A decisão da Rússia em cortar 558 mil barris por dia, de sua
produção diária de 11 milhões de barris por dia - que é a maior do mundo –
torna, a Rússia, sozinha, um player importante na geopolítica do petróleo que
antes era comandada pela Opep.
Assim, a Rússia é mais que meia Opep. Porém, por ser única,
fica quase maior, proporcionalmente, que o tamanho da Opep - e seus 14
países-membro - que se comprometeu a cortar 1,2 milhão de barris por dia.
Com o corte de Opep + Rússia se aproximam de uma redução de
quase 2 milhões de barris por dia, aproximadamente, o volume do excesso desta “mercadoria
especial” nas negociações mundo afora. Por conta disto, o barril, no mercado
futuro chegou hoje a US$ 57,48 (o maior em quase um ano e meio), estando (agora
às 12:30 no Brasil) a US$ 56,50.
Desta forma, o acordo dos maiores produtores mundiais de
petróleo para reduzir o excesso de produção no mercado mundial de petróleo envolve
Opep e “não-Opep”. Rússia e Opep juntas ultrapassam, atualmente, os 50% da produção
mundial.
O acordo se cumprido tenderá a levar o preço do barril para
próximo, mas acima dos US$ 60, exatamente, quando Trump estará assumindo a
presidência dos EUA. Com o petróleo a este patamar de preço, os EUA voltará a
ter o óleo e gás de xisto competitivos.
Os EUA hoje importa mais de um terço de todo o petróleo que
consome. Desta forma, vai gastar mais para ter este percentual de petróleo, a mesmo
tempo que deverá voltar a fraturar as rochas para produzir seu shale gas e tight-oil (xisto). Com o preço do barril, acima dos US$ 60, a
produção dos estados do centro americano volta a ficar competitivo e deverá
investimentos que antes estavam retidos, o que interessa – e muito – a Trump e
sua equipe.
Os maiores importadores de petróleo também perdem caso este acordo prospere. O caso mais claro entre eles é o da Índia que como grande compradora, se aproveitou dos preços baixos do barril de petróleo e foi uma das economias que mais vinha crescendo nos últimos anos. Alguns países da Europa como Espanha, que importa quase tudo que consome, também obteve vantagens atenuando seus problemas econômicos.
Tem-se aí um xadrez complexo, diante da “guerra protecionista”
que os bilionários e militares convocados por Trump para seu gabinete, prometem
empreender.
Um xadrez com as peças escorregando lubrificadas pelo
petróleo que assim volta a ganhar evidência, embora nunca tenha deixado de ser
razão de agir dos EUA, em sua disputa pela hegemonia, muito mais do que por
preocupação com a sua indústria e o seu emprego.
O emprego industrial hoje nos EUA é de apenas 12,3 milhões,
bem menor do que os 20 milhões do pico em 1941, quando os EUA decidiu entrar na
Segunda Guerra Mundial.
Um xadrez que de tão embrulhado e lubrificado pelo óleo, pode
vir a explodir, e assim, produzir novamente a “destruição criadora”. Para, a
seguir se gerar investimentos na reconstrução dos cacos do que sobrar.
Outra saída seria possível, mas depende de um equilíbrio de
forças sobre o escorregadio e lubrificado tabuleiro da geopolítica mundial.
PS.: Atualizado às 16:02: para inserir breve comentário sobre os importadores de petróleo.
PS.: Atualizado às 16:02: para inserir breve comentário sobre os importadores de petróleo.
Um comentário:
20 milhões de empregos era um percentual muito grande, pois a população dos anos 40 era muito menor.
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