No último sábado o blog republicou aqui artigo do Martin Wolf, editor do Financial Times maior jornal do setor financeiro da Europa falando sobre os limites da democracia no capitalismo.
Pois bem, parece que as repercussões sobre parte das discussões do G-20, realizadas na China, de certa forma, ampliam as preocupações com a forma com que se estrangulam o sistema que serve a cada vez menos pessoas.
Os liberais menos irresponsáveis parecem gritar para parar, porque pressentem que graves problemas sobre o horizonte que vai para além do que se via até aqui nos países periféricos.
Hoje, em nova matéria no Valor, do bom correspondente, Assis Moreira que está na China reportando as negociações entre as vinte maiores nações do mundo e traz questões que reforçam estas preocupações. Moreira conhece o assunto porque atua em Genebra, na Suíça, acompanhando os movimentos da ONU e outras organizações mundiais a ela vinculadas.
Numa de suas Moreira traz a fala do premiê da Austrália, Malcolm Turnbul, que foi executivo de um dos maiores bancos e expoentes do sistema financeiro mundial, o Goldman Sachs, que diz: "é preciso civilizar o capitalismo". Além dele, a diretora-gerente do FMI, Lagarde também afirmou: "tem de haver mais crescimento, mas ele deve ser mais inclusivo".
Ambos falaram na reunião acontecida com o diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, que por sua vez, disse entre outras coisas que "o sentimento antiglobalização está crescendo e é necessária uma ação vigorosa".
Azevedo disse ainda que "80% da perda de empregos dos países mais desenvolvidos são resultados da maior produtividade que devem ser acompanhadas de políticas de ajuda para readaptação dos desempregados".
Mais claro impossível. O sistema político e econômico vem dando seguidas demonstrações sobre o seu esgarçamento. A decisão do Brexit na Inglaterra. O Trump e suas doideiras nos EUA. Os refugiados do Oriente Médio em direção à Europa, onde as tensões entre os representantes políticos crescem para além da Grécia e Espanha. Golpes políticos e tentativas no Brasil, em outros países da América Latina, Turquia, etc.
Enfim, há cada vez mais gente, para além dos que sempre questionaram este modelão neoliberal de um mundo eficiente, mas para poucos. Esta concepção ampliou o poder e os ganhos da financeirização e segue esticando a corda do modelo civilizatório do mundo contemporâneo. Quem agora diz isto, não é mais a esquerda e sim, os liberais.
Assim, a inclusão social, o estado de bem-estar-social (welfare state) foram deixando de ser alternativas civilizatórias e passaram a ser responsáveis pelos problemas. Não por acaso o Brasil com o golpe, mais uma vez segue na direção inversa.
Os limites de tudo isso seguem sendo cada vez mais expostos pelos que ajudaram a construir tudo isso. Eles agora clamam por alterações e ninguém os ouve. Vamos ver até onde a corda aguenta ser esticada.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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