sexta-feira, dezembro 30, 2016

O império que admite seu fracasso assume o seu fim

Engraçado esta história do ataque cibernético russo. (Veja aqui matéria no site do El País)

Até aqui parecia uma brincadeira, mas agora acaba de ser assumido pelo governo americano.

Estranho que nenhuma das autoridades em geopolítica e segurança do estado, não tenha percebido que, ao alvejar Trump, o governo americano esteja assumindo, a sua fragilidade ao ser atingido por aquilo que o Snowden denunciou sobre a NSA. 

Para a história ficar ainda mais interessante só faltará que Obama culpe o Edward Snowden, que está asilado na Rússia, por coordenar os ataques russos. 

NSA ... nos olhos de outros é refresco, rs.

O império está ruindo e por isso faz barulho.

quarta-feira, dezembro 28, 2016

Entre os “rompimentos” e as “adaptações” contratuais: o Estado como base do capitalismo

Interessante observar que quando é o governo que pretende mudar e adequar alguns contratos com empresas privadas e concessionárias, as mesmas reclamam, acusam o governo e vaticinam pela mídia comercial e partidária, que isto seria “rompimento de contratos” que gerariam instabilidades, etc. e tal. Porém quando são as empresas contratadas que querem fazer as mudanças, apoiadas pelos seus aliados políticos, a mídia comercial trata o caso como sendo de “adaptação contratual”.

O caso atual de concessão dos contratos dos terminais portuários no Brasil (entre vários outros) é exemplo interessante para se entender a situação, quando a mídia comercial e partidarizadas diz que “isto já é recorrente em diversos outros segmentos do Brasil, como o elétrico e as telecomunicações, ferrovias, rodovias e aeroportos também contam com a extensão de prazo para fins de reequilíbrio”.

Empresários e seus funcionários na mídia empresarial citam ainda os casos internacionais para justificar aquilo que pretendem, como se o esquema lá fora não fosse, como sempre, o paradigma para a colônia. Por aqui, outro destes vários casos é a generosidade do governo com os R$ 100 bilhões para as operadoras de telefonia.

De “quebra”, ainda vão colocar por terra as cláusulas dos contratos entre a Anatel e a operadoras, suspendendo as milhares de multas que somam outros R$ 20 bilhões, pelo mau atendimento, a mim e a você, que ficamos pendurados, em teleatendimentos e nos demos ao trabalho (jogado fora) de registrar as queixas, mostrando que a regulação é uma balela, quando o Estado está a serviço dos interesses das corporações.

E ainda há quem não queira entender a afirmação do grande historiador francês, Fernand Braudel, quando este afirmava que nunca haveria capitalismo sem um estado forte. E eu complemento um Estado (poder político): capturado e controlado cada vez mais pelo poder econômico, representado pelo sistema financeiro e pelas grandes corporações globais.

segunda-feira, dezembro 26, 2016

Petrobras nas mãos dos “gênios do mercado” faz entrega do nosso petróleo e vai na contramão das maiores petroleiras do mundo. Agora foi a vez do presidente da petroleira francesa Total afirmar: “O pré-sal não existiria se não fosse a audácia da Petrobras"

Enquanto a mídia comercial critica a atuação da empresa, questionando e fazendo pouco caso da descoberta do pré-sal pela Petrobras, as maiores petroleiras do mundo vão, uma a uma, fazendo suas compras no leilão do Parente/Temer.

Desta forma reconhecem a importância da atuação da estatal petrolífera brasileira, em que pese os problemas que devem ser enfrentados, assim como os desvios contidos e repostos e os bandidos responsáveis presos.

O reconhecimento sobre a expertise da Petrobras veio agora do presidente da petroleira Total no Brasil e está publicado hoje no jornal Valor. Maxime Rabilloud, diretor geral da Total E & P do Brasil afirmou:

“Queremos crescer no Brasil. É uma decisão estratégica no sentido literal. Estratégia no sentido de que vamos deixar de investir em outros lugares do mundo para investir no Brasil"

A petroleira francesa Total que está no Brasil desde a década de 70, tem atualmente 2.500 trabalhadores no país onde atua em diferentes pontos da cadeia produtiva, desde a exploração de petróleo até a fabricação de lubrificantes e produtos químicos.

Porém, este elogio e interesse manifestado pelos mais altos dirigentes da petroleira Total não pode ser interpretado de forma descontextualizada do roteiro montado para fatiar e entregar as partes da Petrobras. 

O objetivo traçado que envolveu ações externas e o golpecheament visou desintegrar e desverticalizar a Petrobras como uma das maiores petroleiras do mundo e responsável pela maior fronteira petrolífera descoberta na última década no mundo.

Assim, buscando outras postagens do blog é possível confirmar o interesse de outras corporações petrolíferas sobre as partes fatiadas da Petrobras. 

Porém, é mais forte identificar as falas de outros dois presidentes mundiais de petroleiras que conseguiram “acessar” à nossa maior província petrolífera que o Pré-sal tão desdenhado pelos tucanos-entreguistas.

No dia 16 de fevereiro de 2016, o blog comentou a informação que circulou na mídia econômica naqueles dias do CEO global da Shell,. A postagem com o título “Os significados da fala do presidente mundial da Shell sobre o potencial de petróleo no Brasil” pode ser lida aqui.

Nela, o presidente da Shell no mundo, Van Beurden disse: 
"O Brasil será um país-chave na nossa estratégia", afirmou. "Está seguramente no top 3 de nosso portfólio e, se considerarmos apenas a produção em águas profundas, é o maior."

