O golpe segue o seu curso no Brasil. Opiniões foram reformadas, mas como já se esperava, não os votos dos senadores com seus interesses e o desejo do poder sem voto.
Sem os votos populares que caçaram para chegar ao poder, os golpistas o usarão para no seu exercício, executar o que não teria representação popular para fazê-lo.
Será necessário que se lembre sempre desta natureza do golpe urdido no conluio entre a mídia comercial, um parlamento corrompido e um judiciário acovardado.
O mundo acompanhou e viu de perto a trama do golpe. A mídia internacional quase sem exceção - incluindo aquelas corporativas e ligadas ao poder econômico - oferecem aos seus leitores os detalhes da trama, do golpe e os seus artífices.
O Brasil perde. A resistência não apenas seguirá em frente, como se ampliará fortemente a partir de agora. Sigamos em frente e sempre na Luta!
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
quarta-feira, agosto 31, 2016
terça-feira, agosto 30, 2016
Segue a liquidação do Feirão Petrobras com a venda de seu mais caro ativo até aqui: Malha de gasodutos do Sudeste
Depois da venda do campo de Carcará no Pré-sal (para a Statoil por US$ 2,5 bilhões) e da preparação e fatiamento para a venda da BR-Distribuidora, a Petrobras está em vias de fechar a sua maior venda em toda a sua história: a malha de gasodutos do Sudeste, hoje chamada de NTS (Nova Transportadora Sudeste).
Trata-se de uma extraordinária infraestrutura instalada, na maior região produtora e consumidora de gás do país. Vejam abaixo o mapa retirado do Relatório de Administração (RA) da TAG (Transportadora Associada de Gás) uma subsidiária do grupo Petrobras:
Repito trata-se da maior venda de ativos da história de 53 anos da Petrobras. Observem que não se está vendendo um projeto a ser desenvolvido e sim, um projeto com instalações prontas e desenvolvidas pela estatal. Uma joia. E com colossal potencial de ampliação com tudo que as reservas de gás do pré-sal já começou a produzir.
A confirmação da venda, já anunciada como possibilidade da agência de notícias ligada aos setores financeiros (ou do mercado) Bloomberg. O percentual de participação que será entregue pela rede de gasodutos par ao grupo canadense Brookfield Asset Managment, será superior a 80%.
Trata-se de uma extraordinária infraestrutura instalada, na maior região produtora e consumidora de gás do país. Vejam abaixo o mapa retirado do Relatório de Administração (RA) da TAG (Transportadora Associada de Gás) uma subsidiária do grupo Petrobras:
Repito trata-se da maior venda de ativos da história de 53 anos da Petrobras. Observem que não se está vendendo um projeto a ser desenvolvido e sim, um projeto com instalações prontas e desenvolvidas pela estatal. Uma joia. E com colossal potencial de ampliação com tudo que as reservas de gás do pré-sal já começou a produzir.
A confirmação da venda, já anunciada como possibilidade da agência de notícias ligada aos setores financeiros (ou do mercado) Bloomberg. O percentual de participação que será entregue pela rede de gasodutos par ao grupo canadense Brookfield Asset Managment, será superior a 80%.
O negócio já acordado seria selado par ao final do próximo mês (setembro). O valor do negócio está agora estimado entre US$ 5,5 bilhões e US$ 6 bilhões, segundo as fontes da Bloomberg que informa ainda que o fundo soberano de Cingabura GIC, China Investment Corp., Greenwich e First Reserv Corp. também fazem parte do grupo de compradores.
O blog reproduz na íntegra uma frase que a Bloomberg publica que reproduz o que temos dito sobre a sanha acelerada para vender as partes da grande estatal do petróleo do Brasil, sem considerar a fase de colapso do ciclo petro-econômico e as imensas reservas e potencialidades da empresa:
"A Petrobras está desesperadamente tentando vender subsidiárias para fazer frente a uma montanha de dívida em 2017, 2018 e 2019”, disse o analista Thomas Olney, da consultoria FGE".
O "desesperadamente" reflete o momento político e as origens do golpe político. As dívidas da empresa são grandes, mas mesmo na fase de colapso dos preços, administráveis, considerando o atual fluxo de caixa e o potencial da empresa com seus ativos. Eles sustentam com sobras a prorrogação da mesma, por conta terão enorme potencial quando da chegada da nova fase de expansão do ciclo do petróleo.
PS.: Atualizado às 13:04:
Para completar lembrando o que este blog já havia descrito aqui em nota no dia 23 de junho de 2016. A malha de gasodutos é estratégica. Além de estar pronta, taticamente, quem a dispõe, porque não há outra, não haverá concorrência, seu novo dono cobrará o que quiser daqueles que quiserem transportar o gás natural.
Sem ter que arcar com o ônus de extrair/produzir (na fonte), ou mesmo distribuir até o consumidor final. Vão faturar mais que os da ponta do sistema. Neste caso mais que outros, a etapa da circulação da mercadoria é muito mais rentável e menos trabalhosa. Assim, trata-se do filé mignon que a Petrobras e o povo brasileiro estão entregando pronto, para ser devorado.
PS.: Atualizado às 13:20:
E o feirão Petrobras segue em ritmo alucinante.
Além de Carcará, da malha dos gasodutos do Sudeste (comentada acima), da BR-Distribuidora, hoje o mercado já trouxe à tona, que a parte de petroquímicos que a Petrobras possui, em participação na empresa Braskem, junto da Odebrecht, também está muito perto em ser vendida.
Além de novo da canadense Brookfield que vai ficar com os gasodutos, a Saudi Arabian Oil, a China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) e as americanas Dow e ExxonMobil são apontadas como candidatas.
Assim, muito mais cedo do que o blog comentou ontem aqui, as americanas Esso e Dow chegam para faturar mais uma parte do filé mignon, fatiado da Petrobras.
Atualizado às 02:48 de 31/08/2016: Vale acrescentar a informação de que a holding Brookfield Asset Managment que está em vias de adquirir a Malha de Gasodutos do Sudeste (agora chamada de NTS - Nova Transportadora Sudeste) tem sobre o seu controle a empresa de mesmo nome Brookfield Infrastructure que passou a possuir participação na Prumo Logística Global que controla o Porto do Açu, ao comprar uma dívida da prumo de R$ 200 milhões em outubro de 2015.
PS.: Atualizado às 13:04:
Para completar lembrando o que este blog já havia descrito aqui em nota no dia 23 de junho de 2016. A malha de gasodutos é estratégica. Além de estar pronta, taticamente, quem a dispõe, porque não há outra, não haverá concorrência, seu novo dono cobrará o que quiser daqueles que quiserem transportar o gás natural.
Sem ter que arcar com o ônus de extrair/produzir (na fonte), ou mesmo distribuir até o consumidor final. Vão faturar mais que os da ponta do sistema. Neste caso mais que outros, a etapa da circulação da mercadoria é muito mais rentável e menos trabalhosa. Assim, trata-se do filé mignon que a Petrobras e o povo brasileiro estão entregando pronto, para ser devorado.
PS.: Atualizado às 13:20:
E o feirão Petrobras segue em ritmo alucinante.
Além de Carcará, da malha dos gasodutos do Sudeste (comentada acima), da BR-Distribuidora, hoje o mercado já trouxe à tona, que a parte de petroquímicos que a Petrobras possui, em participação na empresa Braskem, junto da Odebrecht, também está muito perto em ser vendida.
Além de novo da canadense Brookfield que vai ficar com os gasodutos, a Saudi Arabian Oil, a China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) e as americanas Dow e ExxonMobil são apontadas como candidatas.
Assim, muito mais cedo do que o blog comentou ontem aqui, as americanas Esso e Dow chegam para faturar mais uma parte do filé mignon, fatiado da Petrobras.
Atualizado às 02:48 de 31/08/2016: Vale acrescentar a informação de que a holding Brookfield Asset Managment que está em vias de adquirir a Malha de Gasodutos do Sudeste (agora chamada de NTS - Nova Transportadora Sudeste) tem sobre o seu controle a empresa de mesmo nome Brookfield Infrastructure que passou a possuir participação na Prumo Logística Global que controla o Porto do Açu, ao comprar uma dívida da prumo de R$ 200 milhões em outubro de 2015.
segunda-feira, agosto 29, 2016
Petroleiras endividadas seguem desistindo dos projetos de altos custos: no meio de um mar de petróleo, um pingo é letra!
Há dois dias, o blog chamou a atenção aqui, para a informação sobre grande dívida de quatro grandes petroleiras que chegam a mais de R$ 600 bilhões.
A notícia chamou a atenção para o tamanho fase de colapso dos preços do barril de petróleo que compõe uma crise cíclica do setor em todo o mundo. Em pouco mais de um dia, apenas esta nota tinha tido mais 7 mil acessos das mais variadas nações.
Interpretar as informações relacionando-as a análises mais amplas e de outros indicadores torna-se necessário, para se sair tanto da fragmentação das notícias, quanto da superficialidade manipuladora.
Desta forma, sigamos um pouco mais adiante. Hoje, duas mídias internacionais, ligadas ao mundo dos negócios, trouxeram outras informações que merecem ser juntadas ao que vimos aqui acompanhando.
O The Wall Street Journal informou com rodas as letras que a poderosa petrolífera americana Exxon Mobil (ou apenas Esso para nós) desistiu de investir numa próxima etapa de um projeto de exportação de gás natural (GN), no Alaska, EUA, que demandaria pelo menos mais US$ 45 bilhões para começar a operar em 2023.
A Esso informou ainda que pretende vender sua participação de 35% no projeto para o governo do estado do Alaska. O mesmo deve ser feito por outras duas grandes petrolíferas privadas: a BP e a ConocoPhillips que possuem participação cada uma 20% no projeto.
A outra informação está no jornal Financial Times que afirma que a produção de gás de xisto (shale gas) está novamente perto do recorde na principal região produtora dos EUA, com volume equivalente a 22,63 bilhões de pés cúbicos por dia (ou 641 milhões de m³), próximo do recorde anterior de 22,78 bilhões de pés cúbicos (646 milhões de m³).
Pois bem, como se trata de um único setor e de empresas americanas, uma informação não pode ser analisada sem a outra, assim de maneira descontextualizada. Ambos os projetos de gás natural, ainda mais num mesmo país, sofrem as pressões desta fase de colapso de preços do óleo & gás.
Enquanto um bate recorde, o outro se retrai e o investimento é contido por uma grande petroleira. É possível que o fato possua explicação na produtividade num ou noutro projeto. Mas, o mais provável é que o resultado desta decisão traga evidências sobre interesses futuros.
E o que isto pode ter a ver com a gente? Com um país que tem uma colossal reserva como o do pré-sal que surpreende a cada dia pela sua altíssima produtividade? Não deve ser só a americana Chevron que busca negócios em nosso país.
Outras diversas leituras podem ser feitas, porém pode-se ater a duas. Uma delas é que as novas fronteiras exploratórias de petróleo e gás no mundo (como a do nosso pré-sal), que possuam alta produtividade se tornaram, neste momento especial, ainda mais estratégicas que antes e por isso acabam por balizar as maiores ou menores chances de outros projetos que são mais caros e dispendiosos.
Segundo, não é difícil de observar que com o tamanho da dívida destas empresas, como se detalhou na nota anterior (veja aqui), elas, que possuem baixas reservas, tenderão a focar, cada vez mais, na possibilidade de buscar estas novas, promissoras e produtivas fronteiras exploratórias, pelo mundo, inclusive no Brasil.
Daí que não é difícil avaliar o interesse que já devem estar movimentando as estratégias destas petroleiras, explorando as "vulnerabilidades" dos possuidores destas reservas. No meio de um mar de petróleo, um pingo é letra!
A notícia chamou a atenção para o tamanho fase de colapso dos preços do barril de petróleo que compõe uma crise cíclica do setor em todo o mundo. Em pouco mais de um dia, apenas esta nota tinha tido mais 7 mil acessos das mais variadas nações.
Interpretar as informações relacionando-as a análises mais amplas e de outros indicadores torna-se necessário, para se sair tanto da fragmentação das notícias, quanto da superficialidade manipuladora.
Desta forma, sigamos um pouco mais adiante. Hoje, duas mídias internacionais, ligadas ao mundo dos negócios, trouxeram outras informações que merecem ser juntadas ao que vimos aqui acompanhando.
O The Wall Street Journal informou com rodas as letras que a poderosa petrolífera americana Exxon Mobil (ou apenas Esso para nós) desistiu de investir numa próxima etapa de um projeto de exportação de gás natural (GN), no Alaska, EUA, que demandaria pelo menos mais US$ 45 bilhões para começar a operar em 2023.
A Esso informou ainda que pretende vender sua participação de 35% no projeto para o governo do estado do Alaska. O mesmo deve ser feito por outras duas grandes petrolíferas privadas: a BP e a ConocoPhillips que possuem participação cada uma 20% no projeto.
A outra informação está no jornal Financial Times que afirma que a produção de gás de xisto (shale gas) está novamente perto do recorde na principal região produtora dos EUA, com volume equivalente a 22,63 bilhões de pés cúbicos por dia (ou 641 milhões de m³), próximo do recorde anterior de 22,78 bilhões de pés cúbicos (646 milhões de m³).
Pois bem, como se trata de um único setor e de empresas americanas, uma informação não pode ser analisada sem a outra, assim de maneira descontextualizada. Ambos os projetos de gás natural, ainda mais num mesmo país, sofrem as pressões desta fase de colapso de preços do óleo & gás.
Enquanto um bate recorde, o outro se retrai e o investimento é contido por uma grande petroleira. É possível que o fato possua explicação na produtividade num ou noutro projeto. Mas, o mais provável é que o resultado desta decisão traga evidências sobre interesses futuros.
E o que isto pode ter a ver com a gente? Com um país que tem uma colossal reserva como o do pré-sal que surpreende a cada dia pela sua altíssima produtividade? Não deve ser só a americana Chevron que busca negócios em nosso país.
Outras diversas leituras podem ser feitas, porém pode-se ater a duas. Uma delas é que as novas fronteiras exploratórias de petróleo e gás no mundo (como a do nosso pré-sal), que possuam alta produtividade se tornaram, neste momento especial, ainda mais estratégicas que antes e por isso acabam por balizar as maiores ou menores chances de outros projetos que são mais caros e dispendiosos.
Segundo, não é difícil de observar que com o tamanho da dívida destas empresas, como se detalhou na nota anterior (veja aqui), elas, que possuem baixas reservas, tenderão a focar, cada vez mais, na possibilidade de buscar estas novas, promissoras e produtivas fronteiras exploratórias, pelo mundo, inclusive no Brasil.
Daí que não é difícil avaliar o interesse que já devem estar movimentando as estratégias destas petroleiras, explorando as "vulnerabilidades" dos possuidores destas reservas. No meio de um mar de petróleo, um pingo é letra!
domingo, agosto 28, 2016
Federação Internacional dos Trabalhadores (IWF) denuncia sonegação de petroleiras que atuam no Mar do Norte
A Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) publicou em seu site, a informação de que a Federação Internacional dos Trabalhadores (IWF) denunciou que grandes petroleiras, que atuam no Mar do Norte, incluindo a americana Chevron e a chinesa Nexen, estariam envolvidas em pesados esquemas de sonegações de impostos.
O maior sindicato de trabalhadores do petróleo no Mar do Norte vinculado à IWF afirma que o esquema envolve a instalação de filiais em paraísos fiscais, para fugir dos tributos de onde elas operam, reduzindo substancialmente os seus encargos fiscais, de acordo com as conclusões do relatório divulgado pela Federação (IWF).
O secretário-geral da IWF, Steven Cotton, afirmou que o esquema teve origem com a Chevron, mas teria sido copiado por outras empresas do setor de petróleo e gás que operam no Mar do Norte. A Chevron sozinha, disse Cotton, teria cerca de 200 subsidiárias em Bermudas.
O maior sindicato de trabalhadores do petróleo no Mar do Norte vinculado à IWF afirma que o esquema envolve a instalação de filiais em paraísos fiscais, para fugir dos tributos de onde elas operam, reduzindo substancialmente os seus encargos fiscais, de acordo com as conclusões do relatório divulgado pela Federação (IWF).
O secretário-geral da IWF, Steven Cotton, afirmou que o esquema teve origem com a Chevron, mas teria sido copiado por outras empresas do setor de petróleo e gás que operam no Mar do Norte. A Chevron sozinha, disse Cotton, teria cerca de 200 subsidiárias em Bermudas.
O fato explicaria, em parte, a maior queda nas receitas fiscais do petróleo no orçamento britânico. Outra parte da explicação tem a ver com benefícios fiscais concedidos a estas empresas.
Este esquema de instalar filiais, ou mesmo as sedes em paraísos fiscais é um esquema conhecido utilizado pelas grandes traders que atuam no comércio de commodities (incluindo petróleo) em várias partes do mundo.
Segundo a IWF, em meados da década de 1980, os impostos sobre a produção de petróleo do Mar do Norte eram responsáveis por 9% de todas as receitas de impostos recolhidos pelo governo do Reino Unido, hoje seria de apenas 0,7%.
Já as receitas fiscais do petróleo da Escócia, também no Mar do Norte, caíram para apenas US $ 79 milhões no ano fiscal de 2015-2016, contra US $ 2,37 bilhões, no ano fiscal anterior de 2014-15.
O volume da queda das receitas é enorme, e não teria como ser explicada somente pela fase de colapso de preços do ciclo petro-econômico. A explicação estaria nos esquemas de evasão fiscal denunciados pela IWF.
O secretário escocês da IWF Pat Rafferty afirmou que: "O governo do Reino Unido precisa investigar e intensificar a ação para reprimir quaisquer brechas fiscais inadequadas sendo exploradas pela Chevron para garantir que os contribuintes do Reino Unido não são lesados.
Segundo a IWF, em meados da década de 1980, os impostos sobre a produção de petróleo do Mar do Norte eram responsáveis por 9% de todas as receitas de impostos recolhidos pelo governo do Reino Unido, hoje seria de apenas 0,7%.
Já as receitas fiscais do petróleo da Escócia, também no Mar do Norte, caíram para apenas US $ 79 milhões no ano fiscal de 2015-2016, contra US $ 2,37 bilhões, no ano fiscal anterior de 2014-15.
O volume da queda das receitas é enorme, e não teria como ser explicada somente pela fase de colapso de preços do ciclo petro-econômico. A explicação estaria nos esquemas de evasão fiscal denunciados pela IWF.
