Há dois dias, o blog chamou a atenção aqui, para a informação sobre grande dívida de quatro grandes petroleiras que chegam a mais de R$ 600 bilhões.
A notícia chamou a atenção para o tamanho fase de colapso dos preços do barril de petróleo que compõe uma crise cíclica do setor em todo o mundo. Em pouco mais de um dia, apenas esta nota tinha tido mais 7 mil acessos das mais variadas nações.
Interpretar as informações relacionando-as a análises mais amplas e de outros indicadores torna-se necessário, para se sair tanto da fragmentação das notícias, quanto da superficialidade manipuladora.
Desta forma, sigamos um pouco mais adiante. Hoje, duas mídias internacionais, ligadas ao mundo dos negócios, trouxeram outras informações que merecem ser juntadas ao que vimos aqui acompanhando.
O The Wall Street Journal informou com rodas as letras que a poderosa petrolífera americana Exxon Mobil (ou apenas Esso para nós) desistiu de investir numa próxima etapa de um projeto de exportação de gás natural (GN), no Alaska, EUA, que demandaria pelo menos mais US$ 45 bilhões para começar a operar em 2023.
A Esso informou ainda que pretende vender sua participação de 35% no projeto para o governo do estado do Alaska. O mesmo deve ser feito por outras duas grandes petrolíferas privadas: a BP e a ConocoPhillips que possuem participação cada uma 20% no projeto.
A outra informação está no jornal Financial Times que afirma que a produção de gás de xisto (shale gas) está novamente perto do recorde na principal região produtora dos EUA, com volume equivalente a 22,63 bilhões de pés cúbicos por dia (ou 641 milhões de m³), próximo do recorde anterior de 22,78 bilhões de pés cúbicos (646 milhões de m³).
Pois bem, como se trata de um único setor e de empresas americanas, uma informação não pode ser analisada sem a outra, assim de maneira descontextualizada. Ambos os projetos de gás natural, ainda mais num mesmo país, sofrem as pressões desta fase de colapso de preços do óleo & gás.
Enquanto um bate recorde, o outro se retrai e o investimento é contido por uma grande petroleira. É possível que o fato possua explicação na produtividade num ou noutro projeto. Mas, o mais provável é que o resultado desta decisão traga evidências sobre interesses futuros.
E o que isto pode ter a ver com a gente? Com um país que tem uma colossal reserva como o do pré-sal que surpreende a cada dia pela sua altíssima produtividade? Não deve ser só a americana Chevron que busca negócios em nosso país.
Outras diversas leituras podem ser feitas, porém pode-se ater a duas. Uma delas é que as novas fronteiras exploratórias de petróleo e gás no mundo (como a do nosso pré-sal), que possuam alta produtividade se tornaram, neste momento especial, ainda mais estratégicas que antes e por isso acabam por balizar as maiores ou menores chances de outros projetos que são mais caros e dispendiosos.
Segundo, não é difícil de observar que com o tamanho da dívida destas empresas, como se detalhou na nota anterior (veja aqui), elas, que possuem baixas reservas, tenderão a focar, cada vez mais, na possibilidade de buscar estas novas, promissoras e produtivas fronteiras exploratórias, pelo mundo, inclusive no Brasil.
Daí que não é difícil avaliar o interesse que já devem estar movimentando as estratégias destas petroleiras, explorando as "vulnerabilidades" dos possuidores destas reservas. No meio de um mar de petróleo, um pingo é letra!
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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