Em outra postagem, em 30 de julho de 2016, destacamos a fala do presidente da petrolífera estatal, norueguesa, Statoil, no Brasil, Pál Eitrheim, em matéria em O Globo de 30/07, logo depois da empresa conseguir comprar os direitos de explorar um dos campos petrolíferos do Pré-sal:

"Carcará é a maior descoberta de reservas de petróleo feita nos últimos anos no mundo. O Brasil é o país mais importante para os investimentos da Statoil fora da Noruega".

Esta nota do blog pode ser acessada na íntegra aqui

Assim, os mais altos dirigentes destas petroleiras confirmaram a alegria de acessar as reservas do Pré-sal que a Petrobras, liderada pelo grande geólogo Guilherme Estrella, descobriu com sua competência e seus recursos e agora entrega a preço vil.

Os três presidentes (da Shell, Statoil e Total) afirmam categoricamente que vão disponibilizar e paralisar outros projetos pelo mundo, para se concentrar no pré-sal brasileiro e desta forma, estar junto da Petrobras. Ou seja, estas três grandes petroleiras, "coincidentemente", escolheram o Pré-sal brasileiro para crescerem.

Empresa que foi tanto desvalorizada por aqui, no processo já conhecido pelo ditado brasileiro que “quem desdenha que vender”, que no caso pode ser adaptado para quem desdenha quer entregar.

Assim, a Petrobras nas mãos dos “gênios do mercado” vai na contramão das maiores petroleiras do mundo. A nação está atordoada ainda vai reagir. Estes crimes que estão cometendo – travestido de uma legalidade fajuta - são imensamente maiores do que os prejuízos causados pelos bandidos da chamada Lava Jato.

O pré-sal foi descoberto pela Petrobras e os seus resultados têm que estar à serviço do povo brasileiro. Desta forma, este crime de lesa-pátria será em algum momento enfrentado.

Em meio às superficialidades e fragmentação das notícias no anarquismo da internet, a interpretação desta realidade tende a passar despercebida, mas não por todos. Assim, seguimos em frente acompanhando e denunciando.

PS.: Atualizado às 13:48: Para pequenos acréscimos e ajustes.

sexta-feira, dezembro 23, 2016

China importa 18% a mais de petróleo em 2016, quando o Brasil aumentou exportação em 80%

A China está fechando 2016 com uma importação média 18% acima da verificada em 2015, atingindo um volume de 7,87 milhões de barris por dia. Um volume 2,5 vezes e meia maior que toda a produção brasileira.

Os EUA é o maior consumidor de petróleo do mundo, mas é a China a maior importadora.

A maior fatia de importação de óleo feita pela China vem do Oriente Médio com 1,15 milhão de barris por dia, quantia quase igual a que compra da Rússia de 1,12 mibpd. O volume exportado pelo Brasil para a China cresceu 79% neste ano.

Interessante este aumento de 18% de importação de petróleo feita pela China em 2016, em relação a 2015, o que sinaliza que a paralisia econômic ano mundo por lá é um pouco menor. Além disso, pode se que a China tenha feito opção por comprar mais e produzir menos internamente, aproveitando que foi um ano de baixos preços do barril de petróleo no mundo.

Estrategicamente, outras leituras são possíveis já que a energia é crucial no dia a dia, mas ainda mais necessária num quadro de conflitos mundiais.

quarta-feira, dezembro 21, 2016

Minério de ferro: o que vale a Vale?

O preço de mercado do minério de ferro anda na faixa dos US$ 80 por tonelada. A maior mineradora de minério de ferro do mundo, a Vale extrai/produz com um custo médio em torno de U$ 11 a tonelada.

Com o projeto SD11D da Vale em Carajás no Pará, o custo do minério de ferro entregue no terminal portuário da Vale em São Luis do Maranhão, sai a apenas US$ 7,7 dólares por tonelada.

Com este novo projeto que é resultado de um investimento de cerca de US$ 22 bilhões (na mina, unidade de beneficiamento, ferrovia para escoamento e terminal portuário) a empresa terá lucro de cerca de 700%.
Mapa das operacionais do SD11D da Vale em Carajás, PA.

Diante desta realidade há que se lamentar que a empresa, privatizada no governo FHC faça pouco pelas comunidades onde possui instalações e menos ainda pela catástrofe da Samarco, do qual é sócia.

Assim, o Brasil, segue sendo um país que exporta seus bens (e não recursos) minerais com pouco retorno e muitos impactos sócio-ambientais e conflitos territoriais. É mais um projeto que depende das bases portuárias para se viabilizar.

Com este novo projeto o custo médio de produção da Vale, as demais mineradoras terão dificuldades para concorrer.

Um deste casos é o da Anglo American que extrai no interior de MG e exporta pelo Porto do Açu, o minério de ferro na faixa dos US$ 30 e para entrega na China, o valor chega na faixa dos US$ 40.

Ou seja, o custo de produção de minério de ferro da Anglo American, em torno de US$ 30, estaria quase o triplo do que a Vale consegue apurar na média, ou mais de 4 vezes do que o obtido com o projeto SD11D.

PS.: Engraçado que o governo Temerário nos últimos dias tem tentado se pendurar neste projeto como se tivesse feito algo para a sua viabilização. Os estudos de engenharia do projeto capacidade de produção de 90 milhões de toneladas/ano foram iniciados em 2005, enquanto a licença de instalação foi emitida em julho de 2013, entrando em operação agora no final de 2016.