O secretário escocês da IWF Pat Rafferty afirmou que: "O governo do Reino Unido precisa investigar e intensificar a ação para reprimir quaisquer brechas fiscais inadequadas sendo exploradas pela Chevron para garantir que os contribuintes do Reino Unido não são lesados.
sexta-feira, agosto 26, 2016
Quatro grandes petroleiras devem R$ 600 bilhões, preocupam acionistas, perdem notas e a mídia comercial ignora só falando da Petrobras
No último dia 3 de agosto, o blog comentou e analisou aqui, com enorme repercussão que a petroleira anglo-holandesa Shell deve US$ 75 bilhões. Na ocasião o blog já chamava atenção que o fato se estendia a outras grandes petroleiras mundo afora, diante da fase de colapso do ciclo petro-econômico.
Pois bem, em nova matéria, na última quarta-feira (24/08), o jornal americano The Wall Street Journal, destaca em título que "Dívida das gigantes do petróleo mais que dobra em dois anos".
A reportagem comenta e detalhas como as maiores petroleiras do mundo estão sobrecarregadas com os maiores endividamento de sua história, num momento em que enfrenta dificuldades com os preços do petróleo em baixa.
Juntas, as petrolíferas Esso, Shell, BP e Chevron acumulam dívida líquida de US$ 184 bilhões (aproximadamente R$ 600 bilhões), mais do dobro do que deviam há apenas dois anos. Veja abaixo o infográfico das dívidas destas 4 gigantes do petróleo publicada pelo WSJ:
A briga com os acionistas destas empresas é enorme, porque eles já perceberam que, diante de tal quadro, eles não receberão dividendos. Pior, as dívidas não param de crescer, já que com a redução dos lucros - ou até prejuízos - , elas estão gastando mais do que recebem, inclusive atendendo às pressões para pagar dividendos aos acionistas, individuais, ou de grandes fundos de investimentos.
No meio destes problemas, a Esso, pagou US$ 3,1 bilhões de dividendos, só no 2º trimestre, mesmo tendo tido apenas US$ 1,7 bilhões de lucros. Assim, algumas petrolíferas já cogitam pagar dividendos com entrega de ações.
Os analistas de riscos dos bancos avaliam que a BP, Shell, Esso terão ainda que navegar por esta fase difícil (que chamo de colapso) pelos próximos 18 meses e com riscos de que o preço do barril possa abaixar ainda mais.
Nada se falou aqui no Brasil, sobre isso, mas todas agências de classificação de riscos têm baixado as classificações das petroleiras. Agora por último, foi o caso da conhecida S&P que derrubou a classificação destas quatro gigantes do petróleo.
É bom que se diga que nenhuma destas quatro gigantes do petróleo possui, nem de longe, o volume das reservas que tem a Petrobras, que também possui uma dívida grande.
Além do mais, a Petrobras, enfrenta melhor esta situação, porque sendo uma empresa integrada (do poço ao posto) - que seus novos dirigentes estão tentando fatiar para vender - ela usa o mercado interno, com os atuais bons preços dos derivados, para retirar cerca de 2/3 dos seus lucros.
Porém, melhor que isto, é a pujante nova fronteira de exploração do Pré-sal. Os resultados de produtividade são colossais nos poços e campos desta reserva. Isto alivia os problemas, relativamente, mesmo diante destas gigantes do petróleo, porque qualquer um sabe que o maior fiador de qualquer endividado é a potencialidade que ele tem para o futuro, para poder quitá-las.
Interessante observar que aqui no Brasil, a mídia comercial esconde, ou dá pouca repercussão, a esta realidade. Assim, eles tentam construir a ideia de que é a Petrobras que está quebrada, quando na verdade, todo o setor, que é uma enorme cadeia global, tem sofrido, durante, estes dois últimos anos.
Este declínio vem desde quando, no início do segundo semestre de 2014, a fase de expansão e dos lucros extraordinários do ciclo petro-econômico foi invertida. Assim, uma nova fase de colapso de baixos preços se instalou.
Esta fase de baixa instala um conjunto enorme de problemas em todas as petroleiras do mundo, e assim, vão determinar também, quais serão as corporações do setor se sairão melhor, quando uma nova fase de expansão, em novo ciclo petro-econômico chegar.
Insistir em não enxergar esta realidade para levar vantagem e vender a preço vil, as partes fatiadas da holding Petrobras - "a nossa joia da coroa" - como o blog já disse, é não somente crime de lesa-pátria, é querer tornar o legal e ainda mais danoso que o ilegal, aquilo que os cretinos fizeram com os desvios em nossa maior empresa.
Enxergar definitivamente esta realidade é necessário. É assim que o blog busca colaborar ajudando na divulgação, análise e aprofundamento dos fatos da realidade que nos cerca.
Pois bem, em nova matéria, na última quarta-feira (24/08), o jornal americano The Wall Street Journal, destaca em título que "Dívida das gigantes do petróleo mais que dobra em dois anos".
A reportagem comenta e detalhas como as maiores petroleiras do mundo estão sobrecarregadas com os maiores endividamento de sua história, num momento em que enfrenta dificuldades com os preços do petróleo em baixa.
Juntas, as petrolíferas Esso, Shell, BP e Chevron acumulam dívida líquida de US$ 184 bilhões (aproximadamente R$ 600 bilhões), mais do dobro do que deviam há apenas dois anos. Veja abaixo o infográfico das dívidas destas 4 gigantes do petróleo publicada pelo WSJ:
A briga com os acionistas destas empresas é enorme, porque eles já perceberam que, diante de tal quadro, eles não receberão dividendos. Pior, as dívidas não param de crescer, já que com a redução dos lucros - ou até prejuízos - , elas estão gastando mais do que recebem, inclusive atendendo às pressões para pagar dividendos aos acionistas, individuais, ou de grandes fundos de investimentos.
No meio destes problemas, a Esso, pagou US$ 3,1 bilhões de dividendos, só no 2º trimestre, mesmo tendo tido apenas US$ 1,7 bilhões de lucros. Assim, algumas petrolíferas já cogitam pagar dividendos com entrega de ações.
Os analistas de riscos dos bancos avaliam que a BP, Shell, Esso terão ainda que navegar por esta fase difícil (que chamo de colapso) pelos próximos 18 meses e com riscos de que o preço do barril possa abaixar ainda mais.
Nada se falou aqui no Brasil, sobre isso, mas todas agências de classificação de riscos têm baixado as classificações das petroleiras. Agora por último, foi o caso da conhecida S&P que derrubou a classificação destas quatro gigantes do petróleo.
É bom que se diga que nenhuma destas quatro gigantes do petróleo possui, nem de longe, o volume das reservas que tem a Petrobras, que também possui uma dívida grande.
Além do mais, a Petrobras, enfrenta melhor esta situação, porque sendo uma empresa integrada (do poço ao posto) - que seus novos dirigentes estão tentando fatiar para vender - ela usa o mercado interno, com os atuais bons preços dos derivados, para retirar cerca de 2/3 dos seus lucros.
Porém, melhor que isto, é a pujante nova fronteira de exploração do Pré-sal. Os resultados de produtividade são colossais nos poços e campos desta reserva. Isto alivia os problemas, relativamente, mesmo diante destas gigantes do petróleo, porque qualquer um sabe que o maior fiador de qualquer endividado é a potencialidade que ele tem para o futuro, para poder quitá-las.
Interessante observar que aqui no Brasil, a mídia comercial esconde, ou dá pouca repercussão, a esta realidade. Assim, eles tentam construir a ideia de que é a Petrobras que está quebrada, quando na verdade, todo o setor, que é uma enorme cadeia global, tem sofrido, durante, estes dois últimos anos.
Este declínio vem desde quando, no início do segundo semestre de 2014, a fase de expansão e dos lucros extraordinários do ciclo petro-econômico foi invertida. Assim, uma nova fase de colapso de baixos preços se instalou.
Esta fase de baixa instala um conjunto enorme de problemas em todas as petroleiras do mundo, e assim, vão determinar também, quais serão as corporações do setor se sairão melhor, quando uma nova fase de expansão, em novo ciclo petro-econômico chegar.
Insistir em não enxergar esta realidade para levar vantagem e vender a preço vil, as partes fatiadas da holding Petrobras - "a nossa joia da coroa" - como o blog já disse, é não somente crime de lesa-pátria, é querer tornar o legal e ainda mais danoso que o ilegal, aquilo que os cretinos fizeram com os desvios em nossa maior empresa.
Enxergar definitivamente esta realidade é necessário. É assim que o blog busca colaborar ajudando na divulgação, análise e aprofundamento dos fatos da realidade que nos cerca.
quarta-feira, agosto 24, 2016
"O verdadeiro golpe que estamos vivendo é da elite político-empresarial contra a sociedade brasileira"
Já há um bom tempo, eu comecei a buscar interpretar as coisas a partir da realidade. Marx chamava este esforço de busca do "concreto pensado"[1]. Ele dizia mais: "aquilo que pensamos sobre a realidade não é exatamente a realidade que pensamos".
Assim, Marx tentava demonstrar os limites que havia na teoria econômica clássica, em fazer análises baseadas em conceitos que representam visões que seriam mais idealísticas, que como tal se distanciam da realidade concreta, que se objetiva interpretar.
Mesmo com todos estes riscos, o quadro atual da economia política brasileira nos oferece contornos que parecem clarividentes. A realidade do "golpe político em curso no Brasil é fruto da elite político-empresarial contra a sociedade brasileira", como bem disse, Rodrigo Nunes, em artigo publicado aqui, no jornal espanhol El País, no dia 10 de agosto de 2016, com o título e subtítulos: "A guerra de mentira está chegando ao fim - Vai começar um mandato-tampão para aplicar uma agenda draconiana sem se preocupar em submetê-la às urnas".
[1] Conceito encontrado em MARX, Karl. O Método da Economia Política: Para a Crítica da Economia Política.
Mesmo com todos estes riscos, o quadro atual da economia política brasileira nos oferece contornos que parecem clarividentes. A realidade do "golpe político em curso no Brasil é fruto da elite político-empresarial contra a sociedade brasileira", como bem disse, Rodrigo Nunes, em artigo publicado aqui, no jornal espanhol El País, no dia 10 de agosto de 2016, com o título e subtítulos: "A guerra de mentira está chegando ao fim - Vai começar um mandato-tampão para aplicar uma agenda draconiana sem se preocupar em submetê-la às urnas".
Pois bem, a partir destes dois considerandos, observemos como a realidade trazida pela informação do artigo da jornalista, Raquel Balarin, hoje (24/08), P.A2, no Valor, com o título "Juro? Não. Banco quer reforma trabalhista" reforça a evidência empírica, com provas reais, que demonstram como a elite econômica passou a controlar diretamente o estado, através do processo golpista, para atingir e retirar direitos da sociedade brasileira.
Como eixo central de seu artigo a jornalista informa que nas tratativas palacianas dos executivos do mercado, já deixaram de ser apenas sobre ajuste fiscal, câmbio, privatizações, previdência e retomada das concessões. Balarin diz que "nem todo mundo sabe é que na pauta de alguns dos principais bancos brasileiros não está a taxa de juro elevada... um dos assuntos que mais têm dado dor de cabeça às instituições financeiras é o trabalhista. Em um grande banco do país, o número de ações trabalhistas corresponde a três quartos do total de funcionário".
Balarin vai adiante: "cansados de brigar nos tribunais, as instituições financeiras passaram a trabalhar ativamente na proposição de mudanças na legislação atual. Com o crescimento da taxa de desemprego nacional para 11,3%, alcançando 12% em São Paulo, onde estão sediadas algumas das maiores instituições, imagina-se que seja mais fácil aprovar uma reforma. A terceirização, prevista no Projeto de Lei 4.330, aprovado em abril do ano passado na Câmara e em tramitação no Senado, é uma das bandeiras dos bancos. Outra é a permissão para que os acordos definidos em convenção prevaleçam sobre a legislação".
Mais claro impossível. O que nos informa a jornalista da mídia que reproduz o pensamento e as intenções da elite econômica e dos seus bastidores com as negociações e pressões sobre o poder político nacional, não deixa margens para outra interpretação que reforça a tese do Nunes de que " o golpe político em curso no Brasil é fruto da elite político-empresarial contra a sociedade brasileira".
Cessou o discurso para fora de que o crescimento da inclusão social e da base da pirâmide interessava também aos setores produtivos e aos "donos do mercado". A nação é cada vez mais pensada para poucos que iria no máximo até parte da classe média-média, se tanto.
Aos demais caberão a tarefa sustentar com seus trabalhados - quase escravizado - a Nação, na medida que percam as leis consolidadas que os protegiam, ficando pendurados apenas nestes falsos acordos de convenção que os banqueiros exigem dos governantes que a plutocracia colocou no poder com o golpe.
Aos demais caberão a tarefa sustentar com seus trabalhados - quase escravizado - a Nação, na medida que percam as leis consolidadas que os protegiam, ficando pendurados apenas nestes falsos acordos de convenção que os banqueiros exigem dos governantes que a plutocracia colocou no poder com o golpe.
Retornam assim, stricto-sensu, ao ritual do sistema com a nação dividida entre a elite e os precariados, que como sobrantes, restam viver nas periferias urbanas das cidades-partidas ao longo do país. A divisão não é regional.
As elites são as mesmas e controlam os espaços das cidades e estados enfrentando aqueles que demandam do estado, os serviços e as proteções que a classe dirigente - na economia dos mercados ou classe do poder político golpeado - insiste e tratora para não conceder.
Mais claro impossível. Haverá resistências.
[1] Conceito encontrado em MARX, Karl. O Método da Economia Política: Para a Crítica da Economia Política.
segunda-feira, agosto 22, 2016
Petróleos Mexicanos (Pemex) segue perdendo espaço
O México, muito apreciado pela turma do deus mercado, segue assistindo sua empresa de petróleo, a Petróleos Mexicanos (Pemex), perder produção, aumentar sua dívida, com déficits de caixa, sem liquidez e sem investimentos.
Em matéria da agência de notícias financeiras do mercado, a Bloomberg, as condições da empresa estatal do setor de petróleo é tida como crítica. Sua produção de petróleo que já chegou a 3,39 milhões de barris de barris por dia (mi bpd) em 2004, no ano passado já tinha caído para 2,27 milhões mi bpd ano passado, quando teve um prejuízo de US$ 30 bilhões.
Havia uma previsão de recuperação para a pordução de 2,8 milhões de bpd em 2018. Agora, a Bloomberg baseada em relatório de analistas do setor de petróleo do banco americano Morgan Stanley diz que a produção da Pemex poderá cair para apenas 1,6 mi bpd até 2020.
A estatal segue com déficits de fluxos de caixa da ordem de US$ 22 bilhões, quase o dobro do déficit de US$ 13 bilhões no ano passado. Em maio passado, o Ministério da Fazenda do México teve que assumir US$ 10 bilhões em passivos de pensões da empresa. Além disso realizou transferências e fez injeção de capital para quitar dívidas da empresa, em cerca de mais US$ 6,6 bilhões. A dívida total da empresa já passou dos US$ 100 bilhões.
O petróleo que até aqui era o principal eixo do crescimento econômico mexicano, agora sofre com a fase de colapso do ciclo do petróleo e deverá se reduzir ainda mais, considerando ainda que seu principal mercado sempre foi os EUA que nos últimos anos passou a produzir mais com o xisto e a importar menos.
Observem que isto ocorre, apesar do México possuir a nona maior reserva de petróleo do mundo com cerca de 72 bilhões de barris, segundo estudos e projeções da consultoria norueguesa Rystad Energy, em estudo divulgado em julho último.
A empresa que já sofreu o baque com a quebra de monopólio que o governo mexicano fez para o setor em 2014, sofre agora com estes diversos problemas.
Interessante ainda identificar que ao contrário desta realidade, a Petrobras, mesmo sendo ainda mais pressionada tanto pelos desvios da Operação Lava Jato, quanto pela fase de colapso do ciclo petro-econômico, que atinge todas as petroleiras do mundo, a estatal segue ampliando suas reservas e a sua produção, sendo uma das poucas a ampliar sua produção com a nova fronteiras exploratória do pré-sal.
A Petrobras também tem uma grande dívida, mas não tem déficit de caixa e nem acumulou prejuízos seguidos e tão grandes, além de estar com relação à produção num caminho exatamente ao inverso de, praticamente, estar dobrando sua produção na última década, enquanto que a Pemex está vendo sua produção cair à metade, neste mesmo período. Os investimentos da Petrobras se reduziram como feito com outras petroleiras do mundo, mas não foi praticamente cortado, com acontece com a Pemex.
Antes de concluir vale ainda observar que a quebra do monopólio do setor de petróleo, feito já há dois anos, ao contrário do que foi falado, não produziu ainda nenhum resultado para o país.
Em matéria da agência de notícias financeiras do mercado, a Bloomberg, as condições da empresa estatal do setor de petróleo é tida como crítica. Sua produção de petróleo que já chegou a 3,39 milhões de barris de barris por dia (mi bpd) em 2004, no ano passado já tinha caído para 2,27 milhões mi bpd ano passado, quando teve um prejuízo de US$ 30 bilhões.
Havia uma previsão de recuperação para a pordução de 2,8 milhões de bpd em 2018. Agora, a Bloomberg baseada em relatório de analistas do setor de petróleo do banco americano Morgan Stanley diz que a produção da Pemex poderá cair para apenas 1,6 mi bpd até 2020.
A estatal segue com déficits de fluxos de caixa da ordem de US$ 22 bilhões, quase o dobro do déficit de US$ 13 bilhões no ano passado. Em maio passado, o Ministério da Fazenda do México teve que assumir US$ 10 bilhões em passivos de pensões da empresa. Além disso realizou transferências e fez injeção de capital para quitar dívidas da empresa, em cerca de mais US$ 6,6 bilhões. A dívida total da empresa já passou dos US$ 100 bilhões.
O petróleo que até aqui era o principal eixo do crescimento econômico mexicano, agora sofre com a fase de colapso do ciclo do petróleo e deverá se reduzir ainda mais, considerando ainda que seu principal mercado sempre foi os EUA que nos últimos anos passou a produzir mais com o xisto e a importar menos.
