O México, muito apreciado pela turma do deus mercado, segue assistindo sua empresa de petróleo, a Petróleos Mexicanos (Pemex), perder produção, aumentar sua dívida, com déficits de caixa, sem liquidez e sem investimentos.
Em matéria da agência de notícias financeiras do mercado, a Bloomberg, as condições da empresa estatal do setor de petróleo é tida como crítica. Sua produção de petróleo que já chegou a 3,39 milhões de barris de barris por dia (mi bpd) em 2004, no ano passado já tinha caído para 2,27 milhões mi bpd ano passado, quando teve um prejuízo de US$ 30 bilhões.
Havia uma previsão de recuperação para a pordução de 2,8 milhões de bpd em 2018. Agora, a Bloomberg baseada em relatório de analistas do setor de petróleo do banco americano Morgan Stanley diz que a produção da Pemex poderá cair para apenas 1,6 mi bpd até 2020.
A estatal segue com déficits de fluxos de caixa da ordem de US$ 22 bilhões, quase o dobro do déficit de US$ 13 bilhões no ano passado. Em maio passado, o Ministério da Fazenda do México teve que assumir US$ 10 bilhões em passivos de pensões da empresa. Além disso realizou transferências e fez injeção de capital para quitar dívidas da empresa, em cerca de mais US$ 6,6 bilhões. A dívida total da empresa já passou dos US$ 100 bilhões.
O petróleo que até aqui era o principal eixo do crescimento econômico mexicano, agora sofre com a fase de colapso do ciclo do petróleo e deverá se reduzir ainda mais, considerando ainda que seu principal mercado sempre foi os EUA que nos últimos anos passou a produzir mais com o xisto e a importar menos.
Observem que isto ocorre, apesar do México possuir a nona maior reserva de petróleo do mundo com cerca de 72 bilhões de barris, segundo estudos e projeções da consultoria norueguesa Rystad Energy, em estudo divulgado em julho último.
A empresa que já sofreu o baque com a quebra de monopólio que o governo mexicano fez para o setor em 2014, sofre agora com estes diversos problemas.
Interessante ainda identificar que ao contrário desta realidade, a Petrobras, mesmo sendo ainda mais pressionada tanto pelos desvios da Operação Lava Jato, quanto pela fase de colapso do ciclo petro-econômico, que atinge todas as petroleiras do mundo, a estatal segue ampliando suas reservas e a sua produção, sendo uma das poucas a ampliar sua produção com a nova fronteiras exploratória do pré-sal.
A Petrobras também tem uma grande dívida, mas não tem déficit de caixa e nem acumulou prejuízos seguidos e tão grandes, além de estar com relação à produção num caminho exatamente ao inverso de, praticamente, estar dobrando sua produção na última década, enquanto que a Pemex está vendo sua produção cair à metade, neste mesmo período. Os investimentos da Petrobras se reduziram como feito com outras petroleiras do mundo, mas não foi praticamente cortado, com acontece com a Pemex.
Antes de concluir vale ainda observar que a quebra do monopólio do setor de petróleo, feito já há dois anos, ao contrário do que foi falado, não produziu ainda nenhum resultado para o país.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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