Vista aérea da mina do complexo do projeto SD11D da Vale em Carajás, PA.

segunda-feira, dezembro 19, 2016

Suspensão da "tributação especial" (isenção) do ERJ sobre importação de equipamentos usados em exploração de petróleo evitará isenções de R$ 4 bi

A farra das isenções e descontos de impostos estaduais contribuíram fortemente para a atual crise fiscal do ERJ. Junto, somou-se os "negócios" com o Rio Previdência. O TCE-RJ identificou o volume de R$ 138 bilhões em descontos de impostos para todo o tipo de empreendimento apenas nos últimos anos.

O caso do setor de petróleo é um deles. À época da concessão em 2008, o setor vivia uma fase de expansão que se seguiu até 2014. Assim, nada justificava tamanha generosidade. As reservas de petróleo estão em grande parte em nosso litoral, o que já confere à localização vantagens comparativas aqui no ERJ, sob a legislação tributária geral.

Além disso, as exigências de um percentual de conteúdo local que a ANP fazia nos contratos de concessão, estabelecendo um percentual mínimo de valor agregado no país, para cada tipo de equipamento ou sistema, ampliava a necessidade destas empresas se instalarem no Brasil e no ERJ.

Desta forma, só a irresponsabilidade e cooptação do poder político pelo econômico pode explicar tal decisão. Pior, os descontos de impostos, deveriam, no mínimo, prever que em situações de redução de receitas da gestão estadual tais concessões fossem suspensas. Porém, nada disso foi feito na ocasião em que se vivia no ERJ, a "economia da abundância", sem se preocupar com os riscos da "maldição mineral".

Pois bem, só agora premida pela situação de colapso e caos, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), aprovou, na semana passada, o fim do decreto especial de tributação do ICMS sobre importação e exportação de equipamentos destinados à exploração de petróleo e gás no ERJ.

Segundo estudos da Fazenda estadual, este benefício retirou em 2016, mesmo no período de crise de investimentos no setor de petróleo, cerca de R$ 4 bilhões dos cofres do estado. Este volume de recursos contribuiria para reduzir o déficit que atrasa os salários dos servidores e está interrompendo e reduzindo o atendimento à população, nas áreas fins da gestão estadual como: saúde e educação.

Na estimativa para 2017 é que esta mudança represente  uma arrecadação entre R$ 4,3 bilhões e R$ 4,5 bilhões para os cofres do ERJ. O projeto do decreto legislativo suspendeu os efeitos do decreto do ex-governador Sérgio Cabral que regulamentou a redução das bases de cálculo do ICMS no âmbito do chamado Repetro, que é um regime aduaneiro especial que também envolve impostos federais, além do ICMS no ERJ.

O Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) - que de nacional só tem o nome - reagiu à decisão da Alerj, sem se importar com o ERJ e sua população, ao defender as petroleiras, especialmente as estrangeiras que atuam mais fortemente no ERJ: Shell, Chevron, Repsol Sinopec, Petrogal e Statoil.

É importante que os servidores estaduais acompanhem de perto estas mudanças que garantem as receitas do estado e não fiquem apenas resistindo às seguidas mudanças de cortes de direitos e salários. Sem receita, os cortes aumentarão e o petróleo é uma atividade economicamente forte, bem para além do que representam em termos de acréscimo de orçamento com o pagamento dos royalties.

A economia do petróleo, que envolve a indústria toda a cadeia do setor, da exploração, produção, circulação, processamento, beneficiamento até à distribuição de óleo e gás e derivados são hoje muito importantes para a gestão do estado. A receita de hoje é que pode garantir a transição para um outro modelo.

Assim, é importante que cada etapa desta imensa cadeia seja fiscalizada, para além dos controles da arrecadação do estado, que são atribuições da Secretaria Estadual de Fazenda, Alerj e TCE-RJ.

Exigir transparência sobre este processo e se organizar para acompanhar as complexas questões da legislação tributária, as rubricas, etc. é tarefa para ontem e que devem interessar a todos os fluminenses e não apenas aos servidores do estado.

domingo, dezembro 18, 2016

Os significados de mais um empréstimo da China à Petrobras

Mesmo com as mudanças de orientação de governo, após o golpe com o afastamento da presidenta Dilma Roussef, novo acordo de investimento chinês, em troca de petróleo, foi anunciado nesta última sexta-feira (16/12/2016).

A Petrobras fechou contrato de US$ 5 bilhões com o banco China Development Bank (CDB). O acordo vinha sendo costurado desde 2015. Como o anterior de US$ 10 bilhões feito em 2009 também com chineses, o contrato define que durante 10 anos, a Petrobras em troca, vai fornecer 100 mil barris por dia, às petrolíferas chinesas: China National United Oil Corporation, China Zhenhua Oil e ChemChina Petrochemical, a preço de mercado, em troca deste empréstimo.

Os EUA e suas grandes corporações ajudaram no golpe e agora disputam os ativos fatiados que a nova diretoria da Petrobras está entregando no mercado.

Enquanto isto, os bancos chineses propõem acordos que respeitam a estatal, aceitando o pagamento em produto, ao longo de até 10 anos. Negócios são negócios, mas há diferenças evidentes entre uma e outra relação.

