No ano passado, as petrolíferas descobriram apenas 2,7 bilhões de barris de petróleo em todo o mundo. Esta é a menor quantidade de descobertas de novas reservas em quase sete décadas e equivale a apenas 10% das descobertas do ano de 1960, há 56 anos.
Nos primeiros 7 meses deste ano, as descobertas seguem em números ainda mais baixos. Até julho, apenas 736 milhões de barris de petróleo foram descobertos, segundo dados da consultoria escocesa, especializada em petróleo e gás, Wood Mackenzie, divulgados pela
Bloomberg.
Na verdade, trata-se de fato comum e esperado, durante a fase de colapso do ciclo petro-econômico, assunto que o blog tem exaustivamente citado neste espaço.
Nesta fase de menores preços do barril, as perfurações são reduzidas enormemente, com redução de investimentos e menos contratações das sondas.
Enquanto isto, as reservas anteriores vão sendo consumidas por conta do aumento relativo do consumo, por conta dos preços mais baixos do petróleo e seus derivados.
Assim, já se avança para o terceiro ano seguido preços mais baixos, cujo pico negativo aconteceu em fevereiro último com o barril a US$ 27, o barril, do tipo brent.
Mesmo com a nova reunião dos países membros da Opep, marcado para a segunda quinzena deste mês na Argélia, é difícil que um acordo para limitar a produção, consiga segurar a sobre-oferta que há no mercado, com os países produtores tentando segurar seus clientes.
Avalia-se que mesmo que o acordo seja firmado, pelos países-membros da OPEP (OPEC) as hipóteses de um equilíbrio são hoje reduzidas, porque, não é simples fiscalizar o que cada um deles, efetivamente produz e vende no mercado internacional.
Desta forma, a chance mais provável é que o preço do barril siga até 2017 e 2018 em torno dos US$ 50, variando entre US$ 40 e US$ 60, em certo equilíbrio de preços, num período de preços que chamo de "não cíclico".
O mais certo é que um cenário similar ao período entre 2010 e 2014, único na história, em que o petróleo esteve - fora brevíssimas oscilações - acima de US$ 100, por barril será mais raro, apenas com alguns picos, que poderão estar ligados a conflitos regionais, que estão se potencializando, por conta desta mesma crise de preços baixos e menores rendas nas nações produtoras.
Em todo este cenário com menores investimentos em novas descobertas, as atuais reservas irão se escasseando e criando as condições, possivelmente, em torno de 2020, para preços maiores. Há quem fale em depois de 2025.
Os custos médios de exploração e extração de petróleo estão também se elevando. Por isto, nesta fase de colapso de preços, muitos projetos foram, simplesmente, abandonados.
Por tudo isto, é possível que após o ano de 2020, superada esta fase de baixa e do período não cíclico, seguido do esgotamento de muitas reservas, mais a escassez de novas descobertas com custos mais razoáveis, volte a elevar os preços médios para valores próximos dos US$ 100, o barril.
Nestas condições, as nações e as corporações petrolíferas que conseguirem superar esta fase de colapso dos preços, mantendo-se estruturadas e esperando um novo ciclo petro-econômico tenderão sair ganhando. E muito.
Neste período de crise, a pressão sobre as nações produtoras e suas estatais de petróleo - que possuem as maiores reservas provadas do mundo, em torno de mais de 80% - será gigantesca.
As corporações petrolíferas preferem avançar sobre as reservas já descobertas, a gastar com a procura e novas descobertas. Para isto, elas, junto de seus governos e do poder político, aproveitam as vulnerabilidades das nações produtoras, promovendo golpes e outros "negócios escusos".
Neste cenário, o Brasil é apenas um "case".
Ao contrário do que se imagina, pelo menos, ainda durante as próximas três décadas, a geopolítica da energia continuará sendo desenhada tendo como base o petróleo.
Nesta linha sugiro que continuemos observando a dinâmica da geopolítica contemporânea neste conturbado mundo. Assim, adiante poderemos atestar se esta breve estimativa tem algum sentido. A conferir!
PS.:
Atualizado às 14:54: para breves correções do texto.