A diversificação econômica nos estados e municípios petrorrentistas sempre foi mais um discurso de intenções do que realidade. Há que se reconhecer que ele é desejável, mas difícil de ser implementado.
Sobre o assunto vale conhecer o caso do vizinho estado do Espírito Santo. Apesar de ter atuação em vários setores, cerca de 70% do seu PIB está concentrado em apenas cinco empresas: Vale, Petrobras, Arcelor Mital, Samarco e Fibria. Elas representam os setores de mineração, siderurgia, petróleo e gás e celulose.
Além disso, o estado do ES tem força em outros segmentos como rochas ornamentais, agronegócio, fruticultura, metalmecânico, logística portuária e construção civil, mas como pesos relativos menores.
Estima-se que só o setor de petróleo e gás represente 7% do PIB capixaba, contra 36% no ERJ, movimentando um setor que arrasta diversas outras atividades.
A produção de petróleo e gás no ES se estabilizou entre 2015 e 2016 (1º semestre) na faixa dos 350 mil barris por dia, através de seis plataformas, sendo 53% referentes ao pré-sal.
As gestões estaduais têm mais possibilidades que os municípios para planejar políticas públicas para desenvolver outras atividades econômicas. No complexo federalismo brasileiro cabe aos estados, uma maior articulação, para que os municípios desenvolvam projetos consorciados que estimulem-os a atuar de forma mais complementar e integrada, que concorrencial.
Fora daí, a diversificação das economias locais possui poucas chances de sair da fase de uma boa intenção para a realidade. É certo que esta boa intenção deverá inundar os discursos eleitorais nos embates municipais até outubro. Difícil imaginar o que poderá se transformar em projetos reais.
A real disposição em diversificar a economia depende menos de ações espetaculosas e mais de pequenos e articulados projetos que quase sempre só produzirão resultados no médio prazo.
Caso contrário, a maldição mineral ligada à extração dos bens naturais tende a se manter, mesmo que se conheçam os seus riscos e a necessidade de encontrar saídas.
PS.: Atualizado às 16:54: Para pequena correção no texto.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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