A cada dia fica mais evidente que a mudança de fase do ciclo petro-econômico não tem nada de natural entre oferta e demanda. A mudança de fase do ciclo é uma articulação geopolítica que une corporações e nações.
Os fatos que levaram ao início desta inversão de fase do ciclo do petróleo, já há mais de dois anos (início do 2º semestre de 2014), já foram alterados. O movimento segue. Algumas nações e corporações se adequam mais, enquanto outras se ajustam menos, mas o curso segue adiante.
Sem entender este processo que envolve a pressão entre as corporações e o esforço para se aproveitar das vulnerabilidades das nações produtoras, durante esta inversão das fases do ciclo petro-econômico, a interpretação econômica e política ficam deturpadas e extremamente prejudicadas.
Assim é que na atual conjuntura, algumas corporações e nações (assim, sempre embricadas) se sairão melhores que outras na disputa por controle e hegemonias.
Desta forma, uma das disputa entre nações e petrolíferas que possuem grandes reservas e capacidades de produção, acontece, entre a antiga e conhecida Opep (14 países membros) e os demais produtores, hoje chamados de Não Opep. Neste último grupo se incluem Rússia, EUA, Brasil, México e outros.
No final deste mês a Opep se reunirá novamente na Argélia para tentar um acordo que controle a produção para assim reduzir o excesso do petróleo no mercado mundial, para novamente elevar os preços.
É pouco provável que algum acordo saia, mesmo que a Arábia Saudita (Opep) e a Rússia (Não Opep) tenham estabelecido negociações sobre o tema.
A Opep segue com uma visão de mais longo prazo. Assim, tende a continuar apostando na necessidade do petróleo permanecer mais tempo barato, para desta maneira forçar ajustes na oferta, pressionado os chamados produtores marginais, que são aqueles que produzem com altos custos.
Do lado da Não Opep, as nações e as corporações com o passar de mais de dois anos desta realidade, foram construindo condições para melhor se adaptar à esta realidade de baixos preços, nesta fase de colapso do ciclo petro-econômico.
Tudo isto observado pelo lado dos produtores dos quais o Brasil está incluso.
Do lado dos consumidores (especialmente os maiores), eles seguem aproveitando, ampliando as reservas, jogando assim com a volatilidade dos preços, só que num patamar baixo que tende a prosseguir por pelo menos mais meia década.
Só analisando os ciclos longos e prazos maiores é possível intuir hipóteses sobre a conjuntura do setor, que evidentemente está relacionada ao esquema mais geral da economia e da geopolítica que possuem potência para alterar o atual curso das coisas. Ou manter.
Enquanto esta fase se mantém, a pressão em países produtores como o Brasil, Venezuela, Rússia e outros avança, com variação cambial, desajustes ficais, desvalorização dos ativos, perda de valor das estatais petrolíferas que levam às privatizações, agora transmutada para a palavra desinvestimentos.
O jogo é político. A disputa é pelo controle político dentro das nações e de uma sobre as outras no plano global.
Qualquer semelhança, não será coincidência. Sigamos em frente observando.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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