O caso do lamentável acidente com mortos e feridos, com o ônibus de estudantes em SP reflete uma realidade que tem relação com muitas outras regiões do país.
Estou falando do fluxo de jovens entre municípios menores e as cidades polos de ensino superior e técnico. Esta dinâmica dos deslocamentos diários é chamada de movimento pendular.
A nossa região conhece isto de perto. Campos há muito tempo recebe estes fluxos de jovens sedentos por formação de outros municípios.
Inicialmente, este movimento vinha só das cidades vizinhas, em termos de limites geográficos: SJB, SFI, São Fidélis, os nossos santos vizinhos. Depois com a ampliação de Macaé como base da Bacia de Campos, a origem do fluxo de Macaé e região dos Lagos se intensificou.
Assim, chegamos a ter mais de 40% dos alunos de outros municípios na ETFC/Cefet e nas faculdades locais. Hoje, isso vem se alterando, tando na origem dos fluxos, agora mais do Noroeste Fluminense e sul do ES, quanto em intensidade, por conta da criação de graduações nestes outros municípios, entre outros motivos.
Fato é que este movimento pendular para estudo e/ou trabalho, como ocorre neste caso, entre Campos-Macaé, com os petroleiros, é sempre um grande risco, seja por conta das condições das vias e dos ônibus, quanto pelos horários dos deslocamentos.
A expansão das vagas nas instituições públicas e a implantação do ProUni levaram à ampliação das oportunidades de acesso e os jovens querem e têm o direito de estudarem, crescerem intelectualmente e buscarem melhor integração no mundo do trabalho. Tudo isto contribui para este crescimento do movimento pendular.
Este movimento não é ruim, em si. Não é viável ter campus e universidades em todos os municípios. Há alternativas, mas custam. Como alojamentos e alimentação, como acontece nas nações mais ricas. Os nosso jovens também merecem estes direitos.
Assim, estamos diante de desafios que as Políticas Públicas que pensam o cidadão e a Nação devem oferecer. Enquanto isto, o que se assiste é quase que unicamente, o engalfinhamento pelo poder e não para a execução destas políticas.
Refletir, agir e pressionar sobre estas questões, vale mais do que o sensacionalismo das mídias comerciais sobre a desgraça ocorrida, mostrando os lamentáveis dramas pessoais e familiares decorrentes do acidente.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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