Ao contrário do que foi veiculado na mídia comercial, a nova diretoria da estatal não tem nenhum mérito em mais este acordo fechado, que demonstra que a solidez e o respeito pela empresa já existia.

sábado, dezembro 17, 2016

Campos ganhará mais de R$ 200 milhões por ano com decisão do STF por mudança de cálculo dos royalties

A decisão do ministro Luiz Fux do Supremo Tribunal Federal (STF) que avalizou na quinta-feira que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) aplique nova fórmula de cálculo do preço mínimo do petróleo, pode aumentar a receita no orçamento de Campos dos Goytacazes, em cerca de R$ 200 milhões por ano.

O ministro Fux foi responsável pela medição na audiência de conciliação entre o governo do Rio, a ANP, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e o Ministério de Minas e Energia.

A medida pode render mais R$ 1 bilhão ao governo estadual. Segundo, a decisão, a ANP tem o prazo para publicar até 1º de março de 2017, a resolução com a fixação dos novos valores.

Este valor não é fixo porque depende da produção dos poços da Bacia de Campos que estão em declínio, ao contrário da produção no pré-sal da Bacia de Santos.
De toda sorte é um enorme reforço de caixa que o novo governo terá com aproximadamente, mais 15% do orçamento total, previsto para o ano que vem no município de Campos dos Goytacazes. 

Este valor pode até ser um pouco maior, conforme o preço médio do barril de petróleo no mercado internacional. Há um mês o barril estava entre US$ 45 e US$ 46. Ontem, o barril do tipo brent estava cotado a US$ 55, com um aumento de cerca de 20%. A variação do dólar também poderá produzir aumento da receita do município com os royalties do petróleo.

sexta-feira, dezembro 16, 2016

Gasoduto Rota 2 traz para Macaé 70% do gás da Bacia de Santos e atinge 2 bilhões de m³ exportado, apenas 9 meses após início da operação

O gasoduto Rota 2  traz da Bacia de Santos para Macaé 70% do gás lá produzida. Assim, este ramal de gasoduto está recebendo 2 bilhões de m³ de gás natural, apenas 9 meses após o início de sua operação, volume alcançado no mês passado.

O Rota 2 tem 401 km de extensão e interliga os sistemas de produção do pré-sal da Bacia de Santos ao Terminal de Tratamento de Gás de Cabiúnas, em Macaé (RJ), maior polo de processamento de gás natural do país. Abaixo o blog reproduz a localização e interligação do Rota 2.

O Rota 2 recebe em média 12 milhões de m³ de gás natural por dia sendo responsável por 70% do gás escoado naquela província. O Rota 2 tem capacidade de 16 milhões de m³/dia. A UTGCAB (Unidade de Tratamento de Gás de Cabiúnas) em Macaé está instalada numa área total de 3.288 m².



quinta-feira, dezembro 15, 2016

O neoliberalismo é pai da guinada à direita do presente, mas outro mundo é possível!

A guinada à direita no mundo que namora o fascismo, é filha – não bastarda - do neoliberalismo, antes de ser uma incompetência das forças de esquerda. O que vemos no presente é resultado dos princípios e das práticas do neoliberalismo tatcheriano e reganriano.  

A hegemonia capitalista e neoliberal tem seguido o seu movimento de captura do Estado, tornando-o mínimo no controle, e máximo nas desregulações que ampliam as aberturas para o sistema financeiro.

Tudo operado dentro de lógica e dos termos da frágil democracia representativa, apenas do voto comprado, pelos donos dos dinheiros.

As esquerdas seguem divididas entre as que querem reformar tudo, ou nada feito. A outra parte, que frequentemente se alia aos liberais-sociais (se é que isto existe) vive na expectativa em evitar o mal maior, que seria a "endireitização" feroz e esganiçada sobre o pouco que resta do estado de bem-estar.

As pressões continuam para ampliar o estado mínimo, a supressão crescente dos direitos sociais, os mercados desregulados e com a fluidez dos fluxos materiais e de capitais em busca de ganhos cada vez maiores.

O capitalismo com a apropriação dos excedentes da economia para obtenção de lucros e acumulações, cada vez para menos, vem chegando a patamares inimagináveis. 

Assim, o sistema pode estar, pelos caminhos transversos, levando ao seu aniquilamento, pelo menos, na forma que hoje se conhece. Com a máxima das várias contradições desse sistema, o esgarçamento da exploração capitalista, paradoxalmente, poderá nos devolver a utopia.

Mesmo que a aparente anomia dos tempos presentes, a materialidade e as nebulosidades do sistema em que se vivemos tenda a nos levar ao pessimismo, eu compreendo que, paradoxalmente, as pontas contrárias podem vir a se encontrar. Em meio a muitas lutas e gigantescos esforços dos povos que poderá modificar a realidade cotidiana de nossas vidas, em direção a um outro mundo possível.

terça-feira, dezembro 13, 2016

Câmara de vereadores de SJB cobra contrapartida das empresas do Porto do Açu e fará representação ao MP sobre impactos ambientais

Em sessão realizada nesta manhã, os vereadores sanjoanenses voltaram a questionar informações sobre o empreendimento do Porto do Açu no município. Os vereadores estão cobrando, informações sobre o quantidade e identificação das empresas contratadas e/ou subcontratadas, no período entre 2013 a 2016, para atividades junto à Prumo, que é a holding controladora do complexo portuário.

A Câmara questiona ainda os objetos dos contratos das empresas com a Prumo, os valores de pagamentos, base de recolhimento dos impostos municipais e o número de empregos das empresas e também pela Prumo. Querem ainda informações sobre o percentual de vagas ocupadas por sanjoanenses para este mesmo período. 

