A democracia parece ter se transformado numa nuvem espalhada e tocada pelos ventos de um agouro fascista.
A plutocracia que já algum tempo vinha ampliando o controle sobre as sociedades - com a captura do poder político - agora passa também a rechaçar os resultados eleitorais que fogem ao script do sistema.
Já não falo nem dos casos dos governos da periferia, mas das chamadas democracias maduras do centro do capitalismo.
Nos EUA, o resultado eleitoral é a todo dia questionado, num processo que parece estruturar uma deposição não muito lenta.
Agora, na Inglaterra, o ex-primeiro ministro, Tom Blair, assume publicamente, o lançamento de uma campanha contra o resultado do plebiscito em que a maioria da população da Grã-Bretanha decidiu sair da União Europeia (UE).
Os limites civilizacionais mediados pela política (boa ou má) estão a cada dia sendo rompidos.
O esgarçamento vai muito para além das questões econômicas e das desigualdades.
O sistema segue desdenhando os ignorados e excluídos.
A fragmentação da sociedade vem ampliando a sua inércia em resistir. Assim, o esgarçamento se expande e torna-se mais forte que a capacidade de mediação, até então uma virtude da democracia.
Tudo isso tornam as estruturas das complexas instituições do mundo contemporâneo tão frágeis quanto uma taça de cristal na beira de uma mesa.
Não se observam cuidados com a frágil democracia já em queda livre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário