Há duas semanas, o blog publicou aqui neste espaço uma ampla análise sobre o absurdo da venda da BR-Distribuidora, sobre os riscos de se romper a condição de empresa integrada como a Petrobras.
Porém, o risco maior como chamávamos a atenção é para a Vitol, a maior trading de petróleo do mundo inserir a BR no seus esquema de lucros por especulação entre compra e venda de óleo cru e derivados. A nota do blog no dia dia 23 de julho de 2016, teve o seguinte título: "A venda da BR Distribuidora. Trading suíça Vitol é um dos 3 grupos interessados. O que significa?"
Pois bem, hoje em matéria do jornalista André Ramalho, no Valor, P. B4, ele informa que a estatal quer garantir que a integração da empresa com a BR se mantenha mesmo após a venda e cita exatamente o interesse da Vitol:
"Além de preservar a marca BR, a Petrobras pretende garantir, no processo de venda da BR-Distribuidora, que a empresa mantenha um certo grau de integração com as operações da da holding. Uma das possibilidades avaliadas internamente é incluir, no acordo de acionistas a ser negociado com o novo sócio, um compromisso de compra de um volume mínimo de derivados produzidos na refinaria da estatal... A Petrobras tenta assegurar também que não venha a perder mercado no futuro, para importadores. Durante as negociações passadas para a venda de uma fatia minoritária da BR, a Vitol, uma trading Suíça, manifestou interesse. Isso despertou o temor de que a distribuidora brasileira viesse a se tornar uma grande importadora de combustíveis da companhia europeia... A BR é importante fonte de escoamento da produção de derivados da estatal e comercializa, hoje, um volume de diesel equivalente a 38% da produção nacional do derivado, por exemplo."
Não há fórmulas capazes de garantir o que eles dizem nesta reportagem. Se vender a maioria do capital votante, como disseram, para a Vitol já era. Eles vão fazer o que quiserem, no esquema de ganhos de intermediação que a trading pratica diariamente no plano global.
Eu já afirmado na nota anterior que, em meio à crise em todo o mundo da fase de colapso de preços do petróleo, a Vitol, faturou em 2015, o maior lucro de sua história. Outras tradings de commodities minerais tiveram o mesmo desempenho.
As tradings não ganham com o preço em si (alto ou baixo) que vive da intermediação ganha com a volatilidade dos preços, através da diferença entre preço de compra e de venda. Por isso também valorizam os estoques que é para facilitar o esquema de especulação.
A divulgação desta preocupação parece apenas querer mostrar uma preocupação, para dizer que não estão vendendo tudo de qualquer maneira, quando na verdade é praticamente isto que estão fazendo, a partir do conceito de fatiar para vender.
Ora, ora... se estão fatiando é porque entraram lá para acabar com a condição da Petrobras como empresa integrada, do poço ao posto. Logo, esta alegada preocupação é na prática, apenas uma desculpa. Esfarrapada, por sinal.
O blog volta a fazer duas afirmações que tem repetido aqui com cada vez mais frequência. Primeiro, o diabo mora nos detalhes. Segundo, sobre o "crime de lesa pátria" que estão cometendo contra a "joia da coroa" a Petrobras com base na situação atual: "o que é legal pode ser ainda muito mais danoso que o ilegal”. A nação perderá com estes esquemas, no mínimo uma três ou quatro "Lava Jato". Isto é inaceitável!
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Começou a xepa...
Postar um comentário