O Legislativo de SJB entende que estes dados podem refletir na tributação do ISS pela prefeitura, já que a lei municipal nº 105/2008 concede redução na alíquota de ISS às empresas localizadas na área do Porto, mediante contratação de um percentual mínimo de sanjoanenses, variando de 15 a 30% de moradores da localidade.

A Câmara também questionará por ofício cada empresa sobre o cumprimento das ações de compensação social e ambiental determinadas quando do licenciamento ambiental. O presidente do legislativo argui ainda que o Executivo se negou a prestar estas informações e que “a Câmara entrará com uma representação no Ministério Público, denunciando o lançamento de esgoto in natura no Rio Paraíba do Sul”.

PS.: Com informações da Ascom da CMSJB.

segunda-feira, dezembro 12, 2016

Petróleo, segue no centro do xadrez da geopolítica e da disputa por hegemonia

A decisão da Rússia em cortar 558 mil barris por dia, de sua produção diária de 11 milhões de barris por dia - que é a maior do mundo – torna, a Rússia, sozinha, um player importante na geopolítica do petróleo que antes era comandada pela Opep.

Assim, a Rússia é mais que meia Opep. Porém, por ser única, fica quase maior, proporcionalmente, que o tamanho da Opep - e seus 14 países-membro - que se comprometeu a cortar 1,2 milhão de barris por dia.

Com o corte de Opep + Rússia se aproximam de uma redução de quase 2 milhões de barris por dia, aproximadamente, o volume do excesso desta “mercadoria especial” nas negociações mundo afora. Por conta disto, o barril, no mercado futuro chegou hoje a US$ 57,48 (o maior em quase um ano e meio), estando (agora às 12:30 no Brasil) a US$ 56,50.

Desta forma, o acordo dos maiores produtores mundiais de petróleo para reduzir o excesso de produção no mercado mundial de petróleo envolve Opep e “não-Opep”. Rússia e Opep juntas ultrapassam, atualmente, os 50% da produção mundial.

O acordo se cumprido tenderá a levar o preço do barril para próximo, mas acima dos US$ 60, exatamente, quando Trump estará assumindo a presidência dos EUA. Com o petróleo a este patamar de preço, os EUA voltará a ter o óleo e gás de xisto competitivos.

Os EUA hoje importa mais de um terço de todo o petróleo que consome. Desta forma, vai gastar mais para ter este percentual de petróleo, a mesmo tempo que deverá voltar a fraturar as rochas para produzir seu shale gas e tight-oil (xisto). Com o preço do barril, acima dos US$ 60, a produção dos estados do centro americano volta a ficar competitivo e deverá investimentos que antes estavam retidos, o que interessa – e muito – a Trump e sua equipe.

Os maiores importadores de petróleo também perdem caso este acordo prospere. O caso mais claro entre eles é o da Índia que como grande compradora, se aproveitou dos preços baixos do barril de petróleo e foi uma das economias que mais vinha crescendo nos últimos anos. Alguns países da Europa como Espanha, que importa quase tudo que consome, também obteve vantagens atenuando seus problemas econômicos. 

Tem-se aí um xadrez complexo, diante da “guerra protecionista” que os bilionários e militares convocados por Trump para seu gabinete, prometem empreender.

Um xadrez com as peças escorregando lubrificadas pelo petróleo que assim volta a ganhar evidência, embora nunca tenha deixado de ser razão de agir dos EUA, em sua disputa pela hegemonia, muito mais do que por preocupação com a sua indústria e o seu emprego.

O emprego industrial hoje nos EUA é de apenas 12,3 milhões, bem menor do que os 20 milhões do pico em 1941, quando os EUA decidiu entrar na Segunda Guerra Mundial.

Um xadrez que de tão embrulhado e lubrificado pelo óleo, pode vir a explodir, e assim, produzir novamente a “destruição criadora”. Para, a seguir se gerar investimentos na reconstrução dos cacos do que sobrar.

Outra saída seria possível, mas depende de um equilíbrio de forças sobre o escorregadio e lubrificado tabuleiro da geopolítica mundial.

PS.: Atualizado às 16:02: para inserir breve comentário sobre os importadores de petróleo.

domingo, dezembro 11, 2016

65% da população considera Temer falso e 75% que governa para os mais ricos

Antes das últimas denúncias, o governo golpista e Temerário já tinha naufragado, segundo pesquisa do Datafolha. Por isso, a mídia comercial, inclusive a dona do próprio instituto de pesquisa, pulou fora da defesa do governo e segue apostando no golpe, dentro do golpe.

Para 65% da população Temer é falso e para 75% Temer é defensor dos mais ricos. Isto serve para quem pensa que a população estaria dormindo e sem perceber o que se sucede ao golpe. A situação econômica do país épior para 65%. Sobre a gestão do governo Temerário para 74% é igual ou pior (40%).

2/3 da população avaliar que seu governante é falso e 3/4 que ele só governa para os mais ricos, são números definitivos, para quem está há sete meses ocupando com o golpe a função de presidente, com dezenas de denúncias e provas que atingem a cúpula principal e quase todo o seu governo.

As denúncias comprovam que os maiores esquemas estavam no Legislativo e nos estados. Jogaram o país no atoleiro, tirando o mandato e os votos de 54 milhões de brasileiros, de quem tentava, a seu modo, ajudar na apuração e na melhoria do sistema.

Hoje, quase sete meses depois, as crises econômica e política são muito maiores do que aquelas que ajudaram a fomentar para apear ao poder. Não há outra saída.

É preciso que se dê um mínimo de credibilidade com um novo representante político eleito. Nomeação indireta com um Congresso composto em sua maioria de políticos também denunciados é arriscar o caos. Só há uma saída: Diretas Já!


sábado, dezembro 10, 2016

Mais da geopolítica do petróleo entre gota e golpe!

Alguns autores chamam as estratégias que unem governos e corporações do setor de óleo e gás de petroestratégia. Como a maioria sabe, até aqui o Oriente Médio era o alvo principal da disputa pelo controle direto das reservas de petróleo.

Para além da Arábia Saudita, Iraque e Irã, outros países daquela região possuem reservas que são cada vez mais objeto de cobiça como o Yemen, Casaquistão e Turcomenistão. Este último projeta atualmente dois enormes gasodutos em direção à Índia, China, no lado da Ásia e outro, na direção da Turquia e Europa. O Turcomenistão possui a quarta maior reserva do mundo em gás natural.

O mapa abaixo dá uma boa dimensão de como o controle de um país ou região estava vinculado à força e ao poder militar. Em vermelho estão as áreas produtoras de óleo e gás e em azul estão as bases militares dos EUA.

A interpretação desta realidade ajuda a mostrar o que significaria o pré-sal tão vigiado e controlado pela NSA americana e denunciada pelo Edward Snowden.

Porém, mais que isto, o anúncio informal que foi divulgado hoje de que Trump nomeará o presidente mundial (CEO) da Esso, Rex Tillerson como secretário de Estado dos EUA, amplia a evidência sobre a forte relação entre poder militar e os interesses pelo controle das reservas de petróleo no mundo por parte dos EUA. Neste processo, um pingo (ou um gota) é golpe!


quinta-feira, dezembro 08, 2016

A relação entre a montagem do FPSO Cidade de Campos dos Goytacazes, o processo de desintegração da Petrobras e a entrega da soberania da nação

O FPSO Cidade de Campos dos Goytacazes (MV 29) está sendo montado pela empresa japonesa Modec para atuação na produção de petróleo no litoral brasileiro. Contratada pela Petrobras, ela será implantada nos campos de Tartaruga Verde e Tartaruga Mestiça, bloco de concessão CM-401, na Bacia de Campos. 

Antes algumas destas unidades foram projetadas e montadas em módulos (replicantes) em diversos estaleiros do Brasil. Isto vinha sendo feito de forma conjunta às contratações no exterior. 

O caso deste FPSO na japonesa Modec (é a 10ª unidade feita pela empresa para atuação no Brasil) aconteceu em estaleiros chineses e coreanos. Enquanto isto, módulos e a integração nos navios (FPSO) outras estavam sendo montadas nos estaleiros do ERJ (Niterói, Angra e Rio), Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

O FPSO Cidade de Campos dos Goytacazes construída pelos japoneses, será fretada pela estatal num contrato de 20 anos (leasing e serviços de operação e manutenção) através da empresa TARMV29 que tem sede na Holanda. A construção e montagem da unidade contou com financiamento do Banco do Japão para Cooperação Internacional (JBIC).

Tem sido uma prática da Petrobras dar nome das cidades litorâneas fluminenses às unidades de produção de petróleo. A previsão é que o FPSO Cidade de Campos dos Goytacazes entre em funcionamento no quarto trimestre de 2017 a uma profundidade de 765 metros, com capacidade de produção de óleo de 150 mil barris por dia armazenamento de 1,6 milhões de barris de petróleo e 176 milhões de m³ de gás.


A montagem deste FPSO evidencia o desmonte da tríade "Petróleo-Porto-Indústria Naval" 
O detalhamento que o blog fez sobre a construção e contratação de fretamento desta unidade de produção offshore de petróleo, oferece pistas das articulações que envolvem o setor de petróleo e gás que possui enormes teias numa cadeia global de valor. (Meu principal objeto de pesquisa no momento)

Este caso é didático porque demonstra o envolvimento em decisões de financiamento de governos e apoio à indústria naval de seus países. Estas articulações podem representar o aumento da capacidade tecnológica das empresas e nações envolvidas, assim como, a geração de empregos mais qualificados, em setores com imensa capacidade de arrasto de outras atividades econômicas, como reflexo direto sobre os empregos.

Passei a denominar esta articulação que determina o desenvolvimento econômico de uma nação ou frações do seu território como sendo a Tríade: Petróleo-Porto-Indústria Naval. O Brasil, por cerca de quase uma década, em meio a muitos problemas vinha tentando trilhar um caminho que se sustentava na fase de expansão do ciclo do petróleo, como um dos quatro eixos do desenvolvimento nacional.

Hoje, abatido pela temporária fase de colapso do ciclo petro-econômico e pela atuação destruidora de importantes setores da economia nacional, por conta da forma de atuação da Operação Lava Jato - numa trama jurídico-parlamentar-midiática - que, além de punir responsáveis pelos desvios (desejado por todos) passou a um desmonte da estratégia que se vinculava à exploração das nossas reservas do pré-sal.

Assim, os ativos da Petrobras forma e seguem sendo fatiados e vendidos (entregues). Os sistemas portuários passaram ao controle de fundos financeiros internacionais e a indústria naval que atuava, como um desdobramento da Política de Conteúdo Local (Nacional), está sendo desarticulada em suas capacidades tecnológicas e de infraestrutura.

Este processo significa a desintegração da tríade e a destruição dos seus setores, fazendo com que todos os novos contratos de montagem de unidades produtivas e embarcações especializadas passem a ser executados no exterior, gerando expertise e empregos além-mar.

Sim, é difícil que a maioria entenda este imbricado processo. O que não se pode é querer impor uma interpretação inocente, completamente desvirtuada das estratégias, pensadas de forma conjunta por corporações e governos, para intervir politicamente sobre os elos que ligam esta tríade no Brasil.

Nada disto foi feito sem a participação de brasileiros interessados em voltar ao controle da política, admitindo a dependência econômica e a suspensão da ideia de soberania.

Sempre se soube que a descoberta do pré-sal pelo Brasil exigiria mais cuidados relativos à geopolítica da energia e as estratégias que este imenso potencial ao país e de forma simultânea despertaria a cobiça a intervenção de quem disputa a manutenção da hegemonia, mais que nunca ameaçada. 

quarta-feira, dezembro 07, 2016

Cade aprova fusão da Technip e FMC que deverá gerar fortes mudanças na região Norte Fluminense

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deu o aval (autorização brasileira) para o fechamento do negócio de fusão entre a americana FMC Technologies e a francesa Technip, que foi anunciado em maio e que estrutura uma nova empresa avaliada em cerca de US$ 13 bilhões.

Outras autorizações já foram obtidas em órgãos reguladores da União Europeia, EUA, Rússia, México, Índia e Turquia. Assim, a conclusão do processo de fusão deverá ocorrer no início do ano que vem.

Os dois grupos já tinham uma joint venture, a Forsys Subsea, de onde a fusão foi sendo gestada. Os dois grupos juntos hoje possuem  49 mil funcionários com atuação em 45 países do mundo e uma receita total de US$ 20 bilhões no ano passado e um lucro bruto de US$ 2,4 bilhões.

A nova empresa, que terá duas sedes, uma em Paris (França) e outra em Houston (EUA), focará sua atuação em cinco unidades de negócios, divididas da seguinte maneira: Surface; Subsea Services; Products; Subsea Projects; Onshore/Offshore.

A previsão da Technip é que o acordo deva gerar economias de US$ 400 milhões a partir de 2019. O presidente da FMC, Doug Pferdehirt (foto), é quem assumirá o posto de CEO da nova companhia. A mudança trará consequências fortes na região Norte Fluminense que deverá ser anunciada logo após a virada do ano. Seus executivos já fizeram várias reuniões neste sentido.

Abaixo a imagem aérea da Technip junto ao Terminal 2 do Porto do Açu:


Segundo a Rais, o pico do emprego no setor extrativo em Macaé e capital foi em 2013

O professor Romeu e Silva Neto, parceiro de pesquisas no Núcleo de Estudos em Estratégias e Desenvolvimento (NEED-IFF) e do PPFH-UERJ, fez uma tabulação com dados anuais da RAIS (Relatório Anual sobre Informações Sociais).

O levantamento é relativo aos empregos, em diversos subsetores do IBGE, referentes a 8 (oito) dos 22 municípios, da área que passamos a chamar do Circuito Espacial do Petróleo e dos Royalties do ERJ, a faixa litorânea da capital a São João da Barra.

A tabulação envolveu o período de uma década e meia entre 2002 e 2015. Interessante observar que os destaques para empregos no setor extrativo (entenda-se a Economia do Petróleo, especialmente) estão em Macaé e depois na capital, o Rio de Janeiro. 

Em ambos, o pico de empregos se deu em 2013. Macaé como o principal polo operacional da exploração. O total de empregos no setor é quase o dobro da soma dos demais municípios tabulados, embora o percentual de empregos tenha caído em cerca de 15% nos dois últimos anos.

A queda dos empregos no Rio (capital) e Macaé deve ter se acentuado neste ano de 2016, por conta da fase de colapso do ciclo do petróleo, da petrorrenda e do desmonte que se vive na cadeia do petróleo e indústria naval. Já, os casos de ligeiro crescimento de Rio das Ostras e Niterói refletem o extravasamento do polo de Macaé e da capital.

Bom lembrar que os dados da Rais são mais consistentes do que os da Caged. Este último mede melhor as variações mês a mês do mercado de trabalho, mas não o todo.



segunda-feira, dezembro 05, 2016

O tecido político esgarçado em meio à sanha "não civilizatória". Resistir é preciso!

O quadro mundial segue cada vez mais confuso. O alarme na Ucrânia. O boicote ao Irã e Rússia. A guerra na Síria e a eterna pressão contra os palestinos. O Brexit. A eleição espanhola embolada em sem formar governo por quase um ano. Confusão nas coreias. Golpes mais ou menos institucionais na América do Sul e Central. Trump nos EUA. A ameça da extrema direita na França. E ontem, o premiê italiano Renzi renunciou ao cargo depois de perder eleição para reformar a constituição.

Sim, pode-se considerar tudo isto apenas coincidências. Ou não. O tecido político esgarçado tem causa na cooptação do seu controle pelo poder econômico.

Abandonou-se os ideais de bem-estar-social que deram origem à social-democracia após o sofrimento das guerras. Estica-se a corda dos ganhos financeiros e a barbárie bate à porta.