Observem que isto ocorre, apesar do México possuir a nona maior reserva de petróleo do mundo com cerca de 72 bilhões de barris, segundo estudos e projeções da consultoria norueguesa Rystad Energy, em estudo divulgado em julho último.
A empresa que já sofreu o baque com a quebra de monopólio que o governo mexicano fez para o setor em 2014, sofre agora com estes diversos problemas.
Interessante ainda identificar que ao contrário desta realidade, a Petrobras, mesmo sendo ainda mais pressionada tanto pelos desvios da Operação Lava Jato, quanto pela fase de colapso do ciclo petro-econômico, que atinge todas as petroleiras do mundo, a estatal segue ampliando suas reservas e a sua produção, sendo uma das poucas a ampliar sua produção com a nova fronteiras exploratória do pré-sal.
A Petrobras também tem uma grande dívida, mas não tem déficit de caixa e nem acumulou prejuízos seguidos e tão grandes, além de estar com relação à produção num caminho exatamente ao inverso de, praticamente, estar dobrando sua produção na última década, enquanto que a Pemex está vendo sua produção cair à metade, neste mesmo período. Os investimentos da Petrobras se reduziram como feito com outras petroleiras do mundo, mas não foi praticamente cortado, com acontece com a Pemex.
Antes de concluir vale ainda observar que a quebra do monopólio do setor de petróleo, feito já há dois anos, ao contrário do que foi falado, não produziu ainda nenhum resultado para o país.
"Truculência" por Eleonora de Lucena: "Bastaram poucas semanas para deixar evidente a trama hipócrita e podre do bando que tenta abocanhar o poder"
O artigo abaixo é da jornalista Eleonora de Lucena e foi publicado hoje, na Folha de São Paulo. É um texto conciso e que expressa com clareza a simples opinião que este blogueiro tem trazido a este espaço. Antes da publicação na íntegra do mesmo abaixo destaco esta passagem:
"Esse contexto maior escapa da verborragia conservadora, ansiosa em reduzir a crise atual a um confronto raso entre supostos corruptos e hipotéticos éticos. Bastaram poucas semanas para deixar evidente a trama hipócrita e podre do bando que tenta abocanhar o poder. O que está em jogo é muito mais do que uma simples troca de governo. É a própria ideia de país."
Truculência
"Esse contexto maior escapa da verborragia conservadora, ansiosa em reduzir a crise atual a um confronto raso entre supostos corruptos e hipotéticos éticos. Bastaram poucas semanas para deixar evidente a trama hipócrita e podre do bando que tenta abocanhar o poder. O que está em jogo é muito mais do que uma simples troca de governo. É a própria ideia de país."
Truculência
O Brasil entrou no centro da disputa geopolítica mundial. Tem riquezas naturais, mercado interno, posição estratégica. Construiu economia diversificada e complexa, terreno para grandes empresas nacionais e ambiente potencial para desenvolvimento de tecnologias de ponta.
Os Estados Unidos, acostumados a nadar de braçada no continente, começaram a ver o avanço chinês no que consideram seu quintal. Investimentos, comércio, parcerias com os orientais cresceram de forma exponencial.
Não parece ser coincidência a intenção norte-americana de voltar a ter bases militares na América do Sul (na sempre sensível tríplice fronteira e na Patagônia, que vigia o estreito de Magalhães, curva entre dois mundos). Nem parece ser ao acaso a escolha dos alvos do momento: a Petrobras, as grandes empresas e até o programa nuclear.
Nos últimos anos, o país mostrou zelar por sua autonomia e buscou alianças fora da influência dos EUA. Com China, Rússia, Índia e África do Sul, o Brasil ergueu os Brics e um banco de desenvolvimento inovador.
Aqui, reforçou o Mercosul -alvo imediato de ataque feroz do interino, afoito em mostrar serviço para o Norte e ressuscitar relações subalternas.
Esse contexto maior escapa da verborragia conservadora, ansiosa em reduzir a crise atual a um confronto raso entre supostos corruptos e hipotéticos éticos.
Bastaram poucas semanas para deixar evidente a trama hipócrita e podre do bando que tenta abocanhar o poder.
O que está em jogo é muito mais do que uma simples troca de governo. É a própria ideia de país.
Falar de luta de classes e de projeto nacional deixou alguns leitores ouriçados. Mas, apesar da operação de marketing em curso, os objetivos do atropelo à Constituição são claros: concentrar riqueza, liberar mercados, desnacionalizar a economia, desmantelar o Estado.
O discurso dos sem-voto que se aboletaram no Planalto tenta editar um macarthismo tosco, elegendo um inimigo interno. Agridem os de vermelho (sempre eles!), citados como os culpados de todo o mal, numa manobra conhecida dos movimentos fascistas desde o início do século 20.
Quem se atreve a discordar do rolo compressor elitista é logo tachado de “maluco” pelos replicantes da direita raivosa. Dizem que os que apontam as contradições atuais são saudosos do século 19.
Viúvos do século 19 são os que querem agora surrupiar direitos e restabelecer condições de exploração do trabalho daqueles tempos. Com a retórica de uma suposta modernidade, atacam conquistas sociais e pregam o desmonte da corajosa Constituição de 1988.
Alegam que a matemática não permite que o Estado cumpra suas funções perante os cidadãos. Para eles, a matemática deve servir apenas aos mais ricos e a seus juros maravilhosos. Num giro chinfrim, mandam às favas o tal controle do deficit público: gastam tudo para atender corporações, amigos e ganhar votos.
Com uma cortina de fumaça, arriscam confundir esquerda com autoritarismo. Projetam, assim, no adversário, os seus desejos ocultos. Afinal, o programa dos não eleitos só poderá ser implantado integralmente num regime de força, que censure e elimine a voz dos mais fracos.
As exibições de truculência absurda nos estádios da Olimpíada, proibindo manifestações de “Fora, Temer!” e rasgando os direitos constitucionais de livre manifestação e opinião, parecem ser uma terrível amostra de tempos sombrios pela frente.
O Senado vai enfrentar o julgamento da história.
Os Estados Unidos, acostumados a nadar de braçada no continente, começaram a ver o avanço chinês no que consideram seu quintal. Investimentos, comércio, parcerias com os orientais cresceram de forma exponencial.
Não parece ser coincidência a intenção norte-americana de voltar a ter bases militares na América do Sul (na sempre sensível tríplice fronteira e na Patagônia, que vigia o estreito de Magalhães, curva entre dois mundos). Nem parece ser ao acaso a escolha dos alvos do momento: a Petrobras, as grandes empresas e até o programa nuclear.
Nos últimos anos, o país mostrou zelar por sua autonomia e buscou alianças fora da influência dos EUA. Com China, Rússia, Índia e África do Sul, o Brasil ergueu os Brics e um banco de desenvolvimento inovador.
Aqui, reforçou o Mercosul -alvo imediato de ataque feroz do interino, afoito em mostrar serviço para o Norte e ressuscitar relações subalternas.
Esse contexto maior escapa da verborragia conservadora, ansiosa em reduzir a crise atual a um confronto raso entre supostos corruptos e hipotéticos éticos.
Bastaram poucas semanas para deixar evidente a trama hipócrita e podre do bando que tenta abocanhar o poder.
O que está em jogo é muito mais do que uma simples troca de governo. É a própria ideia de país.
Falar de luta de classes e de projeto nacional deixou alguns leitores ouriçados. Mas, apesar da operação de marketing em curso, os objetivos do atropelo à Constituição são claros: concentrar riqueza, liberar mercados, desnacionalizar a economia, desmantelar o Estado.
O discurso dos sem-voto que se aboletaram no Planalto tenta editar um macarthismo tosco, elegendo um inimigo interno. Agridem os de vermelho (sempre eles!), citados como os culpados de todo o mal, numa manobra conhecida dos movimentos fascistas desde o início do século 20.
Quem se atreve a discordar do rolo compressor elitista é logo tachado de “maluco” pelos replicantes da direita raivosa. Dizem que os que apontam as contradições atuais são saudosos do século 19.
Viúvos do século 19 são os que querem agora surrupiar direitos e restabelecer condições de exploração do trabalho daqueles tempos. Com a retórica de uma suposta modernidade, atacam conquistas sociais e pregam o desmonte da corajosa Constituição de 1988.
Alegam que a matemática não permite que o Estado cumpra suas funções perante os cidadãos. Para eles, a matemática deve servir apenas aos mais ricos e a seus juros maravilhosos. Num giro chinfrim, mandam às favas o tal controle do deficit público: gastam tudo para atender corporações, amigos e ganhar votos.
Com uma cortina de fumaça, arriscam confundir esquerda com autoritarismo. Projetam, assim, no adversário, os seus desejos ocultos. Afinal, o programa dos não eleitos só poderá ser implantado integralmente num regime de força, que censure e elimine a voz dos mais fracos.
As exibições de truculência absurda nos estádios da Olimpíada, proibindo manifestações de “Fora, Temer!” e rasgando os direitos constitucionais de livre manifestação e opinião, parecem ser uma terrível amostra de tempos sombrios pela frente.
O Senado vai enfrentar o julgamento da história.
sexta-feira, agosto 19, 2016
O uso dos smartphones em meio aos paradoxos da civilização
A Apple, mesmo com sua legião de clientes, perde dia a dia, o espaço para a Samsung, no mercado, ainda ascendente, de smartphones no mundo.
No 2º trimestre de 2016, a Samsung já tinha quase o dobro da Apple: 22,3% x 13%. Os iphones da Apple caíram mais 7,7% em vendas, num mercado que cresceu 4,3%.
Outros fabricantes asiáticos somados têm hoje a maior parte do mercado mundial, num setor em que os usuários de celular migram progressivamente para os smartphones, que possibilitam o acesso aos aplicativos com uso da internet.
No Brasil, o uso dos smartphones dobrou nos dois últimos anos, em substituição aos antigos celulares. Hoje, eles representam cerca de 40% de todos os celulares usados.
Contribui fortemente para isso, o uso do aplicativo WhatsApp. Uma parte maior da população quer ser incluída nestes grupos de comunicação.
Segundo pesquisa feita pelo Ibope, por encomenda da Qualcomm a diversão é o principal uso com 57%, contra 24% para trabalho. As redes sociais são acessadas por 75% dos usuários, mesmo percentual dos que valorizam os smartphones para tirar fotos.
Estes pequenos aparelhos mudaram a forma como as pessoas convivem na sociedade moderna. Há bônus e ônus em proporções significativas para o uso e o não uso. As pessoas ficaram mais perto ou mais longe?
Há uma estranha sensação que aquelas que estavam perto se distanciaram, enquanto as que estavam longe se aproximaram. Uma minoria percebe isto, porque está enormemente ocupada com as conversas que acabaram com o tempo que usavam para refletir sobre a realidade que que vivemos.
De toda sorte, ainda é muito cedo para avaliações sobre a sociedade que sai desta inovação, que como outras, passa por ciclos de boom e de colapso. Adaptação e superação.
Pensar e refletir sobre estes caminhos poderia ajudar a pensar o desenvolvimento e o uso das tecnologias a favor da civilização, em meio às contradições e paradoxos.
No 2º trimestre de 2016, a Samsung já tinha quase o dobro da Apple: 22,3% x 13%. Os iphones da Apple caíram mais 7,7% em vendas, num mercado que cresceu 4,3%.
Outros fabricantes asiáticos somados têm hoje a maior parte do mercado mundial, num setor em que os usuários de celular migram progressivamente para os smartphones, que possibilitam o acesso aos aplicativos com uso da internet.
No Brasil, o uso dos smartphones dobrou nos dois últimos anos, em substituição aos antigos celulares. Hoje, eles representam cerca de 40% de todos os celulares usados.
Contribui fortemente para isso, o uso do aplicativo WhatsApp. Uma parte maior da população quer ser incluída nestes grupos de comunicação.
Segundo pesquisa feita pelo Ibope, por encomenda da Qualcomm a diversão é o principal uso com 57%, contra 24% para trabalho. As redes sociais são acessadas por 75% dos usuários, mesmo percentual dos que valorizam os smartphones para tirar fotos.
Estes pequenos aparelhos mudaram a forma como as pessoas convivem na sociedade moderna. Há bônus e ônus em proporções significativas para o uso e o não uso. As pessoas ficaram mais perto ou mais longe?
Há uma estranha sensação que aquelas que estavam perto se distanciaram, enquanto as que estavam longe se aproximaram. Uma minoria percebe isto, porque está enormemente ocupada com as conversas que acabaram com o tempo que usavam para refletir sobre a realidade que que vivemos.
De toda sorte, ainda é muito cedo para avaliações sobre a sociedade que sai desta inovação, que como outras, passa por ciclos de boom e de colapso. Adaptação e superação.
Pensar e refletir sobre estes caminhos poderia ajudar a pensar o desenvolvimento e o uso das tecnologias a favor da civilização, em meio às contradições e paradoxos.
quinta-feira, agosto 18, 2016
Rússia segue com a maior produção mundial de petróleo, com Arábia Saudita em 2º. Brasil segue crescendo
Apesar das dificuldades geradas pelos preços reduzidos, a Rússia segue tendo a maior produção de petróleo do mundo em julho, com o volume de 10,65 milhões de barris por dia (bpd). Isto é um pouco menor do que a produção de junho que tinha sido de 10,71 milhões bpd.
Antes da fase de colapso dos preços do ciclo do petróleo, a Rússia, Arábia Saudita e EUA brigavam, quase empatados, pela maior produção mundial. Em julho, a Arábia Saudita ficou em segundo lugar com 10,67 milhões bpd, um pouco mais do que os seus 10,56 milhões bpd de junho.
Já os EUA se distancia deste patamar a cada dia, por conta dos custos da produção de petróleo e gás de xisto. No final de julho a produção americana estava em 8,5 milhões de bpd, quando em 2014 chegou a mais de 10 milhões de bpd e no ano passado esteve em torno dos US$ 9,5 milhões bpd.
O preço do barril como era esperado segue equilibrado entre US$ 40 e US$ 50, o barril. São grandes as perspectivas que fique em torno disso, no máximo até US$ 55 ou US$ 60, por pelo menos mais dois anos, com os EUA atuando como uma espécie de regulador. Quando o preço sobe mais um pouco, a produção de xisto é retomada, as importações americanas reduzem um pouco e volta o excesso de petróleo no mercado mundial.
A Rússia deve prosseguir aumentando a sua produção porque ampliou seu mercado, diante do aumento de produtividade conquistado com a redução de custos gerados pela variação cambial, fato comum, na inversão de fases do "ciclo petro-econômico", nos países produtores.
Em julho, a produção dos países da Opep (agora 14 nações-membro) cresceu em relação ao total da produção mundial atingindo 33,11 milhões de bpd, estando em torno de 36%, quando antes esteve abaixo de 1/3 da produção mundial, estimada entre 93 milhões e 95 milhões de bpd. Números sempre controversos por conta do jogo de disputa de mercado e especulações.
No Irã a produção segue subindo e atingiu em julho a 3,85 milhões de bpd, o maior volume desde 2008. Segundo o planejamento do governo iraniano a previsão é de chegar a 4,6 milhões de barris por dia em cinco anos. Assim, há uma grande disputa por mercado e preços entre os países árabes da Opep.
A diferença entre a demanda e a produção mundial segue em torno dos 1,3 milhões de bpd de excesso. Os estoques de petróleo cru e derivados também continuam grandes, embora o preço do barril para futuro em outubro tenha hoje, novamente passado dos US$ 50, o barril. Em parte esta variação para cima está ligado às expectativas com nova decisão da Opep.
Uma mudança nesta previsão pode ocorrer se houver algum acordo da Opep e outros produtores prevista para setembro, na Argélia. Segundo o ministro de Energia da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, "existe uma oportunidade para a Opep e outros grandes exportadores de se encontrarem e discutirem a situação de mercado, incluindo possíveis ações para estabilizá-lo".
Antes da fase de colapso dos preços do ciclo do petróleo, a Rússia, Arábia Saudita e EUA brigavam, quase empatados, pela maior produção mundial. Em julho, a Arábia Saudita ficou em segundo lugar com 10,67 milhões bpd, um pouco mais do que os seus 10,56 milhões bpd de junho.
Já os EUA se distancia deste patamar a cada dia, por conta dos custos da produção de petróleo e gás de xisto. No final de julho a produção americana estava em 8,5 milhões de bpd, quando em 2014 chegou a mais de 10 milhões de bpd e no ano passado esteve em torno dos US$ 9,5 milhões bpd.
O preço do barril como era esperado segue equilibrado entre US$ 40 e US$ 50, o barril. São grandes as perspectivas que fique em torno disso, no máximo até US$ 55 ou US$ 60, por pelo menos mais dois anos, com os EUA atuando como uma espécie de regulador. Quando o preço sobe mais um pouco, a produção de xisto é retomada, as importações americanas reduzem um pouco e volta o excesso de petróleo no mercado mundial.
A Rússia deve prosseguir aumentando a sua produção porque ampliou seu mercado, diante do aumento de produtividade conquistado com a redução de custos gerados pela variação cambial, fato comum, na inversão de fases do "ciclo petro-econômico", nos países produtores.
Em julho, a produção dos países da Opep (agora 14 nações-membro) cresceu em relação ao total da produção mundial atingindo 33,11 milhões de bpd, estando em torno de 36%, quando antes esteve abaixo de 1/3 da produção mundial, estimada entre 93 milhões e 95 milhões de bpd. Números sempre controversos por conta do jogo de disputa de mercado e especulações.
No Irã a produção segue subindo e atingiu em julho a 3,85 milhões de bpd, o maior volume desde 2008. Segundo o planejamento do governo iraniano a previsão é de chegar a 4,6 milhões de barris por dia em cinco anos. Assim, há uma grande disputa por mercado e preços entre os países árabes da Opep.
A diferença entre a demanda e a produção mundial segue em torno dos 1,3 milhões de bpd de excesso. Os estoques de petróleo cru e derivados também continuam grandes, embora o preço do barril para futuro em outubro tenha hoje, novamente passado dos US$ 50, o barril. Em parte esta variação para cima está ligado às expectativas com nova decisão da Opep.
Uma mudança nesta previsão pode ocorrer se houver algum acordo da Opep e outros produtores prevista para setembro, na Argélia. Segundo o ministro de Energia da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, "existe uma oportunidade para a Opep e outros grandes exportadores de se encontrarem e discutirem a situação de mercado, incluindo possíveis ações para estabilizá-lo".
