora seja declarado" está informado que horas antes da Receita colocar em seu site os esclarecimentos sobre esta regularização, a Fiesp reuniu, sob o comando do seu presidente, Paulo Skaf com um grupo de 15 tributaristas para discutir a lei 13.254 que permite que contribuintes com dinheiro no exterior não declarado regularizem sua situação até 31 de outubro.
Vejam vocês. O que uma federação ligada à indústria e à produção tem de interesses sobre esta questão financeira e tributária de quem tem dinheiro no exterior não declarado?
A reportagem diz ainda que ao final da reunião da Fiesp decidiu-se que um novo encontro ocorrerá na terça-feira com um técnico da Receita e que ao fim a Fiesp redigirá um documento com sugestões para a normatização. E pasmem, diz mais: "A liderança de Paulo Skaf na discussão do tema mobiliza o Palácio do Planalto para que a Receita encontre uma solução de consenso. Skaf foi o empresário mais ativamente envolvido no apoio ao impeachment da presidente afastada Dilma Roussef".
Assim, se vê que além dos esquemas dos velhos políticos do PMDB que querem fugir das investigações policiais, o impeachment serve a que os rentistas e a elite financeira se apropriem do poder para fazer valer seus interesses. Esta turma não pensa a Nação. Querem entregá-la e sugar com o rentismo despudorado tudo o que tiver pela frente.
Você não verá nenhum "colonista" econômico, ligado aos bancos analisando este fato e relacionando-o ao que temos assistido na política brasileira com reflexos sobre a economia.
Federações de indústria defendendo o rentismo descaradamente. O que esperar desta turma que no passado queria juros baixos para produzir e auferir os seus lucros? Quem paga o pato?
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
Um comentário:
Adoro seu blog.
Postar um comentário