O tempo vai engolindo as hipóteses da interrupção deste processo, enquanto a sanha "não civilizatória" segue sem rumo. Resistir e trabalhar pela equidade, democracia e solidariedade é a única saída.

domingo, dezembro 04, 2016

A disputa geopolítica do petróleo pelas lentes do Sebastião Salgado

Está mais atual que nunca as imagens do nosso grande fotógrafo Sebastião Salgado sobre a disputa geopolítica do petróleo. Uma mostra com as 16 fotos mais significativas entre agosto de 1990 e fevereiro de 1991 durante a invasão iraquiana no Kuwait relembra o poder do petróleo.

"Kuwait, um deserto em chamas" virou livro e está em exposição até o próximo dia 20 de dezembro na Galeira Mario Cohen cujo prospecto informa que "as imagens revelam a saga de poucos homens focados em apagar o fogo e cessar o vazamento de petróleo em meio ao calor, ao barulho, e à tensão constante de uma explosão ainda maior."

Salgado diz sobre as fotos revisitadas um quarto de século depois: “quando olhei novamente para os arquivos senti que as imagens tinham algo de eterno: elas foram tiradas em 1991, mas poderiam ser tiradas hoje ou amanhã, caso um desastre similar acontecesse."


quinta-feira, dezembro 01, 2016

Mais uma megafusão entre as corporações mundiais: o que isto tem a ver com o Brasil?

Prosseguindo na série sobre o que acontece no mundo globalizado com repercussão sobre o Brasil, agora vamos analisar o setor naval ou marítimo.

A crise econômica e a estagnação está ampliando a oligopolização e ao amento do controle dos fundos financeiros sobre os conglomerados ou megagrupos.

Hoje, foi anunciado outra fusão/incorporação ou aquisição. Desta vez foi o caso da Maersk Line, maior empresa de transporte marítimo do mundo, comprar a sua concorrente alemã, Hamburg Süd.

Esta decisão tem forte reflexo no Brasil, onde a Hamburg é o armador (dono dos navios) líder em atuação no transporte marítimo para os portos brasileiros.

Está sobrando capacidade de transporte marítimo pelo mundo. Navios estão sendo sucateados e vendidos como sucatas pelo mundo. Desta forma, com o excesso de oferta para fretes, os preços caíram de forma similar ao que se vê com o petróleo e outras commodities.

As grandes corporações que estão comprando as menores estão em busca de ampliar os ganhos de escala, reduz-se a concorrência para aumentar novamente os preços dos fretes.

Com a oligopolização do setor de transporte e o excesso de produtos, as empresas produtoras (de qualquer coisa) são obrigadas a reduzir os seus custos.

Não é difícil perceber que o gargalo está se ampliando, assim como os riscos sistêmicos puxados pelo sistema financeiro que cada vez controla mais e mais corporações nos três setores: produção, circulação e consumo.

Cada vez que isto ocorre, as nações centrais lucram mais aumentam suas redes de controle, enquanto os estados-nações perdem mais e ficam mais dependentes e submissos. Embora este processo aproxime das elites econômicas, mas ampliando a apartação social em ambos. Assim, as consequências se dão por classes, para além daquilo que sofrem as nações neocolonizadas.

Preço do petróleo chega US$ 53: o que isto tem a ver com o Brasil?

Depois de aumentar ontem, mais de 10%, com o anúncio do acordo de redução e limitação da produção feito pela Opep, hoje, o mercado futuro de petróleo segue aumentando e já chegou a US$ 53, o barril, tipo brent.

É cedo para dizer se este patamar de preço poderá subir de forma permanente, ou se será apenas uma oscilação temporária, com as especulações de praxe.

O mais provável é que o preço em torno dos US$ 50, mais para baixo dê espaço para um preço mais próximo dos US$ 55. Não mais que isto.

Difícil que vá muito para além disso. Se chegar aos US$ 60 dispara novamente a produção do óleo de xisto (tight oil) dos americanos regulando novamente os preços e considerando que os EUA é o maior consumidor mundial de petróleo.

Além disso, novamente, a Opep se coloca em cheque. Diferente de quando foi criada na década de 70, os seus 14 membros, hoje, produzem apenas 35% de todo o petróleo do mundo.

Assim, para voltar a exercer seu poder de regulação e preços a nível mundial precisa contar com apoio de outros grandes produtores, nos países "não-Opep".

O mais importante deles, hoje, é a Rússia, que nos últimos meses vem sendo o maior produtor mundial de petróleo, na frente até da Arábia Saudita, embora este seja o maior exportador mundial.

Além disso, há que se saber se os próprios países-membros da Opep obedecerão o que acordarem. Sabe-se que o controle sobre a produção dos países é algo difícil de ser controlado de forma absoluta e segura.

De toda a sorte, é interessante que a Arábia Saudita que apostou fortemente na mudança da fase do ciclo de preços do petróleo, para testar a capacidade dos países "produtores-marginais" (os que têm maior custo de extração) agora, com a redução dos seus faturamento e dos problemas fiscais em seu orçamento, queira segurar a produção e o excesso de petróleo no mercado mundial.

Em tudo isto, o certo é que a produção segue forte, mas as novas explorações e descobertas de reservas vão se escasseando violentamente.

Isto, significará, mais adiante, provavelmente, após 2020, mudanças e valorização das nações e corporações que as possuem.

Neste caso se encontra as reservas do pré-sal brasileiro, que, infelizmente, poderá ser mais das corporações e menos do controle da nação brasileira com as venda de campos e a desintegração da Petrobras.