Sobre a produção brasileira de petróleo, a Agência Internacional de Energia (AIE) continua revendo para cima as previsões da Petrobras. Para 2017, a AIE está prevendo a produção da Petrobras em 2,88 milhões de bpd em média, maior do que os 2,7 milhões bpd de julho.
É bom que se diga que estrategicamente, no atual contexto do ciclo petro-econômico, o aumento a "qualquer custo" da produção nacional de petróleo, não parece uma boa alternativa.
Para a AIE e para a Opep, o Brasil está entre as nações com o maior potencial de crescimento de produção do mundo, sendo a Petrobras o carro chefe de tudo isto, especialmente, com a exploração das reservas do pré-sal, cuja produtividade por poço, é geologicamente, fenomenal, considerando a profundidade dos campos, as tecnologias e logísticas envolvidas.
Assim, é cada vez mais evidente o papel das reservas brasileiras na disputa da geopolítica da energia, com reflexos no aproveitamento das vulnerabilidades econômicas e políticas no país. Seguimos acompanhando.
quarta-feira, agosto 17, 2016
Destruição nada criativa de 1 mil navios com o objetivo de elevar os fretes
Já vimos pés de café sendo queimados na década de 20 e outros produtos agrícolas, ou de origem pecuária, sendo descartados por excesso de produção, na busca da retomada de preços que justificassem sua "reprodução".
Mas é estranho demais imaginar que sejam sucateados milhares de equipamentos de transportes, num tempo de economia globalizada, de encurtamento das distâncias e de extrema fluidez das cargas, após uma extrema reestruturação produtiva ainda em curso.
Mas, assim é o mundo capitalista, cheio de paradoxos e contradições.
O caso a que refiro é dos navios utilizados para o transporte de cargas entre as nações e continentes. Acredito que a maioria saiba que as exportações e importações aconteçam massivamente por via marítima pelos quatro cantos do mundo.
Isto acontece especialmente depois do uso expandido dos contêineres, considerado como o equipamento que se transformou na espinha dorsal do processo de globalização, pela sua característica multimodalidade, que permite seu uso sobre os navios, trens, caminhões, ou ainda para armazenamento, mesmo que temporário nas bases portuárias ou outros.
Pois bem, segundo matéria do The Wall Street Journal de ontem, o barateamento, seguido e forte dos custos dos fretes marítimos, está levando a que cerca de 1 mil navios, com capacidade de transporte de 52 milhões de toneladas de carga - equivalente ao peso de 243 mil aviões tipo Boeing 747 vazios - sejam levados até a costa, cortados em pedaços e vendidos como ferro-velho ainda neste ano.
Este dado espanta ainda mais quando a reportagem diz que estes 52 milhões de toneladas de sucatas de navios descartados, é inferior ao que se teve em 2012, quando esta quantidade chegou a 61 milhões de toneladas.
Veja que o objetivo dos armadores (setor que opera os negócios) é retomar o preço do frete que teria abaixado demais. A reportagem diz que "o trajeto Ásia-Europa, a principal rota de transporte marítimo do mundo, a média dos fretes cobrados neste ano está em US$ 575 por contêiner, ante US$ 620 em 2015 e US$ 1.165 em 2014. Qualquer valor abaixo de US$ 1.400 não é sustentável, afirmam as operadoras de navios".
O caso me chama novamente a atenção para observar o sistema. Nem sempre o custo baixo é o objetivo do sistema por conta dos valores que se pretende apropriar.
Assim, a dinamarquesa Maersk Line, a maior transportadora do mundo pela via marítima, junto da alemã Hapag-Lloyd AG e a chinesa China Cosco Bulk Shipping Co. estão com 30% de capacidade ociosa para transporte no mar e por isto reclamam dos preços de frete atuais. Segundo estas corporações, os fretes estariam tão baixos que não conseguem, sequer, cobrir os custos com combustível.
Isto é um exemplo de capacidade instalada, acima da demanda. O caso limita também a produção de novos navios conteineros em estaleiros em todo o mundo, numa época que já se vive o fenômeno sobre o gigantismo naval e portuário que já foi objeto de um artigo aqui no blog em 17/04/2015.
Ainda, segundo a reportagem, "no período de cinco anos até 2015, as empresas de transporte encomendaram uma média de 1.450 novos navios por ano. Neste ano, as encomendas até julho recuaram para 292 navios, ou 11,6 milhões toneladas de capacidade de carga, segundo a Vessels Value, firma britânica que fornece dados do setor de transporte marítimo".
No caso dos navios petroleiros, o excesso de capacidade está sendo utilizado para armazenagem de petróleo, aproveitando os baixos custos do barril. Assim, os navios que são geralmente reciclados quando chegam a cerca de 30 anos de idade, agora a média de idade dos navios sendo reciclados estariam na metade do tempo, em torno de 15 anos.
Enfim, é um caso que chama a atenção e que não deve passar como um detalhe dentro da lógica do sistema hegemônico e tido por muitos como única solução em termos de civilização.
Mas é estranho demais imaginar que sejam sucateados milhares de equipamentos de transportes, num tempo de economia globalizada, de encurtamento das distâncias e de extrema fluidez das cargas, após uma extrema reestruturação produtiva ainda em curso.
Mas, assim é o mundo capitalista, cheio de paradoxos e contradições.
O caso a que refiro é dos navios utilizados para o transporte de cargas entre as nações e continentes. Acredito que a maioria saiba que as exportações e importações aconteçam massivamente por via marítima pelos quatro cantos do mundo.
Isto acontece especialmente depois do uso expandido dos contêineres, considerado como o equipamento que se transformou na espinha dorsal do processo de globalização, pela sua característica multimodalidade, que permite seu uso sobre os navios, trens, caminhões, ou ainda para armazenamento, mesmo que temporário nas bases portuárias ou outros.
Pois bem, segundo matéria do The Wall Street Journal de ontem, o barateamento, seguido e forte dos custos dos fretes marítimos, está levando a que cerca de 1 mil navios, com capacidade de transporte de 52 milhões de toneladas de carga - equivalente ao peso de 243 mil aviões tipo Boeing 747 vazios - sejam levados até a costa, cortados em pedaços e vendidos como ferro-velho ainda neste ano.
Este dado espanta ainda mais quando a reportagem diz que estes 52 milhões de toneladas de sucatas de navios descartados, é inferior ao que se teve em 2012, quando esta quantidade chegou a 61 milhões de toneladas.
Foto: Karan Deep Singh do The Wall Street Journal |
Veja que o objetivo dos armadores (setor que opera os negócios) é retomar o preço do frete que teria abaixado demais. A reportagem diz que "o trajeto Ásia-Europa, a principal rota de transporte marítimo do mundo, a média dos fretes cobrados neste ano está em US$ 575 por contêiner, ante US$ 620 em 2015 e US$ 1.165 em 2014. Qualquer valor abaixo de US$ 1.400 não é sustentável, afirmam as operadoras de navios".
O caso me chama novamente a atenção para observar o sistema. Nem sempre o custo baixo é o objetivo do sistema por conta dos valores que se pretende apropriar.
Assim, a dinamarquesa Maersk Line, a maior transportadora do mundo pela via marítima, junto da alemã Hapag-Lloyd AG e a chinesa China Cosco Bulk Shipping Co. estão com 30% de capacidade ociosa para transporte no mar e por isto reclamam dos preços de frete atuais. Segundo estas corporações, os fretes estariam tão baixos que não conseguem, sequer, cobrir os custos com combustível.
Isto é um exemplo de capacidade instalada, acima da demanda. O caso limita também a produção de novos navios conteineros em estaleiros em todo o mundo, numa época que já se vive o fenômeno sobre o gigantismo naval e portuário que já foi objeto de um artigo aqui no blog em 17/04/2015.
Ainda, segundo a reportagem, "no período de cinco anos até 2015, as empresas de transporte encomendaram uma média de 1.450 novos navios por ano. Neste ano, as encomendas até julho recuaram para 292 navios, ou 11,6 milhões toneladas de capacidade de carga, segundo a Vessels Value, firma britânica que fornece dados do setor de transporte marítimo".
No caso dos navios petroleiros, o excesso de capacidade está sendo utilizado para armazenagem de petróleo, aproveitando os baixos custos do barril. Assim, os navios que são geralmente reciclados quando chegam a cerca de 30 anos de idade, agora a média de idade dos navios sendo reciclados estariam na metade do tempo, em torno de 15 anos.
Enfim, é um caso que chama a atenção e que não deve passar como um detalhe dentro da lógica do sistema hegemônico e tido por muitos como única solução em termos de civilização.
Para alguns os problemas estariam ligados também aos limites da produção e ao tipo de sociedade, diante do "tal mercado", que parece não ter mais como crescer, diante das desigualdades e da pobreza em boa parte do mundo.
Assim, o problema não seria apenas do excesso de capacidade, mas também a desaceleração da economia mundial, com a redução das importações e exportações chinesas em especial.
A reportagem diz ainda que no ano passado, as importações chinesas de produtos da União Europeia recuaram quase 14%, enquanto as exportações da China para a UE caíram 3% no mesmo período. No primeiro trimestre deste ano, as importações chinesas vindas da UE foram 7% menores que no mesmo período de 2015 e as exportações para o bloco registraram o mesmo recuo.
A reportagem diz ainda que no ano passado, as importações chinesas de produtos da União Europeia recuaram quase 14%, enquanto as exportações da China para a UE caíram 3% no mesmo período. No primeiro trimestre deste ano, as importações chinesas vindas da UE foram 7% menores que no mesmo período de 2015 e as exportações para o bloco registraram o mesmo recuo.
Enfim, sigamos acompanhando a economia global em sua atuação e diversas contradições.
PS.: Atualizado às 12:46: para corrigir título.
PS.: Atualizado às 12:46: para corrigir título.
terça-feira, agosto 16, 2016
Eleições e desvirtuamento da vontade popular
A propaganda oficial nas eleições municipais brasileiras que se incia hoje, deverá ser um pouco diferente, com a proibição de financiamento empresarial destas campanhas eleitorais.
Porém, não nos iludamos, as candidaturas majoritárias mais estruturadas terão a favor de si, não apenas as máquinas, mas um controle sobre os desvios dos adversários para questionamentos futuros.
Como sempre bônus e ônus tendo que conviver no ambiente em que democracia e golpe embolam e confundem não apenas as mentes, mas as concepções ideológicas que deveriam apenas respeitar a vontade da maioria.
Do lado de uma boa iniciativa como a redução das possibilidades da forte influência do poder econômico sobre as eleições, tem na outra face, a judicialização da política, onde a força econômica é ainda e cada vez mais avassaladora.
Assim, se percebe que a plutocracia (governo dos ricos, ou fortemente influenciado pelo poder do dinheiro) tem diversas faces e dimensões de atuação no processo eleitoral. A judicialização é apenas uma delas. Evidentemente que isto delimita aquilo que se imaginava uma democracia, onde o poder emanaria do povo.
Assim, o sistema agudiza a crise do sistema representativo não apenas aqui no Brasil, mas em todo o mundo. Desta forma, no curto prazo, não há saída fora da política, mesmo com a agudização das crises políticas.
Enfim, vamos ao debate político-eleitoral nas cidades, onde se tem (ou se deveria ter) a base deste sistema, que com suas falhas e artimanhas jurídico-midiáticas-parlamentares desviam com frequência crescente as decisões da vontade popular.
Porém, não nos iludamos, as candidaturas majoritárias mais estruturadas terão a favor de si, não apenas as máquinas, mas um controle sobre os desvios dos adversários para questionamentos futuros.
Como sempre bônus e ônus tendo que conviver no ambiente em que democracia e golpe embolam e confundem não apenas as mentes, mas as concepções ideológicas que deveriam apenas respeitar a vontade da maioria.
Do lado de uma boa iniciativa como a redução das possibilidades da forte influência do poder econômico sobre as eleições, tem na outra face, a judicialização da política, onde a força econômica é ainda e cada vez mais avassaladora.
Assim, se percebe que a plutocracia (governo dos ricos, ou fortemente influenciado pelo poder do dinheiro) tem diversas faces e dimensões de atuação no processo eleitoral. A judicialização é apenas uma delas. Evidentemente que isto delimita aquilo que se imaginava uma democracia, onde o poder emanaria do povo.
Assim, o sistema agudiza a crise do sistema representativo não apenas aqui no Brasil, mas em todo o mundo. Desta forma, no curto prazo, não há saída fora da política, mesmo com a agudização das crises políticas.
Enfim, vamos ao debate político-eleitoral nas cidades, onde se tem (ou se deveria ter) a base deste sistema, que com suas falhas e artimanhas jurídico-midiáticas-parlamentares desviam com frequência crescente as decisões da vontade popular.
segunda-feira, agosto 15, 2016
Para além dos resultados financeiros do 2ºT2016 da Prumo no Porto do Açu
Na semana passada a Prumo Logística Global, holding que controla e opera o Porto do Açu, divulgou seus resultados no 2º trimestre deste ano. A Prumo encerrou o período com lucro de R$ 55,9 milhões
e investimentos de R$ 152,03 milhões no Porto do Açu.
É interessante observar, mesmo que brevemente alguns pontos que constam do relatório de 89 páginas do relatório, mas relacioná-los a outras questões não abordadas para a construção da análise da instalação do empreendimento logístico-portuário.
De essencial pode-se registrar, onde foram investidos R$ 152,03 milhões no Porto do Açu neste 2º trimestre de 2016:
1) Deste total, R$ 50 milhões foram aplicados nas obras do Terminal de Petróleo (T-OIL), na montagem eletromecânica do terminal e conclusão das obras civis e do quebra-mar. Segundo a Prumo, o terminal começa a operar ainda este mês e já estaia com alfandegamento e as licenças obtidas.
2) Outros R$ 41,2 milhões foram aplicados no Terminal 2, para a construção do quebra-mar, dragagem e desenvolvimento do CCOTM (Centro de Controle Operacional do Tráfego Marítimo), e outros R$ 25,1 milhões na construção do quebra-mar do Terminal 1, aterro hidráulico e gerenciamento de obras.
3) O restante foi aplicado nas obras do Terminal Multicargas (T-MULT) e na infraestrutura geral do empreendimento.
Ainda segundo a Prumo, desde o início da operação do Porto do Açu, em outubro de 2014, já teriam sido recebidos um movimento de aproximadamente 400 embarcações, sendo 55 navios graneleiros para exportação de minério de ferro
Sobre novos negócios vale registrar abaixo a estrutura atual de empresas da holding (grupo) Prumo. Nele se vê os negócios e iniciativas empresariais que o fundo de investimentos americano EIG pretende desenvolver:
Entre os diversos negócios comentaremos sobre alguns deles. Muitos estão "congelados" a espera de nova fase de expansão da economia e buscando parceiros e investimentos.
1) A Prumo celebrou instrumento de transação com Eneva S.A. A Enerva é hoje controlada pela alemã E.On que adquiriu os direitos da ex-MPX, do Eike Batista, empresa dos negócios de geração de eletricidade). Pelo acordo, a Prumo informa ter encerrado com a Eneva todos os contratos previamente celebrados, deixando de existir qualquer relação entre as empresas no Porto do Açu. O acordo também estabelece que a Licença Prévia (LP) detida pela Eneva para a possível futura instalação de uma usina termelétrica a gás natural, com capacidade de geração de 3,3 GW, no Porto do Açu, passa a ser detida pela Prumo. Segundo a Prumo, com isso, o Porto do Açu passou a ter a possibilidade de instalação de geração de 6,6 GW por meio de termelétricas.
2) A Prumo também assinou termo de compromisso com a empresa de navegação Wilson Sons que opera como armador através de embarcações para movimentação de cargas. A Wilson Sons é também operadora e concessionária de terminais portuários em alguns portos. Pelo contrato, ficou estabelecido condições técnicas e comerciais a serem adotadas pela Wilson Sons que ficaria encarregada da operação de
rebocadores para os clientes do Porto do Açu. Com a assinatura do Termo de Compromisso, as duas empresas (Prumo e Wilson Sons) passam a concentrar seus esforços em concluir o detalhamento das condições já
negociadas e em assinar o contrato que regerá em definitivo a prestação de serviços de
rebocagem para os usuários do Porto do Açu. Efetivamente já é possível ver vários rebocadores em torno da entrada do terminais 1 e 2 do porto (Foto ao lado do dia 08/08/2016 de Denis Toledo). Clique sobre ela para ver em tamanho maior). Os rebocadores só usam o píer para movimentação de cargas, mas esperam a chamada, como se faz na Baía da Guanabara, onde é possível contar sempre uma quantidade em torno de meia centena de rebocadores fundeados.
Estas informações também permitem levantar algumas pendências e interpretações sobre a atual fase de desenvolvimento do projeto portuário do Açu:
1) Nenhuma informação sobre a área (3,2 milhões de m²) que era da OSX, onde hoje estão as ruínas dos galpões da Unidade de Construção Naval (UCN). Também nada foi dito sobre a área lateral a esta dos galpões da UCN e que foi usada para montagem de módulos de plataformas pelo consórcio Integra (OSX + Mendes Junior) e que foi desativada junto ao terminal 2 do Porto do Açu.
2) A enorme área do DISJB que contém a maior parte dos 90 km² que o Porto do Açu divulga como sua retroárea, continua em grande parte (a maioria) não sendo utilizada e servindo à especulação. O alto valor do aluguel é um dos entraves de empresas que atuam em Macaé e pensaram em se instalar junto à base portuária da Edison Chouest para movimentar cargas offshore. Algumas delas, por contrato ficam responsáveis pelo deslocamento de cargas para embarque e desembarque para distâncias inferiores a 100 quilômetros do terminal portuário.
3) No relatório nada é falado sobre os problemas ambientais e sociais decorrentes do processo de implantação, como a salinização e a erosão do praia. Na página 41 do relatório, é feito breve comentário sobre as conflituosos desapropriações de terras e imóveis que tiraram os pequenos produtores rurais de áreas que hoje ainda nada servem. Além disso, há centenas deles ainda com problemas pendências e questionamentos sobre as desapropriações.
4) Nos relatórios mensais a Prumo diz ter um projeto de um heliporto que seria inaugurado no segundo semestre deste ano. Faz propaganda e diz que projeto já tem licença da Anac foi feito pela mesma empresa que fez o da Petrobras. Fala numa área de 2 milhões de m², posição para 42 helicópteros, terminal de passageiros e 8 hangares, estacionamento e duas pistas de voo. Apesar da previsão de um cronograma de início de operação neste semestre, ninguém comenta o assunto, nem a empresa.
5) A instalação da ZPE (Zona de Processamento de Exportação) junto ao Porto do Açu poderá mexer com a receita dos impostos para os entes governamentais, reduzindo ainda mais as vantagens já limitadas da instalação do terminal portuário para a população como um todo.
6) Na prática, reforça a hipótese de que o porto acaba sendo efetivamente um "enclave" que pouco dialoga com a cidade ou região. Ou seja, o projeto que era de um porto de 5ª geração, do tipo MIDAS (porto-indústria) por enquanto é mais porto e pouco indústria.
7) A informação sobre os acordos com a Eneva e Wilson Sons que constam dos resultados divulgados acima reforça esta atual interpretação sobre o projeto de instalação do Porto do Açu. Assim, a vertente sobre projetos ligados ao gás natural (ou GNL) e geração de energia como bases e insumos para outras atividades industriais continuam como possibilidades.
8) Além disso, o uso dos terminais de multicargas e contêineres fica limitado a uma ou outra movimentação enquanto o projeto de ferrovia a leste (Vitória-Açu-Rio) não sai da fase de projeto e construção que não deve ocorrer em prazo menor que uma década. Ainda mais remota é o projeto de ferrovia Leste-Oeste saindo do Açu em direção a Minas Gerais e ao Pacífico, que chegou a ser cogitado como de interesse dos chineses e que poderia interligar o porto à produção do agronegócio da região centro-oeste.
9) Com a fase de baixa do ciclo econômico e não apenas do petróleo, o Porto do Açu levou uma enorme vantagem concorrencial, em relação a outros projetos portuários que estavam em fase ainda de licenciamento e busca de investidores, tanto os localizados no litoral fluminense, quanto do estado do Espírito Santo. Neste, o que possuía mais potencial era o TPK de Presidente Kennedy, em parceria entre empresários locais e empresa ligadas ao Porto de Roterdã. Com a crise e a redução das demandas do apoio offshhore aquele projeto ainda não teve o licenciamento. Além disso, o pessoal de Roterdã, hoje já conversa com outros terminais portuários no Brasil, para montar um hub (distribuição) na América do Sul. Nesta linha, o Porto de Pecém, com a ampliação do Canal do Panamá, tende a levar vantagem. Fato é que de uma forma ou outra o Porto do Açu, não perdeu com esta freada cíclica da economia e do ciclo petro-econômico.
Seguimos acompanhando o processo. O blog abre espaço para ouvir outras análises sobre o desenvolvimento do projeto deste complexo portuário no norte do estado do Rio de Janeiro (ERJ).
É interessante observar, mesmo que brevemente alguns pontos que constam do relatório de 89 páginas do relatório, mas relacioná-los a outras questões não abordadas para a construção da análise da instalação do empreendimento logístico-portuário.
De essencial pode-se registrar, onde foram investidos R$ 152,03 milhões no Porto do Açu neste 2º trimestre de 2016:
1) Deste total, R$ 50 milhões foram aplicados nas obras do Terminal de Petróleo (T-OIL), na montagem eletromecânica do terminal e conclusão das obras civis e do quebra-mar. Segundo a Prumo, o terminal começa a operar ainda este mês e já estaia com alfandegamento e as licenças obtidas.
2) Outros R$ 41,2 milhões foram aplicados no Terminal 2, para a construção do quebra-mar, dragagem e desenvolvimento do CCOTM (Centro de Controle Operacional do Tráfego Marítimo), e outros R$ 25,1 milhões na construção do quebra-mar do Terminal 1, aterro hidráulico e gerenciamento de obras.
3) O restante foi aplicado nas obras do Terminal Multicargas (T-MULT) e na infraestrutura geral do empreendimento.
Ainda segundo a Prumo, desde o início da operação do Porto do Açu, em outubro de 2014, já teriam sido recebidos um movimento de aproximadamente 400 embarcações, sendo 55 navios graneleiros para exportação de minério de ferro
Sobre novos negócios vale registrar abaixo a estrutura atual de empresas da holding (grupo) Prumo. Nele se vê os negócios e iniciativas empresariais que o fundo de investimentos americano EIG pretende desenvolver:
Entre os diversos negócios comentaremos sobre alguns deles. Muitos estão "congelados" a espera de nova fase de expansão da economia e buscando parceiros e investimentos.
1) A Prumo celebrou instrumento de transação com Eneva S.A. A Enerva é hoje controlada pela alemã E.On que adquiriu os direitos da ex-MPX, do Eike Batista, empresa dos negócios de geração de eletricidade). Pelo acordo, a Prumo informa ter encerrado com a Eneva todos os contratos previamente celebrados, deixando de existir qualquer relação entre as empresas no Porto do Açu. O acordo também estabelece que a Licença Prévia (LP) detida pela Eneva para a possível futura instalação de uma usina termelétrica a gás natural, com capacidade de geração de 3,3 GW, no Porto do Açu, passa a ser detida pela Prumo. Segundo a Prumo, com isso, o Porto do Açu passou a ter a possibilidade de instalação de geração de 6,6 GW por meio de termelétricas.
Rebocadores junto ao Porto do Açu em 08/08/16. Foto Denis Toledo. |
Estas informações também permitem levantar algumas pendências e interpretações sobre a atual fase de desenvolvimento do projeto portuário do Açu:
1) Nenhuma informação sobre a área (3,2 milhões de m²) que era da OSX, onde hoje estão as ruínas dos galpões da Unidade de Construção Naval (UCN). Também nada foi dito sobre a área lateral a esta dos galpões da UCN e que foi usada para montagem de módulos de plataformas pelo consórcio Integra (OSX + Mendes Junior) e que foi desativada junto ao terminal 2 do Porto do Açu.
2) A enorme área do DISJB que contém a maior parte dos 90 km² que o Porto do Açu divulga como sua retroárea, continua em grande parte (a maioria) não sendo utilizada e servindo à especulação. O alto valor do aluguel é um dos entraves de empresas que atuam em Macaé e pensaram em se instalar junto à base portuária da Edison Chouest para movimentar cargas offshore. Algumas delas, por contrato ficam responsáveis pelo deslocamento de cargas para embarque e desembarque para distâncias inferiores a 100 quilômetros do terminal portuário.
3) No relatório nada é falado sobre os problemas ambientais e sociais decorrentes do processo de implantação, como a salinização e a erosão do praia. Na página 41 do relatório, é feito breve comentário sobre as conflituosos desapropriações de terras e imóveis que tiraram os pequenos produtores rurais de áreas que hoje ainda nada servem. Além disso, há centenas deles ainda com problemas pendências e questionamentos sobre as desapropriações.
4) Nos relatórios mensais a Prumo diz ter um projeto de um heliporto que seria inaugurado no segundo semestre deste ano. Faz propaganda e diz que projeto já tem licença da Anac foi feito pela mesma empresa que fez o da Petrobras. Fala numa área de 2 milhões de m², posição para 42 helicópteros, terminal de passageiros e 8 hangares, estacionamento e duas pistas de voo. Apesar da previsão de um cronograma de início de operação neste semestre, ninguém comenta o assunto, nem a empresa.
5) A instalação da ZPE (Zona de Processamento de Exportação) junto ao Porto do Açu poderá mexer com a receita dos impostos para os entes governamentais, reduzindo ainda mais as vantagens já limitadas da instalação do terminal portuário para a população como um todo.
6) Na prática, reforça a hipótese de que o porto acaba sendo efetivamente um "enclave" que pouco dialoga com a cidade ou região. Ou seja, o projeto que era de um porto de 5ª geração, do tipo MIDAS (porto-indústria) por enquanto é mais porto e pouco indústria.
7) A informação sobre os acordos com a Eneva e Wilson Sons que constam dos resultados divulgados acima reforça esta atual interpretação sobre o projeto de instalação do Porto do Açu. Assim, a vertente sobre projetos ligados ao gás natural (ou GNL) e geração de energia como bases e insumos para outras atividades industriais continuam como possibilidades.
8) Além disso, o uso dos terminais de multicargas e contêineres fica limitado a uma ou outra movimentação enquanto o projeto de ferrovia a leste (Vitória-Açu-Rio) não sai da fase de projeto e construção que não deve ocorrer em prazo menor que uma década. Ainda mais remota é o projeto de ferrovia Leste-Oeste saindo do Açu em direção a Minas Gerais e ao Pacífico, que chegou a ser cogitado como de interesse dos chineses e que poderia interligar o porto à produção do agronegócio da região centro-oeste.
9) Com a fase de baixa do ciclo econômico e não apenas do petróleo, o Porto do Açu levou uma enorme vantagem concorrencial, em relação a outros projetos portuários que estavam em fase ainda de licenciamento e busca de investidores, tanto os localizados no litoral fluminense, quanto do estado do Espírito Santo. Neste, o que possuía mais potencial era o TPK de Presidente Kennedy, em parceria entre empresários locais e empresa ligadas ao Porto de Roterdã. Com a crise e a redução das demandas do apoio offshhore aquele projeto ainda não teve o licenciamento. Além disso, o pessoal de Roterdã, hoje já conversa com outros terminais portuários no Brasil, para montar um hub (distribuição) na América do Sul. Nesta linha, o Porto de Pecém, com a ampliação do Canal do Panamá, tende a levar vantagem. Fato é que de uma forma ou outra o Porto do Açu, não perdeu com esta freada cíclica da economia e do ciclo petro-econômico.
Seguimos acompanhando o processo. O blog abre espaço para ouvir outras análises sobre o desenvolvimento do projeto deste complexo portuário no norte do estado do Rio de Janeiro (ERJ).
domingo, agosto 14, 2016
"Nos tempos de El Rei"
Dentro da linha que temos abordado aqui neste espaço, o blog traz este artigo do Wladmir Coelho, publicado originalmente aqui no blog "Política Econômica do Petróleo".
O autor analisa corretamente a meu juízo, a falta de um debate sobre a política energética nacional para além da questão do aumento da produção nacional que não deveria ter foco na perspectiva de exportação de petróleo.
Desta fora, Coelho relembra o destino quase inexorável das nações exportadoras de recursos de recursos naturais e insiste num debate que o blog tem também travado no sentido de entender a disputa entre o Estado e os oligopólios das petroleiras privadas com o apoio da mídia comercial.
O autor analisa corretamente a meu juízo, a falta de um debate sobre a política energética nacional para além da questão do aumento da produção nacional que não deveria ter foco na perspectiva de exportação de petróleo.
Desta fora, Coelho relembra o destino quase inexorável das nações exportadoras de recursos de recursos naturais e insiste num debate que o blog tem também travado no sentido de entender a disputa entre o Estado e os oligopólios das petroleiras privadas com o apoio da mídia comercial.
Ambos não reconhecem que a elite econômico privada nacional, por mais de um século, foi incompetente em fazer o que a Petrobras vem realizando em prol da nação. Assim, miram apenas em se apropriar do desmanche que querem fazer da empresa. Confiram o artigo republicado abaixo:
A entrega do petróleo brasileiro - Nos tempos de El Rei
Por Wladmir Coelho
O chamado pré-sal brasileiro acumula, pelo menos, 40 bilhões de barris de petróleo reservando ao Brasil um papel destacado no setor energético internacional. Contudo a ausência de uma política para o desenvolvimento nacional somado ao furor exploratório imediatista, predatório de base colonial tratou de criar ou projetar um novo ciclo econômico: O ciclo do petróleo.
Petrobras operadora dos blocos, fundo de investimentos, royalties, conteúdo nacional foram aspectos considerados sem a necessária observação da necessidade de revisão constitucional. Neste caso devemos observar que o controle do petróleo brasileiro e os conceitos de empresa nacional em nossa Constituição sofreram, nos anos de 1990, alterações em obediência aos dogmas neoliberais.
O resultado trágico revela-se na ausência de proteção à Petrobras fragilizada desde a queda do monopólio estatal durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
A consequência: o debate relativo ao pré-sal não apresentou, ou apresenta, espaço à discussão do uso do petróleo como elemento para criação de uma política energética nacional considerando à autossuficiência. Ficou a questão petrolífera nacional reduzida à condição ou expectativa da exportação futura.
Novidade? Nenhuma. O ouro, o diamante, o minério de ferro conheceram e conhecem semelhante trajetória. Pandiá Calógeras, ainda no inicio do século XX, pesquisou e calculou o gigantesco volume de ouro e diamante expropriados do subsolo nacional enquanto Washington Albino apontou a importância do ouro, saqueado do Brasil, para o financiamento da industrialização da Inglaterra no século XVIII.
Os fundamentos deste modelo exploratório permanecem: No passado El Rei distribuía autorizações para exploração aurífera pouco importando o poder econômico decorrente desta. Com o petróleo não é diferente.
Entregue por mais de cem anos, de meados do século XIX até 1953, à iniciativa privada o setor petrolífero no Brasil permaneceu estagnado impedindo, deste modo, a criação de uma política energética nacional.
Vejamos: ao contrário do discurso ideológico liberal o setor privado, apesar do monopólio que exerceu neste longo período, revelou-se totalmente incompetente para iniciar o processo de exploração petrolífera brasileiro.
A proposta dos oligopólios sempre foi preservar as áreas com potencial produtivo para posterior exploração mantendo, naturalmente, a condição de exportação predatória.
Criada a Petrobras temos, pela primeira vez, a possibilidade de controle da exploração petrolífera considerando-se uma política econômica nacional amparada no uso do poder econômico do petróleo. Neste ponto é preciso notar o controle nacional dos bens natural e econômico representados na reserva existente no subsolo sua industrialização e distribuição.
Estes aspectos não existem mais. A ideologia neoliberal quebrou esta cadeia entregando ao setor privado o controle do bem econômico. Este mesmo setor durante 100 anos cuidou de impedir a exploração petrolífera e hoje revela sua “competência” através do controle das áreas produtivas desenvolvidas a partir do trabalho de pesquisa da Petrobras.
A legitimação do discurso oficial entreguista ocorre através do oligopólio de imprensa responsável pelo bombardeio ideológico antinacional e neoliberal criando a confusão conceitual do atual modelo de exploração petrolífera no Brasil.
A Petrobras continuou e continua apresentada no discurso oficial e meios de comunicação como “empresa estatal”. Este fato oculta a queda da lei 2004 de 1953 e consequente fim do monopólio da empresa mista.
Esta condição, empresa mista, revela outra fragilidade; desde a criação da Petrobras ficou evidente que a única forma de garantir a existência de uma empresa brasileira em condições de enfrentar o poder econômico dos oligopólios internacionais seria através do exercício do monopólio cuja finalidade foi a criação de uma política de autossuficiência.
O discurso oficial, neste caso a soma de governo e setores entreguistas da imprensa, oculta a necessidade da reformulação da constituição no aspecto relativo ao controle do bem econômico petróleo. Na prática o “moderno” discurso governamental de Temer, Parente e outros representa um retrocesso aos tempos de El Rei.
O discurso neoliberal apresenta-se como solução “moderna”, defendem seus seguidores a privatização da Petrobras. Esta prática, neoliberal, apara-se em dogmas e não resiste ao mínimo questionamento histórico. Durante 100 anos fracassaram as empresas privadas internacionais no Brasil e agora, após intenso trabalho da Petrobras, querem assumir os lucros.
A entrega do petróleo brasileiro - Nos tempos de El Rei
Por Wladmir Coelho
O chamado pré-sal brasileiro acumula, pelo menos, 40 bilhões de barris de petróleo reservando ao Brasil um papel destacado no setor energético internacional. Contudo a ausência de uma política para o desenvolvimento nacional somado ao furor exploratório imediatista, predatório de base colonial tratou de criar ou projetar um novo ciclo econômico: O ciclo do petróleo.
Petrobras operadora dos blocos, fundo de investimentos, royalties, conteúdo nacional foram aspectos considerados sem a necessária observação da necessidade de revisão constitucional. Neste caso devemos observar que o controle do petróleo brasileiro e os conceitos de empresa nacional em nossa Constituição sofreram, nos anos de 1990, alterações em obediência aos dogmas neoliberais.
O resultado trágico revela-se na ausência de proteção à Petrobras fragilizada desde a queda do monopólio estatal durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
A consequência: o debate relativo ao pré-sal não apresentou, ou apresenta, espaço à discussão do uso do petróleo como elemento para criação de uma política energética nacional considerando à autossuficiência. Ficou a questão petrolífera nacional reduzida à condição ou expectativa da exportação futura.
Novidade? Nenhuma. O ouro, o diamante, o minério de ferro conheceram e conhecem semelhante trajetória. Pandiá Calógeras, ainda no inicio do século XX, pesquisou e calculou o gigantesco volume de ouro e diamante expropriados do subsolo nacional enquanto Washington Albino apontou a importância do ouro, saqueado do Brasil, para o financiamento da industrialização da Inglaterra no século XVIII.
Os fundamentos deste modelo exploratório permanecem: No passado El Rei distribuía autorizações para exploração aurífera pouco importando o poder econômico decorrente desta. Com o petróleo não é diferente.
Entregue por mais de cem anos, de meados do século XIX até 1953, à iniciativa privada o setor petrolífero no Brasil permaneceu estagnado impedindo, deste modo, a criação de uma política energética nacional.
Vejamos: ao contrário do discurso ideológico liberal o setor privado, apesar do monopólio que exerceu neste longo período, revelou-se totalmente incompetente para iniciar o processo de exploração petrolífera brasileiro.
A proposta dos oligopólios sempre foi preservar as áreas com potencial produtivo para posterior exploração mantendo, naturalmente, a condição de exportação predatória.
Criada a Petrobras temos, pela primeira vez, a possibilidade de controle da exploração petrolífera considerando-se uma política econômica nacional amparada no uso do poder econômico do petróleo. Neste ponto é preciso notar o controle nacional dos bens natural e econômico representados na reserva existente no subsolo sua industrialização e distribuição.
Estes aspectos não existem mais. A ideologia neoliberal quebrou esta cadeia entregando ao setor privado o controle do bem econômico. Este mesmo setor durante 100 anos cuidou de impedir a exploração petrolífera e hoje revela sua “competência” através do controle das áreas produtivas desenvolvidas a partir do trabalho de pesquisa da Petrobras.
