No último dia 3 de agosto, o blog comentou e analisou aqui, com enorme repercussão que a petroleira anglo-holandesa Shell deve US$ 75 bilhões. Na ocasião o blog já chamava atenção que o fato se estendia a outras grandes petroleiras mundo afora, diante da fase de colapso do ciclo petro-econômico.
Pois bem, em nova matéria, na última quarta-feira (24/08), o jornal americano The Wall Street Journal, destaca em título que "Dívida das gigantes do petróleo mais que dobra em dois anos".
A reportagem comenta e detalhas como as maiores petroleiras do mundo estão sobrecarregadas com os maiores endividamento de sua história, num momento em que enfrenta dificuldades com os preços do petróleo em baixa.
Juntas, as petrolíferas Esso, Shell, BP e Chevron acumulam dívida líquida de US$ 184 bilhões (aproximadamente R$ 600 bilhões), mais do dobro do que deviam há apenas dois anos. Veja abaixo o infográfico das dívidas destas 4 gigantes do petróleo publicada pelo WSJ:
A briga com os acionistas destas empresas é enorme, porque eles já perceberam que, diante de tal quadro, eles não receberão dividendos. Pior, as dívidas não param de crescer, já que com a redução dos lucros - ou até prejuízos - , elas estão gastando mais do que recebem, inclusive atendendo às pressões para pagar dividendos aos acionistas, individuais, ou de grandes fundos de investimentos.
No meio destes problemas, a Esso, pagou US$ 3,1 bilhões de dividendos, só no 2º trimestre, mesmo tendo tido apenas US$ 1,7 bilhões de lucros. Assim, algumas petrolíferas já cogitam pagar dividendos com entrega de ações.
Os analistas de riscos dos bancos avaliam que a BP, Shell, Esso terão ainda que navegar por esta fase difícil (que chamo de colapso) pelos próximos 18 meses e com riscos de que o preço do barril possa abaixar ainda mais.
Nada se falou aqui no Brasil, sobre isso, mas todas agências de classificação de riscos têm baixado as classificações das petroleiras. Agora por último, foi o caso da conhecida S&P que derrubou a classificação destas quatro gigantes do petróleo.
É bom que se diga que nenhuma destas quatro gigantes do petróleo possui, nem de longe, o volume das reservas que tem a Petrobras, que também possui uma dívida grande.
Além do mais, a Petrobras, enfrenta melhor esta situação, porque sendo uma empresa integrada (do poço ao posto) - que seus novos dirigentes estão tentando fatiar para vender - ela usa o mercado interno, com os atuais bons preços dos derivados, para retirar cerca de 2/3 dos seus lucros.
Porém, melhor que isto, é a pujante nova fronteira de exploração do Pré-sal. Os resultados de produtividade são colossais nos poços e campos desta reserva. Isto alivia os problemas, relativamente, mesmo diante destas gigantes do petróleo, porque qualquer um sabe que o maior fiador de qualquer endividado é a potencialidade que ele tem para o futuro, para poder quitá-las.
Interessante observar que aqui no Brasil, a mídia comercial esconde, ou dá pouca repercussão, a esta realidade. Assim, eles tentam construir a ideia de que é a Petrobras que está quebrada, quando na verdade, todo o setor, que é uma enorme cadeia global, tem sofrido, durante, estes dois últimos anos.
Este declínio vem desde quando, no início do segundo semestre de 2014, a fase de expansão e dos lucros extraordinários do ciclo petro-econômico foi invertida. Assim, uma nova fase de colapso de baixos preços se instalou.
Esta fase de baixa instala um conjunto enorme de problemas em todas as petroleiras do mundo, e assim, vão determinar também, quais serão as corporações do setor se sairão melhor, quando uma nova fase de expansão, em novo ciclo petro-econômico chegar.
Insistir em não enxergar esta realidade para levar vantagem e vender a preço vil, as partes fatiadas da holding Petrobras - "a nossa joia da coroa" - como o blog já disse, é não somente crime de lesa-pátria, é querer tornar o legal e ainda mais danoso que o ilegal, aquilo que os cretinos fizeram com os desvios em nossa maior empresa.
Enxergar definitivamente esta realidade é necessário. É assim que o blog busca colaborar ajudando na divulgação, análise e aprofundamento dos fatos da realidade que nos cerca.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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Um comentário:
É evidente que todos os órgãos de imprensa sabem que mentem ou omitem os dados para provocar uma onda de manifestações contra a nossa maior empresa e consolidar a ideia de que o melhor que se faz é vendê-la a qualquer preço para acabar com a corrupção.E como os métodos do PIG baseados em Goebbels funcionam. É só ver o que foi feito com a Vale do Rio Doce, que foi doada, com a Pena que o pão com as alegações de que era um antro de corrupção e que dava prejuízo e que depois de privatizada tornou-se a empresa campeã em crimes ambientais e vive envolvida em falcatruas com vários entes públicos, tendo sido a responsável pelo maior crime ambiental já praticado no Brasil com a participação efetiva do governo estadual de MG, que foi a rutura (já prevista) da barragem de Mariana e a condenação à morte do Rio Doce.
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