Uma das áreas em que a desindustrialização recente tenda a ser mais clara no Brasil é no setor de petróleo, um dos 4 eixos do desenvolvimento brasileiro na última década. Por isso, eu cunhei, num texto acadêmico a que já me referi aqui, a expressão sobre a tríade: Petróleo-Porto-Indústria Naval.
Nesta trinca de setores o processo de desintegração já está sendo em cadeia e com consequências que tendem a ter longa duração e duros desdobramentos. A relação entre os dois primeiros setores da tríade têm uma imensa capacidade de arrasto sobre o restante da economia.
Ainda sobre a desindustrialização brasileira vale conferir o breve texto do Rogério Lessa, publicado no site da Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobras):
"Desindustrialização prematura mantém Brasil subdesenvolvido"
"A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) publicou documento no qual reafirma a importância crucial da industrialização na promoção do desenvolvimento e do crescimento econômico sustentado e ressalta que “nenhum país tem sido capaz de alcançar a transformação estrutural bem sucedida sem a sinalização e o empurrão visionários de políticas governamentais específicas e seletivas”.
No mundo atual de economia globalizada, a indústria de transformação mantém, de acordo com a Unctad, imenso apelo em razão do seu potencial para gerar crescimento da renda e da produtividade, os quais se espalham por toda a economia através das conexões de produção, de investimento, de conhecimento tecnológico, da geração de renda e do ciclo virtuoso do consumo.
Outro atributo da indústria de transformação é o seu potencial para exploração de economias de escala dinâmicas, o que ocorre quando a acumulação de capital se dá juntamente com o uso de tecnologias crescentemente sofisticadas, com aquisição e acumulação de conhecimento por meio do aprendizado e com o desenvolvimento de habilidades tácitas e de know-how.
Nos países desenvolvidos ocorreu uma desindustrialização, expressa na forte redução da participação da indústria de transformação no produto interno bruto (PIB) e no emprego, a qual iniciou-se nos anos 1960-1970. Foi uma consequência normal, ainda que não espontânea nem suave, do processo de desenvolvimento, e ocorreu quando essas economias já haviam alcançado um nível elevado de renda e produtividade, disseminado capacidade tecnológica e consolidado o mercado doméstico.
Nos países em desenvolvimento há casos de sucesso e crescente industrialização (Coreia, China); há casos também de industrialização “restringida” (Índia e México); e ainda exemplos de “desindustrialização prematura” em particular dos países da América Latina, como o Brasil. Aqui a desindustrialização é um fenômeno prematuro e traz sérias consequências negativas já que esse processo tem início antes que as economias tenham alcançado um nível de renda elevado.
Nesse contexto, vale destacar o papel de uma empresa como a Petrobrás, indutora do desenvolvimento, que neste momento caminha na contramão de sua missão, já que a atual gestão está empenhada em vender ativos estratégicos e, no Congresso, acaba de ser aprovada a lei idealizada por José Serra, que tira da Petrobrás o papel de operadora única do pré-sal."
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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