A legitimação do discurso oficial entreguista ocorre através do oligopólio de imprensa responsável pelo bombardeio ideológico antinacional e neoliberal criando a confusão conceitual do atual modelo de exploração petrolífera no Brasil.
A Petrobras continuou e continua apresentada no discurso oficial e meios de comunicação como “empresa estatal”. Este fato oculta a queda da lei 2004 de 1953 e consequente fim do monopólio da empresa mista.
Esta condição, empresa mista, revela outra fragilidade; desde a criação da Petrobras ficou evidente que a única forma de garantir a existência de uma empresa brasileira em condições de enfrentar o poder econômico dos oligopólios internacionais seria através do exercício do monopólio cuja finalidade foi a criação de uma política de autossuficiência.
O discurso oficial, neste caso a soma de governo e setores entreguistas da imprensa, oculta a necessidade da reformulação da constituição no aspecto relativo ao controle do bem econômico petróleo. Na prática o “moderno” discurso governamental de Temer, Parente e outros representa um retrocesso aos tempos de El Rei.
O discurso neoliberal apresenta-se como solução “moderna”, defendem seus seguidores a privatização da Petrobras. Esta prática, neoliberal, apara-se em dogmas e não resiste ao mínimo questionamento histórico. Durante 100 anos fracassaram as empresas privadas internacionais no Brasil e agora, após intenso trabalho da Petrobras, querem assumir os lucros.
sexta-feira, agosto 12, 2016
A Petrobras segue com lucro no 2º T 2016 (mesmo com queda), mas seus resultados estão acima de outras grandes petroleiras
O blog tem insistido que é necessário olhar os números e resultados da Petrobras não apenas em termos absolutos e comparados com seus próprios números, em relação a períodos passados, nos termos que chamamos de série histórica.
Porém, não seria correto deixar observar de forma comparada estes resultados com os das demais petroleiras do mundo, num momento em que todas elas, estão pressionadas pela fase de colapso dos baixos preços do ciclo do petróleo.
Isoladamente, os resultados da Petrobras no 3º trimestre de 2016, divulgados ontem, indicou entre outras coisas, um lucro de R$ 370 milhões (US$ 118 milhões) com um redução (repito, do lucro) de 30%.
Porém, não seria correto deixar observar de forma comparada estes resultados com os das demais petroleiras do mundo, num momento em que todas elas, estão pressionadas pela fase de colapso dos baixos preços do ciclo do petróleo.
Isoladamente, os resultados da Petrobras no 3º trimestre de 2016, divulgados ontem, indicou entre outras coisas, um lucro de R$ 370 milhões (US$ 118 milhões) com um redução (repito, do lucro) de 30%.
Porém, retração dos lucros e até prejuízos aconteceram com os resultados de quase todas as principais petroleiras do mundo. Alguns destes dados podem ser visualizados numa tabela publicada em matéria do Valor, no dia 3 de agosto de 2016, P. B2, cujo título da reportagem foi: "Petróleo cai e afeta lucro das petroleiras". Abaixo republicamos a tabela para ajudar o leitor a analisar outras comparações que o blog faz abaixo com relação aos resultados da Petrobras divulgados ontem:
Assim, em relação ao lucro das seis petroleiras citadas (a inglesa BP, norueguesa Statoil, francesa Total, anglo-holandesa Shell e americanas Chevron e Exxon Mobil), na média eles caíram mais que o dobro da Petrobras em termos percentuais de 73,8%. Repetindo o lucro da Petrobras no 2º Trimestre 2016, em relação a 2015, caiu apenas 30%.
Voltando aos resultados da Petrobras estes indicam que neles estão embutidos duas importantes baixas contábeis: de R$ 1,124 bilhão referente ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e R$ 1,212 bilhão em despesas com o programa de demissão voluntária da estatal.
Ainda em valores absolutos o lucro da Petrobras de R$ 370 milhões (US$ 118 milhões) supera os prejuízos da petroleira Chevron (-1,47 bilhões), da BP (-US$ 1,4 bilhões) e da Statoil com US$ 307 milhões. E o lucro da Petrobras fica atrás do lucro de outras três petroleiras: Total com US$ 2 bilhões, Esso, US$ 1,7 bilhão e Shell US$ 1,1 bilhão.
Assim, vamos à comparação da receita total no trimestre. A receita total da Petrobras foi de R$ 71,2 bilhões (US$ 22,6 bilhões) numa queda de queda de 10,8% perante o mesmo período de 2015, que havia sido de R$ 79,943 bilhões.
Mais uma vez em termos percentuais, a redução da receita da Petrobras com 10,8% é menor do que a de qualquer uma das seis outras petroleiras cuja redução de receita variou de 16,77% da Total a 32,59% da Statoil.
Em termos de produção de óleo equivalente (petróleo + gás) a produção da Petrobras foi no 2º Trimestre de 2016, foi de 2,133 milhões de barris por dia (+ 1,04% em relação a 2015).
Assim, o crescimento da produção de petróleo, em termos percentuais da Petrobras no 2º trimestre de 2016 comparado a 2015, foi de +1,04, sendo este percentual maior do que os da petroleiras: Chevron (-2,6%), BP (-1%) e Esso (0%); e menor que a da Statoil (4,6%); Total (5,4%) e Shell (28%).
Também ontem com dados da produção média de julho último, a Petrobras informou que atingiu 2,70 milhões barris de óleo equivalente (petróleo + gás) por dia no Brasil, na média do mês de julho, neste caso 28% a mais que no ano anterior. Neste caso, em termos absolutos de volume de produção a Petrobras em termos de produção ficaria atrás somente da Shell e Esso. E em termos percentuais com 28% empatado em 1º (segundo a comparação com estas seis grandes petroleiras) com a Shell.
O endividamento líquido da Petrobras é grande e chegou a R$ 332,39 bilhões no fim do 2º trimestre, mas caiu cerca de 15% (US$ 37 bilhões) diante ante o endividamento do fim do 1º Trimestre de 2016, quando era de R$ 369,4 bilhões, como o blog já havia previsto aqui em nota no dia 5 de julho.
A matéria do Valor não informa sobre as dívidas das demais petroleiras. Porém, segundo a agência de notícias Bloomberg, as dívidas líquidas de ExxonMobil, Shell, BP, Pemex, Chevron e Total somavam US$ 290,6 bilhões ao fim do 1º Trimestre. Ainda segundo a agência neste mesmo período, as dívidas de 15 grandes petroleiras da América do Norte e da Europa cresceram 30%, chegando a US$ 383 bilhões no final do mês de março deste ano.
Por tudo isso, se vê que em meio ao tiroteio que se faz contra a empresa estatal (com objetivos claros), os seus resultados operacionais da Petrobras, em termos de produção e também financeiros estão acima de muitas de outras grandes petroleiras pelo mundo.
Além disso, estes resultados não podem ser analisados de forma descontextualizada sem considerar, especialmente, o porte das reservas que a Petrobras possui, especialmente com o Pré-sal. Estas ajudarão e muito a empresa, numa nova fase de expansão, em outro ciclo petro-econômico.
Resta saber avaliar o que terá restado da estatal até lá diante do fatiamento e do entreguismo, atualmente em curso, na direção da estatal e do governo golpista do país.
Em termos de produção de óleo equivalente (petróleo + gás) a produção da Petrobras foi no 2º Trimestre de 2016, foi de 2,133 milhões de barris por dia (+ 1,04% em relação a 2015).
Assim, o crescimento da produção de petróleo, em termos percentuais da Petrobras no 2º trimestre de 2016 comparado a 2015, foi de +1,04, sendo este percentual maior do que os da petroleiras: Chevron (-2,6%), BP (-1%) e Esso (0%); e menor que a da Statoil (4,6%); Total (5,4%) e Shell (28%).
Também ontem com dados da produção média de julho último, a Petrobras informou que atingiu 2,70 milhões barris de óleo equivalente (petróleo + gás) por dia no Brasil, na média do mês de julho, neste caso 28% a mais que no ano anterior. Neste caso, em termos absolutos de volume de produção a Petrobras em termos de produção ficaria atrás somente da Shell e Esso. E em termos percentuais com 28% empatado em 1º (segundo a comparação com estas seis grandes petroleiras) com a Shell.
O endividamento líquido da Petrobras é grande e chegou a R$ 332,39 bilhões no fim do 2º trimestre, mas caiu cerca de 15% (US$ 37 bilhões) diante ante o endividamento do fim do 1º Trimestre de 2016, quando era de R$ 369,4 bilhões, como o blog já havia previsto aqui em nota no dia 5 de julho.
A matéria do Valor não informa sobre as dívidas das demais petroleiras. Porém, segundo a agência de notícias Bloomberg, as dívidas líquidas de ExxonMobil, Shell, BP, Pemex, Chevron e Total somavam US$ 290,6 bilhões ao fim do 1º Trimestre. Ainda segundo a agência neste mesmo período, as dívidas de 15 grandes petroleiras da América do Norte e da Europa cresceram 30%, chegando a US$ 383 bilhões no final do mês de março deste ano.
Por tudo isso, se vê que em meio ao tiroteio que se faz contra a empresa estatal (com objetivos claros), os seus resultados operacionais da Petrobras, em termos de produção e também financeiros estão acima de muitas de outras grandes petroleiras pelo mundo.
Além disso, estes resultados não podem ser analisados de forma descontextualizada sem considerar, especialmente, o porte das reservas que a Petrobras possui, especialmente com o Pré-sal. Estas ajudarão e muito a empresa, numa nova fase de expansão, em outro ciclo petro-econômico.
Resta saber avaliar o que terá restado da estatal até lá diante do fatiamento e do entreguismo, atualmente em curso, na direção da estatal e do governo golpista do país.
quinta-feira, agosto 11, 2016
A Uenf é nossa! Salvemos!
Não se trata de salvar a Uenf para seus servidores ou os atuais alunos. A Uenf é nossa, de nossa sociedade. Um patrimônio muito para além do sentido físico, mas da construção do conhecimento ede tudo que daí tem potencial para se desenvolver.
A situação a que o governo estadual submete as universidades do nosso estado é inaceitável. Também a Uerj é nossa. Ambas merecem ser preservadas e re-incentivadas. Mas, a defesa delas tem que ser nossa da sociedade.
Interessante este estranho sentimento humano em que a disposição de luta é maior para conquistar do que para manter e preservar as conquistas.
Não é preciso escrever muito mais diante de questão tão urgente e que sangra dia a dia. Salvemos nossa Uenf!
A situação a que o governo estadual submete as universidades do nosso estado é inaceitável. Também a Uerj é nossa. Ambas merecem ser preservadas e re-incentivadas. Mas, a defesa delas tem que ser nossa da sociedade.
Interessante este estranho sentimento humano em que a disposição de luta é maior para conquistar do que para manter e preservar as conquistas.
Não é preciso escrever muito mais diante de questão tão urgente e que sangra dia a dia. Salvemos nossa Uenf!
Indústria 4.0 no Brasil, por David Kupfer
Abaixo o blog republica o artigo do professor e diretor do Instituto de Economia da UFRJ e pesquisador do Grupo Indústria e Competitividade (GIC-IE/UFRJ) que saiu na 2ª feira no valor, P. A11.
"De alguns anos para cá vem ganhando crescente visibilidade conceitos como "Manufatura Avançada" e "Indústria 4.0". O conceito de Manufatura Avançada entrou em evidência após ancorar um plano estratégico publicado pelo governo americano (A National Strategic Plan for Advanced Manufacturing, Executive Office of the President and National Science and Technology Council, fevereiro de 2012). Já Indústria 4.0, como prefere denominar o governo alemão, ganhou vida como uma iniciativa conjunta do Ministério de Economia e Energia com empresas líderes, universidades e centros de pesquisa do país quando também em 2012 lançou as bases de um ousado programa de reconversão tecnológica da indústria germânica com essa marca (The Vision: Industrie 4.0, Federal Ministry for Economic Affairs and Energy, 2012).
Em tempos bicudos da política mais geral e de corte nos direitos sociais básicos, infelizmente, o debate sobre a indústria nacional, sobre a inovação tecnológica, acabam ficando em segundo plano.
Ainda assim, vale acompanhar quem pensa o tema da política industrial brasileira diante da economia global.
Como o Kupfer diz, em muitos lugares do mundo, incluindo n Brasil, se vive a realidade simultânea da indústria 1.0, 2.0 e 3.0 que caminha junto da inovação que está chegando.
Entender este processo me parece importante, mesmo numa época em que a produção material parece ter cada vez menos importância do que as intermediações (especialmente, a financeira) para a acumulação de lucros. O texto também é interessante para o debate em sala de aula. Confiram!
"Indústria 4.0 Brasil"
Como o Kupfer diz, em muitos lugares do mundo, incluindo n Brasil, se vive a realidade simultânea da indústria 1.0, 2.0 e 3.0 que caminha junto da inovação que está chegando.
Entender este processo me parece importante, mesmo numa época em que a produção material parece ter cada vez menos importância do que as intermediações (especialmente, a financeira) para a acumulação de lucros. O texto também é interessante para o debate em sala de aula. Confiram!
"Indústria 4.0 Brasil"
Por David Kupfer
"De alguns anos para cá vem ganhando crescente visibilidade conceitos como "Manufatura Avançada" e "Indústria 4.0". O conceito de Manufatura Avançada entrou em evidência após ancorar um plano estratégico publicado pelo governo americano (A National Strategic Plan for Advanced Manufacturing, Executive Office of the President and National Science and Technology Council, fevereiro de 2012). Já Indústria 4.0, como prefere denominar o governo alemão, ganhou vida como uma iniciativa conjunta do Ministério de Economia e Energia com empresas líderes, universidades e centros de pesquisa do país quando também em 2012 lançou as bases de um ousado programa de reconversão tecnológica da indústria germânica com essa marca (The Vision: Industrie 4.0, Federal Ministry for Economic Affairs and Energy, 2012).
Ambos os termos traduzem visões da indústria em um futuro próximo no qual fábricas inteligentes usam tecnologias de informação e comunicação para digitalizar os processos industriais em direção a níveis inimagináveis de eficiência, qualidade e "customização". Manufatura Avançada ou Indústria 4.0 nada mais são do que um elenco de técnicas que dependem do uso coordenado de informação, automação, computação, software, sensoriamento e conexão em rede.
Conjugadas, essas técnicas proporcionam inovações em robótica e eletrônica embarcada, que propiciam um super-barateamento da automação flexível; em manufatura aditiva, que estende as fronteiras de descentralização e fragmentação da produção; e, ainda, em computação em nuvem, internet das coisas, big data e interfaceamento, que alargam os horizontes dos experimentos de inteligência artificial. O resultado é um salto evolutivo nas formas de organização da produção, em que se aprofunda sobremaneira a capacidade de interação M2M (máquina-máquina) sem a intervenção humana.
No Brasil, o debate sobre a Indústria 4.0 ainda é muito tímido, restrito a alguns seminários aqui e ali e a umas poucas iniciativas de governo ou associações de classe, o que em si já é revelador da pequena prioridade que vem sendo conferida ao tema no país. Mais grave, nesse estreito espaço de debates muitas vezes predomina um enfoque no qual a manufatura avançada é vista como uma tecnologia disruptiva, algo como o vetor de uma nova Revolução Industrial como foram, a seus respectivos tempos, a máquina a vapor na 1ª, a energia elétrica e a química na 2ª ou os semicondutores e a informática na 3ª Revolução Industrial.
No entanto, não há razão para se acreditar que esse seja o entendimento mais correto. A Indústria 4.0 é muito mais um elenco de inovações incrementais que decorrem da incorporação e, principalmente, da integração de tecnologias já disponíveis ou emergentes e que, portanto, já fazem parte do estado da arte. Assim, seus desafios estão muito mais no plano da escalagem e massificação do uso do que no desenvolvimento inovativo propriamente dito.
Por isso, a melhor analogia para abordar a Indústria 4.0 é com o que nos
anos 1980 se chamou de pós-fordismo, toyotismo, produção enxuta ou
qualidade total. São tecnologias organizacionais que não dizem respeito ao
que se produz e, sim, a forma como se produz. Como tal, embora os fóruns de
debate sejam frequentemente dominados pela ênfase no lado da produção
dessas inovações, a Indústria 4.0 é, fundamentalmente, uma questão ligada à
difusão dessas novas técnicas, que dizer, algo que está do lado do uso da
tecnologia.
Sendo essa a chave analítica, é importante ter claro que as oportunidades
abertas pelos preceitos da Indústria 4.0 são transversais, abarcando todo o
tecido produtivo e não somente as indústrias de ponta (de alta tecnologia).
Não é a toa que atividades tradicionais como a indústria têxtil ou mesmo a
agricultura têm sido tão impactadas pela introdução desses preceitos.
No entanto, se o caráter transversal dessa nova onda acena com múltiplas
oportunidades, o desafio brasileiro para surfá-la precisa ser enfrentado a
partir do diagnóstico de que boa parte da indústria nacional ainda está no
estágio 2.0, tendo conseguido incorporar as técnicas relacionadas à produção
enxuta de 30 anos atrás mas apresentando importantes defasagens em
tecnologias de informação e comunicação, que caracterizam o estágio 3.0.
Significa isso que será necessário, mais uma vez, queimar etapas, resultado
que dificilmente será alcançado sem uma extensa construção institucional,
pública e privada, voltada para fomentar esse processo.
Prosseguindo na analogia já feita, a difusão da Indústria 4.0 vai requerer um
esforço de superação de gargalos regulatórios e de infraestrutura tecnológica,
semelhantes ao que objetivou o movimento pela qualidade industrial que
começou a se constituir no país, tardiamente, apenas nos anos 1990, como
consequência da falta de estratégia e do imobilismo da política industrial
brasileira de então. Será que essa história vai se repetir?
Por certo que as novas formas produtivas ligadas a Indústria 4.0 abrem
também um importante espaço para o desenvolvimento de inovações que
necessita ser ferrenhamente perseguido pelo Sistema Nacional de Inovação
brasileiro. No entanto, nesse campo o sucesso vai requerer uma estratégia
muito mais focada pois não são muitos os setores (e empresas) que estão bem
posicionados para a obtenção de resultados positivos a curto ou médio-prazos.
David Kupfer é diretor do Instituto de Economia da UFRJ e
pesquisador do Grupo de Indústria e Competitividade (GICIE/UFRJ).
