Assim se liga a melhor as pontas das informações soltas construindo interpretações mais consolidadas e próximas dos fatos reais.
A Shell pagou pela BG uma quantia entre US$ 50 bilhões e US$ 60 bilhões. Por conta disso, a petroleira anglo-holandesa acumulou uma dívida líquida superior a US$ 75 bilhões. (Veja aqui nota do blog em 26/08/16 sobre a dívida de 4 petroleiras que atingem R$ 600 bilhões)
Nesta fase de colapso de preços do barril de petróleo, os custos destas dívidas pressionam a Shell que assim, decidiu vender inúmeros ativos pelo mundo, até atingir a quantia de US$ 30 bilhões.
Porém, a Shell já percebeu que a venda neste momento representa perdas enormes e está adiando o quanto pode. Desta forma, a petroleira só "desinvestiu" US$ 1,5 bilhão até agora.

Veja que a Shell faz um movimento ao contrário da Petrobras. Comprou aqui para vender no resto do mundo e assim mesmo está segurando, por conta dos preços baixos que estaria apurando no mercado. Tudo isto em troca de estar aqui no Pré-sal brasileiro.
Se desejar ter mais detalhes e relembrar o caso leia aqui nota do blog no dia 16 de fevereiro de 2016, sobre os significados da fala do CEO global da Shell, Van Beurden, quando a corporação fechou negócio e finalmente assumiu a aquisição da petroleira BG no mundo:
"O Brasil será um país-chave na nossa estratégia", afirmou. "Está seguramente no top 3 de nosso portfólio e, se considerarmos apenas a produção em águas profundas, é o maior." "Van Beurden disse acreditar na competitividade do pré-sal, mesmo em um cenário de petróleo barato. "O break even (preço de equilíbrio dos projetos) é muito favorável, mesmo nessa faixa de preços. E, se os preços caem, os custos também caem".
Pois bem, para garantir estar na maior fronteira petrolífera descoberta nas últimas décadas, o Pré-sal do Brasil, a Shell está tentando se desfazer de 16 ativos que estão em processo de venda. Entre estes estão:
1) Pacote de ativos no Mar do Norte avaliado em US$ 2 bilhões;
2) Operações Marítimas no Golfo do México;
3) Refinaria na Dinamarca;
4) Participação na refinaria japonesa Showa Shell;
5) Campos de petróleo na Nova Zelândia, Tailândia e Gabão;
6) Participação no terminal de gás natural liquefeito na Malásia, a MLNG;
7) Reservas nas areias betuminosas do Canadá;
8) Área de xisto americana nas bacias de Delaware e Permiana do Texas e Novo México, consideradas algumas das reservas de xisto mais fáceis de explorar na América do Norte que poderiam valer de US$ 9 bilhões a US$ 13 bilhões, por ser tido como "código postal desejável".
Assim, a Shell quer somar vendas de US$ 30 bilhões para saldar as suas dívidas. Mas não está aceitando fazer feirão ou liquidação topando qualquer preço.
Diante desta realidade é possível fazer relação entre as escutas da NSA denunciadas pelo Edward Snowden sobre as reservas petrolíferas brasileiras, a Petrobras, os interesses estrangeiros, a Lava Jato, a sua ligação com os EUA e o golpe. Tudo isto sem correr o risco em ser acusado de estar tratando de teorias conspiratórias.
Antes que possam questionar a origem dos dados, eu informo que eles estão numa matéria do jornalista Andrew Ward, do conhecido informativo inglês do setor de economia, o Financial Times.
Evidentemente, não com as relações aqui feitas com a Petrobras e sobre as estratégias da Shell no Brasil e as articulações entre os poderes econômicos e os políticos na dimensão em que o assunto exige da geopolítica da energia. Mais claro impossível!
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