Ainda, em meio às investigações de como se operava no andar de cima, os esquemas de sonegações (Suiçalão, ou Swissleaks, ou HSBC) e os esquemas com as empreiteiras, cada vez fica mais claro que a falta de controle é mais forte no sistema financeiro transfronteiriço e informacional, ligado a vários fundos e trustes.
Hoje se toma conhecimento sobre o fato da Odebrecht ter comprado até um banco para operar estes fluxos de capital mundo afora.
Pois bem, em meio a tudo isso, há um alvoroço no Brasil com a autorização que os bancos tiveram para poder abrir conta corrente por meio eletrônico, sem necessitar da relação direta com o cliente.
Assim espalham-se as propagandas de um novo banco chamado de original que teria por trás dele, o atual Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Hoje, a gente toma conhecimento vários bancos, não apenas aqueles do varejo, mas outros, que atuavam até aqui com investidores de altas somas, como o caso do BTG Pactual, agora entraram nesta "onda".
Assim, eles pretendem, rapidamente atingir um mercado que estimam de milhões de contas e R$ 500 bilhões para fazer captações de recursos para investirem em fundos e comprar títulos privados.
Desta forma, se avança para a fluidez dos fluidos.
O sistema avança como o esforço do gato contra os ratos entre as captações e aplicações protegidas e a falta de controle sobre a fluidez do dinheiro, bem para além das economias dos estados-nação. Diante de tudo isto já em vigor, ainda falam e defendem, um banco central independente. E precisa?
O avanço do capitalismo comercial, para o industrial (com as revoluções) formaram a base para o capitalismo financeiro. Porém, seria inimaginável que os seus ganhos chegariam aos níveis estratosféricos que se vê hoje, numa espécie de economia fictícia, onde os lucros superam em muito, os ganhos e os excedentes gerados na produção.
Assim, seguem esgarçando as pontas da apropriação e concentração dos ganhos do sistema financeiro, a despeito da perda de direitos. Vai escorrendo pelo ralo, os ideais e as utopias em favor de estruturas civilizatórias, minimamente aceitáveis.
As contradições deste esgarçamento poderão nos remeter, paradoxalmente, às utopias, porém, não vejo como isto possa se dar, sem que haja muita dor e sofrimento. A conferir!
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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4 comentários:
Caro amigo,
Algumas atitudes carregam mais simbolismos que efeitos práticos. A fluidez dos recursos já não permite qualquer controle estatal.
O "Velho" já previu isso quando falou no fetiche do dinheiro e da riqueza, prevendo que em algum tempo a finança se descolaria do seu lastro físico, da sua correspondência real.
Esse processo de "facilidades" dos bancos é só um aceno, uma versão da teoria marxiana, ou seja, não é preciso nem existir para ter conta, uma vez que as operações podem ser totalmente virtuais.
Não tenha esperança, caro amigo, as coisas vão só piorar.
Fala Douglas,
Nos devemos um café.
Sobre esperança e desesperanças eu gosto de recordar de uma frase que o Giorgio Agambem gosta de citar e que presente em uma das cartas que Marx enviou a Ruge em 1843:
"A situação desesperada da época em que vivo me enche de esperança”.
Aliás, a entrevista de Agamben "Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro" que está na revista Humanitas da Unisinos vale ler ou reler, se já não a viu.
Lá Agambem começa dizendo que "o capitalismo é uma religião, e a mais feroz, implacável e irracional religião que jamais existiu, porque não conhece nem redenção nem trégua. Ela celebra um culto ininterrupto cuja liturgia é o trabalho e cujo objeto é o dinheiro".
Ele interpreta Walter Benjamin entre outros. A entrevista é como sempre mais uma feroz crítica ao sistema, por isso muito boa e oportuna à época atual:
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/512966-giorgio-agamben
Abs.
O dinheiro só tem relevância quando se é funcionário público. Imposto de renda de 80% já!
Professor,
bom dia!
Acompanhei um pouco desse assunto sobre a autorização dos Bancos a abrirem contas para seus clientes sem que estes precisem dirigir-se a uma agência física. Ainda estou refletindo sobre o assunto, mas até então via a notícia como positiva.
Digo positiva, pois imaginei que ajudaria a frear o processo de concentração bancária no Brasil (5 Bancos detêm mais 80% dos ativos). Assim essas cinco entidades tem tido cada vez mais poder para oprimir poupadores, tomadores de empréstimos e funcionários.
Sds,
Manoel
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