Só com o pedido de recuperação judicial da Oi outras informações vão ficando mais visíveis e demonstram como a terceirização no setor de telecomunicações foi avançando no país, mesmo nas atividades fins da empresa.
Segundo estes dados, a Oi possui hoje 14,68 mil trabalhadores diretos e o incrível número de 124,05 mil indiretos, quase dez vezes mais. Este número já foi antes de 177 mil trabalhadores. Sobre os trabalhadores diretos, há pouco mais de um ano a Oi havia demitido, numa só penada 1.070 trabalhadores diretos.
Aí está uma parte enorme daquilo que chamamos do precariado. Trabalhadores com menos direitos e em contratos "flexíveis" exatamente na linha daquilo que o governo temerário trabalha dia e noite para mudar na legislação trabalhista.
Segundo o pesquisador inglês Guy Standing, o precariado já poderia ser discutido enquanto uma classe social que já teria 1/4 da população adulta no mundo. Ela expõe o que veio depois do colapso da regulação fordista. Embora formada inicialmente pelos menos qualificados, hoje, o trabalho precarizado já atinge os mais qualificados.
Eles foram perdendo a identidade profissional, o sentido de carreira e os vínculos, em meio à exponencial flexibilidade e competitividade imposta pelas corporações que atinge hoje até em alguns casos o nível gerencial.
Assim, o caso do setor de telecomunicações é no Brasil e em todo o mundo uma base empírica importante deste processo de precarização do trabalho na contemporaneidade.
PS.: Atualizado às 15:36: Ainda sobre o assunto do pedido de recuperação judicial da operadora de telefonia Oi, vale reproduzir o que o perfil do FB "Ligue os pontos", sobre sociedade e cultura interpreta. O perfil com suas postagens propõe ligar os pontos desconexos da atual e fragmentada realidade:
"Esse pedido de recuperação judicial da Oi é uma verdadeira aula sobre o modus operandi do neoliberalismo! Tá tudo ali, olha só.
O "modus operandi" dos neoliberais em 5 passos:
1. Demonizam o Estado e glorificam o Deus Mercado como justificativa para privatizar tudo;
2. Fazem privatizações escandalosas com desvio de fortunas (privataria);
3. Sangram as empresas privatizadas até além do limite, via distribuição de dividendos e envio de remessas PARA O EXTERIOR, em detrimento de investimento interno em infraestrutura, por exemplo;
4. Quebram a empresa;
5. Jogam para o Estado (antes tão demonizado) a responsabilidade de salvar a empresa."
PS.: Atualizado às 17:28: Quer queira ou não há uma tendência de ainda mais concentração no setor. Depois que a GVT se juntou à Vivo, hoje, o mercado tem grosso modo além da Oi, apenas a Vivo, Claro e TIM. Oligopolização tenderá à geração de mais rendas extras e ainda a produzir problemas para além do monopólio do estado, neste setor estratégico para qualquer nação.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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Um comentário:
67 bi de reais em dívidas, grana fácil do BNDES para financiar a compra da Telemar, um acordo criminoso para abafar o escândalo BRTelecom-Portugal(leia-se daniel "orelhudo" dantas, o amigo de gilmar mendes e o HC relâmpago com supressão de instância), regulação mais frouxa que casa de moça-dama, e tarifas extorsivas.
Esse é o receituário dos cretinos que professam estado-mínimo...bem mínimo nos deveres, e máximo para garantir a mamata dos privateiros.
Tudo no "limite da irresponsabilidade", lembram?
67 bi de dívidas...cadê a a Anatel ou a fiscalização da CVM?
Cadê a autorregulação da mão invisível do mercado?
Bando de cretinos, e agora não aparece nenhum deles por aqui...tudo entocado.
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