Escreve mensalmente às segundasfeiras. Email:
gic@ie.ufrj.br."
quarta-feira, agosto 10, 2016
12 anos de blog. Obrigado e sigamos em frente!
Hoje, dia 10 de agosto, o nosso blog completa 12 (doze) anos de existência.
Neste período foram quase 20 mil postagens, o que dá uma média de quase cinco postagens por dia.
A visitação média durante a semana tem ficado entre 3 mil e 4 mil acessos, com picos de 6 mil dependendo do conteúdo publicado. Há postagens que isolada tem 8 mil visitas.
O blog não disputa visitas, apenas monitora para ter uma ideia do interesse dos conteúdos e da origem dos acessos.
Com visitação e quadro de colaboradores crescentes, agora ainda mais amplo fora do ERJ e do país, com o enfoque mais frequente de temas da geopolítica da energia e do setor de petróleo.
O blogueiro agradece a todos que ajudaram e continuam contribuindo para a construção deste espaço de informações e debates críticos.
Eu sempre repito que, ao contrário do que talvez, a maioria possa imaginar, sou o maior beneficiário deste trabalho voluntário e prazeroso.
Na verdade, como é natural num blog pessoal, ele se confunde um pouco com o estilo de vida, trabalho e pesquisas que este blogueiro desenvolve em seu cotidiano, num ciclo que mistura aprendizado com informações e orientações.
Assim, o blogueiro tem como estímulo a ideia de repartir e democratizar informações e questões que são julgadas relevantes para se pensar o mundo e o convívio entre as pessoas.
Quem acompanha com frequência o blog, aqui e no seu espelho, no perfil do Facebook, sabe muito bem disso.
Não é muito simples sustentar um espaço como este por doze anos que não são doze dias e nem doze meses. Até aqui me considero recompensado pelo esforço. Porém, não sei por quanto tempo ainda sustentarei este espaço em meio aos compromissos profissionais e pessoais.
Assim, mais uma vez agradeço pelo apoio e... sigamos em frente!
Neste período foram quase 20 mil postagens, o que dá uma média de quase cinco postagens por dia.
A visitação média durante a semana tem ficado entre 3 mil e 4 mil acessos, com picos de 6 mil dependendo do conteúdo publicado. Há postagens que isolada tem 8 mil visitas.
O blog não disputa visitas, apenas monitora para ter uma ideia do interesse dos conteúdos e da origem dos acessos.
Com visitação e quadro de colaboradores crescentes, agora ainda mais amplo fora do ERJ e do país, com o enfoque mais frequente de temas da geopolítica da energia e do setor de petróleo.
O blogueiro agradece a todos que ajudaram e continuam contribuindo para a construção deste espaço de informações e debates críticos.
Eu sempre repito que, ao contrário do que talvez, a maioria possa imaginar, sou o maior beneficiário deste trabalho voluntário e prazeroso.
Na verdade, como é natural num blog pessoal, ele se confunde um pouco com o estilo de vida, trabalho e pesquisas que este blogueiro desenvolve em seu cotidiano, num ciclo que mistura aprendizado com informações e orientações.
Assim, o blogueiro tem como estímulo a ideia de repartir e democratizar informações e questões que são julgadas relevantes para se pensar o mundo e o convívio entre as pessoas.
Quem acompanha com frequência o blog, aqui e no seu espelho, no perfil do Facebook, sabe muito bem disso.
Não é muito simples sustentar um espaço como este por doze anos que não são doze dias e nem doze meses. Até aqui me considero recompensado pelo esforço. Porém, não sei por quanto tempo ainda sustentarei este espaço em meio aos compromissos profissionais e pessoais.
Assim, mais uma vez agradeço pelo apoio e... sigamos em frente!
terça-feira, agosto 09, 2016
Wall Street Journal: "Brasil deve ter maior número de projetos de petróleo e gás offshore do mundo até 2025"
Mais uma notícia que explica a entrega da "joia da coroa" em crime de "lesa pátria" dos que fatiam a Petrobras para vender. O Wall Street Journal, em sua coluna "What´s News" reproduzida pelo Valor informa que:
"O Brasil é o país que deve ter o maior número de projetos de gás e petróleo marítimos, 40, iniciados até 2025, de acordo com a consultoria britânica GlobalData, que identificou 236 projetos no mundo. O Reino Unido vem em segundo, com 29 projetos, seguido dos EUA, com 21".
Acompanhando a mídia especializada internacional, mesmo com os seus interesses, é possível identificar porque se tornou uma obsessão entregar o potencial da Petrobras, ligado à indústria do petróleo, um dos eixos do desenvolvimento nacional.
Infelizmente, é uma coleção de notícias que mostra uma realidade que se quer esconder dentro detse processo de entrega da "joia da coroa". Nem desenhar é preciso.
Os danos serão muito maiores do que os prejuízos com os roubos identificados pela Operação Lava Jato.Nunca será demais repetir o que está sendo feito pelo governo golpista:
"O que é legal pode ser ainda muito mais danoso que o ilegal".
"O Brasil é o país que deve ter o maior número de projetos de gás e petróleo marítimos, 40, iniciados até 2025, de acordo com a consultoria britânica GlobalData, que identificou 236 projetos no mundo. O Reino Unido vem em segundo, com 29 projetos, seguido dos EUA, com 21".
Acompanhando a mídia especializada internacional, mesmo com os seus interesses, é possível identificar porque se tornou uma obsessão entregar o potencial da Petrobras, ligado à indústria do petróleo, um dos eixos do desenvolvimento nacional.
Infelizmente, é uma coleção de notícias que mostra uma realidade que se quer esconder dentro detse processo de entrega da "joia da coroa". Nem desenhar é preciso.
Os danos serão muito maiores do que os prejuízos com os roubos identificados pela Operação Lava Jato.Nunca será demais repetir o que está sendo feito pelo governo golpista:
"O que é legal pode ser ainda muito mais danoso que o ilegal".
O caso Rafaela da Silva é fruto de políticas sociais e não da meritocracia!
Já disseram parte do que vou dizer de outras diferentes formas, mas penso que vale repetir ainda de outra maneira, bem ao estilo do pensamento construído em rede: a grande e sofrida Rafaela Silva é fruto das políticas sociais que podem salvar ou afundar o país!
A judoca brasileira medalhista de ouro é Silva. É de comunidade de baixa renda. Sofreu e ainda sofre todos os tipos de discriminação. Teve que fazer muitíssimo mais para arrancar um lugar ao sol.
Interessante observar que o caso dela é logo apropriado pelos que defendem a meritocracia como exemplo, quando o que se mostra é muito mais rico em análises.
A meritocracia não reconhece as entradas variadas no sistema. A meritocracia ao invés de valorizar a necessidade de políticas sociais que reduzam as desigualdades na partida, se atem à chegada para poucos, quando o que se deseja é que ela seja para muitos, ou, pelo menos em concepção para todos. Todos deveriam ter o mesmos direitos.
Porém, o caso de Rafaela é ainda mais emblemático, nestes tempos bicudos de ajustes fiscais e de rompimento com as "escadas" e de suspensão de direitos sociais e políticas públicas de inclusão que podem reduzir mais desigualdades na entrada do sistema que reforçam o discurso da meritocracia.
O caso da Rafaela nos traz a comprovação que aquilo que lhe permitiu agora ter méritos foram as políticas de inclusão social e não o inverso.
A medalha nestes casos seriam sempre consequências naturais de muitos outros Silva, Souza, Pereiras, etc.
O sistema que enaltece a Rafaela pela meritocracia é o mesmo que vai deixar morrer milhares com potencial semelhante, por falta de acesso às políticas básicas de renda mínima, bolsas e outros apoios que poderiam reduzir as diferenças, na disputa pelo mérito, que para a grande maioria é apenas o de sobreviver.
Por tudo isto, o caso da Rafaela, com as marcas de sua origem e trajetória, nos traz tantos exemplos e coisas positivas, que a única coisa que deveria ser fortemente evitada - e digo até rechaçada - é este discurso da meritocracia, quando este nega a igualdade de condições para a sua obtenção.
PS.: Atualizado às 12:26: Para incluir a ótima charge do Duke, sobre meritocracia citada no comentário da professora Guiomar Valdez no perfil do blog no Facebook.
A judoca brasileira medalhista de ouro é Silva. É de comunidade de baixa renda. Sofreu e ainda sofre todos os tipos de discriminação. Teve que fazer muitíssimo mais para arrancar um lugar ao sol.
Interessante observar que o caso dela é logo apropriado pelos que defendem a meritocracia como exemplo, quando o que se mostra é muito mais rico em análises.
A meritocracia não reconhece as entradas variadas no sistema. A meritocracia ao invés de valorizar a necessidade de políticas sociais que reduzam as desigualdades na partida, se atem à chegada para poucos, quando o que se deseja é que ela seja para muitos, ou, pelo menos em concepção para todos. Todos deveriam ter o mesmos direitos.
Porém, o caso de Rafaela é ainda mais emblemático, nestes tempos bicudos de ajustes fiscais e de rompimento com as "escadas" e de suspensão de direitos sociais e políticas públicas de inclusão que podem reduzir mais desigualdades na entrada do sistema que reforçam o discurso da meritocracia.
O caso da Rafaela nos traz a comprovação que aquilo que lhe permitiu agora ter méritos foram as políticas de inclusão social e não o inverso.
A medalha nestes casos seriam sempre consequências naturais de muitos outros Silva, Souza, Pereiras, etc.
O sistema que enaltece a Rafaela pela meritocracia é o mesmo que vai deixar morrer milhares com potencial semelhante, por falta de acesso às políticas básicas de renda mínima, bolsas e outros apoios que poderiam reduzir as diferenças, na disputa pelo mérito, que para a grande maioria é apenas o de sobreviver.
Por tudo isto, o caso da Rafaela, com as marcas de sua origem e trajetória, nos traz tantos exemplos e coisas positivas, que a única coisa que deveria ser fortemente evitada - e digo até rechaçada - é este discurso da meritocracia, quando este nega a igualdade de condições para a sua obtenção.
PS.: Atualizado às 12:26: Para incluir a ótima charge do Duke, sobre meritocracia citada no comentário da professora Guiomar Valdez no perfil do blog no Facebook.
segunda-feira, agosto 08, 2016
Petrobras confirma avaliação e preocupação do blog com a venda da BR para a Vitol Group
Há duas semanas, o blog publicou aqui neste espaço uma ampla análise sobre o absurdo da venda da BR-Distribuidora, sobre os riscos de se romper a condição de empresa integrada como a Petrobras.
Porém, o risco maior como chamávamos a atenção é para a Vitol, a maior trading de petróleo do mundo inserir a BR no seus esquema de lucros por especulação entre compra e venda de óleo cru e derivados. A nota do blog no dia dia 23 de julho de 2016, teve o seguinte título: "A venda da BR Distribuidora. Trading suíça Vitol é um dos 3 grupos interessados. O que significa?"
Pois bem, hoje em matéria do jornalista André Ramalho, no Valor, P. B4, ele informa que a estatal quer garantir que a integração da empresa com a BR se mantenha mesmo após a venda e cita exatamente o interesse da Vitol:
"Além de preservar a marca BR, a Petrobras pretende garantir, no processo de venda da BR-Distribuidora, que a empresa mantenha um certo grau de integração com as operações da da holding. Uma das possibilidades avaliadas internamente é incluir, no acordo de acionistas a ser negociado com o novo sócio, um compromisso de compra de um volume mínimo de derivados produzidos na refinaria da estatal... A Petrobras tenta assegurar também que não venha a perder mercado no futuro, para importadores. Durante as negociações passadas para a venda de uma fatia minoritária da BR, a Vitol, uma trading Suíça, manifestou interesse. Isso despertou o temor de que a distribuidora brasileira viesse a se tornar uma grande importadora de combustíveis da companhia europeia... A BR é importante fonte de escoamento da produção de derivados da estatal e comercializa, hoje, um volume de diesel equivalente a 38% da produção nacional do derivado, por exemplo."
Não há fórmulas capazes de garantir o que eles dizem nesta reportagem. Se vender a maioria do capital votante, como disseram, para a Vitol já era. Eles vão fazer o que quiserem, no esquema de ganhos de intermediação que a trading pratica diariamente no plano global.
Eu já afirmado na nota anterior que, em meio à crise em todo o mundo da fase de colapso de preços do petróleo, a Vitol, faturou em 2015, o maior lucro de sua história. Outras tradings de commodities minerais tiveram o mesmo desempenho.
As tradings não ganham com o preço em si (alto ou baixo) que vive da intermediação ganha com a volatilidade dos preços, através da diferença entre preço de compra e de venda. Por isso também valorizam os estoques que é para facilitar o esquema de especulação.
A divulgação desta preocupação parece apenas querer mostrar uma preocupação, para dizer que não estão vendendo tudo de qualquer maneira, quando na verdade é praticamente isto que estão fazendo, a partir do conceito de fatiar para vender.
Ora, ora... se estão fatiando é porque entraram lá para acabar com a condição da Petrobras como empresa integrada, do poço ao posto. Logo, esta alegada preocupação é na prática, apenas uma desculpa. Esfarrapada, por sinal.
O blog volta a fazer duas afirmações que tem repetido aqui com cada vez mais frequência. Primeiro, o diabo mora nos detalhes. Segundo, sobre o "crime de lesa pátria" que estão cometendo contra a "joia da coroa" a Petrobras com base na situação atual: "o que é legal pode ser ainda muito mais danoso que o ilegal”. A nação perderá com estes esquemas, no mínimo uma três ou quatro "Lava Jato". Isto é inaceitável!
Porém, o risco maior como chamávamos a atenção é para a Vitol, a maior trading de petróleo do mundo inserir a BR no seus esquema de lucros por especulação entre compra e venda de óleo cru e derivados. A nota do blog no dia dia 23 de julho de 2016, teve o seguinte título: "A venda da BR Distribuidora. Trading suíça Vitol é um dos 3 grupos interessados. O que significa?"
Pois bem, hoje em matéria do jornalista André Ramalho, no Valor, P. B4, ele informa que a estatal quer garantir que a integração da empresa com a BR se mantenha mesmo após a venda e cita exatamente o interesse da Vitol:
"Além de preservar a marca BR, a Petrobras pretende garantir, no processo de venda da BR-Distribuidora, que a empresa mantenha um certo grau de integração com as operações da da holding. Uma das possibilidades avaliadas internamente é incluir, no acordo de acionistas a ser negociado com o novo sócio, um compromisso de compra de um volume mínimo de derivados produzidos na refinaria da estatal... A Petrobras tenta assegurar também que não venha a perder mercado no futuro, para importadores. Durante as negociações passadas para a venda de uma fatia minoritária da BR, a Vitol, uma trading Suíça, manifestou interesse. Isso despertou o temor de que a distribuidora brasileira viesse a se tornar uma grande importadora de combustíveis da companhia europeia... A BR é importante fonte de escoamento da produção de derivados da estatal e comercializa, hoje, um volume de diesel equivalente a 38% da produção nacional do derivado, por exemplo."
Não há fórmulas capazes de garantir o que eles dizem nesta reportagem. Se vender a maioria do capital votante, como disseram, para a Vitol já era. Eles vão fazer o que quiserem, no esquema de ganhos de intermediação que a trading pratica diariamente no plano global.
Eu já afirmado na nota anterior que, em meio à crise em todo o mundo da fase de colapso de preços do petróleo, a Vitol, faturou em 2015, o maior lucro de sua história. Outras tradings de commodities minerais tiveram o mesmo desempenho.
As tradings não ganham com o preço em si (alto ou baixo) que vive da intermediação ganha com a volatilidade dos preços, através da diferença entre preço de compra e de venda. Por isso também valorizam os estoques que é para facilitar o esquema de especulação.
A divulgação desta preocupação parece apenas querer mostrar uma preocupação, para dizer que não estão vendendo tudo de qualquer maneira, quando na verdade é praticamente isto que estão fazendo, a partir do conceito de fatiar para vender.
Ora, ora... se estão fatiando é porque entraram lá para acabar com a condição da Petrobras como empresa integrada, do poço ao posto. Logo, esta alegada preocupação é na prática, apenas uma desculpa. Esfarrapada, por sinal.
O blog volta a fazer duas afirmações que tem repetido aqui com cada vez mais frequência. Primeiro, o diabo mora nos detalhes. Segundo, sobre o "crime de lesa pátria" que estão cometendo contra a "joia da coroa" a Petrobras com base na situação atual: "o que é legal pode ser ainda muito mais danoso que o ilegal”. A nação perderá com estes esquemas, no mínimo uma três ou quatro "Lava Jato". Isto é inaceitável!
Atingidos pelo Sistema-Minas-Rio da Anglo American se manifestam exigindo reassentamento
Lideranças comunitárias do município de Conceição do Mato Dentro, MG, onde está localizada a mina e local onde também se inicia o mineroduto que chega até o Porto do Açu, para a exportação de minério de ferro, enviaram ao blog informações sobre a manifestação que começaram no início da manhã desta segunda-feira.
Foto da manifestação dos atingidos pela Anglo American em MG |
Os atingidos do Sistema-Minas-Rio que é controlado pela companhia Anglo American exigem condições para que sejam reassentados. Eles consideram esta como a única alternativa viável para aqueles que tiveram as suas vidas ameaçadas, pela ausência de água e/ou pela proximidade com a área de risco gerada pela barragem de rejeito da Anglo American.
A paralisação está acontecendo desde 5 horas da manhã. No sábado (06/08), a Rede de Articulação e Justiça Ambiental dos Atingidos pelo projeto Minas Rio da Anglo American (REAJA) se reuniu na localidade do Sapo e os seus integrantes apresentaram graves denúncias de pressão e intimidação realizada pela Anglo American. A companhia está exigindo que a população rural assine autorizações, forneça cópias de documentos de suas propriedades entre outras pressões.
A paralisação está acontecendo desde 5 horas da manhã. No sábado (06/08), a Rede de Articulação e Justiça Ambiental dos Atingidos pelo projeto Minas Rio da Anglo American (REAJA) se reuniu na localidade do Sapo e os seus integrantes apresentaram graves denúncias de pressão e intimidação realizada pela Anglo American. A companhia está exigindo que a população rural assine autorizações, forneça cópias de documentos de suas propriedades entre outras pressões.
domingo, agosto 07, 2016
Se a BR-101 tivesse sido concedida em 2001, no governo FHC, o pedágio hoje seria de R$ 11,77 e a duplicação de apenas 55 km não teria se iniciado
Este blogueiro faz uso sistemático da BR-101 e assim vem acompanhando as obras de duplicação e melhoria da rodovia federal, a partir do contrato de concessão assinado em 14 de fevereiro de 2008.
Porém, a luta pelas melhorias e duplicação da BR-101 entre a Ponte Rio-Niterói e a divisa com o estado do Espírito Santo, nos seus 320 quilômetros é bem mais antiga. Esta luta se iniciou no final do ano 2000, pela Ong Cidade 21 e mais sete entidades: OAB, ACIC, FAMAC, ANFEA e os sindicatos dos Trabalhadores Água e Esgoto, dos Bancários e Petroleiros de Campos.
Depois de várias mobilizações na rodovia, uma representação no MPF redundou numa ACP na Justiça Federal em Campos (2ª Vara Federal) que conseguiu através de uma liminar suspender o leilão de concessão que estava em curso pelo governo FHC. Outra liminar no TRF manteve a decisão que conseguiu impedir o leilão até o final daquele governo.
A resistência da sociedade se dava porque o modelo de concessão destes 320 km da rodovia BR-101 na época de FHC se baseava num estudo feito pela empresa Engespo Engenharia Ltda., entre 1998 e 1999 que era muito ruim e danoso para a sociedade. As obras de melhorias eram limitadas e previstas em sua maioria para o final do contrato.
Este blogueiro ainda guarda, sob a forma digital, vários documentos, panfletos, apresentações em power-point, etc. feitas para as mobilizações e audiências públicas, em várias câmaras municipais das cidades cortadas pela BR-101. Elas permitem relembrar esta passagem e os fatos. Olhar para trás também ajuda a compreender o processo histórico, as lutas, as derrotas e conquistas.
Do trajeto total de 320 km de extensão deste trecho da BR-101 que seriam concedidos em 2008, apenas 59 quilômetros já eram duplicados entre a ponte Rio-Niterói e a cidade de Rio Bonito. Outros 261 km eram de postas simples. Pelo edital da época de FHC em 2000, apenas mais 55 km seriam duplicados.
A imagem abaixo mostra parte de várias tabelas deste edital. Elas eram parte de novos extensos volumes do processo de licitação que as entidades só conseguiram ter acesso através da intervenção judicial.
Assim, no edital de concessão em 2000 do período de FHC se questionava diversas outras questões:
1) A duplicação do trecho entre Casimiro de Abreu- Silva Jardim e Silva Jardim- Rio Bonito num total de 55,5 quilômetros que no estudo era obrigação imediata da concessionária vencedora do processo de licitação passou a ser obrigação apenas entre o 16° e 18° anos pós-concessão e seria o único trecho a ser duplicado na época de FHC.
2) A duplicação dos trechos Maruí-Serrinha e Serrinha- Fazenda dos 40 num total de 43 quilômetros e ainda o trecho entre Rio-Dourado- Casimiro de Abreu de 16 quilômetros, que pelos estudos seriam feitos até 3 anos após a concessão, no edital de FHC a licitação transformou apenas em exigência de construção de “terceira faixa” e pior com alargamento do prazo de execução para até o 21° ano após a concessão.
3) Pela modelagem do edital o valor do pedágio era fixado, e a escolha da empresa vencedora se dava pelo valor de outorga que cada uma se dispunha a pagar para ter o contrato de concessão. Assim, para "equilíbrio" do contrato, o estudo previa um valor de R$ 3,00 referentes a 1999, ou R$ 3,31 referentes a julho de 2000.
Este valor atualizado e corrigido pelo índice IGP-M cada pedágio estaria valendo hoje R$ 11,77 ao contrário dos R$ 4,50 que é o valor real pago - já reajustado agora em julho - de R$ 4,50.
Portanto, o pedágio hoje que estaria sendo cobrado, sem que a duplicação (mesmo que de apenas 55 km) tivesse sido sequer iniciada, equivalente a 2,6 vezes, o valor atualmente cobrado e já corrigido em julho último. Repito R$ 11,77 em cada praça de pedágio x R$ 4,50.
4) No edital de 2000, também não havia a previsão de construção de vias de acesso às cidades cortadas por este trecho da BR-101. A construção do contorno de Campos no trecho entre Ibitioca e Travessão que no estudo era previsto para ser feito até o 5° ano após a concessão, no edital de FHC passou a ter previsão de execução entre o 12° ao 15° ano após a concessão.
Por tudo isso é que as entidades conseguiram à época suspender pela via judicial a concessão com aquele edital. Porém, a luta era pela melhoria e duplicação de toda a BR-101. Assim, entre 2004 e 2005, a luta comunitária voltou a ser empreendida.
Diante da quantidade de acidentes e vítimas fatais na BR-101 uma Associação dos Parentes de Vítimas da BR-101 foi formada. Entre 2002 e 2006 já se contabilizava 6.985 acidentes com 3.869 feridos e 692 mortes.
Porém, a luta pelas melhorias e duplicação da BR-101 entre a Ponte Rio-Niterói e a divisa com o estado do Espírito Santo, nos seus 320 quilômetros é bem mais antiga. Esta luta se iniciou no final do ano 2000, pela Ong Cidade 21 e mais sete entidades: OAB, ACIC, FAMAC, ANFEA e os sindicatos dos Trabalhadores Água e Esgoto, dos Bancários e Petroleiros de Campos.
Depois de várias mobilizações na rodovia, uma representação no MPF redundou numa ACP na Justiça Federal em Campos (2ª Vara Federal) que conseguiu através de uma liminar suspender o leilão de concessão que estava em curso pelo governo FHC. Outra liminar no TRF manteve a decisão que conseguiu impedir o leilão até o final daquele governo.
A resistência da sociedade se dava porque o modelo de concessão destes 320 km da rodovia BR-101 na época de FHC se baseava num estudo feito pela empresa Engespo Engenharia Ltda., entre 1998 e 1999 que era muito ruim e danoso para a sociedade. As obras de melhorias eram limitadas e previstas em sua maioria para o final do contrato.
Este blogueiro ainda guarda, sob a forma digital, vários documentos, panfletos, apresentações em power-point, etc. feitas para as mobilizações e audiências públicas, em várias câmaras municipais das cidades cortadas pela BR-101. Elas permitem relembrar esta passagem e os fatos. Olhar para trás também ajuda a compreender o processo histórico, as lutas, as derrotas e conquistas.
Do trajeto total de 320 km de extensão deste trecho da BR-101 que seriam concedidos em 2008, apenas 59 quilômetros já eram duplicados entre a ponte Rio-Niterói e a cidade de Rio Bonito. Outros 261 km eram de postas simples. Pelo edital da época de FHC em 2000, apenas mais 55 km seriam duplicados.
A imagem abaixo mostra parte de várias tabelas deste edital. Elas eram parte de novos extensos volumes do processo de licitação que as entidades só conseguiram ter acesso através da intervenção judicial.
Assim, no edital de concessão em 2000 do período de FHC se questionava diversas outras questões:
1) A duplicação do trecho entre Casimiro de Abreu- Silva Jardim e Silva Jardim- Rio Bonito num total de 55,5 quilômetros que no estudo era obrigação imediata da concessionária vencedora do processo de licitação passou a ser obrigação apenas entre o 16° e 18° anos pós-concessão e seria o único trecho a ser duplicado na época de FHC.
2) A duplicação dos trechos Maruí-Serrinha e Serrinha- Fazenda dos 40 num total de 43 quilômetros e ainda o trecho entre Rio-Dourado- Casimiro de Abreu de 16 quilômetros, que pelos estudos seriam feitos até 3 anos após a concessão, no edital de FHC a licitação transformou apenas em exigência de construção de “terceira faixa” e pior com alargamento do prazo de execução para até o 21° ano após a concessão.
3) Pela modelagem do edital o valor do pedágio era fixado, e a escolha da empresa vencedora se dava pelo valor de outorga que cada uma se dispunha a pagar para ter o contrato de concessão. Assim, para "equilíbrio" do contrato, o estudo previa um valor de R$ 3,00 referentes a 1999, ou R$ 3,31 referentes a julho de 2000.
Este valor atualizado e corrigido pelo índice IGP-M cada pedágio estaria valendo hoje R$ 11,77 ao contrário dos R$ 4,50 que é o valor real pago - já reajustado agora em julho - de R$ 4,50.
Portanto, o pedágio hoje que estaria sendo cobrado, sem que a duplicação (mesmo que de apenas 55 km) tivesse sido sequer iniciada, equivalente a 2,6 vezes, o valor atualmente cobrado e já corrigido em julho último. Repito R$ 11,77 em cada praça de pedágio x R$ 4,50.
4) No edital de 2000, também não havia a previsão de construção de vias de acesso às cidades cortadas por este trecho da BR-101. A construção do contorno de Campos no trecho entre Ibitioca e Travessão que no estudo era previsto para ser feito até o 5° ano após a concessão, no edital de FHC passou a ter previsão de execução entre o 12° ao 15° ano após a concessão.
Por tudo isso é que as entidades conseguiram à época suspender pela via judicial a concessão com aquele edital. Porém, a luta era pela melhoria e duplicação de toda a BR-101. Assim, entre 2004 e 2005, a luta comunitária voltou a ser empreendida.
Diante da quantidade de acidentes e vítimas fatais na BR-101 uma Associação dos Parentes de Vítimas da BR-101 foi formada. Entre 2002 e 2006 já se contabilizava 6.985 acidentes com 3.869 feridos e 692 mortes.
Neste processo, o Movimento Pró-Vida na BR-101 foi formado e passou a aglutinar mais de 40 entidades entre elas a Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM-RJ) com importante e aglutinativo papel. O movimento comunitário e coletivo ganhou corpo e organicidade. Até símbolo e logomarca foi amplamente divulgado em adesivos, camisas, faixas, etc.
Seminários, audiências públicas com autoridades e novas manifestações aconteceram próximo à Campos, sendo que a de maior expressão foi a realizada no dia 25 de novembro de 2005, na localidade de Serrinha que parou o tráfego por cerca de duas horas e foi manchetes em várias mídias nacionais. Veja aqui neste link ainda no ar da Cidade 21 algumas imagens e informações do movimento à época.
Seminários, audiências públicas com autoridades e novas manifestações aconteceram próximo à Campos, sendo que a de maior expressão foi a realizada no dia 25 de novembro de 2005, na localidade de Serrinha que parou o tráfego por cerca de duas horas e foi manchetes em várias mídias nacionais. Veja aqui neste link ainda no ar da Cidade 21 algumas imagens e informações do movimento à época.
Foto do acervo da Cidade 21 sobre manifestação na localidade de Serrinha, em 25/11/2005, na BR-101 |
Como desdobramento deste movimento se tentou que houvesse a formação de um consórcio entre os municípios da região para obter a concessão em conjunto com o governo estadual, considerando a importância estratégica da rodovia par ao estado. Em contrapartida, o governo federal entraria com uma parte dos recursos das obras de duplicação.
Muitos prefeitos à época se dispuseram a participar, mas a negativa do governo estadual, acabou levando para a solução original de novo edital de licitação para a concessão do trecho da rodovia, só que em novas bases e numa nova modelagem.
O novo edital modificava o critério de escolha da empresa, para aquela que oferecesse o menor preço de pedágio e diversas reclamações e reivindicações do Movimento Pró-Vida acabou incorporado, como a antecipação e extensão das obras de duplicação entre outras.
O movimento fez opção contra a concessão, mas a partir de determinado momento percebeu que a duplicação e melhorias na BR-101 poderiam ser suspensos definitivamente. Assim, a mobilização passou a focar no aumento da regulação (onde defendeu a criação de um Conselho de Usuários) e melhoria de outros aspectos da concessão.
Assim, o leilão de concessão organizado pela ANTT (Agência nacional de Transportes Terrestres) acabou sendo realizado no dia 9 de outubro de 2007. Dele saiu vencedora a construtora espanhola OHL. O contrato de concessão com prazo de 25 anos foi assinado e passou a valer a partir de 14 de fevereiro de 2008. Logo após, ainda como parte do contrato a OHL obteve financiamento do BNDES de 70% do valor a ser investido nos primeiros anos da concessão, com um valor total de financiamento de R$ 3,2 bilhões.
Conforme previa o contrato, nos primeiros seis meses entre 14/02/2008 14/08/2008 foram realizados os serviços iniciais na rodovia. No dia 15 de agosto de 2008, a OHL, já constituída a Autopista Fluminense S.A. sobre seu controle começou a cobrar os pedágios e disponibilizar os serviços de apoio.
Em novembro de 2011 (veja aqui) outra empresa espanhola, a Arteris adquiriu da OHL Brasil os direitos de concessão deste trecho da BR-101 e passou a administrar a concessão.
Em dezembro de 2013 foi anunciada a operação de negociação em que a empresas espanhola Abertis Infraestrucuturas S.A aprovou a venda de 49% das ações da Autopista Fluminense S.A. para a empresa canadense de infraestrutura Brookfiled Motorways Holdings SRL. Só que na prática a Brookfiled passou a controlar a Autopista Fluminense, porque ela já detinha 60% do capital da espanhola Arteris. (Veja aqui)
Vale ainda observar antes de concluir que nestes 9 anos de concessão (que se completa no próximo dia 14 de agosto) estima-se que nas cincos praças de pedágio se tenha faturado mais de R$ 2 bilhões. Deste valor, cerca de 5% (aproximadamente R$ 100 milhões) foram pagos aos municípios que são cortados pela rodovia a título de ISS (Imposto Sobre Serviços).
Enfim, como foi dito antes, olhar para trás também ajuda a compreender o processo histórico, as lutas, as derrotas e conquistas. O processo poderia ser diferente e melhor para a sociedade, com mais controle sobre a concessão.
Porém, ainda assim, é possível identificar como foi a luta e o movimento comunitário que conseguiu conquistas para a sociedade, tanto para as melhorias no trecho concedido e em prazos menores (embora fosse possível torná-lo ainda mais rápidos e melhores) como de redução dos valores de pedágios que passaram a ser cobrados. A diferença entre elas é o tamanho do lucro que sairia da sociedade para a empresa concessionária.
O blogueiro fez questão de fazer uma extensa postagem com dados explicitados na linha do tempo, porque por diversas vezes, ao relatar e lembrar a atual situação diante de algumas pessoas, a maioria nada lembrava e outros ainda questionavam e duvidavam, tanto a questão do preço do pedágio, quanto da ampliação das melhorias na rodovia que só o novo edital passou a prever.
Recordar todo processo que possui quase 16 anos é parte do esforço de mostrar a realidade e também de evidenciar o peso que as lutas comunitárias podem ter na defesa dos seus interesses da população.
Muitos prefeitos à época se dispuseram a participar, mas a negativa do governo estadual, acabou levando para a solução original de novo edital de licitação para a concessão do trecho da rodovia, só que em novas bases e numa nova modelagem.
O novo edital modificava o critério de escolha da empresa, para aquela que oferecesse o menor preço de pedágio e diversas reclamações e reivindicações do Movimento Pró-Vida acabou incorporado, como a antecipação e extensão das obras de duplicação entre outras.
O movimento fez opção contra a concessão, mas a partir de determinado momento percebeu que a duplicação e melhorias na BR-101 poderiam ser suspensos definitivamente. Assim, a mobilização passou a focar no aumento da regulação (onde defendeu a criação de um Conselho de Usuários) e melhoria de outros aspectos da concessão.
Assim, o leilão de concessão organizado pela ANTT (Agência nacional de Transportes Terrestres) acabou sendo realizado no dia 9 de outubro de 2007. Dele saiu vencedora a construtora espanhola OHL. O contrato de concessão com prazo de 25 anos foi assinado e passou a valer a partir de 14 de fevereiro de 2008. Logo após, ainda como parte do contrato a OHL obteve financiamento do BNDES de 70% do valor a ser investido nos primeiros anos da concessão, com um valor total de financiamento de R$ 3,2 bilhões.
Conforme previa o contrato, nos primeiros seis meses entre 14/02/2008 14/08/2008 foram realizados os serviços iniciais na rodovia. No dia 15 de agosto de 2008, a OHL, já constituída a Autopista Fluminense S.A. sobre seu controle começou a cobrar os pedágios e disponibilizar os serviços de apoio.
Em novembro de 2011 (veja aqui) outra empresa espanhola, a Arteris adquiriu da OHL Brasil os direitos de concessão deste trecho da BR-101 e passou a administrar a concessão.
Em dezembro de 2013 foi anunciada a operação de negociação em que a empresas espanhola Abertis Infraestrucuturas S.A aprovou a venda de 49% das ações da Autopista Fluminense S.A. para a empresa canadense de infraestrutura Brookfiled Motorways Holdings SRL. Só que na prática a Brookfiled passou a controlar a Autopista Fluminense, porque ela já detinha 60% do capital da espanhola Arteris. (Veja aqui)
Vale ainda observar antes de concluir que nestes 9 anos de concessão (que se completa no próximo dia 14 de agosto) estima-se que nas cincos praças de pedágio se tenha faturado mais de R$ 2 bilhões. Deste valor, cerca de 5% (aproximadamente R$ 100 milhões) foram pagos aos municípios que são cortados pela rodovia a título de ISS (Imposto Sobre Serviços).
Enfim, como foi dito antes, olhar para trás também ajuda a compreender o processo histórico, as lutas, as derrotas e conquistas. O processo poderia ser diferente e melhor para a sociedade, com mais controle sobre a concessão.
Porém, ainda assim, é possível identificar como foi a luta e o movimento comunitário que conseguiu conquistas para a sociedade, tanto para as melhorias no trecho concedido e em prazos menores (embora fosse possível torná-lo ainda mais rápidos e melhores) como de redução dos valores de pedágios que passaram a ser cobrados. A diferença entre elas é o tamanho do lucro que sairia da sociedade para a empresa concessionária.
O blogueiro fez questão de fazer uma extensa postagem com dados explicitados na linha do tempo, porque por diversas vezes, ao relatar e lembrar a atual situação diante de algumas pessoas, a maioria nada lembrava e outros ainda questionavam e duvidavam, tanto a questão do preço do pedágio, quanto da ampliação das melhorias na rodovia que só o novo edital passou a prever.
Recordar todo processo que possui quase 16 anos é parte do esforço de mostrar a realidade e também de evidenciar o peso que as lutas comunitárias podem ter na defesa dos seus interesses da população.
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