Os impactos dos preços do petróleo continuam fazendo a Arábia Saudita, maior exportador mundial, a mexer em sua economia que tem mais de 70% das receitas atreladas a esta mercadoria especial.
Assim, agora, os sauditas também anunciaram cortes nos salários dos funcionários públicos e nos subsídios para políticas públicas.
Pela previsão de seus economistas, a dívida pública da Arábia Saudita deverá aumentar de 7,7% do PIB, para 30% do PIB em 2020. Para ajudara e enfrentar esta realidade, o governo planeja reduzir o peso dos salários dos funcionários públicos de 45% para 40% da despesa até 2020.
O plano Visão 2030 contém programas que pretendem criar 450 mil postos de trabalho no setor privado até 2020 e incentivar indústrias como as ligadas à área de saúde (como fez a Noruega) e duplicar a produção de gás natural, energia mais limpa e até importar gás ou investir na produção de gás no exterior.
Querem ainda aumentar o número de mulheres na força de trabalho total do país que é ainda baixo, saindo de 23% para 28%.
Ainda na questão de gênero, a Arábia Saudita planeja trocar homens por mulheres no serviço público, que assim, sairiam de 39,8% para 42% (aumento modesto); e em trabalhos de gestão de 1,27% para 5%, mais significativa, numa sociedade ainda muito masculinizada, como na maioria dos países do Oriente Médio.
Porém, tudo isso, ainda que com forte simbolismo parece insuficiente para tornar a Arábia Saudita uma sociedade menos estratificada e menos dependente do petróleo.
O objetivo de triplicar as receitas não relacionadas com o petróleo para 530 mil milhões de riais (cerca de 124 mil milhões de euros) é irrisório e mostra o quanto que é difícil sair da maldição mineral, fazendo a tão propalada diversificação econômica, como se comenta aqui no Brasil, entre os nossos municípios petrorrentistas.
O assunto merece ainda um outro comentário, mesmo que breve.
Se a Arábia Saudita faz previsão e e planejamento de sua dívida pública crescerá de 7,7% para 30% do PIB até 2020, é porque estimam que até lá - como também tenho estimado - o preço do barril do petróleo tende a ficar nos patamares atuais, na faixa dos US$ 50 o barril.
No meio de tudo isso a tensão histórica com o Irã segue ampliada e não apenas pelo mercado para colocarem o petróleo que produzem.
De outro lado, a China e parte da Ásia cada vez compram mais petróleo da Rússia e em suas próprias moedas, deixando o petrodólar de lado. Seguimos acompanhando!
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário